História Tipo Ideal Perfeito - Quarta Dimensão

“Você pula eu pulo, lembra?”

Meu celular começa a tocar, desviando a minha atenção da Tv. Ao ver o nome na tela não consigo evitar o sorriso e atendo prontamente. Pois é, agora eu era dessas.

- Park Jimin...

- E ai Céci, o que está fazendo além de pensar em mim?

Rolo os olhos.

- Assistindo Titanic, desfrutando da minha cama.

- Como assim você gosta de Titanic? Tão menininha!!

- Aqueles dois só tinham um ao outro!!!

Ele ri alto e eu como sempre esqueço de ficar brava.

- Ok, eu relevo. – sua voz era atraente ao telefone – Tem planos pra hoje além de definhar na cama pensando no Leonardo Dicaprio?

- Não. Meus pais foram visitar uns amigos e eu não quis ir. – ouço a campainha tocar e levanto da cama – Pera ai, tão tocando a campainha.

- Se eu tiver planos, você me acompanha?

- Depende... que tipo de planos? – desço as escadas rapidamente e abro a porta me esquecendo que estava de pijamas e pantufas.

Park Jimin sorri assim que vê meu estado na porta. Com o celular ainda na orelha ele fala:

- Vem conhecer meus amigos.

Desligo o celular e cruzo os braços, me recuperando da surpresa dele novamente na minha porta sem avisar. Escondo minha camiseta das tartarugas ninja, com vergonha do meu cabelo mais desajeitado que o normal. Pois é, agora eu era dessas também.

- Nem fodendo.

Respondo simplesmente e ele arregala os olhos. Uma garota falando palavrão.

- Você beija sua mãe com essa boca?

- Não, eu beijo você – faço careta.

Volta a rir e se aproxima me roubando um selinho rápido.

- Sorte minha. – aperta meu nariz. Até eu estava me acostumando com isso – Agora vai se trocar.

- Park Jimin, isso não é uma boa idéia.

- Se eles não forem legais com você eu prometo não te importunar mais.

- Eu não consigo ser legal, esse é o problema. Você lembra quando nos conhecemos, eu não sou uma pessoa que faz muitos amigos e anda com um monte de gente.

- Você não tem que se preocupar com isso. Acho que eles já te conhecem bem através de mim.

- Não sei...

Mexo os pés, brincando com as pantufas. Queria saber por que ele fazia tanta questão que eu conhecesse seus amigos. O pior é que eu sabia que ele iria me convencer cedo ou tarde, não sei por que ainda tentava resistir. Park Jimin estava prestes a acabar com a minha vida.

- Por mais que eu tenha gostado do seu pijama, acho melhor você se trocar – diz já me empurrando em direção a escada.

- Me espera aqui embaixo, eu já volto.

Subo correndo, quase tropeçando nas próprias pantufas. Brava comigo mesma pela minha falta de qualquer controle em qualquer situação quando estava com ele. Vesti uma blusa listrada com uma camisa de manga por cima, uma calça jeans azul escuro e o all star cano alto de sempre. Passei os dedos pelos fios do cabelo, arrumando sem vontade e enfio uma touca vermelha na cabeça. Era o que tinha pra hoje.

Quando desço novamente ele avisa que já estavam nos esperando na casa do tal do Yoongi, então nos apressamos.

***

Jimin Pov

Ela parecia nervosa o caminho inteiro e eu a admirava vez ou outra. Era engraçado, Cecília era fofa do jeito menos óbvio possível e não tinha ideia disso. Ao chegarmos na casa do Yoongi ela praticamente se escondeu atrás de mim quando ele atendeu a campainha.

- E ae – ele abre a porta com o mínimo de animação possível. – Já ta todo mundo lá na sala.

Yoongi da passagem pra gente entrar e os dois se ignoram num primeiro momento. Seguro sua mão, a conduzindo até a sala. Estavam os cinco espalhados pelo sofá e o chão, agora éramos sete garotos e uma garota. Acho que não fiz a matemática quando pedi pra convidá-la, não sei como ela reagiria naquela situação mas tento deixa-la o mais confortável possível.

- Você veio! – Tae a cumprimenta mais animado do que da ultima vez – senta ai Cecília.

Ela não responde com mais do que um aceno de cabeça. Era como nas primeiras semanas do meu castigo. Mais um mês convivendo com eles e ela falaria uma Oi, quem sabe.

- O que estão fazendo? – pergunto pra quebrar o gelo.

- O que fazemos sempre – kookie responde óbvio – jogando vídeo game.

- Acho que a gente precisa de um hooby novo. – concluo – qual jogo?

- Estamos trocando – Moonie hyung se manifesta – Deixa ela escolher. Em qual jogo você é boa?

Mais uma vez silêncio.

- Ela é boa em qualquer jogo. Sério, eu aposto que ela ganha de todos vocês.

Ceci me fuzila com os olhos, me dando um beliscão no braço.

- Cala a boca Park Jimin – ela fala entre dentes.

- Eu pago pra ver – Yoongi põe lenha na fogueira.

- Eu também – Hobe e Jin erguem as mãos.

Cecila cerra os olhos, lendo cada um dos rostos na sua frente que estavam a subestimando. Quando arqueia as sobrancelhas, responde simplesmente:

- Peguem suas carteiras.

(...)

- ELA JOGA COMO SE TIVESSE POSSUIDA – Hobe reclama desesperado, apertando todos os botões.

