História Touch Me - Six

JINYOUNG

— Kim Yugyeom, responda uma coisa. — falei sem desviar o olhar da mesa pro garoto a minha frente.

— Pode falar. — ele olhava pro celular, enquanto digitava rapidamente. 

— Você gosta do Bambam? — perguntei, eu era bem sincero, se eu queria saber ou falar algo, eu falava.

— Claro. — ele respondeu, ainda não me olhando. Suspirei, olhando ao redor. O restaurante dos Wang estava vazio naquela hora, talvez pelo frio e por ser muito cedo para acordar no domingo.

— Não, eu digo, como namorados, você gosta? — senti meu rosto ficar vermelho. 

Passaram alguns segundos e ele riu, digitando no celular. Yugyeom era assim e ele não mudaria, ele não me respeitava, nem como amigo e nem como hyung. Nunca.

Eu acreditava que decisões eram importantes se fossem tomadas após pensar muito. Eu nunca fui de me esconder. Foi por isso que decidi contar a Kim Yugyeom como eu me sentia sobre ele, aqui mesmo, no restaurante do namorado do Mark hyung. Mas ele não prestava atenção em mim. Suspirei, pensando no motivo pelo qual eu estava fazendo aquilo comigo mesmo. A situação estava ficando cada vez mais ridícula. Mesmo que eu não gostasse de desistir, não daria certo. 

— Você é um idiota, não sei porque eu ainda falo com você. — falei, sem pensar dessa vez e o idiota me encarou.

— Certo, hyung, eu sou um idiota, mas porquê? — ele disse bloqueando o celular e colocando na mesa, enquanto me olhava.

— Porque você nunca me ouve.

— O que mais? Porque mais você me odeia? — ele me desafiou. Senti meu sangue ferver.

— Você é insolente e não respeita seus hyungs.

— Eu respeito quem eu acho que eu devo respeitar. — sorriu. — E você não é bem um hyung pra mim.

— Viu? Você é uma praga. Criança mal educada, eu sou anos mais velho que você, quem você acha que você é pra decidir se eu sou ou não seu hyung?

— Criança? Você está sempre aí me chamando de peste e me batendo. Eu não posso fazer nada e você já arruma um motivo pra dizer que me odeia. — ele levantou da cadeira, pegando o celular e me encarando. — Qual é o seu problema? Porque você me odeia tanto? Seria melhor que me deixasse em paz. — ele saiu apressado do restaurante e eu suspirei, pela décima vez no dia. Olhei para o balcão e a atendente me encarou, vindo até minha mesa com um sorvete na mão, dizendo pra ir atrás dele e pagar a conta depois.

Olhei para o sorvete em minhas mãos, era o sorvete preferido dele. Eu havia pedido, achei que ele iria gostar de tomar antes de comermos.

Levantei e fui atrás dele. Mantive uma certa distância do garoto, ele parecia irritado, mas eu queria ver até onde ele iria, a casa dele era para o outro lado.

— Me responda, Jinyoung hyung, porque você me odeia? — ele disse com o olhar magoado, se virando pra mim.

— Eu venho aqui todos os dias almoçar com você depois da escola, mesmo que meu trabalho seja do outro lado da cidade. Eu sempre acordo mais cedo pra te levar pra escola quando está chovendo. Eu converso com a sua mãe sempre que ela te deixa de castigo e ela te libera pra assistir dramas comigo. Eu me sinto horrível toda vez que você chora e eu não posso fazer nada. — ele me olhava, parecia que ia chorar. — Eu te odeio, Yugyeom? Eu não sei qual é o seu problema comigo, mas eu te trouxe aqui hoje pra me confessar pra você, seu idiota, dizer que eu te amo. Enquanto eu tentava puxar assunto, você mal me ouvia. — fechei os olhos, controlando minha vontade de chorar e bater nele ao mesmo tempo. Com ele era sempre assim.

— Hyung? — ele disse sussurrando. — Isso é sério?

— Chocolate. — eu disse.

— O que?

— Eu gosto de você, mais que o tanto que você gosta de sorvete de chocolate. — olhei para minha mão, agradecendo a Deus por estar tão frio e o sorvete não ter derretido. Estiquei o sorvete na direção dele. — Comprei pra você.

— Hyung... — ele tentava dizer alguma coisa, mas aparentemente, não diria.

— Só coma de uma vez. — falei. Começando a andar de novo em direção ao restaurante, sendo acompanhado pela criança gigante ao meu lado.

Claro que eu esperava uma resposta dele, era óbvio, mas ele só pensava naquele sorvete. Talvez ele não tivesse entendido que eu realmente gostava dele.

Sentamos na nossa mesa novamente e eu o observei terminar de comer sua casquinha.

— Hyung. — eu o olhei. — Então será assim?

— O que será assim?

— Nós estamos namorando? — ele disse, corando.

— Não! Quem disse que eu quero namorar você? — revirei os olhos. — Credo. — Eu disse e ele sorriu, com os olhos ficando pequenininhos.

— Você não quer? — ele disse.

— Não é isso, eu nem te pedi em namoro. — dei de ombros, sentindo meu coração acelerar.

— Mas você se confessou. — ele falou, como se fosse óbvio. — Sabe, hyung. — Ele olhou pra mim, ainda sorrindo. — Eu gosto bastante de sorvete de chocolate, eu também gosto de almoçar aqui e assistir doramas. Mas eu também gosto muito dos dias de chuva, porque nesses dias eu sei que vou te ver logo cedo. E todas as outras coisas, gosto de fazer porque estou com você. Em resumo, eu estou apaixonado por você, hyung. — ele sorriu. Enquanto eu sentia como se minha alma fosse sair do corpo. — Eu sei que você não me pediu em namoro, mas, bem, você quer ser meu namorado? 

— E-Eu... Quero. — respondi, vendo o sorriso mais lindo de Yugyeom, que vinha em minha direção. Ele se agachou ao meu lado e segurou meu rosto com as duas mãos.

— Você é tão bonito, Jinyoung hyung. — ele disse de repente, quando eu fui responder ele se inclinou rapidamente em minha direção, colando seus lábios gelados pelo sorvete nos meus, me fazendo esquecer todas as palavras e pessoas existentes. — Posso parar de te chamar de hyung agora?

— Não, se não eu vou ter que te matar.

— Hyung, chato. — ele riu — Mas tão bonito. 

E é por isso que eu gosto de restaurantes quentes, sorvetes, domingos, dramas e decisões, principalmente aquelas decisões que nunca nos arrependemos de tomar. Ah, e eu gosto de muitas outras coisas, e meu namorado não está entre elas.

Kim Yugyeom definitivamente está na lista de coisas que eu amo.