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História Tríak: O Grande Muro - Capítulo 01: O Lado Oeste


Escrita por: ElderanVSEvan

Capítulo 2 - Capítulo 01: O Lado Oeste


Natasha acorda na mesma sala em que se encontrava, com uma estranha sensação de medo e perigo. A parede em sua frente desce, deixando a vista apenas um imenso Oceano, como se não bastasse, a parede por trás da garota começa a vir em sua direção lentamente.

“Se não achar uma maneira de sair daqui serei jogada na água.” Pensa a jovem, enquanto tenta achar uma forma de sair dali.

    Perdida em seus pensamentos, uma voz começa a dizer:

- Siga seus instintos, congele a água.

    Os olhos da garota ficam azuis e então a água a sua frente começa a congelar. Sem que perceba, Natasha caminha rumo à placa de gelo que acabara de criar e em seguida começa a movimentar seus braços para frente e para trás, fazendo o gelo se mover.

- Bem pensado, minha jovem. - A voz em sua cabeça conclui.

- Eu não acredito, o que eu acabei de fazer? É incrível. - Natasha se empolga com a situação, mas se lembra que muitas coisas ainda não fizeram sentido.

    Mesmo sem ter ideia do que está acontecendo, a jovem continua pelo oceano seguindo algumas luzes muito distantes, seus olhos continuam azuis durante todo o caminho como se fossem a fonte de suas habilidades. Depois de uma longa jornada, Natasha finalmente chega à costa, mas desanima com o que vê, pois só há areia e grandes pedras que pareciam proteger o continente de algo. Ao olhar para cima, a ruiva nota, sobre uma das pedras, um estranho jovem vestido com traje vermelho de monge que lhe diz:

- Olá esotérica, estava lhe esperando. Meu nome é Zerin e estou aqui para mostrar-lhe tudo. - O monge à reverencia.

   Zerin tem cabelos castanhos e curtos, aparenta ter dois anos a mais que Natasha e tem físico de um lutador.

- Eso o que? Onde estamos? E porquê está me reverenciando? - A garota pergunta impaciente.

- Você veio do grande muro, meus antepassados esperam por você a quase cem anos, aqui é Fire Tríak, ou como alguns monges chamam essa região, lado oeste. Sabia de sua chegada após os tremores que ocorreram à algumas horas. O continente é dividido em quatro reinos:  Dominium, Pombero, Abaangui, e Vulcano. Estamos em Dominium e precisamos partir. Te reverenciei pois segundo minha cultura, o único ser capaz de controlar os quatro elementos da natureza surgiria do muro para restaurar o equilíbrio do nosso mundo. Mas e você, de onde veio?

- Isso tudo me parece familiar, mas não consigo me lembrar. Desculpe, não consigo me lembrar de onde vim também, só lembro de estar naquela caverna e depois estar usando a água para me salvar do perigo. Eu não tenho ideia do que fazer, desculpe-me mais uma vez, Zerin. - Natasha lamenta e fica frustrada ao perceber que a única coisa que se lembra é seu nome.

- Grande Natasha, eu estou aqui para servi-la, independente da situação. Acho que já sei de uma forma para encontrarmos um sentido para sua vinda ao nosso mundo. - Zerin tenta consolá-la.

    Zerin coloca Natasha em cima de uma grande placa de pedra e começa a mover seus braços da mesma forma que a garota havia feito com o gelo. Curiosa, ela então pergunta:

- Esse tipo de coisa é comum por aqui?

- Bem, em Dominium as pessoas conseguem usar a água para curar e outras podem movê-la como quiserem, inclusive alternar seu estado físico entre sólido, líquido e gasoso. - O jovem vai explicando enquanto conduz a grande pedra rumo ao reino de Abaangui.

- Uau, que interessante. - Empolgada com a história, Natasha diz entusiasmada enquanto se segura no monge.

- Continuando… Em Pombero, a população consegue controlar o ar a sua volta e a maioria consegue voar utilizando roupas especiais, são conhecidos pela grande velocidade no campo de batalha. Para onde estamos indo, o reino de Abaangui, as pessoas podem controlar a terra assim como eu, podem também fazer grandes rochas virarem areia e ao contrário. - Conclui o jovem sábio.

- E em Vulcano, o que tem lá? - Curiosa, Natasha começa a desconfiar de algo.