Ceci continuava calma, sem ao menos se esforçar de verdade no jogo. Eu só dou risada. As apostas estavam seis a dois e ela já havia derrotado Jin hyung, Tae, Moonie hyung  e estava prestes a acabar com Hobie Hyung. Eu estava orgulhoso da anãzinha, não sei por que mas estava. Ela ria dos gritos de desespero dele, respondia com algumas frases feitas as provocações, parecia que estava se divertindo. Sentada no chão, quase apoiando as costas no sofá entre as minhas pernas, quando ganhava se virava pra trocarmos um H5.

Liu Kang WINS – FATALITY

Hope joga o controle, a encarando descrente. Outro fatality da anãzinha.

- Alguém quer desistir das apostas? – pergunto convencido, bagunçando os cabelos dela sob a toca vermelha.

- Agora é questão de honra – kookie pega o controle que o Hope hyung jogou.

- Essa você tem que ganhar – me inclino falando no ouvido dela.

- Pode deixar – pisca pra mim sorrindo.

Jungkook era muito competitivo, odiava perder. Mas talvez ele não fosse páreo pra Ceci no Mortal Kombat X. O jogo foi bem equilibrado, cada um ganhando um round, mas no terceiro round Ceci não deu nenhuma chance.

Scorpion WINS – FATALITY

Kookie me encara com uma carranca e depois se vira para Cecília:

- Você tem que ensinar como se faz isso.

Ela sorri e os dois parecem se esquecer da aposta quando ela começa a ensinar os golpes. Não deixando vez para Yoongi tentar.

(...)

- Park Jimin... – Ceci me chama de canto – Eu tenho que ir, Mae pediu para que eu fosse em sua casa ajudar com alguns exercícios.

- Agora?

- Depois fica muito tarde – da de ombros.

- Eu te levo então.

- Não precisa, ela mora aqui perto.

Seguro seu rosto entre mãos, mas quando tento selar nossos lábios ela abaixa a cabeça e espalma as mãos em meu peito, me impedindo.

- Aqui não. - fala baixinho

- Eles já sabem... – ela arregala os olhos, acusatória – eles sabiam antes até de nós dois. Vai, deixa que eu te levo.

- Eu odeio esse seu jeitinho de tentar me convencer a concordar com tudo. Você é irritantemente fofo Park Jimin. – cruza os braços.

Tae e Kookie chamam a atenção dela, perguntando algo do jogo.

- Vai lá, eu vou falar com o Yoongi e depois te levo embora.

Ela me lança um olhar frustrado e eu sorrio de canto. Ando pelo corredor escuro e entro na ultima porta, onde Yoongi se encontrava mexendo no seu PC e equipamentos eletrônicos. Me deito na cama encarando o teto, eu só precisava de um empurrãozinho.

- Hyung...

- O que? – responde sem tirar os olhos da tela a sua frente.

- Você acha que eu estou fazendo uma besteira?

- Ela é interessante Jimin... de quantas garotas daquele colégio a gente pode dizer isso na real?

- Eu sei.

- Acho que essa é a coisa mais sensata que você já fez.

***

Cecília Pov

Ta legal, eu admito. Os amigos dele não eram tão ruins assim. Foi a primeira vez que eu pude jogar vídeo game com tanta gente e me divertir, só via essas coisas em filmes. Foi diferente. Mas agora estávamos indo para a casa da Mae e eu estava mais nervosa do que antes.

Yul estava lá, como esperado e Park Jimin resolveu ficar, como esperado. Enquanto eu passava as respostas pra Mae, Jimin tentava manter um assunto com Yul por mais de 5 minutos. Mesmo sendo garotos, parece que era difícil achar um assunto em comum sem parecer que eles não falavam a mesma língua.

Eu queria tira-lo dali o mais rápido possível. As vezes ele me lançava um olhar tentando fingir que estava tudo bem, o que claramente não estava. Tinha muita gente entre nós dois por um dia, eu já tava cheia de dividi-lo.

- Park Jimin, já podemos ir – seguro sua mão, o puxando do sofá.

Mal dou tempo para que ele se despeça. Apesar de seu charme ser basicamente universal, funciona até comigo, isso não queria dizer que seria fácil ele se enturmar com dois desajustados assim como não foi fácil comigo também.

- Posso ficar na sua casa? – pergunta no carro quando estávamos quase chegando.

- A noite? – franzo o cenho.

- É, só um pouco. Ficar com você...

Aquele maldito sorriso se formando sozinho em meus lábios. Eu só aceno que sim com a cabeça.

Ao chegarmos na minha casa meus pais já estavam  jantando. Eles cumprimentam Park Jimin e nos deixam subir para o meu quarto assim que alegamos não estar com fome. Fecho a porta atrás de mim e pronto, estávamos na quarta dimensão onde só existíamos nós dois. Tiro os sapatos e me deito na cama. Ele sorri e sem perguntar faz o mesmo que eu, se deitando ao meu lado.

- Quer terminar de assistir Titanic? – pergunta debochado.

- Achou que eu ia negar, mas eu quero Park Jimin – rio me virando pra tv, deitada de lado.

Dou play no meu DVD e assistimos a 15 minutos do filme em completo silêncio, completamente consciente de sua proximidade e sua respiração em minha nuca. Em certo momento ele passa um braço sobre a minha cintura.

- Pensei que você não gostasse de mim desse jeito... – deixo a frase morrer no ar.

- Pensei que você não gostasse de mim desse jeito. – sua voz é baixa no meu ouvido.

- Eu nem faço seu tipo de garota.

- Eu também não faço seu tipo de garoto.

- O que estamos fazendo? – pergunto confusa.

- Não sei... não quero saber.. e não quero parar.  

Sinto a pressão de seus lábios no meu pescoço e me aconchego em seus braços, juntando mais nossos corpos.

- Não para não...

Pela primeira vez não prestei atenção em uma cena do meu filme preferido. Eu estava na quarta dimensão.