História Trapped (EM CORREÇÃO) - Illegal

Jimin

- Chuta! Abaixa os braços! Não! Não assim, Hyung, com delicadeza! Estenda mais seus dorsos. - disse, tocando sua pele fria para endireitar sua postura.

- Aish! Isso não é para mim, Jiminnie! - disse ele, sacudindo os braços bruscamente, com raiva.

- Se acalme. - acariciei suas costas. - Vamos tentar outra vez. 

Era a quinta vez que eu tentava ensinar o pré-refrão da música Signal, de Twice, para Yoongi - que parecia não aprender nada a cada segundo -, mas eu não estava irritado, sequer cansado por lhe ensinar a mesma coisa várias vezes.

Era idiota, mas uma das coisas que mais me agradava era ficar ao lado dele, porque... Bem, eu gostava dele, mas não do jeito fraternal que devia pelo fato de sermos irmãos, mas de um jeito mais... carnal? Romântico? Pois bem, era um sentimento bastante forte para ser definido.

Talvez fosse só um brinde da adolescência, mas então por que estava demorando tanto tempo para passar? 

Sentia como se fosse explodir com esse sentimento se expandindo dentro de mim. 

Era muito estranho se sentir apaixonado, ainda mais por alguém que tinha o próprio sangue correndo pelas veias...

Talvez desde quando estivemos juntos dentro da barraca de nossa Omma no aniversário de dez anos do Yoongi, quando ele me deu um selinho na boca.

Ou talvez desde quando tínhamos doze e catorze anos e fomos brincar de pique-esconde com Taehyung, mas não sobrara lugar para Yoongi e ele se escondeu atrás de mim no mesmo beco, a respiração dele contra meu pescoço me causava uma sensação inebriante...

Talvez até mesmo antes de todos esses acontecimentos, desde quando eu era muito pequeno e sequer tinha conhecimento sobre meus sentimentos, mas sempre soube que não sentia algo completamente fraternal por Yoongi.

Eu o amava como irmão, sim, até mesmo como melhor amigo, mas amá-lo como homem... Era mais forte que ambos sentimentos anteriores juntos.

Sempre senti atração por garotos, mas me notei perdido ao descobrir meus sentimentos por meu irmão biológico, então fui atrás de um namorado para tentar esquecê-lo, desesperadamente. 

E então Kim Namjoon apareceu. Ele era maduro, compreensivo, muito inteligente, o tipo de cara que qualquer garota se jogava na frente de um carro por, mas ele me escolheu entre todas elas.

Eu realmente gostava dele, talvez como um bom amigo, mas como companheiro... Era estranho - até mesmo errôneo - usar alguém para esquecer outro, mas eu não sabia como romper com ele para que ele parasse de criar expectativas a respeito de nós. 

Precisava descobrir como, e aquele era o dia. 

- Jiminnie? Ei! - recebi um empurrão de Yoongi e o olhei confuso. - Você ficou parado em frente à caixa de som com cara de tacho. Estava pensando em quê? 

- Em Namjoon. - murmurei, dando de cara com seus olhos estreitos e corando rapidamente por falar a verdade tão depressa. - A-Ah! Me desculpe por ser tão distraído, Hyung.

- Tudo bem, podemos dar um tempo por hoje se quiser. - sugeriu ele, então foi minha vez de estreitar os olhos. 

- Não vou pegar leve com você, Min Yoongi! - pude vê-lo se enrijecer quando falei seu nome completo, mas não descobri por quê. 

- J-Já é uma hora da tarde. Tínhamos outros planos, não lembra? - disse ele e não tive ideia do porquê ele gaguejou.

- Mas hoje é sext... Ah! Claro que sim! Tudo bem, Hyung, eu já tenho um plano! - disse, batendo palmas e sorrindo abertamente. Aquele era meu lado espontâneo. 

- Eu nem vou poder ajudar? - perguntou, fazendo um biquinho falsamente chateado.

- Você terá um papel especialíssimo nesse plano! - disse, envolvendo sua cintura com meu braço e sentindo sua pele enrijecida sob meu toque.

Eu gostava de tocá-lo mesmo sem necessidade, gostava de estar perto de Yoongi, por isso me doeu bastante o fato de ele ter me ignorado por tanto tempo, mas quando ele voltou a me tratar como antes... Ah! Fiquei tão feliz. 

