Os olhos de Diana se abriram lentamente depois que o corpo de Harry foi subitamente ‘arrancado’ do seu, ela estava perdida ao encarar a sala em silencio, seguiu o olhar de todos e seus olhos focaram Tyler e Lucy parados na porta da sala e ela não sabia o que fazer, se gritava com eles por terem ido até ali no dia que não era de receber visitas, se gritava com Lucy pra saber o que tinha dado na cabeça da morena para ter ido até lá arriscando tudo, ou se explicava o que estava acontecendo ali, mesmo que ela mesma não tenha entendido, optou pela ultima, não podia fingir que nada estava acontecendo.
Tyler encarou a namorada por longos segundos, esperando que ela dissesse qualquer coisa, ele não era tolo e não precisava ser um gênio para saber que existia algo entre Diana e Harry, algo que ia muito além de um trabalho, mas Tyler queria arriscar do mesmo jeito, ele gostava da loira, estava apaixonado, e notava que ela também correspondia a esse sentimento, mas existe uma grande diferença entre a paixão e o amor.
A loira abriu e boca varias vezes, mas nenhum som saiu dela, então seu namorado se virou depois de erguer as sobrancelhas e começou a sair, Diana viu o semblante dolorido de Harry quando ela passou por ele, ele estava se sentindo tão culpado quanto ela, fechou os olhos com força e deixou seu corpo cair no sofá, torcendo para que não tivesse estragado tudo, e a sala caiu em um silencio ainda mais intenso.
Diana conseguiu chegar a Tyler antes que ele chegasse até o portão, segurou o braço dele fazendo-o parar no meio do caminho.
― Tyler, para me escuta. ― ela pediu se sentindo uma estupida, como aquelas personagens de serie que dizem isso mais nunca tem como explicar. ― Não aconteceu nada lá dentro, só estávamos dançando...
― Dançando agarrados uma musica animada e ainda por cima de olhos fechados! ― ele enfatizou, não era tolo já tinha notado que Diana escondia muitas coisas, mas gostava dela então ignorava todo o resto.
― Não foi nada demais, era só uma brincadeira!
― Brincadeira? É esse tipo de brincadeira que você faz com seus colegas de trabalho? É por isso que tenho dia para poder te ver? ― ele perguntou a encarando como se ela fosse uma traíra o que de fato ela tinha sido.
Diana não sabia explicar o que acontecia dentro do seu interior, ela adorava Tyler, estar com ele era a melhor parte de seus dias ultimamente, ele a levava para longe, fazia ela imaginar uma vida onde ela poderia ser feliz novamente, mas tinha esse outro lado dela, o que estava preso ao passado, preso a Harry.
― Não Tyler, não, eu juro que não foi nada, eu e o Harry, nós...
― Vocês o que? ― ele pergunta rindo sem humor, e ela o encara surpresa. ― Não sou idiota Diana, sou um ator represento emoções, e sei quando elas são de verdade.
― O que... O que quer dizer com isso? ― questionou assustada dando vários passos para trás. Tinha medo, pela primeira vez desde o inicio do namoro deles tinha medo, e dessa vez não era medo de se envolver, e sim medo de perde-lo.
― Que eu sei que sente algo por ele, e é algo forte, eu vejo como olha pra ele. ― Tyler confessou tristemente, ele parecia realmente chateado, então suspirou e a encarou colocando as duas mãos sobre os ombros dela. ― Olha tudo bem mesmo, eu não esperava que me amasse então pouco tempo, mas quero que ao menos seja sincera comigo. ― ele disse em forma de pedido, e depois suspirou novamente antes de continuar. ― Se quiser ficar com ele, eu vou entender, vai ter que me esquecer e eu prometo não interferir, mas... ― ele olhou bem no fundo dos olhos azuis dela, buscando alguma brecha, algum lugar no qual ela implorava para que ele ficasse, mas não encontrou nada. ― Se quiser continuar comigo, não vou pedir para se afastar dele ou do seu emprego não sou egoísta, mas quero que você realmente esteja disposta a estar comigo!
― Tyler, o que, o que...?
