História UM CONTO SEM FADAS - CAPÍTULO 63. EU FUI FRACA

Sinto o pânico me invadir, mal consigo encher meus pulmões e o suor pinga por meus dedos gelados, minha consciência se esvai enquanto caio no chão...

P.O.V Johnny

Eu não pretendia confrontar ela nesse momento, ainda estava digerindo todas aquelas informações, tentando me convencer de que eram trotes de alguém tentando nos separar mais uma vez, mas o comportamento dela apenas reforçava tudo.
Agora isso... Ela está inconsciente, o médico disse que teve uma queda do índice glicêmico, o que levou ao desmaio, por minha culpa!
Também não sei se estou pronto para ouvir a verdade, ainda mais sabendo que a verdade pode me tirar a mulher que amo e pior, meus filhos.

_Johnny?

_Estou aqui! Você está se sentindo bem?

_Os bebês Johnny...

_Não! Eles estão bem, não se preocupe.

_Estou com fome...

_Assim que acabar o soro, vamos para casa, já pedi que Clair faça alguma coisa para você.

_Johnny...

_Anne, depois... Vamos deixar isso de lado por enquanto.

O Médico entra no quarto e nos adverte sobre o quanto fomos irresponsáveis, poderia ter sido grave.
Ele dá alta a Anne e eu a levo para casa, no carro ela permanece em silêncio, mas sei que está segurando o choro e isso só aumenta meu medo do que está por vir.

*****

_Anne, vai comer, a mesa já está posta.

_Vou tomar um banho antes, estou cheirando a hospital.

Ela sobe e eu me dirijo à cozinha, prefiro comer sozinho e evitar um clima desnecessário.

Quando ela desce eu já acabei, vou para o estúdio e aguardo ela lá.

P.O.V Anne

Me sento à mesa e me sirvo, sinto muita fome e não tenho problemas para comer, mas o nervosismo vai tomando conta e deixo a metade da comida no prato, tomo o suco e me dou por satisfeita.

_Clair, vou subir e escovar os dentes, você pode avisar o Johnny que já acabei?

_Claro!

E assim o faço, escovo meus dentes e saio do banheiro, meu coração dispara ao vê-lo sentado na cama.

_Chegou a hora né? -digo já sem fôlego-

_Senta Anne!

me sento na cama e coloco minhas pernas em lótus...

_Johnny, o que você sabe?

_Não interessa o que eu sei Anne, eu quero que você me diga, por que me trair? Eu achei que você fosse diferente...

_Johnny, eu fui fraca, não tive forças para fazer ele parar... -As lágrimas descem pelo meu rosto- eu não sinto nada por ele.

_Você sabe ao menos me dizer de quem está grávida?

_HÃ? DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? É claro que eu sei, eu não transei com ele enquanto estava com você, ficou louco?

_VOCÊ ME TRAI ANNE! Eu estaria louco se acreditasse em você, você me fez sentar à mesa com seu amante!

_Amor! Me perdoa... Não fala assim, ele não é meu amante! 
Eu juro, a única vez que transamos eu te contei e nós estávamos separados.

_O que aconteceu Anne, a gente estava tão feliz?

_Eu estava me sentindo sozinha, carente, não estava pensando direito, e ele me encurralou e me tocou, mas não transamos Johnny, acredita em mim.

_Ele parecia bem preocupado com sua gravidez, ontem no jantar.

_Ele começou a me perseguir depois que rejeitei ele, mudou completamente, veio atrás de mim e tentou me beijar.

_Eu quero mais que tudo na vida que esses bebês sejam meus, mas eu não vou ter paz até fazermos um exame.

_Amor...você não pode estra falando sério, se houvesse alguma chance eu faria, mas não há, você precisa acreditar em mim.

_Preciso mesmo? Quando o resultado estiver em minhas mãos, talvez eu volte a acreditar que ainda existe algo entre nós Anne.

_Eu nunca vou te perdoar se você me obrigar a fazer isso!

_Se você não fizer, quem nunca vai te perdoar sou eu! E lembre-se que quem precisa de perdão aqui é você.

_Johnny! Por favor acredita em mim...

_Eu queria Anne, to usando todas as minhas forças para não te abraçar e enxugar suas lágrimas agora, mas não vou entrar em outro relacionamento furado.

_O que eu vou fazer sem você meu amor?

_Sozinha você não ficar não é mesmo?

_Não fala assim...

_Vou marcar o exame para o próximo fim de semana, eu gostaria que ficasse aqui enquanto eu estiver fora.

_Johnny, e nós como ficamos?

_Eu não sei Anne... Não posso nem imaginar em como vou me sentir se esses bebês...

_Johnny...para, é claro que são seus!

_Anne, já chega ! Se acalma que isso não vai te fazer bem... Vou pedir que Clair traga água.

_NÃO! eu to bem...

_Se cuida!

Ele me beija a testa e vai embora...

Não poderia ser pior... Ele perdeu toda a confiança que tinha em mim, me senti tão humilhada, ter que fazer um teste de DNA.

A semana se arrastou como um calvário, na segunda recebi visita da Kim, ela percebeu que eu não estava bem, mas enrrolei como pude, ainda não estou pronta para perder minha única amiga.

Depois de passar a noite chorando e criando situações hipotéticas, que iam de o Johnny voltar a qualquer momento e me perdoar, a outras em que todos me odiavam e eu ficava sozinha com meus bebês.
Mas na quarta eu decidi reagir, assumir eu erro era a parte mais fácil e a muito eu já havia feito, agora era hora de aceitar as consequências. 
Liguei para uma imobiliária e pedi que rastreassem um imóvel em nome da empresa de minha família, eu tinha certeza que haveria algum, e dito e feito...o apartamento em que eles ficaram aqui, não era alugado, liguei para Mike e pedi que me indicasse alguém de confiança, para cuidar disso para mim, mas ele mesmo se ofereceu.
Na sexta as chaves já estavam em minhas mãos, a consulta para colher as amostras será amanhã e eu estou certa de que depois de uma semana sem nenhum contato, ele não me quer mais na vida dele e o resultado do exame não vai mudar o fato que eu o traí, no fim das contas eu vou ser a ex grávida.