Porém, ainda sentia certa apreensão vinda dele, mas ainda não sabia por quê ela existia.

Entramos dentro de casa e enquanto eu explicava meu plano para ele, peguei meu celular em cima da bancada e sentei no sofá da sala, sendo acompanhado por ele.

- Jiminnie, acha realmente que isso vai dar certo? - me perguntou, com certo receio na voz. 

- Não tem erro! Vamos convencer Jin-Hyung a irmos passar a tarde na casa dele para assistirmos filmes e levamos o Tae de surpresa! Jin-Hyung é uma pessoa educada, não nos expulsará de lá por isso. - eu disse, discando o número de Seokjin e pondo no viva-voz. - Ah! Está chamando!

Não demorou cinco segundos e meu melhor amigo me atendeu, ele deveria ter saído do banho para atender o celular, pois demorou mais que o habitual. 

Eu? Perceptivo? Nem um pouco.

- Jin-Hyung! Pode falar? - perguntei, num tom de voz alegre.

- Claro que posso, Chim Chim. O que me conta? - perguntou ele, e então olhei para Yoongi, que não parecia feliz com o apelido que Jin-Hyung me dera.

- Chim Chim? - sussurrou, mudando seu rosto neutro para uma carranca, me fazendo estremecer tanto de medo quanto de... Bom, outra coisa. 

Isso tudo é ciúme, Min Yoongi? - pensei, com desdém. 

- Eu queria te propor uma coisa para essa sexta, você tem tempo? - perguntei, ansiando que ele dissesse sim. 

- Para você eu sempre tenho tempo, Chim Chim. O que estava pensando em fazer? - perguntou ele, me fazendo olhar para Yoongi de novo. 

Okay... A cara contorcida de raiva dele estava me dando muito medo, por isso resolvi ir direto ao ponto.

- E-Eu g-gostaria de assistir uns filmes na sua casa, sabe? Para descontraírmos, as provas vêm daqui uma semana... - tentei persuadir, e soube que conseguiria ao ouvir o suspiro frustrado do Hyung.

- Aish, é verdade, e na faculdade vai ser bem pior. - lembrou, me fazendo assentir. - Tudo bem, pode vir. Podemos fazer pipoca, comer doces, alguns salgadinhos...

- O Yoongi-Hyung pode ir junto? - perguntei de uma vez, não querendo enrolar muito.

- O quê? Por que ele tem que vir aqui? - perguntou Jin-Hyung, mudando completamente seu tom de voz.

- Pra cuidar do meu irmão, seu imbecil. - disse Yoongi, em alto e bom som para que Jin-Hyung ouvisse.

Ai, não! 

- Yoongi-Hyung! - murmurei entre dentes, repreendendo-o.

- Ouviu só? É disso que estou falando, Chim Chim. Não há necessidade para ele vir aqui. - disse Jin-Hyung, e ele não sabia, mas tinha libertado o leão da jaula. 

- Mas se o Jiminnie quiser que eu vá, então eu vou, não por sua causa,  energúmeno. - Yoongi-Hyung rebateu, me fazendo revirar os olhos. 

- Escute, Yoongi, eu sei que você deve me odiar, e com razão, mas você poderia parar de me ofender assim? - disse Jin-Hyung, como a pessoa bem educada que era, diferente do meu irmão, que passou a língua pelos lábios com desdém e tornou a falar.

Maldita língua...

- Escuta você, Seokjin, eu nem me dou ao trabalho de usar pronome de tratamento com você. E se eu não parar, vai fazer o quê? Seu covarde. - disse Yoongi, me fazendo levantar do sofá e tirar do viva-voz para que apenas eu ouvisse Jin-Hyung. 

- Jin-Hyung, me perdoe a grosseria do Yoongi-Hyung, não vai se repetir. - disse, me sentindo mal pela humilhação anterior. 

- Ele é um estúpido, Jiminnie! Você mesmo sabe disso! - Yoongi-Hyung falou, eu me virei para ele e rosnei como um cachorro, em sinal para que ele calasse a porra da boca.

- Duvido que não vá se repetir, Jimin. - mordi meu lábio ao ouvi-lo dizer meu nome inteiro, mas tentei não deixar aquilo me abater. - Não o traga para cá.

- Jin-Hyung, eu prometo que não, vou amansar a fera, por favor!, eu só quero passar mais tempo com meu irmão! - implorei, não me virando para encarar a expressão de Yoongi.

