Sam ficou por um bom tempo pensando no que havia acabado de acontecer. Não acreditava que Dean tinha mesmo tentado lhe beijar e jurava de pé junto que ele estava o testando porque havia descoberto de alguma maneira que Sam o amava mais que irmão.
Sam estava já agoniado com tudo aquilo, andava de um lado para o outro, passando a mão no cabelo de nervoso, até chegar na conclusão que Dean havia mesmo descoberto seu amor secreto por ele e se culpou amargamente por não ter conseguido disfarçar tão bem. Estava tão fora de si e com medo do que poderia acontecer que ficou socando várias vezes na quina da pia do banheiro, fazendo com que Dean escutasse.
— O que está havendo Sam? — estava com a orelha grudado na porta querendo ouvir tudo.
— Não é nada, só deixei cair a caixa de shampoo — falou com uma voz alterada deixando Dean um pouco assustado.
— Calma Sammy, desculpa ok? —respirou fundo — Não queria deixar você tão irritado assim, foi sem pensar, desculpa.
Dean ficou esperando a resposta de Sam por alguns minutos mas preferiu não insistir e acabou o deixando em paz dentro do banheiro.
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Sam estava indo para o quarto e tentou ao máximo fingir que nada aconteceu, iria pegar seu notebook e, mesmo que eles não fossem caçar essa semana, procuraria alguns casos para repassar para outros caçadores. Ele contou até três, respirou fundo para criar coragem de abrir a porta do banheiro, porque sabia que ao abrir a porta, o olhar de Dean ia ser direto para ele e teria que passar um ar de "normalidade" que fracassou totalmente.
Sam não conseguia parar de tremer, mal conseguia controlar sua respiração. Repetia várias vezes para si mesmo que tinha que se acalmar e finalmente pegou seu notebook e deitou na sua cama e ao lado estava Dean, vendo a TV e bebendo sua cerveja. Ficaram longos minutos sem dirigir nenhuma palavra ao outro, um silêncio constrangedor, já que eles sempre tinham assuntos para conversar e raramente ficavam em silêncio na presença do outro. Sam notava que Dean o olhava de canto diversas vezes, mas quis fingir que era coisa da sua cabeça, então olhou para ele espontaneamente, sem nem perceber, teve uma troca de olhares tão profunda que no mesmo instante, só sentiu seus pelos do corpo todo se arrepiar, seu coração acelerar e suas mãos começarem tremer e pôde sentir o mesmo de Dean. Voltaram a fazer o que estavam fazendo, ignorando o que acabara de acontecer, e se passando mais alguns minutos, viu Dean se levantar e ir em sua direção, não fez nada, apenas tentou agir normal, porque era isso que estava tentando fazer desde a hora que saiu do banheiro. Continuou olhando para a tela do notebook e sentiu o peso do corpo de Dean contra a beirada da cama e sua mão acariciando uma das pernas de Sam.
— Sammy.. — estava todo manhoso como se quisesse algo.
Quando Sam pensou em responder, Dean já estava tirando seu notebook de cima dele e se aproximando cada vez mais e mais. Sam pensou que não poderia ficar sem reação de novo, afinal, ele quer muito Dean, então se aproximou também. Sentiu uma de suas mão no seu rosto e a outra em sua cintura e isso simplesmente o levou a loucura, o desejando cada vez mais e quando finalmente seus lábios se encontraram, Sam pôde sentir a maciez dos lábios de Dean e sentiu o quão carinhoso ele estava sendo só com aquele simples beijo, mas para Sam, significava tudo. Ele deu entrada para a língua de Dean e conseguiu sentir exatamente seu gosto, ficaram um bom tempo um brincando com a língua do outro.
Separou o beijo mas logo voltou a beijá-lo novamente, era um momento mágico. Colocou suas duas mãos no rosto de Dean mas logo as retirou. O beijo dele acalmava Sam de um jeito que o surpreendia e o deixava encantado e ele se deu conta de quão errado isso era, e só pelo fato dele estar fazendo isso com Dean, estaria levando ambos para o mal caminho, principalmente Dean. Sentiu a necessidade de resolver isso logo, antes que formasse uma bola de neve.
— Eca Dean, isso é muito nojento, somos irmãos e você só pode ter enlouquecido — se afastou empurrando Dean bruscamente de perto do seu corpo e saindo imediatamente de cima da cama.
— Como assim Sam? Eu achei que você estava gostando, como pôde fazer isso comigo? — passou a mão pelo rosto nervoso — Porque deu brecha nas duas tentativas que eu tentei? Você podia apenas ignorar desde a primeira vez — continuou já com o rosto coberto com suas lágrimas e seu coração coberto de decepção ao escutar aquilo da pessoa amada, do amor de sua vida.
