Justin POV
- Não é nada disso que está pensando. - eu falei.
- Você está na minha cabeça para saber o que estou pensando? - perguntou o senhor Lamartine e eu apenas neguei. - Você - ele apontou para Kyla - Volte ao trabalho - E você - ele me olhou - Venha comigo. Agora.
Ele saiu andando e eu apenas o segui. Subimos as escadas e meu coração tava acelerado, eu estava suando, a morte já me esperava no escritório e cada vez que ficávamos mais próximos do cômodo, eu me desculpava mais pelos meus pecados, para ver se eu conseguia um lugar no céu. Entramos no escritório, ele fechou a porta, sentou na cadeira e eu apenas fiquei de pé.
- Margot e eu estávamos conversando minutos antes de eu ir até a cozinha. - disse o senhor Lamartine.
- É, eu soube dessa conversa. - Eu respondi e ele me olhou com uma sobrancelha arqueada - Antes de qualquer coisa, quero que me permita dar-lhe uma explicação para o que viu. - ele assentiu com a cabeça. - Kyla estava chorando porque sem querer ouviu uma parte de sua conversa com Margot.
- O que ela ouviu exatamente? - ele perguntou.
- Margot pedindo que o senhor demitisse-a.
- Exatamente, ela pediu. Mas quem decide se vai acontecer ou não, sou eu. Não tinha motivo para tanto drama. Já basta os dramas de Margot.
- Então o senhor não irá demití-la?
- Isso é uma decisão minha, Bieber. Espero que não se repita a cena que acabei de ver. - eu afirmei com a cabeça - E espero também que você fale com Margot sobre isso. Não quero ser o fofoqueiro, mas tampouco quero que minha filha seja magoada.
- Sim senhor. Eu irei agora mesmo falar com a Lamartine. - ele assentiu e fez um sinal para que eu saísse da sala.
Virei as costas e saí dali. Eu fui andando na direção do quarto de Margot, quando colocaram a mão no meu ombro. Virei imobilizando a pessoa, mas soltei assim que vi Kyla.
- Você está maluca de chegar sem avisar? - eu perguntei - Eu poderia ter quebrado o seu braço. Está bem? - ela assentiu com a cabeça. - O que faz aqui?
- Estava preocupada com você. O que ele queria? Você foi demitido?
- Não. Mas o senhor Lamartine está uma fera. - eu respondi. - Se quer uma boa notícia, acho que Jean não irá demiti-la, independente do que Margot falou. Ele me disse que era uma decisão dele, não da filha. - ela me abraçou.
- Graças a Deus. Eu preciso muito desse emprego. - ouvi um pigarro atrás de mim. Soltei Kyla e virei na direção do som.
- Margot! - eu disse meio surpreso - Estava indo falar com você agora mesmo.
- E se perdeu no caminho? - ela perguntou irônica - Não sabia que os braços dessa daí eram um GPS.
- Não começa - eu disse.
- Vem pra cá. Agora. - ela disse e eu apenas fui - VOCÊ ESTÁ MALUCO, BIEBER? - ela gritou depois que fechou a porta.
- Baixa a voz. Não tô vendo motivos para gritos.
- Você estava abraçado com aquela lá.
- Aquela lá tem nome.
- Você está defendendo ela?
- Você não tinha nada que pedir pro seu pai demitir a menina.
- Ela que te disse isso? - eu permaneci em silêncio - Quer saber? Eu pedi mesmo e espero que ele faça.
- Por que tudo isso? Kyla nunca te fez nada.
- Ela está tentando tirar você de mim.
- Essa confusão toda é por ciúmes?
- Que mané ciúmes, Justin.
- Claro que é ciúmes. Não minta pra mim.
- Eu quero que você vá pro raio que o parta, junto com essa sua ideia de que o mundo gira ao seu redor. - eu tentei segurar o riso, mas foi inevitável. - do que está rindo?
- De você enciumada. - ela veio pra cima me de mim, com as mãos fechadas, enquanto dava socos no meu peito.
- Eu não tenho ciúmes de você. - eu segurei os braços dela com um pouco de força, apenas para fazê-la parar de me agredir.
- Você tem ciúmes porque me ama. - ela me olhou e eu afrouxei os braços dela. - E eu também amo você Margot Diane Lamartine. - os olhos dela brilharam como dois diamantes expostos ao sol assim que ouviu o que eu falei.
- O que disse? - ela falou já abraçando o meu pescoço.
- Eu disse que amo você, Lamartine.
- Você me ama?
- Margot, eu não vou repetir uma terceira vez. - ela sorriu.
- Eu estava com ciúmes.
- Eu sei disso. - ela me abraçou e deitou a cabeça no meu peito.
- Me desculpa? - eu a fiz me olhar.
- Não sei se deveria. - ela me olhou sem entender. - Você vai ter que fazer umas coisas se quiser que eu te desculpe.
- Nem se atreva a pedir que eu peça desculpas a aquela lá. - ela disse se soltando de mim.
- Você fica nervosa muito fácil. - eu disse - Não tinha nem pensado nisso, mas é uma ótima ideia.
- Eu não vou fazer isso.