- Então deveria fazer isso na sua casa, não na minha. - disse ele, fazendo eu morder meu lábio mais fortemente ainda. 

- É sexta-feira, quero passar meu tempo livre com vocês dois... Por favor, Jin-Hyung, vai ser divertido. - ouvi o suspiro dele, sabendo que não cederia tão fácil, então resolvi apelar. - Eu entendo o seu lado Jin-Hyung, completamente, não pensei que mais alguém precisasse entender.

E então houve uma longa pausa na ligação, até cogitei a possibilidade de ele ter desligado, mas então ouvi mais um suspiro vindo dele e meu coração se encheu de esperanças. 

- Tudo bem, mas só porque tenho uma consideração enorme por você e sei o quanto você quer poder retomar sua relação com seu irmão. - disse ele, me fazendo dar pulinhos de alegria.

- Você é o melhor, Jin-Hyung! Estaremos aí às três! - eu disse, desligando o celular e me virando para encarar Yoongi, fazendo um biquinho emburrado para ele. - Por que fez isso?! Não fazia parte do plano ser rude com ele! 

- Ele não está aqui em casa, não tenho motivos para ser gentil com ele. - disse Yoongi, em seu típico tom desinteressado.

- Aish! Você é impossível! - resmunguei, me virando outra vez para ir ao quarto, mas minha cintura fora agarrada e não sei dizer como aquilo mexeu comigo.

- Sou, é? - Yoongi me jogara contra o sofá, ficara por cima de mim e então me olhara fixamente, apenas para depois começar a me fazer cócegas. - Sou impossível para você, Jiminnie?!

- P-Para, H-Hyu-ung! P-Por fav-vor! - eu disse, entre gargalhadas, tentando recuperar o fôlego enquanto apertava seus braços. - Vou f-fazer xixi!

- Que horror, Park Jimin! - exclamou ele, parando de me fazer cócegas.

E então passamos o resto daquele momento rindo, meus olhos até lacrimejaram, e eu, definitivamente, adorava passar meu tempo com Yoongi - não importava como.  

 

 

[...]

 

 

- E então você leva o Tae para a casa do Jin-Hyung. - eu disse, bagunçando meus cabelos e abrindo o guarda-roupa. 

- Como vou fazer isso? Taehyung conhece o caminho de nossa casa e o da de Seokjin como se fosse a palma da mão dele. - disse Yoongi-Hyung, me fazendo estalar a língua no céu da boca.

- Aigo... Tente distraí-lo do caminho com algum assunto. Você é o melhor amigo dele, vai saber o que fazer. - eu disse, tirando minha toalha de minha cintura e colocando minha cueca.

Yoongi tinha tomado banho primeiro do que eu, portanto já estava pronto, obviamente eu nunca me revelaria tanto para ele, por isso a porta do guarda roupa tapava meu corpo, mas se ele pedisse... se ele quisesse... Ele poderia ter mais do que apenas a visão de meu corpo. 

Aish! Se toca, Jimin! Você não deve pensar essas coisas! Ele é seu irmão! Não sente nem nunca sentirá nada por você! - pensei, desapontado comigo mesmo por criar expectativas tão improváveis. 

Vai ver era aquilo, talvez quando eu encontrasse minha alma gêmea tudo não passasse de uma lembrança do passado da qual eu daria boas risadas, mas eu sempre tinha receio que não. Receio de que eu nunca fosse parar de gostar de Yoongi, receio de que ele se casasse enquanto eu não conseguisse seguir com a minha vida.

E aquilo me dava muito medo. 

- Jiminnie? Vamos? - perguntou Yoongi, e quando percebi já estava vestido.

- Claro! Vamos nos separar. - eu disse, descendo as escadas do quarto e indo para a porta de saída junto com Yoongi. - Fighting! 

- Fighting! - disse ele antes de seguir um caminho oposto do meu.

Submerso em pensamentos, lembrei que demoraria bons minutos até eu chegar a casa de Jin-Hyung, então resolvi fazer uma coisa.

Eu precisava ser honesto comigo mesmo e com a pessoa que me amava intensamente, eu não estava me sentindo bem com o que tinha feito na noite anterior - segui os meus instintos e beijei Yoongi enquanto ele dormia -, eu pensava ter traído Namjoon, e ele não merecia aquilo. 

