Não lembro quando foi a última vez que ouvi outro som ecoar dentro daquele apartamento gelado e escuro. Não lembro quando foi a última vez que eu liguei a televisão ou o computador, porque eu ainda pago as contas de luz e internet?
Ah, sim, ainda tenho que trabalhar, tomar banho. Maldita biblioteca, maldito chuveiro gelado. Maldito silêncio. Não lembro quando foi a última vez que eu recebi uma ligação. Porque eu ainda tenho um celular? Ah, claro. Ainda tenho que mandar mensagens para meu amigo as vezes. Meu único amigo, Park Jinyoung. E o mais importante, ainda existem animes para assistir. Graças a Deus.
O que um cara de 21 anos faz quando está sozinho? Dorme? Come? Deixa a casa bagunçada? (me lembrem de arruma-la depois). Sim, tudo isso, mas tem o mais essencial, talvez o que mantenha esse cara vivo... Escrever músicas que nunca serão ouvidas. Textos que nunca serão lidos.
Im Jaebum, está ficando muito pensativo, por favor, cale a boca. Por que eu falo sozinho no meu próprio pensamento?
Eu não lembro quando foi a última vez que ouvi alguma coisa por aqui. Quando foi a última vez que teve outra pessoa aqui dentro dessa desse apartamento gelado? Quando foi a última vez que eu me diverti com alguém que eu realmente gostasse? Ah, é, nunca aconteceu.
E nem vai acontecer, segundo Jinyoung. Ele diz que preciso sair daqui dessa casa e me divertir mas, bem, eu não gosto de pessoas, não é que eu não goste, eu tenho um problema e não vou sair daqui pra me tratar. É um medo. Que irônico, eu bem que queria alguém comigo agora. Malditos hormônios. Eu vou enlouquecer com esse silêncio.
Escuto três batidas fracas na porta. Penso que talvez eu já tenha enlouquecido e não haja mais salvação para minha alma, quando de novo, escuto duas batidas. Dessa vez mais são mais fortes.
— Olá? — pergunto, esperando que a pessoa seja real.
— Olá. — uma voz masculina fala do outro lado da porta. Me levanto do sofá lentamente e espio pelo olho mágico. Um garoto com cabelos castanhos, muito bonito, por sinal, está parado ali. Só pode ser brincadeira. Eu morri?
Abri a porta e me deparei com esse garoto. Me afastei um pouco, com medo do contato humano. Não, ele é muito bonito pra ser um humano.
— Jaebum? — ele pergunta, eu observo sua boca vermelha, ele morde o lábio inferior como se tentasse decifrar o que eu estou pensando. Nossa, espero que ele não leia pensamentos. — Você é o Jaebum-ssi?
— Ah, sou! — respondo apressado e encosto na batente da porta tentando parecer menos patético e mais maneiro.
— Sou Choi Youngjae, prazer. — ele estende a mão e eu a encaro, receoso. Prazer? — Desculpe por isso. Junior hyung me disse que você não encosta nas pessoas. — Jinyoung, maldito! Me mandou esse garoto aqui e nem me avisou para me preparar, devo estar parecendo um louco. Espera, ele disse Junior? Devem ser próximos. — Você não fala muito, não é? Eu vim para dividir o apartamento. Digo, se você quiser.
— Eu não coloquei anúncio. Prefiro morar sozinho. — O que?! Jaebum, que merda foi essa?
— Me desculpe, Jinyoung disse que você estava procurando um colega de quarto. — ele coçou a nuca, meio envergonhado. — Já estou indo embora, desculpe te incomodar. — ele falou isso e se virou.
— Não, calma! Me desculpe, eu não estou acostumado a falar com pessoas. Estou procurando um colega de quarto e você me parece perfeito.
— Sério? — ele sorriu e os olhinhos se fecharam e eu percebi uma pintinha embaixo de seu olho. O que era aquilo de aparência adorável-dos-meus-sonhos na minha frente? Puta merda.
— Perfeito.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.