- Vulcano foi fundada pelo deus do fogo, as pessoas por lá controlavam o fogo, mas faz muito tempo desde que o mundo teve notícias deles, toda a península está cercada por uma barreira mágica impenetrável a pouco menos de 100 anos, nem dá pra ver lá dentro. Os manipuladores que restaram estão espalhados pelo continente, é bem difícil encontrar algum - Zerin apenas repassa a informação que os outros sábios lhe contaram.

- Uau, o que devem ter feito todo esse tempo? - A garota diz enquanto arruma sua sobrancelha despenteada.

- Não há como saber ao certo, nem mesmo se estão vivos. - O monge conclui sabiamente.

Natasha fica meio intrigada com tudo que ouviu, mas permanece em silêncio e pensativa.

- Há muito tempo um pergaminho tem sido passado de geração em geração ao meu povo, estava na posse do meu mestre, mas foi roubado.  Nele contém uma pequena história de como pessoas como você conseguiram parar o deus do fogo e repassar seu conhecimento a uma nova vida. - Zerin conta um pouco mais sobre seu mundo.

- Repassar seu conhecimento… - Natasha reflete enquanto observa a cidade cada vez mais perto.

- Sim, e nesse pergaminho também dizia que em cem anos um novo esotérico ressurgiria do grande muro, só não imaginávamos que ele não se lembraria do seu povo.

Natasha se sente mal com a situação e então fecha seus olhos por alguns segundos, ficando em silencio até a placa em que estava em cima parar.

- Chegamos, minha jovem, seja bem-vinda à Abaangui. - Zerin muda de assunto abruptamente, pegando Natasha de surpresa.

    Espantada com a pobreza local, a jovem dá um giro de 360º sem se mover e consegue captar superficialmente as coisas ao seu redor.

- Mas só há pequenas cabanas construídas de pedra por quilômetros. Isso aqui não deveria ser um grande reino? Pelo menos foi isso que imaginei ouvindo suas histórias. - Natasha pergunta desapontada.

- É verdade, mas nada disso é possível, após a guerra nosso povo simplesmente perdeu toda a esperança e apenas sobrevive com o que consegue cultivar. Não há crescimento ou desenvolvimento de meios mais sofisticados, aprendemos a nos contentar com o pouco que temos. - Sem hesitar, o monge explica à garota e vai em frente.

    Natasha segue o monge até um templo que fica bem perto da montanha, e lá esperava conhecer o grande líder de todo o reino.

Já dentro do templo, os dois encontram um velho senhor, usando o mesmo tipo de traje que Zerin, meditando de costas para uma grande janela circular de vidro, que ia do chão ao telhado de pedra.

- Mestre Yuan essa é Natasha, a esotérica que veio do muro. - Fazendo sinal de reverência, Zerin cumprimenta seu mestre.

- Então as lendas eram verdadeiras, aquelas luzes no céu só podiam significar que Fire Tríak voltará a prosperar! - Yuan diz animado enquanto se curva.

- Sem querer estragar seu momento, grande mestre, mas já disse que não faço ideia do que estão me dizendo. Alguém pode me explicar o que está rolando? - Natasha surpreende a todos com suas perguntas.

    Sem responder o que lhe foi questionado, Mestre Yuan entra em uma porta à sua esquerda e volta com um objeto nas mãos.

- Esse pequeno vaso tem grandes propriedades, dizem que pode te ajudar a se encontrar mesmo em casos como o seu, basta que você medite por algumas horas enquanto um incenso especial é queimado no interior dele. - O mestre coloca o vaso esculpido em quartzo no centro da sala e senta na posição de lótus.

    Não tendo escolha e a fim de conseguir respostas, Natasha fica na mesma posição de Mestre Yuan e fecha seus olhos. No começo, a jovem podia ouvir apenas seus pensamentos e seus batimentos cardíacos, mas conforme o tempo passa ela começa a sentir uma estranha presença que lhe diz agressivamente:

- Como ousa retornar ao meu mundo? A era dos esotéricos acabou, você devia estar extinta!

- Quem está ai? Por que está bravo comigo? - Natasha, tenta entender o que está acontecendo.

- Você realmente não sabe? Deixe-me te mostrar uma coisa. - A voz arrogante continua a falar.