― Não quero alguém pela metade Diana. ― ele declarou sorrindo tristemente e alisando o rosto dela com a ponta dos dedos. ― Sei que teve uma historia difícil, e sinto que isso tem a ver com ele, posso estar errado ou não, mas sei ver quando tem algo inacabado. Se quiser ir lá e voltar com ele tudo bem é serio, mas se quiser ficar comigo, vai ter que se entregar por inteiro, é injusto que só um de nós se doe, se importe e goste do outro. ― suspirou pesadamente e passou a segurar as mãos dela. ― Estou disposto a ser seu por inteiro, sei que é uma mulher forte, e uma profissional incrível, mas não vou lutar por esse relacionamento sozinho.
E com essas palavras ele sorriu tristemente, beijou as mãos dela e foi embora a deixando sozinha, parada no meio do jardim sem ter o que dizer, parte dela queria gritar para ele voltasse, dizer que ela seria dele e que nunca mais veria Harry, mas a outra parte sabia que ela estaria mentindo e preferia deixa-lo ir embora.
Dois meses foram o suficiente para ele florescer em seu coração, Diana estava apaixonada por Tyler, qualquer um podia ver isso, qualquer um sabia disso, mas, ela amava Harry e era ridículo negar.
(***)
Na parte de dentro todos estavam sentados no mais perfeito silencio, Louis consolava Harry, mas o homem mal o ouvia, enquanto Liam ainda encarava Lucy com um semblante chocado e admirado, ele queria se aproximar mas estava paralisado, ela mexia no celular completamente desconfortável, quando Tyler falou que queria fazer uma surpresa para Diana, ela inocentemente pensou que eles iriam para a cobertura da loira, ou coisa do tipo, na verdade ela ainda não tinha certeza de que Diana estava morando com os meninos, para ela era apenas uma invenção maluca, ela não conseguia acreditar até ter visto a cena no meio daquela casa, Diana estava enlouquecendo de vez e aquela casa era parte disso.
― Vai falar com ela. ― Niall apareceu empurrando Liam que cambaleou chamando a atenção da mulher, ele lançou um olhar feio a Niall e sorriu para Lucy.
― Oi. ― falou como um garoto patético de doze anos, ela sorriu para ele.
― Oi. ― respondeu docemente e ele se sentou ao lado dela meio desajeitado.
― Faz muito tempo né?
― É faz. ― ela respondeu, a verdade é que nenhum deles sabia como agir. Tinham terminado por causa de terceiros, mas o amor entre eles nunca tinha acabado, e isso era em parte desesperador.
Reencontrar um antigo amor no meio da mesma confusão que os fez se separar, era no mínimo confuso. Lucy se arrependia por um lado, sabia que tinha sido uma amiga leal, e que apesar de tudo Liam também tinha mentido para ela, mas nunca teve alguém que a amou com tanta intensidade, e foi amado com, a mesma intensidade por ela como Liam, ela tinha mil razoes para ter ficado com ele, e escolheu a única razão que tinha para terminar com ele.
Já Liam só conseguia pensar em como seria, como seria se ele não tivessem terminado naquela noite? Como seria se ele tivesse insistido mais? Eles ainda estariam juntos? Eles teriam suportado o trabalho um do outro? Teriam uma família? Teriam seguido suas carreiras?
Amy apareceu correndo e abanando o rabo, interrompendo o fluxo confuso de pensamentos de ambos quando pulou no colo de Lucy, a morena sorriu e acariciou atrás das orelhas da cachorrinha.
― Pelo visto você também já a conhecia. ― Liam falou finalmente se tocando que Zayn não era o único que mantinha contato com Diana, como ele pode esperar algo diferente de Lucy? Ele realmente chegou a cogitar a ideia dela estar ali por ele? Tão patético!
― É, conhecia sim...
― Não perdeu o contato com ela não é? ― ele perguntou se referindo a loira, e então Lucy se viu em um beco sem saída, não tinha como mentir sobre aquilo, não quando Amy demonstrou claramente que conhecia Lucy e vice versa, mas se confessasse podia estar assinando seu atestado de óbito.
Tinha terminado com Liam por causa de uma mentira, e agora sua vida se resumia a mentiras e segredos, e ela sinceramente não estava certa de querer mentir sobre aquilo para Liam.
― É complicado...
― Sempre é.. ― Liam concordou com um sorriso, ele não estava a julgando, mas parecia triste, como se tivesse sendo excluído de algo, e a verdade é que ele se sentia assim a muito tempo, desde que Diana voltou.
