História UM CONTO SEM FADAS - CAPÍTULO 7. PERDIDA

Cheguei até a mesa onde estavam Kim e Orlando.
_Desculpa mas eu tenho que ir, você vem comigo Kim?

_Amiga! Mas já? Acabamos de chegar!

_Eu não estou me sentindo bem.

O Johnny surge atrás de mim dizendo.
_Meu beijo foi tão horrível assim?

Não sei se estou nervosa ou em pânico total, mas começo a sentir o ar me faltar.

_Anne você está bem? Tá pálida!

Ele me ampara e me ajuda a sentar, meus olhos se enchem de lágrimas e eu travo uma batalha insesante para que elas não rolem pelo meu rosto.

_O que você fez com ela cara? Diz Orlando para o Johnny que o olha perdido...

_ eu apenas...

Preciso me livrar dessa situação e seguro a mão do Johnny que me olha surpreso e preocupado.

_Me tira daqui! Por favor!

Ele me ergue da cadeira e me abraça.
_Orlando, você pode deixar a Kim em casa?

_Pode deixar, vai cuidar dela!

_Amiga, não quer que eu vá com você?

_Kim, eu vou cuidar bem dela não se preocupe. Vamos! 

Ele coloca o braço em volta da minha cintura e me conduz até o carro.
Entramos e ele pede que o motorista nos leve a um lugar, na hora eu não entendo bem onde é.

Eu não consigo falar nada, sinto meu coração apertar dentro do peito, e um nó parado na garganta. Chegamos na mesma praia que ele me trouxe antes, descemos do carro, ele tira meu sapato e começamos a caminhar.

_Anne, eu sei que você está com medo...Eu entendo, entendo que você queira a todo custo evitar de se machucar de novo, mas eu não sou ele, não sei o que esse babaca te fez, mas...

_Me desculpa Johnny! Mas não consigo evitar de sentir essa dor, tenho muito medo sim, não aguentaria passar por aquilo de novo, achei que viria pra cá e estaria livre mas ao invés disso, me apaixono pelo primeiro cara que me dá o mínimo de atenção.

_Hum...então está apaixonada?
Ele diz tentando tornar o clima mais leve.

_Você entendeu o que eu quis dizer!

_Sim, que está apaixonada por mim!

_Para de graça, dou um soquinho no braço dele, a coisa é seria...Você é um cara bacana, bonito, acho que todas as mulheres do mundo gostariam de dar pra você...E eu, eu só queria tirar uma casquinha! Eu não quero uma história Johnny, minhas histórias não têm finais felizes.

_Entendo Anne, eu tenho algumas "histórias" na minha vida, todas finalizadas, quando você vive anos incríveis com alguém e isso acaba, você acha que sua vida acabou junto com o relacionamento... mas sua história continua, o outro ator é que saiu de cena, mas o protagonista é você, a história não acabou, só está tomando outro rumo.

_Johnny, não quero que outro ator interfira no rumo da minha história...mesmo que seja um ator tão incrível! Eu quero escolher o papel que cada um vai ter na minha vida,
hoje eu estava decidida a me divertir com você, mas eu fui tola, eu não sei como manter as pessoas do lado de fora do meu coração.

_Mas tá tentando me mandar embora, mesmo eu já estando aí dentro... Mas eu também não sei se quero viver sendo comparado a um idiota que eu nem conheço.

_Vem! Vou te levar pra casa!

Ele se vira em direção ao carro e sai caminhando, acho que deixei ele muito bravo.
Andei atrás dele, tentando acompanhar... _Johnny! Espera!

Ele parou e se virou para mim.

_Você sabe que gosto de você!

_Por favor Anne, não me diz que podemos ser amigos! Eu já tenho amigos, muitos e bons.

Volta a caminhar em direção ao carro, abre a porta do carona e me espera entrar.

Eu paro um instante e o observo, tentando buscar uma fala que o acalme, mas nada me vem à cabeça, então entro no carro em silêncio, ele dá a volta e entra no carro sem me olhar, o motorista liga e sai com o carro.

Ficamos mudos durante todo o percurso até a minha casa, o carro para, ele desce e abre minha porta, me estende a mão para me ajudar a descer...

_Johnny! Me desculpa se estraguei sua noite.

_Está tudo bem, não foi uma boa conversa, mas me economizou tempo e sono, não vou mais perder nenhum dos dois com você!

_Você está sendo infantil Johnny!

_Eu? Eu estou sendo infantil? Eu não sei pelo que você passou, e sinto muito que tenham te machucado, mas você é uma mulher adulta e precisa parar de se vitimizar!
Esse tal cara está a um Oceano de distância de você, ele não vai te fazer mal a não ser que você permita... E principalmente, esse cara não sou eu e eu não permito que você me compare a ele!
Não sou moleque, entrei e sai de todos os meus relacionamentos de cabeça erguida, sofri em todos os términos mas segui em frente! Se quer um conselho, faça o mesmo!

Ele falava como se quisesse me agredir com as palavras, cuspia elas em mim.
Me senti envergonhada, era tudo que eu vinha tentando dizer a mim mesma, mas do jeito errado. Ele já tinha dado a volta no carro e estava abrindo a porta para entrar...

_Johnny!

Ele me olhou de um jeito que não pude perceber se o que deixava seu olhar tão carregado era raiva ou decepção. Esperou alguns segundos, mas eu não pude dizer nada...queria dizer fica, cuida de mim, mas eu sabia que não era isso que ele queria, ele não quer alguém quebrado, ninguém quer! Eu não posso viver afastando as pessoas de mim, mas não quero me arriscar a passar por tudo novamente. Entro em casa e Kim já está lá...

_Anne! Meu Deus, fiquei preocupada!
O que aconteceu lá no bar e onde você estava?

_Kim, depois conversamos, preciso dormir, estou bem, mas muito cansada.

Vou direto para o meu quarto, minha cama me recebe tão bem...sem perguntas, sem acusações, sem cobranças e mentiras, vou ficar aqui para sempre!