Qual é o refugio de uma caloura ? Com toda a certeza posso te dizer que é a loja de discos. Uma loja grande com vários discos, uma iluminação bacana que deixava todos confortáveis. Todas as sextas a noite uma banda poderia tocar lá. Tinha um palco com tamanho suficiente para acomodar uma boa banda. Todas as sextas depois de um longo dia de aula lá era o meu refugio. Algumas vezes uns amigos iam lá comigo outras eu ia só. Dependo do estilo da banda, eu ficava bem na frente do palco, absorvendo cada nota e frase que era cantado. Nesta noite era uma banda bem alternativa, um pouco estranha porém ela chamava muito a atenção. Pelo menos a minha ela tomou completamente. Tinha pouquíssimas pessoas na frente do palco ouvindo silenciosamente, totalmente absortos por aquela banda. E eu era uma delas. Minha atenção para a banda foi interrompida por uma pessoa que falou no meu ouvido.
-Eles são bons, NE? Ouvi dizer que eles são de Seattle. – Virei meu rosto para a pessoa que falou comigo e de repente fui absorvida pela a sua beleza um tanto exótica com a sua calça preta, camisa branca estampada com vários desenhos e um blazer de veludo preto, uma bota preta e um chapéu da marca fedora Seattle preto que enfeitava seus cabelos pretos que iam até o pescoço e eram enrolados na ponta. Seu rosto era quadrado, seus olhos um pouco puxados, mas nada que lembrasse um asiático . Quando ele terminou de falar, abriu um sorriso iluminado. De repente algo dentro de mim começou a dá sinal de alerta. Eu tinha que dizer algo e não parecer uma completa idiota admirando a beleza dela. –Sim, achei eles ótimos, parece que eles têm uma espécie de magnetismo na música deles. – Digo parecendo calma, como se a beleza dele não tivesse me afetado de modo algum. Ele me olha, e abro um sorriso pequeno, nada extravagante. –Sempre vejo você por aqui ás sextas a noite. –Ele diz para mim, e penso que nunca reparei ele ali. O único cara que eu já tinha reparado foi o cara da caixa, e ele era bem diferente dente que está na minha frente. – Você vem sempre com alguém, por isso nunca me atrevi a dizer um oi- Ele continua. Fico um pouco surpresa com a possibilidade de que ele quis começar uma conversar comigo. Normalmente essa sou eu na vida. – Sim, depois de uma semana de aula que gosto de vim para cá para relaxar. Acho que eu venho mais pelos shows grátis. – Digo rindo um pouco. Ele também ri. – Onde você faz faculdade ? – Ele me pergunta. Neste momento não parece ter nenhum sentindo manter uma conversa na frente de um palco. Então, espontaneamente vamos sentar numas cadeira que tem ao fundo da loja. No meio do caminho digo á ele que estudo na universidade de Columbia e por coincidência ele também estuda lá. Só que um curso diferente do meu, enquanto eu curso medicina ele estuda administração de empresas. Quando ele me disse fiquei um pouco surpresa. Pela aparência dele, eu chutaria uma licenciatura ou algo parecido com arte. Eu disse –Sério ?- Em resposta ele disse – as aparências podem enganar, sabia? – Sorri um pouco tímida e olhei de volta pro palco. –Sabia que eu já toquei com a minha banda aqui ? – Ele diz. –você tem uma banda ?- Digo. –Tinha. Quando eu e os meus companheiros entraram na faculdade ficou um pouco difícil para ensaiar.- Ele diz. –É uma pena, adoraria ouvi a sua banda? Aliás, o que você faz ? Canta ou toca ? – Pergunto curiosa, eu ia gostar muito de ouvir a banda dele.
-Acho que você não ouviu. A gente tocou aqui no último ano do ensino médio.- Nesse momento eu ri um pouco, o Maximo que eu saia no ultimo ano do ensino médio era para o cinema ou o parque. – eu meio que toco e canto. Era uma banda de três pessoas e a gente revezava os instrumentos.- ele continuou dizendo. Aquela noite na verdade foi bem longa, no bom sentindo. Ezra, esse é o nome dele. É uma pessoa tão comunicativa e extrovertida que eu sinto que conversei com ele sem perceber que o tempo tinha passado. Parecia que tínhamos esquecido tudo ao nosso redor, onde criamos uma bolha só nossa. Parecia que eu poderia ser completamente eu com ele, eu sentia que ele nunca me julgaria ao contrário que me encorajaria a ser livre. De repente nossa bolha foi estourada por um funcionário da loja nos dizendo que já estavam fechando. Olhei para ele e comecei a rir e ele também. Todo mundo na loja estava varrendo ou limpando. Ezra me acompanhou até a rua me ofereceu uma carona, fomos até o seu carro, quando vi o seu Chevrolet camaro SS 1970 barn find vermelho. Talvez A minha pupila tenha dilatado. Eu meio que tenho uma fixação com filmes antigos e carros antigos. Talvez até homens mais velhos, também. –Adorei seu carro – Disse. –Eu também, acho que carros antigos, sei lá. Tem uma magia neles- Ezra disse, me acompanhando até a porta, abrindo educadamente para mim. Observando o carro dele, era limpo, tinha até um cheiro ambiente. O que achei muito interessante. Quando ele sentou do meu lado, falou – Coloque os cintos, mocinha !- o que me fez rir, com o tom de voz que ele falou “mocinha”. Quando ele ligou o carro começou a tocar uma música no rádio, que eu conhecia, ‘be yourself’ do audioslave. Comecei a curtir a música e Ezra também, na verdade ele começou a cantar e aumentou a música. Quando ela terminou Ele abaixou o volume – ah, quase esqueci. Onde você mora ?- Ele perguntou. –Eu moro no campus. – Meus pais moram perto do campus, mas achei que essa seria uma excelente oportunidade de viver um pouco só e independente dos meus pais, porém, algumas noites eu me via fugindo para lá, por de certa forma encontra um paz com eles, nas conversas aleatórias á qualquer momento. Minha colega era a minha melhor amiga, Jessica. Bem, meio que eu ela convencemos a minha antiga colega de quarto trocar de quarto com a Jessica, uma loira falsa, um pouco maior que eu que estava cursando jornalismo. Nós tínhamos quase os mesmo gostos, as vezes brigávamos, mas nunca era sério demais. Depois de dois minutos nós nos encarávamos e começávamos a rir uma da cara da outra. Não me agüentei e perguntei – Você também mora no campus ?- Ele olhou para mim e depois voltou sua atenção para a pista, uma mão no volante e o outro braço apoiado na janela com o dedo indicador tocando na boca. Parando para analisar bem, era uma posição bem sexy. –Na verdade, eu tenho uma apartamento perto do campus. Eu gosto de ter um espaço só meu- Ele disse, olhando para mim no final desta frase. Neste momento, ele parou o carro e disse: chegamos. Olhei ao redor, de fato estava no campus de frente para o prédio feminino. Respirei fundo, olhei para ele sorri e disse – Obrigado pela carona, foi bom te conhecer- Me aproximei e beijei sua bochecha. Antes de sair do carro ele disse – A gente vai se encontrar por aí. – Meu coração pulou dentro de mim. Ansiosa para encontrar ele de novo.
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