Ele costumava ser o melhor amigo tanto de Diana quanto de Zayn, e agora não sabia de qual dos dois sentia mais ciúmes, afinal ambos contavam um com o outro e ele parecia simplesmente não existir, passou todo o tempo com Niall que era um ótimo amigo e muito bem recebido por todos, mas era difícil dizer o mesmo quando ele se metia nos problemas de Louis e Harry, Louis e Harry eram uma dupla inquebrável, tinham segredos, e comunicações que nenhum dos outros conseguiam entender, e antes Liam entendia Zayn como nenhum outro, era Niall que conseguia circular livremente de uma dupla para a outra sem parecer um intruso, já ele, começava a se sentir solitário.
Era patético um homem daquele tamanho se sentir desse jeito, mas não tinha como negar, além da falta que sentia em ser o melhor amigo de Diana e Zayn, ele sentia que tudo relacionado a loira, incluindo aquela amizade entre ela e Zayn, eram como Lucy disse “complicado”, tudo que cercava Diana era complicado, e ele só não conseguia entender o porque.
Foi estupido ao pensar que Lucy não fazia parte daquilo, era obvio que ela era a melhor amiga de Diana e não era porque agora estava na tv que deixaria de ser, era obvio que Zayn teve contato com ela como teve com Diana, isso justifica a maneira que ele ficou surpreso não só com Tyler mas com a morena estar ali também, e justifica o fato dele ter tentado sair com Lucy da sala, e levado um fora enorme da morena que o fez ir atrás de Diana, mas Liam tinha se tornado lerdo e não ligou os pontos antes, estava admirado demais em ver o grande amor de sua vida na sua frente novamente.
― Liam, eu...
― Lucy, podemos conversar? ― Diana tinha aparecido, os olhos estavam cheios de lagrimas, e pelo jeito Zayn tinha levado um fora dela também, pois suspirava tentando chegar até a loira como se estivesse tentando evitar um apocalipse.
A morena concordou sem ter como fugir, ela sorriu para Liam antes de se levantar, deixar Amy no chão e seguir Diana.
(***)
Lucy foi guiada por Diana e seguida por Zayn até uma sala mais afastada, a morena estranhou o fato de não ter sido levada ate o quarto de um deles, mas aquilo tão pouco importava.
Assim que a loira entrou na sala, ela se virou para Lucy como se a menor fosse a pior pessoa do mundo, seus olhos estavam tomados por uma fúria que só possuía quando as coisas saiam do seu controle.
― O que deu em você? ― disparou a loira, os olhos em chamas focados em Lucy que se irritou profundamente com aquilo, Diana sempre agia como se Lucy estivesse errando em cada passo que a morena dava, pedindo justificações como se fosse a dona do mundo e como se pudesse controlar o que Lucy fazia ou deixava de fazer.
― O que deu em mim? O que deu em você!? ― rebateu a morena irritada, estava cansada daquilo. ― Foi você que se enfurnou em uma casa com esses cinco, esta querendo enlouquecer? Acabar com a sua vida?
― Isso não é da sua conta! ― bradou a outra com ainda mais raiva, era típico dela, cobrar explicações e nunca as fornecer.
― É sim! Envolve minha vida tanto quanto a sua! ― Lucy rebateu, quando Diana ia aprender que estavam todos no mesmo barco? Que toda essa confusão tinha começado oito anos atrás quando Lucy decidiu ficar ao lado da loira, e que agora não tinha como fugir a isso.
― Não comece com isso, a sua visita acabou com meu namoro! ― Diana acusou brava como se a culpa fosse de Lucy.
― A culpa é minha? ― gritou a morena fazendo com que Zayn arregalasse os olhos e fechasse a porta, sorte que eles tinham sido inteligentes e ido para o pequeno estúdio montado na casa, para a sala acústica. ― A visita não foi ideia minha querida! Eu nem sabia que você estava mesmo morando com eles!
― Você não podia ter deixado ele vir atrás de mim!
―Não posso salvar sua pele toda vez que você comete um erro! ― berrou com ainda mais força a morena, fazendo a loira arregalar os olhos afetada.
― Você podia ter o impedido, podia ter dado um jeito!
― Não costumo mandar nos outros Diana, essa é a sua função! ― a ironia era tão amarga na voz de Lucy que fez a loira engolir em seco.
Zayn piscou cansado, sabia que um dia isso aconteceria, que um dia Lucy não seria mais capaz de lidar com os surtos de Diana. Ele era paciente, por incrível que pareça bem mais paciente que ela, mas Lucy vivia toda aquela historia com ainda mais intensidade do que ele, ela esteve ao lado de Diana desde o começo, e não concordava com as atitudes da loira, e sabia que isso faria com que ela um dia cuspisse tudo isso na cara de Diana.
