- Que som é esse?!
< - Isso se chama fome Alex. Ainda somos humanos! >
- Eu não vou descer lá, enquanto ele ainda estiver aqui!
< - O que você tem contra ele?! Não lembra que foi ele que me ajudou quando eu cheguei no colégio?! >
- É, e agora ele está brincando com você!
< - O que você está dizendo?! Ele não faria algo assim! >
< - E como podemos ter tanta certeza?! Você mal conhece ele! Faz apenas uma semana desde que chegou aqui! >
< - Está vendo! Até o pirralho tem mais juízo que você, Alexander!! >
< - Não é essa a questão! Acontece que você foi realmente rude com ele! >
- Então você só está preocupado com isso...
< - Com o que achou que eu estava preocupado?! >
Ri alto.
Logo minha mãe veio me chamar para almoçar. Recusei e fui para o computador assistir alguma série ou filme, logo o tempo passou e quando percebi estava chovendo lá fora e já era noite.
Me senti um pouco tonto, por isso fui tomar banho para depois dormir.
No outro dia, acordei com meu celular tocando. Já tinham umas 30 chamadas perdidas da minha mãe e de um número desconhecido.
Não atendi. Apenas me levantei e fui me arrumar para mais um dia na escola.
Senti uma tontura enquanto descia as escadas, já atrasado para a primeira aula. Sequer passei na cozinha, apenas gritei um tchau apressado para minha mãe e sai correndo.
O portão do colégio estava quase fechando. Meu colégio tem uma tolerância de atraso de 10 minutos depois que bate o sinal.
Eu consegui entrar faltando exato 1 minuto para o portão encerrar a entrada de vez.
Estava tão apressado que nem vi quando esbarrei uma garota baixinha de cabelos compridos e castanhos. Eu a conheço...?
- Ei! Cuidado aonde anda! - se virou para mim e gritou.
- Desculpa... é que eu estava atr- me interrompeu quando tentei me explicar.
- Eu não ligo pro que aconteceu. Só não fique esbarrando em mim!
- T-tá bom...
- Você é o aluno novo, não é? - perguntou me encarando. Ela dava um pouco de medo, tinha uma expressão assustadora no rosto.
- Sim. Meu nome é Alexander...
- Entendi. Meu nome é Andressa.
Me surpreendi e ri, pois a pouco tempo eu havia encontrado um site com significado dos nomes próprios. Entre eles estava "Andressa" que significa " delicada e dócil" ou "mulher bela" e bem... essa Andressa é bastante extressada e não tem uma aparência de "mulher"... quero dizer... pelo tamanho dela, ela parece uma menina de 10 anos.
- Do que está rindo?! - gritou.
- Não é nada...
- Você não estava atrasado pra aula? - me perguntou.
- Ah verdade! - corri - Te vejo outra hora Andressa!
- Não se incomode com isso! - gritou de volta.
Ela realmente é bastante peculiar.
Só não é tão peculiar quanto um atraso meu.
- Alexander? Pensei que faltaria hoje novamente. É tão raro você se atrasar! - disse a professora de literatura, assim que eu entrei na sala pedindo desculpa por perder a hora.
Sentei no meu lugar, a quinta cadeira da quinta fileira, ao meu lado, sentava-se Daniel, na sexta fileira perto da janela.
Comecei a me sentir nervoso por estar ao lado dele praticamente. Eu não tinha como o encarar, depois do que o Alex fez... e agora?! Como faço para reverter essa situação difícil?
Mais tarde na hora de ir embora eu avistei a Andressa indo embora com alguma amiga. Ao contrário da Andressa a amiga dela era alta, bastante animada e parecia ser menos... ranzinza (?).
Fui para minha casa. Minha mãe já tinha ido trabalhar, então esquentei o almoço para mim e para o meu padrasto que logo chegaria.
Depois de tudo arrumado e de já ter almoçado, resolvi sair e andar por uma praça que tinha a poucos quarteirões daqui de casa.
Eu estava sentado tranquilo num banco, olhando para um balanço vazio, já que as crianças provavelmente estavam na escola, quando um ser pequeno de cabelos longos sentou ao meu lado. Ficou em silêncio por um tempo até eu me virar para a pessoa.
- O que está fazendo aqui, Andressa? - perguntei.
- Aqui é uma praça pública, sabia?! - me respondeu, ignorante como sempre, desde que a conheci... hoje de manhã.
- Por que está sempre de mau humor?! - arrisquei perguntar.
- Agora é por causa de um cão vira-lata que me fez vir falar com você!
- Hã? O-o que quer dizer? Q-que "cão vira-lata"?
- Daniel - respondeu séria.
- Como ele sabia que eu estaria aqui?! - perguntei assustado. Ele estava me stalkeando por acaso?
- Ele tinha ido na sorveteria onde minha irmã trabalha. Eu estava lá ajudando ela, então você passou e ele mandou eu te seguir e conversar com você.
- E-entendi... sobre o que quer conversar? - tive medo da resposta, mas já perguntei... agora não tem como voltar.
- Não sei. Ele disse pra eu convenser você a perdoá-lo. O que aquele idiota te fez?
- N-nada... - respondi um pouco tímido pra falar "ele me beijou" e ao mesmo tempo não acho que ele ter me beijado fosse um problema.
- Tem certeza que aquele filho da p**a não fez nada?!
- Tenho sim! - eu ri - Não pensei que teria alguém que não gostasse do Daniel.
- Eu não desgosto daquele idiota. Só não gosto quando ele faz merda, pois como pode ver, sou eu quem tenho que arrumar as coisas para aquele covarde depois!
- Entendo... eu vivo uma situação parecida.
- Então você entende que se você não perdoá-lo, ele vai me encher o saco pra sempre, né?!
- Sim! Mas... Não se preocupe. Irei falar com ele.
- Bom mesmo! - se levantou e saiu andando.
Eu esperava ao menos um "obrigada", mas acho que ela é gentil do jeito dela.
Agora... como encarar o Daniel?
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