História Toská -Angústia - Uma piada ruim

Fazia alguns minutos que Bucky estava do lado de fora da varanda do Rogers. O poste de luz que ficava na direção do quarto dele estava apagado, o que era uma boa coisa naquele momento, porque permitia ao Barnes tomar fôlego enquanto observava Steve olhar indeciso para o espelho, exibindo uma jeans escura e uma camiseta qualquer. Ele não sabia exatamente como definir o que sentiu quando soube que o loiro teria um encontro dali três dias. Ele só sabia que envolvia ciúmes, já fazia realmente muito tempo que não lutava contra seus instintos mais primitivos.

Todo aquele cuidado, todo aquele carinho, todo aquele sentimento... tudo o que Steve representava para si tinha uma razão mais profunda, ele sabia disso muito bem, ele só não sabia desde quando aquilo o acompanhava. E também não era como se quisesse ser o amigo possessivo ou mesmo aquele que ordena e é obedecido, mesmo que o Rogers tenha ficado realmente muito bom na arte de ouvi-lo e respeitá-lo nos últimos meses. Não era isso. Bucky só queria saber que Steve ficaria ali por ele quando ele precisasse e queria que o outro soubesse que ele daria a vida se o outro lhe pedisse. Bucky daria tudo a Steve se o loiro pedisse.

Barnes suspirou, rindo dolorosamente de seus próprios pensamentos destrutivos. Você é uma piada ruim, James Buchanan Barnes. Pensou consigo mesmo antes de tomar fôlego mais uma vez. Aproximou-se, enfim, da janela e a abriu sem se importar em bater. Bucky nunca batia. Steve viu-o através do reflexo e lhe lançou seu melhor sorriso, virando-se na direção do amigo quase no mesmo instante em que o mesmo se sentava em sua costumeira poltrona. A poltrona que fora parar ali justamente por conta dele.

- O que acha dessa roupa?

- Igual a todas as suas roupas do dia a dia. – Bucky sorriu de viés.

- Eu sei, eu só queria saber se estava adequada para te receber. – Steve revirou os olhos. – Eu não quero parecer desesperado por atenção no primeiro encontro, Bucky.

- Você me pediu ajuda para saber se comportar na frente da garota e pediu ajuda ao Stark para poder se vestir e não quer parecer desesperado? – Ele zombou. – Você é mesmo um grande idiota, Rogers.

- Cala a boca, Barnes. – Atirou uma jaqueta no amigo, rindo em seguida. – Como foram seus encontros? – Bucky arqueou uma sobrancelha. – Que foi?

- Você me chamou aqui pra te ajudar ou para arrancar informações pessoais de mim, Rogers? – Manteve a sobrancelha arqueada enquanto cruzava os braços.

- Talvez eu tenha alguma ideia do que fazer para que ela queira sair mais vezes, não sou a pessoa mais experiente em encontros. – Deu de ombros, sentando-se na cama, de frente para Bucky.

- Cara, você tá parecendo uma criança na véspera do primeiro jogo importante, para com isso, não combina com você. – Bucky atirou a jaqueta de volta em Steve, rindo soprado.

- Tô soando tão desesperadamente ridículo assim? – Ele uniu as sobrancelhas.

- Mais do que é aceitável na escala Rogers de desespero e ridicularidade. – Assentiu.

- Foi mal, cara. – O Rogers riu soprado. – É o nervosismo, eu não quero estragar as coisas.

- Cara, se ela aceitou, significa que você já tá fazendo a coisa certa, relaxa. – Bucky sorriu fraco. – Agora me fala, o que quer saber?

- Eu não sei. – Deu de ombros. – Conte-me qualquer coisa que possa fazer para que tudo dê certo, quem sabe alguma das suas ideias me ajude a ganhar um segundo encontro.

- Não tenho certeza se Peggy é do tipo que vai topar fazer isso. – Bucky fez uma careta involuntária.

- Por quê? Pra onde levou a garota no primeiro encontro?

- Pegamos uma carona com uns amigos e fomos pra casa dela. Algumas doses depois e nós estávamos nus na cama dela. – Bucky deu de ombros. Steve estava com os olhos arregalados.

- No primeiro encontro?

- Século XXI, liberdade sexual, modernidade, relacionamentos abertos... Qual é, Steve? Não haja como se nunca tivesse visto nenhum pornô na sua vida porque eu estarei lá para desmentir tudo. – Revirou os olhos.

- Não é por isso, é só que... Cara... Sei lá. – Steve se sentira um pouco incomodado com o assunto. – É você, sabe? Meu melhor amigo de infância e tudo mais, é só... estranho.

- Estranho por quê? – Bucky uniu as sobrancelhas. – Só porque você ainda não fez? – Zombou.

- Vai se danar, Barnes. – Soltou um muxoxo. – Sei lá, só... parece que me traiu por não ter me contado antes, ou algo assim. - Algo realmente queimava no interior do loiro.