― Meninas, vamos manter a calma. ― ele tentou, tentou de verdade mas recebeu dois pares de olhares furiosos sobre ele.
― Fica fora dessa Zayn! ― berrou Lucy e se virou para Diana novamente, a loira a encarou esperando pelo o que viria. ― Você tomou suas decisões e mesmo não concordando eu aceitei cada uma delas! Eu estive do seu lado durante todos esses anos! Ajudando você em tudo sem nunca pedir nada em troca! E eu não posso continuar sendo responsabilizada cada vez que você comete um erro! ― a morena gritava enquanto seus olhos se enchiam de lagrimas, quando dona Helena voltou para a Argentina pediu a Lucy que cuidasse de Diana, e ela fez isso, mas toda vez que a loira derrapava dona Helena cobrava da morena, e Diana gritava com Lucy como se a culpa fosse dela. ― Não posso continuar corrigindo cada um dos seus erros! Não posso continuar aturando todos os seus surtos, enquanto você pisa em mim e me culpa por você ter saído do controle! Eu nunca falhei com você! ― gritou lembrando a loira da realidade e viu Diana a encarar chocada enquanto dava vários passos para trás, era como se a morena estivesse enfiando facas afiadas na pele da loira a torturando. ― E você? Você só gritou ordens para mim o tempo todo! “ Lucy não faça isso”, “ Lucy não diga aquilo”... Não pode continuar mandando em mim, ou na Wally, ou na Liza, ou no Zayn! Nos punindo pelos seus erros...
― Me deixa fora dessa. ― o moreno pediu em um murmuro quando o olhar da loira caiu sobre ele.
― Nós ajudamos você, reerguemos você, porque te amamos, e acreditávamos que você sentisse o mesmo. ― Lucy estava furiosa, oito anos vivendo dentro de uma mentira, oito anos de puro tormento. ― Foram oito anos Diana, oito anos onde eu me preocupei se você estava bem, se estava comendo direito, se precisava de mim! Oito anos tentando ser a melhor amiga do mundo, eu terminei com o único homem que amei de verdade por você!
― Eu nunca te pedi isso, nunca te pedi nada! ― Diana tentou, seus olhos estavam cheios de lagrimas e Lucy apenas riu sem o mínimo de humor e mordeu os próprios lábios.
Ela não tinha mais o que dizer, nunca pediu para que seus amigos se sacrificassem por ela, ela não entendia que não era preciso pedir nada quando se trata de alguém que amamos, a antiga Diana se doava para todos, mas essa nova Diana estava trancada na própria dor.
― É sempre essa a resposta não é? Isso é tudo que tem pra dizer? ― Lucy questionou fazendo a amiga engolir em seco. ― Quem a gente ama não precisa pedir ajuda, nós simplesmente ajudamos, porque amamos! Mas acho que você esqueceu o que é isso a quatro anos!
― Não ouse...! ― a loira começou e avançou para Lucy como se ameaçasse bater nela.
― Você precisa acordar! Precisa sentir e superar isso! ― gritou Lucy se aproximando de Diana como se fosse sacudir a loira pelos ombros. ― Precisa notar que está viva! E nós estamos aqui nos matando para te manter dessa maneira! Nós amamos você, mas não aguentamos mais... ― a morena secou os próprios olhos, enquanto Diana tinha os seus arregalados e encarava a amiga completamente chocada. ― Eu vim hoje com o Tyler porque você não me liga á meses, está namorando alguém que trabalha comigo e simplesmente não me vê nunca, você nem me contou, eu não tive noticias de você a não ser por ele, eu sou sua melhor amiga! ―Lucy riu sem humor, a fala dela tinha pegado Zayn de surpresa, ele arregalou os olhos, não sabia que Diana estava ignorando Lucy. ― Ou pelo menos pensei que fosse. Mas melhores amigas não bloqueiam as outras, melhores amigas não desligam o telefone e ficam sem retornar as ligações da outra, melhores amigas não procuram a outra quando precisam, melhores amigas se preocupam com a outra! E você Diana, não é minha melhor amiga, á muito tempo. Porque você age como se eu não fosse nada...
― Não é verdade...
