Os e-mails não paravam de chegar, cocei meus olhos com as pontas dos dedos em seguida peguei alguns documentos que precisavam ser assinados, nesse momento a Srta. Lee me perguntou se eu poderia receber uma ligação do Yuki. Fiquei em pânico na hora, ele nunca me ligava no escritório, apenas quando algo grave acontecia. Pedi que transferisse a ligação imediatamente.
- Naoki falando... O que aconteceu?
- Oi, é a mamãe, ela se acidentou em casa e esta com muita dor. Como o papai esta viajando, então ela pediu para ligar para você. Estamos indo para o Hospital Geral, consegue nos encontrar lá?
- Claro, encontro vocês lá daqui a meia hora.
Peguei meu casaco e sai em disparado para o estacionamento. O que será que tinha acontecido? Minha mãe era sempre tão cuidadosa, e Yuki parecia meio desesperado, com esse pensamento acelerei mais ainda o carro. Quando cheguei ao estacionamento do grande hospital, mandei uma mensagem para minha mãe, ela me avisou que estava no 5º andar. Entrei no hospital e peguei o primeiro elevador que estava aberto, chegando ao corredor, praticamente corri olhando nos quartos, acho que devo ter esbarrado em alguém, mas não sei direito. Não era possível, eles não estavam em nenhum quarto, já estava desistindo, quando ouvi uns passos. Era uma enfermeira, mas na hora que ela passou por mim concentrada olhando em uma ficha, a reconheci na hora, mesmo com o cabelo curto e a pele um pouco bronzeada. Minha voz saiu involuntariamente.
- Kotoko? – Minha voz saiu surpresa até para mim, quando vi que ela parou no lugar e se virou para mim, senti meu coração bater tão rápido que era possívelmente alguém perto poderia ouvir. Era a Kotoko mesmo... Ela estava diferente isso era fato, mas de alguma forma era a mesma de anos atrás, ela me olhava confusa, como se estivesse em choque. E meu Deus, como ela estava linda, o tempo deve ter parado, pois fui despertado pela voz dela.
- Irie?!? – A voz dela tinha um tom rouco.
- Não sabia que trabalhava aqui.... Quer dizer... – Eu estava gaguejando, que ridículo, era a Kotoko ali, a menina chata que gostava de mim, não era grande coisa lembra seu idiota???
- Sim, eu trabalho... – Ela estava séria e tinha uma olhar de pura indiferença.
- Ohh... Minha mãe, ela se acidentou, mas não estou localizando ela... – Falei de repente. A expressão dela mudou na hora, de indiferença para preocupada.
- Nossa... Certo, deixa eu medicar esse paciente e te ajudo a encontrá-la. – Ela se virou sem esperas resposta e entrou na sala. Enquanto eu ficava ali no corredor sem ação nenhuma. Nunca em minha vida imaginária sentir o que estava sentindo naquele momento, era um misto de emoções e dúvidas. Tudo o que um dia pensei sentir por ela, voltou com força total. Mas será se ela ainda sentia o mesmo? Voltei ao presente com a voz dela.
- Irie, vamos? - Ela ia na frente, pelo jeito não queria conversa, mas a ouvi falando em um radinho. – Srta. Mika, poderia verificar para mim a entrada de uma paciente chamada Noriko Irie? – Ela ouviu alguma coisa – Ah sim, sei, sim.. Sim, obrigada. – Ao entramos no elevador ela fala olhando os andares no painel. – Ela esta no 1º andar realizando um raio-x. – Depois de apertar o andar, ficamos em um silêncio constrangedor. Depois de tantos anos, tivemos que ter esse tipo de reencontro, destino ou.... Espera um pouco... Antes que eu completasse o raciocínio, a porta do elevador abriu-se na ala de Raio-X e de longe avistei Yuki sentando olhando para o teto.
- Irmão, até que enfim, já estava preocupado. – Ele disse se levando, depois encarou a Kotoko. – Você trabalha aqui?! Os pacientes não fogem gritando de você?? – Ele disse com um sorriso sarcástico. Eu ia falar para ele ter mais respeito, mas a Kotoko foi mais rápida.
- Por quê? Tem medo que eu trate de você algum dia? Nunca se sabe o que pode acontecer né? – Pela primeira vez vi um sorriso e um olhar divertido em seu rosto.
- Eu prefiro morrer antes que eu seja tratado por você...
- Interessante, se me lembro bem, foi eu quem te salvou o levando para o hospital quando você teve aquele problema no estômago, não mesmo?? – Ela levantava uma sobrancelha, foi um golpe certeiro. Essa recordação trouxe muitas lembranças.
- Aquilo foi um caso isolado... – Disse Yuki cruzando os braços, ele odiava perder. Kotoko iria falar alguma coisa, mas ouvimos a porta se abrir.
- Meu Deus, que surpresa! Kotoko?? Que coincidência você aqui, ohh é verdade né, você trabalha aqui, que cabeça a minha. – Olhei bem para minha astuta mãe, isso tudo me cheirava a armação.
- Mãe, como esta seu pé? – Falei para vê até onde aquilo tudo ia dá.
- Ela esta bem, foi apenas um torção de leve, apenas uma compressa três vez ao dia e analgésicos resolvem. – O médico disse e depois olhou para Kotoko com um sorriso. – Você conhece essas pessoas?
- Sim, conheço. É uma longa história... – Ela disse olhando para ele.
- Depois você me conta quando voltarmos para a sala, ainda temos que cobrir o andar do Dr. Yamada... – Disse o médico com um olhar divertido, que tipo de clima era esse?
- Claro, como quiser... – Se voltando para nós ela disse por fim – Sra. Irie, espero que melhore logo, depois que terminar meu turno vou até sua casa, okay? Bom, tenho muitos pacientes para cuidar agora, até breve. – Então ela se virou e andou rápido até o elevador.
- Então é isso, Sra. Noriko, se a senhora seguir a risca todos esses cuidados que te passei, em uma semana estará novinha em folha. – Sua voz tinha um tom profissional, depois de um aceno, foi se juntar a Kotoko que o esperava segurando a porta do elevador. Vi os dois sumir atrás das portas, se não fosse impressão minha, notei um olhar intenso vindo da Kotoko.
- Os meus dois filhos lindos, poderiam me ajudar aqui? – Minha mãe falava como se fosse uma rainha e nós fossemos os súditos.
- Sim mãe... Vamos... Querem comer alguém coisa? Depois volto para o escritório.
- Então Naoki, o que achou da Kotoko? Ela não esta linda de enfermeira? – Minha mãe não perdia tempo, pelo jeito caí direitinho na armação dela.
- Pra falar a verdade, não notei nada. – Falei de cara amarrada. É.... Definitivamente eu tinha caído direitinho no plano dela.
- Não seja puritano meu filho, o jeito que você olhava para a Kotoko dizia outra coisa – Ela começou a rir e saiu andando normalmente. Minha mãe não tinha jeito mesmo.
- Mãeee, espera ai... E seu tornozelo???
- Você realmente acreditou nessa cena toda? – Falei com uma expressão de incredulidade para o Yuki, ele apenas mexeu os ombros e saiu atrás da nossa mãe maluca.
Antes de entrar no carro, olhei para o imenso prédio em minha frente e imaginei o que o futuro nos reservava.
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