- Você vai escutar o que eu quero pedir ou não?
- Fale.
- Primeira coisa, você terá que aceitar sair comigo hoje, para um lugar de minha escolha - ela revirou os olhos - Segunda coisa, amanhã você irá ligar para Lorenzo e vai pedir que ele venha almoçar aqui. Vocês não se falam desde que saiu do hospital. - ela bufou - Terceira coisa, eu estava com saudades, Lamartine. Deixe-me cuidar de você.
- Terminou? - eu assenti com a cabeça. - Sobre a primeira coisa, eu darei três opções e você poderá escolher uma. - eu bufei - Sobre a segunda, irei pensar no seu caso. - ela voltou pra perto de mim e abraçou meu pescoço novamente - E a terceira coisa, você está totalmente permitido. - eu sorri e dei um selinho nela, mas antes de aprofundar o beijo, bateram na porta. - Que saco. - ela falou baixo.
- Eu vejo quem é. - eu disse, fui até a porta e a abri um pouco. - Raul? O que quer aqui? Quem deixou você entrar?
- Olá Bieber. - ele disse. - Eu quero falar com Margot, mas devo ter errado de porta. Quem me deixou entrar foi o Jean. Inclusive, ele me deu permissão para subir. Onde é o quarto de Margot? - eu empurrei a porta, fazendo-a abrir por completo. - Margot! - disse assim que a viu. - Fico muito feliz por saber que está melhor. - ele entrou no quarto.
- Obrigada Raul. - disse Margot. - Então, o que deseja?
- Lorenzo me pediu que viesse aqui para entregar-lhe um presente. E ele disse que eu só poderia entregá-lo a senhorita. - ele estendeu a mão com o embrulho. Eu permaneci parado na porta apenas observando tudo.
- Pelo visto o seu chefe adora dar presentes. - disse Margot pegando o embrulho da mão de Raul. - Bem, muito obrigada.
- Não há de que senhorita. Sou seu servo. - eu revirei os olhos. - Mais uma vez, fico feliz em ver que está melhor. Com licença. - dito isso, ele saiu do quarto. - Até logo Bieber. - eu apenas fechei a porta sem dar uma resposta.
- O que é isso? - eu perguntei me aproximando.
- Um presente, não está vendo? - ela respondeu sentando na cama.
- Jura? Eu pensei que era uma pedra. - ela me olhou e mostrou a língua para mim.
- Por que Lorenzo está me dando tantos presentes? - eu sentei ao lado dela.
- Talvez ele pense que irá se redimir assim.
- Eu não serei comprada por presentes.
- Ele não conhece você, Margot. Talvez seja por isso que ele pense assim. - ela rasgou o embrulho e abriu a caixa de veludo.
- É uma pulseira. - ela pegou a joia - Que linda. - ela notou o cartão preso na tampa da caixa. - Que não seja um convite, que não seja um convite. - ela disse antes de pegar o cartão.
- Por que não? - eu perguntei.
- Porque... porque... - ela me olhou - Eu não sei.
- Do que tem medo?
- Eu não sei. Minha cabeça ainda está confusa com tudo isso. Por isso que eu não quero muito convidá-lo para vir amanhã.
- Mas vocês precisam disso. Precisam se conhecer melhor.
- Eu achei que você não fosse com a cara dele.
- E eu realmente não vou. Mas ele é seu pai biológico. - ela suspirou e abriu o cartão. - O que tem escrito?
- Ele disse que a esposa dele está em Toronto e quer que eu vá jantar na casa dele aqui em Stratford.
- Sozinha?
- Não, ele mencionou que posso levar o zé ruela que tenho como namorado e o meu pai.
- Ele escreveu zé ruela?
- Não, fui eu que disse mesmo. Ele disse que eu poderia levar o Bieber.
- Se eu sou zé ruela, você é uma patricinha fresca.
- Você deveria mudar seus apelidos para mim. Nunca renova, sempre a mesma coisa, nem me atinge mais. - ela fechou a caixa, pegou o cartão e os pôs na mesa de cabeceira.
- Ah não? - ela negou com a cabeça. - Eu sei algo que te atinge. - ela me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas.
Eu deitei por cima dela com cuidado e comecei um beijo lento. Margot embrenhou as mãos no meu cabelo e me puxou mais pra perto, se é que era possível. Um tempo depois, eu me deitei ao lado dela e ela fez questão de se enroscar em mim, provavelmente para me impedir de sair de perto dela ou por medo de que eu a esperasse dormir para sair dali e ir falar com Kyla. Pobre Margot, tão jovem, com tantos problemas, como eu queria que ela acreditasse em mim. Eu gostaria muito de me abrir pra ela, dizer com detalhes o que sinto, o que ela significa para mim, talvez isso a fizesse se sentir muito melhor. Por que eu não falo? Porque não consigo. Eu tento, mas os pensamentos ficam apenas na minha cabeça, eles não conseguem ser transformados em palavras e saírem pela minha boca. Mas eu tentarei mudar isso, por Margot. Ela precisa de mim para se reerguer depois de tantas quedas e eu irei ajudá-la. Mas antes, eu preciso me ajudar.
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