― Não? Me mostre seu Whatsapp, deixa eu ver se não estou bloqueada. ― pediu Lucy mas Diana deu um passo para trás fazendo a morena acenar afirmativamente. ― Estava preocupada com você enquanto você jogava sua sanidade no lixo vindo morar aqui, sou uma idiota, porque eu não sei por que ainda me importo...
A morena pegou a bolsa e abriu a porta saindo com tanta presa que Diana simplesmente não conseguiu raciocinar, Zayn encarou a loira a vendo paralisada no meio da sala, então correu atrás da morena a alcançando no meio do caminho.
― Lucy, não faz isso por favor, mantenha a calma, você sabe que ela precisa de você. ― ele pediu desesperadamente e a morena piscou chorando e ergueu o queixo.
― E eu Zayn? Eu não posso precisar dela? O que eu preciso não importa? ― ela perguntou se soltando de Zayn, ninguém perguntou para ela como foi rever Liam, ninguém perguntou como ela estava se sentindo, ninguém perguntou como foi que ela aguentou todos esses anos, e pela primeira vez na vida ela queria ser um pouco egoísta, voltar a ser a menina que era adorada na escola, aquela que Diana amava a cuidava, queria ter o olhar hipnotizado de Liam sobre ela, e saber que eles pertenciam um ao outro, queria ser normal e não viver com aquele segredo, e com aquela mentira.
― Lucy! Lucy! ― Liam a chamava depois que ela passou pela sala como um jato, ele a seguiu até o gramado mas ela não respondeu, não se despediu, apenas foi embora, deixando Liam parado no meio do jardim encarando o portão por onde ela tinha saído.
(***)
No fim do dia, Diana estava chorando em seu quarto, seu mundo tinha desabado mais uma vez, e ela sentia necessidade de fazer alguma besteira, não queria ver ninguém, nem falar com ninguém, mas isso não significava que as pessoas a deixariam em paz.
― Di? ― Zayn entrou no quarto sorrateiro e se sentou ao lado dela no chão, mas quando ele tentou a abraçar ela se afastou. ― Não faz isso, não me afasta.
― Não quero conversar.
― Tudo bem, eu fico aqui com você em silencio, com sempre e...
― Não quero você aqui. ― foi a primeira vez em muito tempo que ele ouviu aquela frase, e ela o detonou por dentro.
― Diana...
― Vai embora Zayn! ― ela rosnou o empurrando quando ele tentou a envolver com os braços.
― Olha se for pelo o que a Lucy disse, eu não penso assim, eu não quero estar em outro lugar, eu quero continuar do seu lado e...
― Vai embora! ― ela disse pausadamente entre dentes, e ele a encarou piscando os olhos chocado, Diana olhava para ele como se ele fosse a pior pessoa do mundo, ela o empurrou com tanta força que ele desequilibrou e caiu desajeitadamente no chão. ― SAI!
Então ele se levantou, os olhos marejados, o coração na mão. Caminhou até a mesinha de cabeceira da menina e procurou os remédios controlados dela, os pegando em seguida.
― Larga isso. ― ela falou raivosa quando viu o que ele tinha feito.
―Não, se você não quer minha ajuda tudo bem, mas não vou deixar você se dopar. ― ele falou e quando ela o encarou pronta para gritar algo ou o impedir, ele saiu apressadamente do quarto e se trancou no dele.
― Me devolve! ― ela gritou como uma viciada pedindo pela sua “pedra” de droga. ― Zayn me devolve! ― ele não respondeu mas ela foi até a porta do quarto dele a socando com força. ― Me devolve agora! Me devolve! ― ela continuou gritando como uma louca, sem se importar com os homens que estavam de olhos arregalados no andar debaixo sem entender nada do que estava acontecendo. ― Eu odeio você Zayn! Odeio você!
Ela estava completamente fora de si, e Zayn sabia disso, sabia que as palavras não eram sinceras, mas isso não o impediu de chorar e escorregar pela porta do quarto até atingir o chão. Ouviu a loira bater a porta do quarto ao lado do seu, mas continuou ali encolhido e chorando, não era a primeira vez que a via fora de controle, mas isso não fazia com que doesse menos, nunca conseguiria curar a ferida que tornou Diana um ser descontrolado, e muitas vezes frio, com tendências a masoquismo e suicídio, e essa impotência o deixava destruído.
(***)
Como Diana tinha se tornado tão egoísta? Quando ela tinha se tornado essa pessoa que só machucava os outros? E pior, como ela se tornou a pessoa que sempre machuca aqueles que ama?