Tudo que Sam queria fazer ao ver aquela cena era ir até Dean e enxugar suas lágrimas e o abraçar, acolhê-lo em seus braços passando toda segurando do mundo, mas sabia que isso era a pior das decisões e só ia acarretar para mais coisas ruins, então o encarou com um olhar sério de desprezo. Voltou para o banheiro o deixando lá em sua cama chorando, trancou a porta e foi escorregando pela parede até chegar no chão chorando com a mão na boca abafando o som para que Dean não pudesse ouvir o seu choro e os gritos de angústia que sentia naquele momento.
Dean não podia acreditar que se deixou iludir pelo seu próprio irmão, como se deixou chegar a esse ponto. Nunca se imaginou sentado na cama com o braço ferrado por causa de um demônio e chorando por saber que jamais iria ter seu irmão aos seus braços porque o amor que ele sente não é recíproco. O amor de Sam é só fraterno e ele estava certo, o único errado era Dean, jamais iria culpar Sam pelo seus sentimentos, mas infelizmente não podia controlá-los e o amava como nunca amou ninguém. Estava sem estrutura então enxugou suas lágrimas, se levantou da cama de Sam, desligou a TV e se deitou ainda muito angustiado com tudo que aconteceu.
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Dean acordou, olhou para o lado e viu Sam dormindo feito um bebê, com seus cabelos longo no rosto, seu braço musculoso bem exposto, mas logo desviou o olhar porque não podia mais ter esperanças, pois isso só iria piorar o andamento da retirada de Sam de seu coração. Então se levantou com dificuldade já que sentia uma dor forte no braço por ter esquecido de tomar o remédio antes de dormir, foi ao banheiro tomar um banho quente para relaxar depois da difícil noite mal dormida e cheia de pesadelos. Sentiu a água quente entrando em contato com a sua pele, molhando seu cabelo, lembranças de Sam começaram a voltar, todas as palavras que saíram de sua boca e quando fugiu de seus pensamentos percebeu que estava chorando novamente pelo mesmo motivo. E como tentar relaxar no banho não deu certo, foi dar uma volta por aí, sem rumo para tentar achar um sentido para a vida.
Algumas horas se passaram, o ar fresco estava tão bom que Dean nem havia notado a hora passar. Achou melhor voltar para o motel de novo mas antes foi comprar algo para Sam tomar café já que estava sem fome e debochou de si mesmo por ainda se preocupar com Sam mesmo depois de ser magoando intensamente por ele.
Dean chegou no motel e viu Sam totalmente sem controle, andando pro lado e pro outro passando mão pelo cabelo nervoso e com o celular na mão trêmula tentando digitar algo.
— Você está bem Sam? O que aconteceu para você est.. — foi interrompido com um abraço apertado de Sam e sentiu uma lágrima cair em seu ombro.
— Ei, calma Sam, calma — retribuiu o abraçado ainda mais apertado e o guiou para sentar na cama tentando confortar.
— Dean, achei que você estivesse ido embora depois de eu ter falado tudo aquilo pra você — respondeu tentando limpar suas lágrimas mas sem sucesso porque quanto mais limpava mais caia.
Ainda perplexo com tudo isso, Dean coloca o lanche em cima de uma mesinha próxima e vai abraçar Sam com intenção de acalmá-lo.
— Eu não vou a lugar nenhum sem você, mesmo você dizendo coisas que me magoe profundamente eu sempre vou está aqui para você — deu um beijo demorado na testa de seu irmão enquanto acaricia seu cabelo.
Dean estava muito confuso, na sua cabeça estava passando mil e uma coisas, mas prefiriu ignorar e focar apenas no momento, mesmo sabendo que Sam nunca agira assim nem quando ele saia um dia e voltava no outro sem dar nenhuma notícia. Não quis ter esperanças de novo, não queria sofrer de novo por uma coisa que nunca vai existir.
Dean se distanciou aos poucos de seu irmão e sentou do outro lado da cama o observando e tentou tirar algumas conclusões.
— Esquece tudo o que aconteceu aqui Dean, foi um impulso meu, achei que alguma criatura tivesse te levado — limpou suas lágrimas e voltou a olhar com frieza.
— Isso é mentira Sammy — bufou e deu as costas — Ok, ali na mesa tem os lanches que eu trouxe para você comer.
Sam sentiu decepção na voz de Dean, não sabia se estava fazendo escolhas certas, não sabia quem poderia confiar para pedir ajuda para o aconselhar. Ficou em dúvida se alguém próximo iria entender o sentimento que os irmãos sentiam um pelo outro. Sam sentia vergonha disso tudo, achava que não seria capaz de conseguir ficar com Dean, porque para ele, era tudo tão errado.
E ainda sentado na cama, colocou seus cotovelos no joelho e começou a esfregar os olhos com a parte interna da mão. Sam o amava tanto, tanto que não conseguia descrever a imensidão desse amor, mas tentava se convencer que não iria rolar, por ele ser seu irmão e ele não seria capaz de ferrar com a vida dele nem com sua.
Sua consciência pesou porque sabia que estava magoando Dean a cada palavra que eles trocavam e ao invés de ajudar só estava piorando e o ferindo cada vez mais.
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