A garota sente uma mão fria tocar sua testa e começa a delirar. Mestre Yuan desperta bruscamente e olha para a garota, nesse momento os olhos dela se abrem e começam a brilhar em tons de verde, vermelho, branco e azul, alternando nessa ordem freneticamente. Dentro de sua mente, Natasha vê a grande muralha de longe e então a voz começa a narrar:

- Há muito tempo atrás, quando a grande muralha surgiu, algumas pessoas receberam grandes dons para manter o controle de Fire Tríak, chamados de esotéricos, os únicos seres capazes de controlar os quatro elementos. Mas isso mudou quando os deuses e espíritos se sentiram ameaçados pela presença dos novos seres. A luta por territórios se estenderam por longos anos, muitas vidas foram perdidas. Anos após o extermínio de praticamente todos os esotéricos e deuses, incluindo os grandes fundadores, só restaram quatro esotéricos e Elderan, o último deus vivente. Vendo que o confronto não levaria a nada, Evan, um dos esotéricos propôs uma trégua entre eles que seria: o fim dos combates entre humanos e espíritos, e a unificação do continente formando os quatro reinos que conhecemos hoje. Mesmo desconfiado, o deus do fogo aceitou o acordo, mas a paz não durou muito. Anos depois, Evan e seus companheiros conseguiram derrotar Elderan, mas algo aconteceu aquele dia e desde então tudo mudou.

- Espera, acabou? - Natasha questiona, interrompendo.

- Não, humana tola, não acabou. Como eu dizia, Elderan fez algo inacreditável, se sacrificou e fez um último gesto na tentativa de manter seus ideais de paz. Usando suas últimas forças, ele transformou Evan em uma árvore feita dos quatro elementos e em seguida selou a península com uma barreira mágica tão impenetrável quanto o muro, prendendo todos manipuladores que estavam lá, sendo a maioria manipuladores de fogo. Os espíritos ficaram presos fora da barreira e foram exterminados pela população enfurecida. Ninguém jamais conseguiu voltar à cidade e é lá que Evan, ou melhor, a Árvore do Caos se encontra. - A voz em sua cabeça conclui.

- Como podia haver paz com toda essa guerra? - A jovem se estressa com todo aquele discurso.

- Isso é culpa dos próprios humanos, eles devem pagar.- Uma sombra começa a tomar a forma de Natasha.

- Não, o deus do fogo foi tão egoísta quanto os esotéricos, você não está sendo justo. - Natasha afirma enfurecida.

    A sombra começa brilhar na cor amarelo ouro e sua voz ecoa na mente da garota:

- Então talvez seja seu dever trazer a verdadeira paz…

    Ao despertar do transe, os olhos de Natasha voltam ao normal, ela então se levanta e vai em direção à saída. Mas é interrompida:

- Onde você está indo, Esotérica? - Zerin pergunta meio sem jeito.

- Elderan mentiu. Ele não queria a paz, só pensou em seu povo, e os esotéricos fizeram o mesmo, mas eu vou resolver isso, a sombra disse que é meu dever trazer a verdadeira paz. Vou entrar na península.

Todos do templo se assustam com as revelações da jovem, Zerin estranha como uma garota tão doce poderia mudar daquela forma.

- Do que você está falando? - Zerin pergunta sem entender.

    Antes que a garota pudesse responder, o velho sábio diz:

    - “O destino está selado, suas vidas serão uma só, mas não pense que será de graça. O preço virá em dor, as pessoas que você ama cairão, a sanidade não mais lhe acompanhará e se tiver sorte, não afogarás a sua própria alma.”

    - O que é isso? - Natasha pergunta assustada.

    - Essa profecia estava no pergaminho que foi roubado, os esotéricos mexeram com forças além da nossa compreensão, e quem deve pagar esse preço é você minha jovem. Tenha cuidado! - Mestre Yuan responde.

    - Parte de mim não consegue evitar, é como se fosse induzida a ajudar esse povo. Mesmo estando com medo dessa tal profecia, não posso deixar que mais ninguém sofra. - A esotérica afirma confiante e segue em direção à saída.

    - Então eu irei com você. Você vai precisar de um guia e um treinador do elemento terra. - Zerin vai em direção à Natasha.

    - Toda ajuda será bem-vinda, obrigada. - A esotérica sorri e aceita a ajuda.

Mestre Yuan não diz mais uma palavra, apenas sorri enquanto observa os dois deixarem o templo. Juntos começam uma busca de informações sobre a península pelo reino de Pombero, na esperança de que alguém possa saber algo sobre a grande barreira. No começo, Natasha não gostava da companhia de Zerin, mas aos poucos se tornaram grandes amigos.  

 



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