Ela era um monstro, feriu Liza, feriu Wally, feriu Lucy , vivia ferindo Zayn e agora tinha ferido Tyler que era a única parcela normal de sua vida. Queria sumir, sentir o mundo se apagar, mas não conseguiu, não conseguiu. Seus remédios estavam trancado com Zayn que os levou quando foi expulso do quarto.
― Eu te odeio! ― disse mais para si mesma do que para os outros, mas alguém respondeu.
― Eu sei disso, também me odeio. ― ele disse pensando que as palavras tinham sido ditas para ele, mas Diana nem havia notado ele parado na porta, mesmo que ela estivesse de frente para o espelho.
― Não quero conversar agora...
― Só quero pedir desculpas. ― ele falou suavemente fazendo com que ela virasse a cara. ― Eu sei que sempre estrago sua vida e sinto muito por isso, não queria que fosse assim, mas tudo que eu toco...
― Sério, não é a hora pra isso! ― ela falou irritada, tinha vontade de socar qualquer coisa que estivesse a sua frente, ou fazer qualquer besteira que ela tinha certeza que causaria um arrependimento ainda maior no outro dia.
― Diana, eu juro que não queria te prejudicar, eu prometi a mim mesmo que não ia estragar o seu relacionamento e ...
― Você não estava dançando sozinho senhor Styles. ― ela falou daquela maneira seca que ele tanto odiava, enxugou as lagrimas e o encarou como se ele não fosse nada. ― Não é o centro das atenções e nem o senhor da culpa, sei quando cometo um erro, então nos poupe dessa conversa...
― Diana, não faz isso, a me trate dessa maneira, eu não fiz por mal, eu só...
― Chega! ― ela disse se levantando e caminhando até ficar em frente a ele. ― Eu já disse que não quero conversar...
― E eu já disse que só quero pedir desculpas, não quis magoar você nem causar problemas, mas não consigo me controlar quando estou do seu lado, é inevitável, você é como um imã me atraindo, e eu só consigo pensar que quero estar o mais próximo possível de você e... ― as palavras dele embolavam a mente de Diana a deixando zonza, ela queria ter como o expulsar do quarto, dizer que nunca mais queria vê-lo, mas era perda de tempo, Harry não estava disposto a escuta-la, ele só queria se livrar daquele peso em seus ombros, ele queria ser sincero sobre como se sentia, mas Diana se perdia nas palavras dele. ― Quero sentir seu cheiro, e quero poder te abraçar e...
― Chega. ― ela pediu dessa vez em um sussurro sôfrego, estava completamente fora de si, e ter Harry tão perto dizendo aquelas coisas só piorava a situação.
Quando Diana surtava só tinham duas coisas que ela desejava, a primeira era fazer uma besteira, se dopar, se machucar, qualquer coisa que aliviasse sua dor interna e trouxesse arrependimento para que ela tivesse que lidar com o arrependimento e não com o motivo que a levou a cometer aquela besteira, e a segunda, se sentir amada.
Normalmente era Zayn quem controlava os surtos de Diana, ele a entregava tanto amor e carinho que ela se acalmava aos poucos, mas ela o havia expulsado, daquela vez estava disposta a sentir a dor, e só notou que cometeria uma besteira quando o viu sair com os remédios, ela queria se torturar, porque não se achava digna de se sentir amada naquele momento, mas Harry estava a torturando ao dizer tudo aquilo, estava cavando o mais fundo no interior dela, perturbando os pensamentos da loira fazendo com que ela tivesse vontade de se encolher nos braços dele.
― Me desculpa... ― ele sussurrou como resposta ao notar o que suas palavras estavam fazendo, balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos. Cada palavra era verdade, estar próximo de Diana o deixava louco, testava todos os limites dele, e ele já não aguentava mais viver naquela aflição, mas se equivocou ao pensar que compartilhar tais sentimentos com ela seria o melhor, era obvio que aquilo só pioraria a situação dos dois.
Ele deu dois passos para trás ao notar que suas respirações se misturavam, piscou com força e a encarou formando novamente a palavra “desculpa”, e se virou, e então Diana perdeu qualquer vestígio de racionalidade que ainda existia nela, segurou o braço de Harry com firmeza o fazendo se virar novamente e a encarar com o cenho franzido.
― O que...
― Se quer se sentir culpado por algo, sinta por isso. ― ela disse com o lado animalesco falando, e se apoiou na ponta dos pés ao puxar o homem pela nuca, seus lábios encontraram os lábios dele antes que ele pudesse reagir.