Eu não merecia Namjoon, ele não merecia sofrer, e eu precisava de um tempo para resolver toda aquela confusão de pensamentos na qual minha mente se encontrava. Nunca foi a minha intenção machucar ninguém, eu apenas queria ser menos errado do que já era, mas eu acabei não conseguindo outra vez...

Me sentei num ponto de ônibus enquanto meu celular chamava no número de Namjoon, ele demorou bons segundos para me atender, mas quando o fez senti um aperto no coração ao ouvir seu belo "oi, amor" para mim.

- Oi. - eu disse, meio sem graça e incerto do que faria. - Namjoon, eu... Olha... Aigo, nem sei por onde começar. 

- O que foi, Minnie? Aconteceu alguma coisa? - perguntou ele, em tom de preocupação. 

- Não, não! Nada disso. - ri para tentar descontrair, mas aquela situação não podia ser descontraída. - Eu preciso conversar com você sobre a gente, e eu não queria falar isso por telefone, mas... eu não tenho outra escolha, Namjoon, me desculpe. 

- Minnie, você está me assustando. - ele riu nervosamente e depois clareou a garganta. - Pois diga. O quê que é? 

Respirei fundo umas duas vezes, pensando se faria ou não, pensando se Namjoon merecia ou não. Óbvio que ele não merecia, ele era um ser humano incrível demais para merecer qualquer coisa ruim, mas eu não podia enganá-lo por mais tempo... E se entrávamos na chuva para nos molharmos...

- Eu quero dar um tempo, Namjoon. - consegui falar sem gaguejar, e me senti orgulhoso por isso.

Ficamos em silêncio por algum tempo, meu coração batia tão rápido dentro do peito que eu pensava que a cada batida ele estivesse caminhando em direção à garganta. 

E então ouvi a risada nervosa de Namjoon de novo, mas não me assustei nem nada, apenas senti um grande aperto no coração outra vez. 

- Como é? Um tempo? Jimin, mas... Por quê? Por que quer dar um tempo? Você... está pensando em terminar? Quer acabar nosso namoro? Se é pelo que houve na sua casa naquele dia, amor, eu... - o interrompi antes que ele tornasse as coisas mais difíceis para mim.

É para o seu próprio bem, Namjoon... - pensei, tentando me convencer de que não estava sendo egoísta 

- Não é isso, Namjoon... - suspirei e engoli em seco, escolhendo as palavras corretas para usar. - É que eu não sei se vou conseguir levar isso adiante. Não sei se vou ser forte o bastante para assumir um relacionamento que talvez vá machucar os membros de minha família. Eu preciso de um tempo para pensar se é realmente isso o que eu quero.

Me impressionei por ter soado tão sincero e honesto, eu não estava de todo mentindo, mas eu não pensava constantemente em assumir um relacionamento com Namjoon. Como eu dissera, eu aceitei seu pedido de namoro para tentar esquecer Yoongi, claro que já pensara em assumi-lo, mas nunca tão seriamente...

Ficamos em silêncio outra vez, tive receio de ouvi-lo fungar e chorar pelo telefone, eu não queria que ele chorasse, eu me sentiria pior do que já estava me sentindo. Então para meu alívio, ele suspirou e, enfim, disse:

- Tudo bem, mas... - ele suspirou de novo. - pense com carinho, tá bem?

E então desligou. Eu fiquei mais um tempo sentado naquele banco, pensando no quão bom Namjoon era comigo e no quanto seria bom se eu correspondesse seus sentimentos totalmente, mas eu não mandava na porra do meu coração que escolhera se apaixonar justamente por Min Yoongi, o meu, biologicamente, irmão. 

 

 

[...]

 

 

- Vai ficar muito salgada! Me dê isso! - exclamou Jin-Hyung, retirando o frasco de sal de minha mão.

- Aish! - resmunguei, fazendo biquinho, mas meu drama fora cortado pelo som da campainha. - Yah! Chegaram!

- Eles? - perguntou Jin-Hyung, com a sobrancelha arqueada enquanto me via batendo palminhas.

Puta merda... - pensei, andando rapidamente até a porta para atender Yoongi-Hyung e Taehyung-Ah. 

Quando a abri tive a visão que deduzira que teria, Taehyung estava embasbacado pelo fato de se encontrar na frente da casa de Jin-Hyung. Já meu - maravilhoso - irmão, se encontrava com a expressão nervosa, incrivelmente. 

