Resolvi ir andando até a clínica, já que era bem próximo à produtora, no caminho meu celular começa a tocar.
_Oi sumido, lembrou que eu existo?
_Oi, como se eu pudesse te tirar da cabeça... A Kim falou que você vai sozinha na consulta, quer companhia?
_Henri, não posso te pedir isso... não quero que termine o seu dia fazendo algo que não queira, só para ser gentil comigo.
_Anne, eu tô bem puto com essa situação, mas... Fui eu que me coloquei nela, eu sei que nunca vai passar de amizade, ja entendi isso.
_Obrigada Henri... você deve ter um defeito aterrador, não tem como alguém ser assim tão perfeito.
_Eu ja te falei Anne... Sou um príncipe da Disney!
_Oh! Claro... Como pude me esquecer disso?
Tchau Henri, te adoro...
_Também linda, tchau.
Chego na clínica e entrego meus documentos à secretaria, que agilmente preenche ulgum tipo de cadastro no computador.
Observo outras duas grávidas na sala de espera, uma está sorrindo mostrando alguma coisa para o marido, em uma dessas revistas sobre infância, a outra está com uma filhinha, deve ter uns cinco anos, o marido e a menina tocam e falam com a barriga dela.
Me sinto meio patética ali sozinha...
Começo a mecher na agenda do celular, resolvo procurar em meus contatos as pessoas com quem realmente eu posso contar, bom... elas se resumem à minha melhor amiga e um gentil estranho que mal conheço.
_Senhora Anne?
_Oi, sou eu!
_ Pode entrar, o doutor está esperando...
Guardo o celular na bolsa e vou em direção à sala, um jovem senhor de cabelos grisalhos me recebe simpático, a enfermeira deve ter a minha idade, ela me mostra um lavabo onde devo me despir e me entrega um tipo de túnica aberta na parte de trás.
_Enquanto termino de vestir a tal roupa, ouço a voz da enfermeira, que parecia muito empolgada, saio do lavabo e dou de cara com Johnny.
Não entendo a princípio, mas agradeço a todas as forças do universo por Henrique não estar aqui...
_Pode deitar na maca senhorita!
Me sento e Johnny vem a meu auxílio, a enfermeira a essa altura não lembra nem o próprio nome, tudo que ela faz e olhar para ele e sorrir.
Eu me deito e ouço o Doutor pigarrear...
_Você pode auxiliar a paciente?
Diz firme olhando para a enfermeira.
A mulher acorda do transe e pega um pequeno lençol, coloca abaixo da linha da minha cintura e levanta a túnica até abaixo dos meus seios.
_Coloque uma perna de cada lado por valor.
Eu o obedeço, o lençol fica acima do meu joelho formando uma "cabaninha" onde o médico parece se esconder.
_Relaxe!
Olho constrangida para Johnny, ele está procurando o médico com um olhar apreensivo.
Sinto o aparelho entrar em mim, e uma imagem aparece na tela cinza, o médico mostra o meu útero e um pontinho, que mais parece um peixinho nadando em um aquário.
Aquilo me deixou mais nervosa do que feliz, ele era real, tinha um bebezinho crescendo dentro de mim...
Ele tirou o aparelho de dentro de mim, finalmente pude esticar minhas pernas e esconder minhas intimidades.
Ele apalpou minha barriga e disse que parecia estar tudo bem, me receitou vitaminas, algumas vacinas e cuidados com a alimentação.
Antes de sairmos da sala a enfermeira pediu para tirar uma foto com Johnny, a maldita tirou o jaleco e colou o rosto no dele, vendo que eu estava encomodada ele ainda passou o braço pela cintura dela.
_Olha se vocês forem fazer um book, é melhor alugar um estúdio ou fazer isso ao ar livre, tem gente esperando lá fora para ser atendida.
O maldito acha graça e a piranha o solta se fazendo de ofendida...
_Pronto nervosinha podemos ir!
_Ah, espera! Doutor, tenho mais uma dúvida...
_Pois não...
_Sabe o que é, o meu parceiro, que não é ele - aponto para o Johnny- sabe...ele é muito bem dotado, tenho que tomar alguma precaução na hora do sexo?
Um silêncio constrangedor tomou conta do lugar...
_Doutor? E então...
O homem que estava olhando para Johnny, me olhou se sentindo obrigado a responder.
_Bom... Na verdade, vocês devem apenas fazer com menos intensidade nesse início, a frequência não importa.
_Ahhh quem bom, fico feliz em saber!
O médico deve estar pensando horrores de mim, mas dane-se, se o Johnny acha que vai me fazer ciúme com uma enfermeira vadia, toma essa e se orienta.
Saímos da clinica em silêncio.
_Vou te deixar em casa!
_Não! Melhor ir cuidar da sua outra grávida, não vai me dizer que ela perdeu de novo a consulta.
_Não... Ela ficou chateada em te ver na produtora, não quis minha companhia.
_Eu também não!
_Onde está seu "parceiro", ele não ia te acompanhar na consulta?
_Teve um problema na boate e não pode vir.
_Boate?
_Ele é dono do lugar onde eu trabalhava, sócio na verdade.
_Estamos conversando a uns 10 minutos e ele ainda não apareceu, vem, eu vou te levar.
******
Ele está dirigindo, eu o observo com minha visão periférica, parece cansado e preocupado, está mordendo o lábio por dentro.
Ele rompe o silêncio, me assustando...
_Ta feliz com ele? Ou ta fazendo isso para me atingir?
_Você sempre acha que tudo é sobre você? O mundo não gira em torno de você estrelinha...
_Só responde Anne...
_O Henrique é um homem incrível Johnny, eu queria ter tido a sorte de ter conhecido ele antes de você aparecer, aí esse bebê poderia ser dele.
O Carro para, tento abrir a porta, mas está travada.
_Johnny, a porta...
_Sabe Anne... Eu te amei no segundo que te vi e eu, assim como você, estou sofrendo com tudo isso, mas isso não me dá o direito de ser cruel, eu sei que você está cansada de sentir dor, mas causar dor nos outros não vai diminuir a sua.
As lágrimas rolam pelo meu rosto, ele tem razão, eu fui cruel, mas não posso e não vou voltar atrás.
_Abre a droga dessa porta!
-digo aos gritos- Eu não me importo, se você está sofrendo é porque fez por merecer... Agora eu, o que fiz Johnny? Me diz?
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