- Ooowwn, que bonitinho, Stevie, prometo lhe contar da próxima vez que decidir transar com alguém. – Bucky zombou novamente.

- Para com isso, seu babaca. – Suspirou. – Foi a primeira vez dela? - Ele desconversou.

- Não. Ela tava namorando um dos caras que tava com a gente. – Deu de ombros.

- Como? – Steve arregalou os olhos novamente.

- Relacionamentos abertos, Steve. – Repetiu o Barnes, revirando os olhos novamente. – Vamos parar de falar sobre isso agora? Vamos focar no seu encontro, pode ser? Com certeza vocês não vão parar na casa de ninguém depois do cinema e nada do que possa compartilhar sobre meu primeiro encontro vai te ajudar com Peggy.

- Eu só queria saber o que devo fazer e como agir pra que ela goste de mim.

- Isso vai soar aqueles conselhos idiotas que a gente lê em páginas no Tumblr, mas a melhor coisa que pode fazer é ser você mesmo. Se ela aceitou sair contigo, é porque gosta de algo que só você tem. Ninguém passa muito tempo do lado de alguém que não gosta, cara. – Revirou os olhos, sorrindo levemente em seguida. – Vai dar tudo certo, você não precisa que eu te diga essas coisas.

- Valeu, Buck. – Steve sorriu um pouco.

O silêncio se instalou no quarto, mas eles não deixaram de se encarar. Bucky porque havia se acostumado a ser o espectador número um do Rogers e Steve porque estava realmente curioso e muito incomodado com a história que ouvira. Que tipo de pessoa convida um amigo pra dormir com sua namorada? Por que raios Bucky aceitou fazer parte desse circo estúpido? Era por isso que ele não falava sobre a Rússia? Era porque se envolveu em diversas situações embaraçosas com essas pessoas? Steve semicerrou os olhos no meio de seus devaneios.

- O que foi agora, Stevie? - O moreno suspirou.

- É por isso que não me conta sobre a Rússia? – Bucky não esperava por essa, por isso riu soprado.

- O quê? – Manteve o sorriso divertido que surgira junto ao riso.

- É por que se envolveu com essas pessoas? É por isso que não quer me dizer o que foi que aconteceu na Rússia?

- Talvez. – Deu de ombros, gostando de soar misterioso.

- Não pode ter sido só isso, Bucky, teve alguma outra coisa, uma mais... séria. – O sorriso desapareceu dos lábios do amigo e a nuvem voltou aos seus olhos. – Viu? É disso que estou falando.

- Eu te contei tudo o que precisava saber, Steve, já não é suficiente?

- Pensei que confiasse em mim, pensei que eu fosse seu melhor amigo.

- Eu confio em você, e é por isso que peço para confiar em mim também. Confiança não é sobre saber tudo a respeito de alguém, Stevie, é sobre não precisar saber. Já não é suficiente saber que me envolvi num relacionamento a três em algum momento? Por que toda vez que venho à sua casa nós sempre acabamos tendo a mesma conversa? Inferno! – Bufou.

- Calma, cara. – Steve suspirou. – Tá, vamos mudar de assunto, não quero que fique irritado nem nada do tipo, essa é a primeira vez que vem aqui desde muito tempo. Mamãe sente falta das suas histórias, por que parou de vir?

- Eu tenho responsabilidades, Stevie. – Fez uma careta. – Uma casa toda pra cuidar, matérias pra estudar e um emprego. Vamos fazer assim: a partir de hoje, virei toda semana, pelo menos uma vez, só para jantar com vocês, tudo bem?

- Mamãe se sente mais confortável quando você sempre vem pro jantar, ela sempre faz comida a mais pensando que você vem. Você não pode vir todo dia no jantar?

- Seu pai já me faz almoçar aqui toda semana, Stevie. – Revirou os olhos. – Sabe, não posso ficar roubando comida na sua casa todo dia.

- Você não está roubando, nós estamos convidando.

- E você, Stevie? – Ele arqueou uma sobrancelha. – O que você tem a me dizer sobre isso?

- Eu prefiro quando você vem comer aqui, me sinto melhor quando te vejo comer.

- Ei, eu me alimento em casa.

- Miojo não é exatamente alimento. – Fez uma careta. – Quando tá aqui, pelo menos eu sei que se alimentou corretamente. Isso meio que me alivia um pouco.

- Então meu bombonzinho não dorme à noite porque eu não como direito? – Embora seu tom fosse zombeteiro, sua expressão permanecia compenetrada enquanto Steve revirava os olhos. Bucky riu soprado, em sinal de desistência. – Tudo bem, Stevie. Diga à Senhora Rogers que passarei a fazer as refeições aqui a partir de amanhã. Satisfeito?

- De certa maneira.

- E o que mais tá incomodando, hein?

- O que eu vou vestir no sábado? – Bucky riu com vontade.

- Isso é com o Stark, Stevie.