De repente a situação ficou estranha, pois Jin-Hyung e eu encarávamos Taehyung e Yoongi por segundos que pareciam uma eternidade. Jin-Hyung estava estático pelo fato de Taehyung estar lá, sei que depois eu levaria uma bronca, mas era pelo bem maior. 

Até que eu resolvi tomar a iniciativa para sairmos daquele "momento-foto".

- Gente, vamos entrar! Escolhemos um filme de suspense! - eu disse, puxando Yoongi-Hyung e Taehyung pelas mãos. 

Yoongi-Hyung se acomodou no sofá sem nem pedir "com licença", Taehyung também - talvez pelo fato de já ter ido lá tantas vezes antes ou talvez por não querer perguntar a Jin-Hyung se podia fazê-lo. 

- Quer pipoca, Tae-Ah? - perguntei, sorrindo gentilmente para ele.

- Quero saber que merda é essa que vocês dois aprontaram pra mim. - murmurou, entre dentes, me fazendo engolir em seco.

- Pare de ser mal agradecido, Taehyung. Te tiramos de casa em plena sexta-feira, cala a boca e aproveita o filme e a comida, okay? - disse Yoongi-Hyung, em seu comum tom desinteressado. 

Então eu fui para a cozinha e peguei o balde com a pipoca molhada em manteiga derretida. Dava água na boca só de olhar...

- Jimin, eu não sei que brincadeira é essa, mas é de muito mau gosto, e eu sugiro que pare agora com isso. - disse Jin-Hyung firmemente para mim enquanto entrava na cozinha. 

- Que brincadeira, Hyung? Não vejo brincadeira alguma em quatro amigos assistindo filme e comendo pipoca. Traga os copos com refrigerante para mim, por favor? - pedi, indo para a sala com o balde de pipoca na mão e suspirando ao chegar no cômodo, nem dando atenção à sua menção de falar. - Pegue, Tae-Ah.

E então ele pegou o balde de pipoca bruscamente, enchendo a boca com uma grande quantidade de pipoca para acalmar sua irritação. Ele sabia que se desse chilique na casa de Jin-Hyung acabaria com seu orgulho, e o pecado capital que dominava Taehyung por completo era o orgulho. 

Eu não diria que Jin-Hyung era orgulhoso, ele era bem medroso a respeito de enfrentar os pais por si mesmo e chegava até a ser uma pessoa bastante magoada, mas orgulho não era a palavra certa para definir sua personalidade. 

Definitivamente, um orgulhoso e um medroso não davam certo, mas com uma pitadinha de amor no meio as coisas podiam mudar.

- Yoongi-Hyung, senta do meu lado? - pedi, manhoso e estrategicamente, vendo Yoongi engolir em seco, mas não entendi porquê.

Yoongi fazia tantas coisas que eu não conseguia compreender... Chegava a ser frustrante.

Taehyung arregalou os olhos quando Yoongi saiu de seu lado para se sentar do meu e o único espaço que sobrara para Seokjin fora o do lado de Taehyung. 

Quando Seokjin percebera isso, engoliu em seco como Yoongi-Hyung há alguns segundos atrás, mas sentou lá - pois estava em sua casa e não se permitiria sentar no chão -, com a postura enrijecida e a expressão dura.

Todos estávamos prestando atenção no filme - mais ou menos -, comendo pipoca e bebendo refrigerante. Eu poderia dizer que aquele momento ao lado de Yoongi estava sendo perfeito se fosse parar de pensar no plano que tínhamos concluído alguns minutos atrás. 

Eu estava assistindo à minha própria cena de filme, vendo Yoongi tão concentrado no que passava na TV, levando as mãos pálidas para dentro do balde para capturar os pedacinhos de isopor e levá-los a boca, mastigando-os em seguida, movendo seu maxilar de um jeito tão sensual, e enfim engolindo a pipoca, até o jeito que a pele do pescoço se movia enquanto a deglutição ocorria era sexy.

Corei violentamente ao me imaginar como um maníaco doente que prestava atenção minuciosamente em cada gesto que Yoongi fazia, mas... Aish! Era quase impossível não olhar se ele era completamente perfeito! 

Seus cabelos tingidos de verde, sua boca rosadinha que contrastava sua pele pálida, tão pálida como uma folha de papel, os olhos pequenos cintilantes sendo adornados pelos cílios delicados... Eu não conseguia achar erro algum nele.