Parte de Harry se sentiu péssimo não só por Taylor e Tyler, mas porque sabia que Diana se arrependeria disso quando estivesse mais calma, mas quando a língua esperta da mulher passeou por seus lábios pedindo passagem, essa parte sóbria dele foi mandada pro quinto do inferno.
Quando as duas línguas se encontraram ambos sentiram o calor tomar conta de seu corpo, estavam se redescobrindo e a saudade era perceptível a cada nova sensação. As mãos de Diana se afundaram no longo e cacheado cabelo de Harry, e quando ela o puxou com certa brutalidade ele perdeu totalmente qualquer vestígio de juízo e enlaçou a cintura dela com força, as mãos grandes prendendo a cintura fina como se dependesse disso, apertando a pele naquele lugar, a sentindo sobre seus dedos, ela estava queimando, a mulher de gelo parecia derreter ao toque dele, e ele sentiu que poderia desmaiar de prazer só por aquele toque.
Diana sentia vontade de se bater, de chorar, de bater em Harry até faze-lo chorar, não era justo, não era justo amar tanto alguém, não era justo desejar tanto alguém, não era justo que seu corpo respondesse tanto a alguém daquela maneira, ela devia se manter sóbria, ser coerente, mas estava em surto, queria tanto fazer uma besteira que acabou fazendo, e agora era tarde demais para se livrar daquela situação, e no fundo ela não queria se livrar daqueles toques.
Quando os dentes espertos de Harry prenderam o lábios inferior dela o puxando com delicadeza, ela sentiu seu ventre se contrair e não conseguiu conter um gemido baixo, aquele som foi o suficiente para que Harry perdesse qualquer noção do certo e errado, ele apertou ainda mais o corpo dela contra o seu, e a mulher pode sentir a ereção do homem magro porem másculo a sua frente, aquilo fez com que ela tremesse com o mais puro desejo se acendendo dentro dela.
Sem raciocinar muito bem ela caminhou com ele até sua cama, e caiu de costas na grande e confortável cama boxe, fazendo com que ele arfasse, ela puxou o homem pelo cos da calça fazendo que ele caísse por cima do corpo dela, se lembraram da primeira noite dos dois, onde ela tomou a iniciativa assim como naquele momento, e onde Harry foi feito de brinquedo sexual no inicio, e logo depois tomou conta da situação, era exatamente assim que eles estavam agora, porque a loira fez questão de apertar o membro dele por sobre a causa fazendo ele prender um urro de prazer.
― Diana... ― ele tentou dizer algo, tentou recobrar o juízo, mas as mãos atrevidas da mulher passearam por seu membro o espremendo novamente fazendo-o perder juízo.
Diana estava fora de si, e queria que ele ficasse no mesmo estado, no fundo ela queria apenas uma noite de sexo animalesco, para matar a saudade e sua cede, queria ser preenchida por qualquer sentimento que fosse capaz de fazer ela se sentir viva, mesmo que fosse apenas luxuria, apenas prazer. Mas, era muito mais que isso, ela estava com Harry, e quando ele sugou a pele no maxilar dela, mordendo levemente, ela soube que nenhum homem jamais a tocaria ou causaria aquele efeito nela, o efeito de estar em chamas apenas com um olhar dele, com um toque, com uma palavra.
DANE-SE, gritaram ambos para suas mentes, estavam perdidos mesmo, pelo menos fariam aquilo que vinham desejando desde a primeira vez que colocaram os olhos um sobre o outro.
Eles se ajoelharam na cama e Diana arrancou a camisa de Harry primeiro, analisando os desenhos feitos ali, e passeando com os dedos pelos gominhos daquela barriga, subindo novamente e contornando o peitoral dele, fazendo com que ele fechasse os olhos, coberto pelo mais puro e nostálgico prazer, que mulher era aquela? Como ela podia ter tanto efeito sobre ele? Como ele podia ama-la tanto depois de tantos anos? Não tinha nenhuma resposta para aquelas perguntas, mas sua mente queria que que ele recuperasse sua razão, mas seu corpo e seu coração queriam que aquele momento durasse para sempre, ele a amava, tinha certeza disso, nunca duvidou, mas aquilo era tão errado.
― Hm... ― ele soltou meio desconexo ao sentir os lábios da mulher encontrarem seu corpo, passeando por ele, barriga, peitoral, pescoço, maxilar e de volta ao lábios dele.
