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História Um Amor Por Escrito - Seria uma noite horrível, se...


Escrita por: peixinha-sama

Notas do Autor


Quem é vivo, sempre aparece~ heuhe.
Como eu tinha falado no capítulo passado, não tinha gostado muito da capa e aí já a mudei nesse capítulo~ está com uma edição bem básica, mas como primeira que eu monto no pc, gostei dela. ^^
Não tenho muito o que falar aqui, só espero que você que vá ler, goste desse capítulo. <3

Capítulo 2 - Seria uma noite horrível, se...


Eu ainda não sabia, mas meu coração te notou desde quando te viu.

     Fazia uma semana que Namjoon não voltava para aquela confeitaria tão rosa. E a inspiração que tinha brotado, rapidamente desapareceu. A única coisa que não desapareceu foi aquele cara da sua cabeça. Além de tê-lo achado bonito e simpático, Namjoon não tinha achado nada demais sobre ele, então, por que sua imagem insistia em brotar da sua cabeça? Aish.

     — Está tudo bem, Nam? — Hoseok, seu colega de mesa, perguntou, mexendo para cima e para baixo a mão em sua frente.

     — Hm — resmungou enquanto acordava de sua brisa. — Sim, sim.

     — Não é o que parece — ele respondeu com um bico, odiava que os outros não lhe contassem o que estava acontecendo e Namjoon sabia disso. Mas o que ele poderia falar? Ah, é que tem um homem que não sai da minha cabeça, e a propósito, sou gay.

     — Pode deixar, é o que é. — Assim que o respondeu, tocou o sinal que indicava que eles teriam meia hora de pausa.

     O expediente sempre começava depois do almoço, então eles sempre tinham esse sossego às 16h, voltando 16h30 e finalmente saindo 19h30.

     Namjoon estava acostumado a comprar um sanduíche de um cara que tinha uma barraquinha do lado da empresa, porém hoje, por um motivo aleatório, o homem não estava presente. Em alguns dias dessa semana, Namjoon até mesmo pensou em ir na confeitaria já que naquele horário da tarde tinha certeza estar aberta, mas a conveniência da barraquinha era muito alta para ser ignorada. Mas agora que ela não estava aqui...

     — Tem um lugar aqui perto que vende uns lanches legais, quer ir lá?

     — Você diz no centrinho?

     — Sim, é uma confeitaria.

     Hoseok arqueou uma das sobrancelhas.

     — ‘Cê ‘tá ligado que a gente passaria mais tempo indo e voltando do que ficando lá, né? Ou — abriu um sorriso malicioso — tem alguém que você queira ver?

     Namjoon bagunçou seus cabelos platinados, não acreditando no seu amigo. Será possível que ele só pensa nessas coisas? Mas, realmente, ele não tinha nenhum motivo especial para querer ir lá. Com certeza o lanche era muito bom e, quando ele parava pra pensar, talvez o melhor que já tivesse comido, mas mesmo assim a viagem não valia a pena. Da última vez que fui lá, ganhei uma inspiração que não tinha faz tempo, pode ter sido só uma coincidência, mas eu tenho que testar.

     — Vou sozinho — respondeu, preferindo não ter que inventar uma desculpa qualquer.

     — Não, espera — disse, correndo ao lado de Namjoon. — Quero conhecer sua crush! Aliás, — parou para pensar — você já crushou alguém?

     Namjoon apenas suspirou, se recusando a responder aquela pergunta. Muitas vezes se perguntava como alguém como ele conseguia ter um amigo tão explosivo. Ao não receber resposta, Hoseok só começou a contar sobre os seus ex-crushes e chushes atuais, além de como era bom crushar.

     Apesar de parecer que Namjoon não o ouvia, ele prestava atenção. Realmente nunca tinha sentido nada especial por ninguém, então se surpreendia no jeito que uma pessoa podia conseguir sentir tantos sentimentos fortes por tantas pessoas diferentes. Chegava até a ser irônico ele, uma pessoa tão amarga, quase só escrever histórias de romance.

     Eles se apressaram e quando chegaram, Namjoon reconheceu o sininho que tocava sempre que entravam e pode perceber como, com tantos outros clientes, o lugar parecia ter mais vida.

