História UM CONTO SEM FADAS - CAPÍTULO 67. O PAPAI ESTÁ AQUI

_Melhor subirmos.

Me viro e ando em direção ao elevador, saber que ele está atrás de mim me observando só aumenta meu constrangimento. Paro diante do elevador e aperto o botão.

_Johnny, como soube que eu estava aqui?

_Procurando em todos os lugares!
Por que? Está se escondendo?

_Não, só curiosidade.

As portas do elevador se abrem e entramos em casa.

_Quer beber alguma coisa?

_Não, obrigado.

_Ok, pode se sentar eu já volto.

Subi ao quarto com a intenção de respirar, tenho a impressão de que a última vez que o fiz, foi ao encontra-lo no Hall.

Encosto minhas mãos sobre a pia e encaro o espelho, ofegante...
-Por que você não respondeu a droga da mensagem? Pelo menos adiaria esse encontro.- digo ao meu reflexo pálido no espelho.

Crio coragem e desço, minhas mãos suadas deslizam no corrimão da escada, ele está sentado...um braço esticado no encosto do sofá e a outra mão puxando os pelinhos do calvanhaque.

_Eu vou anotar para você a data -digo pegando um bloquinho e uma caneta na mesa de centro-

-Ótimo... você está bem? você sabe...com a gravidez.

_Sim... estou! -Estico o papel em sua direção- mais alguma coisa?

Ele analisa o papel equanto morde o lábio por dentro...

_Anne, você precisa de ajuda com alguma coisa? Imagino que tenha muitas coisas a serem feitas.

_Eu precisei... mas já está quase tudo encaminhado.

_Precisamos pensar em nomes...

_Isso também já foi providenciado Johnny.

_Eles já tem nomes? Você não acha que isso é uma escolha da qual eu deveria participar?

_Você abriu mão de participar de muita coisa quando sumiu...eu tive que me virar sozinha.

_Anne, vamos deixar nosso orgulho de lado, não é mais sobre nós.

_Eu sei que não, tudo que eu fiz nesse mês, não era se quer sobre mim...

_Então...que nomes você escolheu?

_Ninna e Antony... -Sim, esses nomes acabaram de surgir na minha cabeça!-

_Hum...e porque Antony?

_Por que não?

_Se não tem um bom motivo, podemos trocar!

_Não! Eu já escolhi... esses vão ser os nomes!

_Acho justo você escolher o da menina e eu o do menino.

_NÃO! ACHO JUSTO QUE VOCÊ RESPEITE AS DECISÕES QUE EU TIVE QUE TOMAR SOZINHA!

Tudo que eu estava segurando veio a tona, minhas lágrimas mais uma vez lavaram meu rosto.

_Anne...eu já entendi...foi difícil pra você, foi pra mim também. Por favor me deixa ser pai dos meus filhos.

Ele se aproxima de mim e segura meu rosto entre suas mãos, enchugando minhas lágrimas com os polegares. 
Ele encosta sua testa na minha enquanto desce suas mãos para minha barriga...

_Oi meus amores! É o papai que está aqui... eu prometo que nunca mais vou deixar vocês.

Ele se ajoelha e encosta o ouvido na barriga, enquanto a envolve com as duas mãos.
Eu observo aquele momento como se estivesse sonhando...

_Já sentiu eles mecherem? -ele pergunta me olhando de onde está.-

_Não! Ainda não...

_Bom, se vocês estavam esperando o papai, podem começar!

_ Johnny, acho melhor você ir!

_ Você já está pensando no quarto? Nas coisas... você sabe...coisas de bebê.

_Sim, já pensei e já está sendo feito...

_Você não quer me contar, como vai ser?

_Johnny... eu preciso descansar agora.

_Tudo bem...mas, sempre que for resolver algo relacionado à eles, quero que me avise. Ah! Vou pensar em nomes de menino... eu gosto de Ninna!

Ele me beija na testa e se despede dos bebês dando um beijo e alisando minha barriga.

Eu me sento no sofá e solto todo o ar que estava prendendo devido à tensão.
Não sei se estou feliz ou triste, feliz pelos meus filhos, com certeza eles terão um pai incrível...

Preciso falar com alguém, ligo para Kim.

(K) _ Oi amiga, ta tudo bem?

_Sim, Kim...o Johnny acabou de sair daqui, ainda estou com o coração na boca.

(K)_ Sério? E aí rolou alguma coisa?

_Não Kim, apenas falamos sobre os bebês, mas você sabe como ele me deixa né... tô subindo pelas paredes.

(K)_ Infelizmente não posso te ajudar com isso. Por que não fez o que eu falei?

_O quê, me oferecer? Imagina que cena patética!

Ouço a voz de Henrique ao fundo.

(K)_Anne o Henri ta aqui, quer falar com ele?

_O que? Ta maluca Kim?

(K)_ Tá então eu conto...
"Amor, o Johnny procurou a Anne, acho que vão se reconciliar"

-Kim! Do que você ta falando?

(K)_ Ah Anne, o Henri também é seu amigo, é claro que ele vai ficar feliz por você.

_Kim, não provoca ele!

(K)_ Amiga tenho que trabalhar, meu chefe está a de mal humor, Bjo.

_Só você mesmo, ta com emprego ameaçado e fica cutucando a onça. Beijo, se cuida.

Vou comer alguma coisa, tenho sentido vontade de comer doce, qualquer tipo de doce, Noéli sempre deixa a geladeira e a fruteira abastecidas de coisas saudáveis, mas nada me apetece, o que eu quero é açúcar.
Encontro um lada de leite condensaso e faço dois furinhos com a ponta de uma faca, subo para o quarto e me deito, literalmente mamando na latinha.

Deve ter se passado mais de uma hora, quando recebo uma mensagem de Kim.

"Amiga, eu e o Henri brigamos e ele me mandou embora, foi horrível! Estou indo pegar minhas coisas no Ap. dele, você pode ir lá com seu carro para me ajudar?"

"Amiga sinto muito, estou indo agora mesmo!"

Droga, se aquele maldito encostou um dedo nela eu mato ele.
Vou direto para o Ap. do Henrique, e subo sem exitar.
Dou três batidas na porta, que lentamente se abre, revelando a silhueta de quem eu menos esperava ver.

_Henri? O que está fazendo aqui?

_Essa é minha casa Anne, eu moro aqui.

_É claro... a Kim está?

_Entra...

_Eu vou esperar aqui, você pode chamar ela?

_Qual é o problema Anne? Sou eu...Entra, por favor!

_Da última vez que fiquei sozinha com você aqui, não deu muito certo.

_Que foi? Ta com medo que eu te faça gozar de novo?

_Não Henri, isso não vai acontecer, eu só não quero me indispor com você, agora por favor me diz logo se a Kim está.

O sorriso some de sua face e seus olhos escurecem, sinto um solavando e meu braço sendo puxado com força, caio de joelhos do lado de dentro do Apartamento.
A porta bate com força atrás de mim.