No caminho até o hotel eu aproveitei para ler e responder alguns emails de trabalho e atualizei a agenda do Johnny, ele dirigia em silêncio.
_O que toma seus pensamentos meu amor?
Ele me olha, sorri e volta o olhar para o caminho.
_Nada, eu só estou te deixando trabalhar em paz!
_Johnny, quem exatamente vai estar no aniversário da sua mãe?
_Muita gente, está preocupada?
_Não... quer dizer, na verdade sim, mas estou feliz que seja no aniversário dela, seria pior em um jantar, onde o foco estaria em mim, rss.
Ele sorri sem me olhar.
_Chegamos, está entregue senhorita! te espero na produtora ok?
_ Unhum, vou me arrumar e vou direito para lá.
Escolhi uma roupa leve para trabalhar, saia mid preta e uma regatinha rosa bebê e salto preto, peguei minha bolsa, chequei o celular e vi que havia um email novo. Era a secretária do meu pai, avisando que ele já estava em posse de uma cópia do contrato e que eu poderia pegar com ele.
Desci apressada e peguei um Táxi, no caminho avisei meu pai que estava indo. Cheguei e toquei a campainha, minha mãe abriu e sorriu ao me ver.
_Filha! Achei que não ia mais te ver...
_Eu tinha esperanças que não veria mais nenhum de vocês...
_Anne, não fala assim, nós erramos em mentir para você, mas somos sua familia e amamos você.
_Tá bom mãe, chama o meu pai por favor, estou atrasada para o trabalho.
Ela saiu da sala e dois minutos depois meu pai entrou.
_Vou te entregar o contrato, mas antes você vai me explicar o que pretende fazer!
_Não tenho tempo pai, estou muito atrasada, vou ler o contrato e falo com você depois.
Tento alcançar as folha de papel em sua mão e ele as tira do meu alcance, levantando as mesmas no ar.
_Anne, não temos tempo! faça logo o que tem que fazer! case com o Denis, depois de um ano peça o divorcio, faça como achar melhor, mas vamos terminar logo com isso!
_Não adianta gritar comigo pai, eu não tenho medo de você, de nenhum de vocês, não podem mais me machucar, não seria possível me decepcionar mais do que já fizeram.
Me aproximo e me estico toda, puxando as folhas da mão dele, saio pisando firme em direção à porta, estou me sentindo orgulhosa de mim mesma, agora é só levar o contrato para os advogados do Johnny, eles tem cuidado mais de mim do que do próprio Johnny.
Peguei outro Táxi, dessa vez em direção à produtora. Subo apressada, quero entregar logo isso ao Johnny, chego no recepção do andar onde fica a sala dele e passo direto em direção à porta.
_Psiu! Anne!
Olha para trás, a recepcionista está me chamando, voltou até ela curiosa.
_ O Johnny está ocupado.
_ Ah ta, é cliente? ou é da produtora?
_ Não Anne, é a... Ex dele!
Hum...(digo pensativa) qual delas? digo sorrindo, tentando parecer divertida.
_Amber!
Engulo seco, um frio percorre a minha espinha.
_Só me faltava essa agora. (digo quase sussurrando)
_ Oque?
_Nada! Obrigada.
Me viro e vou apressada em direção à porta, não sei o que ela quer aqui, mas se era para estragar o meu dia ela já conseguiu, me aproximo da porta e ouço a voz de Johnny, mas não consigo identificar o que ele diz.
Dou duas batidas firmes na porta e abro.
_JOHNNY!
Sinto meu olhos ardem, quero sair correndo, mas minhas pernas não se movem, aquela imagem nunca vai sair da minha cabeça.
Finalmente retomo o controle do meu corpo, me viro e saio andando de volta ao elevador, não consigo respirar e mal consigo enxergar, meus olhos estão encharcados, as lágrimas escorrem pela minha face e lavam meu rosto, me apoio na parede e bato repetidas vezes no botão que chama o elevador.
Ouço distante a voz do Johnny chamando meu nome, o elevador se abre, ouço risos e vozes conhecidas, mas tudo que consigo fazer, é entrar e esmurrar o botão para fechar a porta, sinto alguém me abraçar.
_Anne! você ta bem?
Vejo Johnny vindo em direção à porta do elevador e ela se fechando, ele para em frente à porta e me olha desesperado.
_ O que você fez Pai?
Puxo o ar com dificuldade, meu coração se aperta, sinto uma dor aguda e uma vontade incontrolável de gritar, mas tudo que consigo é chorar. Lily me abraça com força e me pede calma, saímos do prédio e entramos no carro que a trouxe.
_ Fica calma Anne, vou te levar lá pra casa.
_Não Lily, quero ir a outro lugar!
Peço que Lily me deixe na casa da Kim, no caminho ela tenta entender o que houve, mas não consigo falar e não é certo, ele é pai dela, ele que explique que fez.
Lily pede para ficar comigo e eu concordo, entramos e Kim está se arrumando para ir trabalhar.
_Anne? o que houve?
Eu abraço Kim, desesperadamente, como quem pede socorro.
_Me ajuda! doe tanto!
_Anne! calma, me conta o que aconteceu.
Eu não consigo falar...
Eu não acredito que isso está acontecendo de novo comigo, parece que o chão sumiu debaixo dos meus pés. Lily está me olhando perdida.
_Foi meu pai né? Oque ele fez? Por favor me fala! Tenho certeza que ele tem uma explicação...
_Lily!
Tento falar, entre soluços.
_ Obrigada por me trazer, minha linda, mas o que seu pai fez não tem explicação, nem justificativa.
_Anne, ele te ama, tenho certeza! Eu vou falar com ele e já resolvo tudo isso, você quer ver?
Lily, sai apressada, mechendo no celular.
Eu volto ao meu choro incontrolável, gostaria de nunca mais ter de sentir essa dor.
_Anne, se acalma amiga, me conta o que houve!
_Ele tava com ela Kim!
_Ela quem?
_A ex dele, estavam se agarrando na sala dele.
_Anne, você não está imaginando coisas? o ciúme faz isso com a gente.
_ Quem me dera fosse imaginação minha! Ela estava sem blusa, sentada no colo dele e... Desculpa, mas não consigo, quero esquecer isso!
O choro invade minha garganta e meus olhos inchados ardem, sinto que minha cabeça vai explodir a qualquer momento.
_ Eu sou muito idiota, acreditar que com ele ia ser diferente.
Me solto do abraço reconfortante de Kim e pego meu telefone na bolsa.
_Vai ligar para ele?
Não, vou fazer o que tenho que fazer, não adianta fugir, não tenho mais forças para fugir...
_Alô, pai? Vem me buscar?
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