Não só fisicamente, como também em sua personalidade. Yoongi podia saber machucar bastante uma pessoa às vezes, mas ele era o melhor quando gostava de alguém - tipo de mim, achava eu.

Eu poderia olhá-lo por horas e horas... Minha paixão pela aparência dele - e não só ela, mas também ele todo - nunca iria ter fim. 

Quando me dei conta, o filme tivera acabado. Seokjin e Taehyung mantinham a maior distância possível entre ambos, o que me fez revirar os olhos. Taehyung-Ah se levantou para ir à cozinha - disse que ia lavar a louça - foi aí que tive um plano.

- Jin-Hyung, pegue um pouco de pipoca para mim? - pedi, num tom manhoso ao qual ele não resistiria. 

- Por que não pede para seu irmãozinho ir pegar para você? - perguntou, em tom de deboche.

- Porque não estou afim de me levantar. - disse Yoongi, tombando a cabeça para o lado, tornando sua expressão maravilhosamente sexy. - E também quero pipoca.

- Vocês são muito folgados! Vou pensar duas vezes antes de deixá-los virem aqui outra vez. - disse Jin-Hyung, em escárnio. 

Quando Taehyung e Seokjin se perderam naquela cozinha, fiz menção de me levantar para ir espiar algum sinal de reconciliação atrás da entrada da mesma, mas Yoongi me puxou pela cintura, o que acabou em meu corpo se chocando contra seu colo.

Além de sentir um choque percorrer meu corpo, corei violentamente e sentei no sofá o mais rápido possível, mantendo minha postura tão rígida que meus músculos doeriam depois.

- Não vá lá, vai acabar estragando o clima, vamos apenas escutar. - sussurrou Yoongi, aumentando a intensidade do choque que percorreu meu corpo. 

Não me pronunciei, apenas foquei na televisão que mostrava os créditos do filme de suspense e agucei minha audição para tentar ouvir algo vindo da cozinha.

Não demorou muito e escutamos a continuação do primeiro diálogo. 

- Pelo amor de Deus, você é tão fraco... - disse Taehyung, e então eu ouvi passos pesados que me fizeram dar um sobressalto. 

- Eu? Queria ver se você estivesse na minha situação. - rebateu Jin-Hyung, e meu coração acelerou só de pensar que eles poderiam brigar feio. 

Por que não pensei nisso antes?! Aish! Como sou tonto! - pensei, me arrependendo daquele plano de juntá-los novamente.

Por um momento dei razão às palavras de Yoongi-Hyung: "já deu o que tinha que dar entre esses dois". Pois é, Hyung... Você estava absolutamente certo.

- Eu escolheria ser feliz! Nem sempre nossas escolhas agradam todo mundo. - respondeu Taehyung, me fazendo olhar com apreensão para Yoongi, que apenas se atentava à conversa.

- Eu não podia ser egoísta a esse ponto, Taehyung. - disse Jin-Hyung, finalmente esclarecendo as coisas a Taehyung. - Acha que também não sofri? Esses dias para mim têm sido péssimos. 

- Suas atitudes mostram o contrário. Você está sempre sorrindo com aquela garota no canto do refeitório. Duvido que em algum momento você tenha se sentido triste por ter terminado comigo. - disse Taehyung, a voz repleta de mágoa. 

- Inyong e eu não namoramos! Ela é apenas uma amiga que me ajudou quando eu estava sofrendo pelo término, ela foi uma boa ouvinte, me deu bons conselhos, e se quiser saber, não tem um dia em que eu não pense nisso, okay? - esclareceu Jin-Hyung, e aquela era a verdade.

- Ah, claro que sim. - Taehyung debochou, o que me levou a morder o lábio.

- Não é porque não estou chorando que estou bem, Taehyung. Eu estou destruído. Tudo o que eu mais queria era estar com você, de todas as formas. - disse Jin-Hyung, num tom de voz doce.

- Você queria estar comigo? Você queria...? - perguntou Taehyung, ainda desconcertado com aquela afirmação. 

- Mas duvido que você acredite em mim de novo, então... 

Ouvi passos em direção a sala, só que depois tudo parou. Tudo ficou num silêncio total e meu coração passou a retumbar loucamente no peito, ansioso por respostas.