     — Aqui é tão rosa! — Hoseok exclamou, obviamente maravilhado.

     — Disfarce melhor sua gayzisse. Tá muito óbvio — disse, soltando um pequeno riso.

     — Se eu quiser, entro aqui jogando purpurina, okay?! — e isso e mais tantos outros fatores faziam Namjoon duvidar sobre a sexualidade de seu amigo.

     — Okay, okay.

     Se sentaram na mesa e Namjoon secretamente esperou que Seokjin fosse atendê-lo, mas, em vez dele, apareceu um menino que mais parecia um adolescente. Com o cabelo colorido de roxo e o sorriso quadrado, até mesmo podiam confundí-lo com um alienígena. Logo tal menino perguntou se já tinham decidido o que iam comer e Namjoon tentou não se sentir decepcionado por não estar sendo atendido pela mesma pessoa da outra vez.

     Lembrar sobre Seokjin ter dito que os bolos eram seu orgulho o fez pedir um de morango e bufar baixinho, se perguntando do porquê ele se sentia decepcionado somente por não estar sendo atendido pela mesma pessoa.

     — Psiu — o moreno chamou sua atenção — é ele?

     Namjoon demorou alguns segundos para entender o que outro estava falando, mas assim que o fez, apenas deu um peteleco na sua testa e reclamou baixinho:

     — Não é ele nem ninguém, acalma esse fogo. Sem contar que olha a aparência dele, deve ser um adolescente, acha que sou um pedófilo?

     E Hoseok reclamou alguma coisa sobre eles só terem vinte anos, mas o outro não prestou atenção, pois logo em seguida seus olhos bateram de encontro com a pessoa que havia o atendido outro dia. Ele usava um avental rosa sujo de farinha, glacê e outros similares, mas ainda podia ser facilmente confundido com um modelo. Namjoon achou que ele só iria acenar e voltar para a cozinha, mas, em vez disso, ele veio em sua direção.

     — Você realmente voltou — disse com um sorriso que dessa vez pareceu menos programado.

     — Sim — Namjoon respondeu, sem saber muito bem o que falar em seguida.

     Deu-se um pequeno silêncio entre os dois, até Seokjin perguntar:

     — Você toma o ônibus da próxima rua? — como viu que o outro ficou surpreso com a sua pergunta, completou: — eu sei que isso pode parecer meio pessoal, — coçou a nuca — é que aquele dia eu saí pouco depois que você, então vi você lá.

     — Ah, sim — disse, continuando não sabendo o que usar para completar sua fala. — Você também toma lá?

     Seokjin apenas fez que sim com a cabeça e, ao ouvir o chamado do menino que os atenderam, pediu licença e se retirou. Por que eu tenho que ser tão ruim em comunicação? se culpou. Sabia que esse era o motivo de não ter muitos amigos e simplesmente não conseguia fazer nada para mudar essa timidez que desde a infância o perturbava.

     — É ele? — Hoseok perguntou, com seu costumeiro sorriso malicioso.

     Namjoon não se dispôs a responder nada, apenas bufou pesadamente para seu amigo e voltou a brincar com o cardápio. Apesar de tudo, sentia que deveria ser grato a ele, era um dos únicos que conseguia suportar o seu mau humor misturado com a timidez que, em alguns dias, até ele mesmo achava insuportável.

     O pedido chegou e os dois trataram de comer rápido, já que logo teriam de voltar para o trabalho. Namjoon tratou de mudar de assunto para que o de cabelos pretos esquecesse um pouco Seokjin, e deu certo, logo Hoseok estava desabafando sobre seu vizinho:

     — Então, sabe aquele homem que sempre decidia ir implicar comigo enquanto eu ouvia música num som totalmente razoável? — o loiro meneou a cabeça positivamente, se deliciando com seu pedaço de bolo. — Entããããão~ ultimamente ele ‘tá bem mais legal! Até anda me cumprimentando quando me vê!

     — Esse não deveria ser o normal? — perguntou, levantando uma sobrancelha e comendo o último pedaço de bolo.