Ela sorriu convencida ao encarar o semblante e prazer do homem, e mordeu os próprios lábios, estava domada por um ser irracional, em buscar de prazer, de saciar suas necessidades, e calar qualquer sentimento ou pensamento racional que pudesse ter naquele momento, Diana não queria sentir nada, nem pensar em nada, ela queria apenas se satisfazer, e os problemas, as dores, as magoas seriam deixadas para amanha, mas isso mudou depois que Harry respondeu a sua provocação.
― Isso tudo é prazer querido? ― ela era irônica e provocante, e mordeu o lóbulo da orelha dele enquanto ele arfava.
― Saudade. ― ele respondeu em um sussurro rouco contra o ouvido dela, ela se afastou franzindo o cenho para encarar o rosto dele, não podia ter escutado certo, mas ele abriu os olhos focando as esmeraldas no oceano dos olhos de Diana. ― É saudade...
E então os lábios se tocaram novamente, dessa vez não foi desesperado, não foi só desejo, e isso deixou Diana insegura, fez com que o coração dela disparasse em seu peito. Harry foi carinhoso quando enlaçou novamente a cintura dela, subindo carinhosamente de lentamente com uma das mãos, desenhando a coluna dela com os dedos, até que sua mão se fixasse no meio das costas dela, a apoiando, ele a deitou delicadamente sobre a cama.
A loira estava perplexa, não conseguia se controlar, o surto de irracionalidade e raiva tinha ido embora, se sentia amada, delicada, adorada, sentia que seu coração estava quase saindo pela boca, martelando freneticamente em seu peito, sentia o calor acolhedor dele contra seu corpo, sentia que estava perto do céu, estava de volta no paraíso, um lugar onde ela podia ser feliz, onde ela podia ter tudo.
Se permitiu fechar os olhos e sentir prazer, amor, e felicidade enquanto os lábios de Harry beijavam a testa dela, o nariz, depois levemente a boca, descendo para o maxilar, pescoço, passando pelo meio de seus seios, ela jurou que aqueles lábios podiam sentir seu coração disparado do lado esquerdo do seu peito, mas ele apenas continuou seu caminho, com carinho, com atenção, transbordando amor, um amor que ela não tinha a tempos, que ela não sentia digna de ter.
Seus olhos lagrimejaram, era demais para ela, estava cansada, cansada de negar a si mesma que ainda o amava com toda a alma, cansada de o amaldiçoar tentando justificar seus erros por um erro cometido por um garoto bobo de dezesseis anos, tentando convencer a si mesma que ele ainda era o mesmo que ela conheceu na época da escola, mulherengo e sem coração, sabia que estava errada, sabia que Harry era um homem bom, que se culparia pela manhã por ter tido aquele momento com ela, sabia que ele tinha mudado, e que ele era uma pessoa muito melhor do que ela, uma pessoa que ela nunca poderia ser, ela não o merecia, não mais, estava errada, se sentiu suja, ele estava dando amor e carinho a uma mulher que tinha o agarrado mesmo sabendo que ele tinha namorada, alguém que vinha se afastando dele e o tratando com indiferença desde que se reencontraram.
Harry parou seus beijos quando ergueu a camisa de Diana por completo, ela sabia o que estava por vir, como não pensou nisso antes? Os olhos de Harry ficaram alarmados, ele ficou paralisado, a encarou com atenção.
A cena que Harry pensava que ia encontrar não foi nada comparado ao que encontrou, quando ele ergueu de vez a camisa da menina, viu vários cortes alguns mais profundos que os outros que iam do quadril até pouco acima da cintura dela, o mais profundo deles continuava até o local onde a saia tampava, sem perguntar nada a ela, ele desceu a saia da mulher e encontrou a continuação, era um corte profundo e longo que provavelmente levou vários pontos e que com toda certeza podia ter custado a vida dela, ele deu um pulo voltando a ficar de joelhos na cama.
Qualquer clima de desejo, prazer, e até aquela saudade tinha passado, estava chocado, os olhos verdes arregalados piscavam e encaravam o corpo da mulher que amava, a pele antes lisa estava cheia de cortes, e ele não tinha ideia do que tinha acontecido para que aquelas marcas estivessem ali, mas algumas eram mais recentes do que outras, e isso tornava uma coisa obvia, as marcas tinham sido feitas pela própria Diana.
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