- Yah... - sussurrei, frustrado, e me levantei para andar até lá calmamente, e quase gritei um belo: "ai, meu Deus!" para que todos ouvissem.

Mas Yoongi foi mais rápido e me virou para me pressionar com força contra a parede ao lado da entrada da cozinha, ele tapou minha boca com a mão e aproximou seus lábios de meu ouvido para fazer um: "shhh" tão sensual que meu baixo ventre esquentou numa rapidez inexplicável. 

Arfei com a dor de ter sido jogado contra a parede, aquela situação com Yoongi estava sendo tão erótica para mim que eu não saberia encerrá-la.

Ele olhou através da abertura da cozinha e ficou espiando enquanto mantinha aquela posição comigo. E então quando viu o que eu tinha visto - Taehyung sentado no balcão beijando Jin-Hyung tão violentamente enquanto o mesmo arranhava as suas coxas -, parou de olhar e deu uma risadinha. 

Então, inesperadamente, fiquei chateado. 

Eu sabia que nunca devia criar expectativas com Yoongi, mas o fato de que estávamos nos dando bem nos últimos dias, as várias situações tensionais nas quais nos encontrávamos, até mesmo o sentimento que compartilhávamos me fez acreditar...

Sim! Tive fé que aquela coisa doentia teria um futuro! Por isso fiquei tão chateado.

Portanto, tirei sua mão de minha boca bruscamente e me livrei daquela posição que há pouco me deixara quente, apenas para sair da casa de Jin-Hyung a passos largos.

Bom... Meu trabalho já está feito. Eles parecem bem felizes juntos agora. - pensei, tentando ficar feliz pelo que eu havia feito, mas quanto mais aquele turbilhão de pensamentos funcionava em minha mente, mas eu sentia vontade de chorar.

Chorar... Gritar... Eu queria tanto que Namjoon estivesse comigo, eu gostava quando chorava perto dele, pois ele nunca perguntava o motivo, apenas me abraçava e estava lá quando o dia amanhecia.

Abracei meu corpo buscando amparo - e calor, pois a noite estava fria - enquanto as lágrimas caíam de meus olhos sem controle algum, em poucos segundos eu já estava soluçando. Em mais alguns segundos, meu rosto todo já estava molhado e o vento gélido que batia contra a minha face me deixava com ainda mais frio.

- O que foi aquilo, Jimin? - perguntou quem eu não queria ver no momento, mas que era o motivo de meu choro. Só saia daqui... - Ei... Está chorando?

Andei mais rápido, querendo chegar logo em casa, mas o caminho parecia não ter fim. Além do mais Yoongi me perguntava a cada cinco segundos o que tinha me acontecido, eu estava começando a me irritar.

Até que, como um balão, eu explodi em cima dele.

- Quer saber o que aconteceu?! - me virei tão rápido e parei no caminho que ele quase tropeçou nos próprios pés. Estávamos empatados. - Você é meu irmão, isso aconteceu! 

- Mas do que você está falando? - perguntou, completamente confuso. 

- Eu te amo! Inferno! - abri os braços, não me importando com o frio, apenas querendo que ele entendesse. - Eu te amo demais, eu não paro de pensar em você num só segundo, eu tenho ciúmes de você e me dói o fato de você não sentir o mesmo! Dói muito te amar, Yoongi! 

Quando me dei conta, estávamos na frente de casa e eu me apressei para entrar lá e apenas chorar dentro do banheiro enquanto tomava um banho bem gelado, mas Yoongi foi mais rápido e me pressionou como fizera na casa de Seokjin, mas contra a porta.

Prendi minha respiração, sentindo cada sentido meu reagindo a seus atos comigo, principalmente o tato.

Por que você faz eu te querer tanto?! - perguntei, indignado pelo fato de ele ser tão irresistível, mas ao mesmo momento tão impossível. 

- Por que não me disse antes? - perguntou, num sussurro rouco, e colou seus lábios nos meus.

Acho que não entenderam, Yoongi estava me beijando por conta própria e estava se preparando para me pedir passagem com a língua!

Pensei que fosse desmaiar a qualquer momento, devia ser por isso que meu corpo amolecera tanto, que nem o macarrão do Nangmyeon que Yoongi cozinhava, e por este fato ele me pegou no colo, me fazendo envolver as pernas em sua cintura.

Eu amava tanto Min Yoongi... Eu o amava de todas as formas existentes...

Ele também me amaria?