     — Para o Yoongi, não — respondeu, terminando também o lanche que comia. — E aposto que você também não cumprimenta seus vizinhos.

     — Você tem um ponto — respondeu, já se levantando prontamente. Provavelmente teriam de correr para chegar no trabalho na hora certa. Foram então até o caixa e logo veio o menino de cabelos roxos correndo para atendê-los.

     Namjoon correu os olhos para dentro da cozinha, vendo se assim poderia ver de relance o outro. Pôde por fim vê-lo enfeitando um bolo e sentiu sua garganta ficar presa, como se devesse falar alguma coisa. Ele tinha sido tão sem-graça mais cedo, mas era assim com todo mundo, por que iria querer dar satisfação para esse indivíduo em específico? Suspirou quando viu que seu olhar não seria correspondido, se sentindo secretamente decepcionado, e assim que pagou a conta já se retirou do local junto com Hoseok.

     Realmente os dois tiveram de fazer uma pequena corrida até o trabalho, chegando no limite do horário. O chefe de ambos já parecia pronto para dar a bronca que tanto amava dar, mas ao checar o horário, pareceu ter desistido da ideia. Namjoon marcou em sua mente uma de suas pequenas vitórias contra aquele homem terrível.

     Vitória essa que não durou muito. Hoseok saiu em sua pressa habitual para pegar o metrô e Namjoon se viu sozinho arrumando suas pastas. Na verdade, ele prefiriria estar sozinho do que estar com Chung-Hee, que de justo não tinha nada. Logo seu chefe parou em sua mesa, começando a balbuciar:

     — Você não olhou o e-mail nessa semana?

     Namjoon se viu ficando mais branco que os seus cabelos. Tinha alguma coisa a ser olhada naquele maldito e-mail que nunca lhe mandavam nada?

     — Normalmente minhas ordens são passadas pessoalmente...

     — Então você acha que o e-mail que a empresa te deu é de enfeite? E não sei você, mas não tenho todo o tempo do mundo pra vir falar com você a cada ordem que tenha de dar.

     Pau no teu cu.

     — Vou olhá-lo com mais frequência.

     — Sugiro que olhe agora.

     Segurando seu suspiro, o de cabelos platinados abriu o e-mail, vendo um e-mail de Chung-Hee que havia sido enviado no início da semana. Abrindo, viu que era um maldito relatório. Relatório este que colocaria sua carreira em risco. Relatório este que teria uma noite para completar.

     Namjoon não ousou dizer nada, nada passava pela sua garganta. Por que você não me avisou pessoalmente, como faz com todos os trabalhos que me manda?! Chung-Hee deu dois tapinhas em seu ombro, saindo da sala sem falar mais nada, mas Namjoon podia jurar que ele estava sorrindo. Filho da puta.

     Vendo-se sozinho na sala, ele escondeu o rosto nas mãos e o apertou firme. Estava tão cansado. Precisava tanto dormir. Tinha seminário para apresentar na faculdade. Não tinha jantar pronto, iria comer algum cup-nooddle de novo e sentia, a cada dia mais, seu corpo mais fraco. Faziam três meses que ele não escrevia mais nada. Estava cansado desse trabalho. Então aquele mesmo sentimento de vazio que parecia tê-lo tido como favorito estava voltando e ele sentiu lágrimas inundarem seus olhos. Mas não iria chorar. Não iria.

     Por fim se levantou, sem nem sequer ter ideia de quanto tempo havia ficado ali. De quanto tempo lhe restaria para começar a escrever o relatório. Andou a passos rápidos para o ponto de ônibus, mantendo sua cabeça afastada de qualquer assunto concreto. Pelo menos quando estava assim poderia pensar em mais e mais poemas depressivos, sem nunca escrevê-los.  Só virou sua cabeça para o lado quando um ouviu um baixo:

     — Namjoon...? — o homem que trabalhava na confeitaria e agora a fechava chamou sua atenção. — Achei que já teria ido embora esse horário — deu um pequeno sorriso amigável.

     — É — balbuciou, tentando seu possível para conseguir dar ao menos um sorriso falso. — Você também não fecha mais cedo?

