Ouço a porta ser destravada, ainda estou ofegante, ele permanece com as mãos no volante, olhando para frente.
_Me desculpa, te colocar nisso...
__Até amanhã Sr. Depp, bato com força a porta do carro.
Ando até à porta, busco a chave dentro da minha bolsa e a giro lentamente na fechadura, eu sei que ele me observa, me esperando entrar em segurança. Entro na casa e alguns segundos depois ouço o carro sair.
A casa está vazia, Kim e Henrique devem estar trabalhando.
Tomo um banho demorado, tento conversar com meu bebê, mas me sinto meio ridícula, já que ele ainda não tem formado o sistema auditivo.
Visto um pijama e vou vasculhar a cozinha em busca de comida.
Passo um café, e faço um sanduiche, me sento para comer e aproveito para olhar minhas redes sociais.
Me cadastrei em um App sobre maternidade e passei parte da noite lendo sobre o assunto, não pude deixar de pensar que o bebê da Amber nasce pelo menos dois meses antes, ele vai poder ouvir a voz do pai todas as noites.
_Não se preocupe meu anjinho, a mamãe vai sempre estar aqui com você.
Falo passando a mão sobre a barriga, lágrimas rolam por minha face e algum tempo depois eu adormeço.
***********
O alarme do celular toca insistentemente, ainda me sinto com muito sono, aos poucos me levanto e tomo banho, meu estômago está bem ruim, não sinto fome, então resolvo tomar café mais uma vez na produtora.
Visto uma blusinha de alças finas e decote em "v", coloco uma saia mid na cor nude.
Henrique está dormindo no sofá, apenas de calça de moletom, saio sem fazer barulho.
Chego cedo na produtora mas Johnny já se encontra em sua sala, sentado lendo um calhamaço de folhas.
_Bom dia, digo com a voz falhando.
_Bom dia, como você está se sentindo?
_Estou bem.
_Tomou café da manhã?
_Ah, não... ainda não!
_Vou buscar alguma coisa para você.
_Não, meu estômago não está legal, depois eu como.
_Você acabou de dizer que estava bem Anne, aí descubro que não se alimentou e está com o estômago ruim...
_Não se preocuoe, assim que me der fome eu vou comer.
_Não, eu vou pedir que lhe tragam comida agora...
Ele fala já saindo da sala, estou tão cansada, que sequer senti raiva de sua atitude.
Me sento e abro meu email, ele entra de novo na sala, parece inquieto mechendo no celular.
_Está tudo bem?
_Sim... Você está 7 semanas não é?
_Sim, por que?
_Só estava pensando em quando vou poder falar com ele.
_Não fique ansioso, você já pode conversar com o bebê da sua esposa, ele já te ouve.
_Eu não sei nada sobre ele ainda... Ele fala parecendo preocupado.
_Ela não foi à consulta ontem? Deve ter visto o bebê e ouvido o coração.
_Sim...
_O meu é só um peixinho por enquanto...
Ele me olha e sorri.
_É nosso Anne, nosso peixinho!
Não respondi, mas uma inquietação se formou dentro de mim ao ouvir ele falar do "nosso peixinho."
Meu café da manhã chegou e a secretária de Johnny o trouxe até mim, o café estava uma delícia e me apeteceu a comer o queijo quente, assim que o desembrulhei meu estômago reagiu ao cheiro forte de queijo, corri para o banheiro e coloquei o pouco de café que havia bebido para fora.
Senti as mãos de Johnny em meu cabelo, ele se ajoelhou do meu lado e me fazia carinho nas costas com a outra mão.
_Já joguei o sanduíche fora, vou pedir outra coisa, tudo bem?
_Não, eu não quero ver nada de comer na minha frente, por favor.
Me levantei e fui até minha bolsa, peguei minha necessaire e fui escovar os dentes.
_Você deve ir pra casa e descansar, não quero que fique aqui sem comer nada.
_Vou terminar sua agenda de amanhã, se não melhorar eu vou.
_Tem alguém lá para cuidar de você?
_Eu sei me cuidar sozinha, mas se eu precisar de alguém, sei a quem chamar, não se preocupe.
O telefone dele toca, ele olha para mim e atende...
_Você está bem? Estou tentando falar com você desde ontem.(..........). Ok, como foi a consulta? (............). Você pode me mandar fotos da ultrassonografia, ou melhor, me manda as imagens em vídeo, quero ouvir o coraçãozinho (........) Como assim Amber? (........)
Você tem certeza disso?(.......) Ok, podemos almoçar juntos então. tchau.
_Que foi, você não parece ter ficado feliz, alguma coisa errada?
_Anne... ia ficar feliz se algo estivesse errado?
_Com o bebê? Claro que não... Você está louco?
_Ok, me desculpa... Não sei porque te perguntei isso.
Na verdade, não deu para ouvir nem ver nada, ela disse que ainda é cedo.
_Johnny, você acompanhou a gestação dos seus filhos?
_Não, quer dizer sim, mas não fui às consultas.
_Vou te mandar um link de um App em que me cadastrei, você vai poder acompanhar a formação e tudo que o bebê já pode fazer dentro da barriga.
Tem alguma coisa errada nessa história, mais de dois meses e nada de ouvir o coração?
_Obrigada, você pode me mostrar como está o nosso peixinho?
_Vou te mandar o link você mesmo vê.
O cretino percebeu como falar do bebê me amolece e já está usando isso comigo, força Anne! e você bebê trate de me ajudar, sempre que eu fraquejar, me chute bem forte.
Já está na hora do almoço e me lembro que ele marcou com a lombriguenta...
_Johnny! Eu não estou me sentindo muito disposta, pode me levar pra casa?
_Claro que sim, você precisa comer Anne!
Ele pega minha bolsa e me segura pela cintura, como se eu tivesse 99 anos, descemos e ele abre a porta do carro para mim...
_Anne, eu preciso fazer uma ligação, só um segundo...
Eu sorrio internamente...será que ele vai falar a verdade ou vai inventar uma desculpa para ela, penso enquanto o observo pelo retrovisor do carro.
_Pronto, vamos comer algo antes ok? depois te deixo em casa.
_Johnny, não quero ser vista com você...
_Não se pode ter tudo Anne... Vamos a um lugar discreto.
Entramos no restaurante, johnny me fez comer um mix de legumes e carne vermelha, ele estava devorando as informações do app de gravidez, mal tocou na comida.
_Pede uma sobremesa, eu espero...
Pedi um pudim de chocolate e comi o mais devagar que pudi, me culpando a cada colherada...
_Johnny! Você me deixa em casa? Comi de mais...
_Quer vomitar?
_Quero dormir, Henrique já deve estar no trabalho, se não....
_Eu levo você!
Chegamos à minha casa, meu estômago estava revirando, Johnny me ajudou a abrir a porta e me levou até o quarto, sentei na cama e ele retirou meus sapatos.
_Meu Deus Anne... Para que saltos tão altos, não precisa usar isso, além do mais é perigoso.
Ele começa a massagear meu pés com delicadeza.
_Quer que eu pare?
_Não, isso é muito bom! - digo arfando de um modo que pareceu indecente.
Senti sua mão subir até meu joelho e então a outra mão tocou o outro joelho, ele me olha e eu sinto minhas pernas serem afastadas, fazendo minha saia subir até as cochas.
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