     — Sim — guardou a chave no bolso e começou a andar, logo sendo acompanhado pelo que era pouco mais alto que si. — Foram só alguns probleminhas — e pela sua cara, não pareciam “probleminhas”.

      Viu, Namjoon? Todos têm problemas, você deveria parar de se sentir especial, como ele podia se permitir sofrer por coisas como aquelas? Havia tantos problemas no mundo, gente que passava fome e tudo mais e, mesmo assim, mesmo ele sendo uma pessoa tão privilegiada e sortuda, ele era mimado o suficiente para se permitir sofrer. Mas ter essa noção não o ajudava em nada, apenas fazia com que se odiasse mais.

     No momento ele também odiava a pessoa em seu lado. Ele apenas queria ficar sozinho, mas iria pelo mesmo caminho que aquele homem que nem ao menos conseguia conversar direito. E isso nem sequer era culpa de Seokjin, totalmente sua e somente sua. Talvez nem tivesse um melhor amigo se não conversasse com ele somente pela internet e só conseguia esperar Hoseok enjoar de si para então não ter nenhum na vida real.

     Segurando a dor que só adentrava mais em seu peito, continuou andando com aquela pessoa desconhecida sem nenhum dos dois falar nada. Quando viu o ponto de ônibus, apenas deu graças. Virou-se então para olhar o rosto de Seokjin, que, mesmo sabendo que ele simplesmente trabalhava em uma confeitaria, ainda era muito bonito. Não conseguiu evitar de pensar que se fosse despedido, seria a última vez que veria aquele rosto.

     Seu peito deu uma batida em vão quando teve seu olhar retribuído, mas ele não se deixou intensificar o olhar. Já estava velho demais para se apaixonar. Sua alma estava velha. Talvez sempre estivera.

     — Às vezes viver é uma merda, não acha? — soltou, sem pensar muito, em um singelo sussurro. Assim que terminou a última palavra, rezou que tivesse sido baixo o suficiente para não ter sido ouvido. Não foi. Sentiu o olhar pesar sobre si e apenas engoliu em seco. Se eu for despedido mesmo, nunca mais o verei, então o que importa passar um pouco de vergonha...?

     — “O sol se põe todo começo de noite

            Você também pode cair

            Mas como o Sol, terá de levantar toda manhã

            E só assim brilhará intensamente.”

     Aquele era...

     — Uma vez eu vi essa estrofe acidentalmente, assinada como anônimo — Seokjin disse, sorrindo. — Não sei se vai ser o mesmo pra você, mas ela já me ajudou muito.

     Namjoon não respondeu, apenas continuou o olhando de olhos arregalados.

     — Meu ônibus chegou — disse por fim, vendo o veículo se aproximar. — Força, Namjoon — e após mais um sorriso, se foi.

     Namjoon pôs a mão em seu coração, sentindo-o bater rápido. Uma lágrima que se segurava desceu por um de seus olhos. Ele que havia escrito tal estrofe. Respirou fundo, se perguntando como aquilo era possível. Mais uma lágrima. Sua escrita tinha chegado a alguém. Suas palavras tinham ajudado alguém. Outra lágrima. Uma pequena estrofe que ele não tinha tido coragem nem de postar com seu pseudônimo... Várias lágrimas. Apertou a camisa, sentindo uma onda de ânimo inundar sua barriga e quase afogá-lo.

     Teria continuado naquela situação por não sabe mais quanto tempo, isso se não tivesse ouvido um barulho e visto que era o seu ônibus. Portanto enxugou o choro e subiu no automóvel. Não havia lugar para ele sentar, o motorista não respondeu seu boa noite e estava lotado como toda noite. Sem contar que provavelmente ele não dormiria fazendo aquele relatório e ainda tinha a chance de ser despedido! Mesmo assim, Namjoon sorriu. A noite estava linda.

 


Notas Finais


Será que tô deixando o Namjoon depressivo demais?~ Ah, depois de Reflection, o que se pode esperar?
Qualquer sugestão ou crítica são bem-vindas e, claro, comentários dizendo o que estão achando também. ^^
É isso, até mais! o3o


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