[Killian]
Volto para a cidade. Já passam das 12. Para onde vou? Pra casa? Não. David poderia estar lá. Pego o caminho para o píer. Avisto o barco que David me deu uns meses atrás. Desço e vou direto para o banheiro. Tiro a roupa e ligo o chuveiro. A água escorre pelo meu corpo tirando todo o suor. Uns minutos se passam até que eu decido sair do chuveiro. Pego uma toalha e me seco. Ponho roupas limpas substituindo as sujas. Pego as roupas que estava usando mais cedo e coloco uma a uma no cesto. Seguro minha camisa. Sinto o cheiro do Will impregnado nela. Jogo-a no cesto tirando a imagem dele da minha cabeça. Passo a toalha no espelho para desembaça-lo. Me examino. Tudo ok. Desço o olho até a gola da minha camisa. Uma marca vermelha sobressai da mesma. Toco-a de leve e sinto o ardor do arranhão que Will deixou nos meus peitos. Abotôo a camisa escondendo a marca. Ouço um barulho vindo do deck. Ponho meu gancho e ando em direção a escada. No caminho, pego uma adaga. Proteção nunca é demais.
– Não te ensinaram a nunca invadir o navio de um pirata? – Digo pressionando a adaga nas costas do intruso. O homem à minha frente não responde nada. Estou pronto para falar novamente, mas ele se move de forma rápida e esgueira. Tão rápido que mal tenho tempo de me reagir. Uma de suas mãos acerta meu braço me fazendo soltar a adaga. Sou atingido com um soco no peito que me deixa completamente sem ar.
– Não te ensinaram a se ajoelhar perante um rei? – Sua voz forte e autoritária preenche o espaço e ecoa no meu ouvido. Meu corpo é forçado para baixo e meus joelhos tocam o chão. Sinto a dor se espalhar pelas minhas pernas. O toque frio da lamina da adaga no meu pescoço. – Agora diga onde estou e como eu vim parar aqui!
~ minutos depois ~
[David]
– Uma maldição? – Repete Arthur.
– Que nos trouxe de volta para cá e apagou 6 semanas das nossas memórias. – Continuo.
– SEIS SEMANAS?! – Arthur explode. Explico a ele tudo o que houve, bom, pelo menos até onde eu me lembro. Arthur é o Rei do Reino de Camelot. Fomos até lá na esperança de tirar a escuridão do coração de Emma, o que claramente não deu certo. A porta da delegacia abre. Robin.
– Emma não trouxe só você e seus cavaleiros de Camelot. – Ele fala olhando para Arthur. – Um dos homens viu seu povo vagando pela floresta.
– Eles estão bem?
– Assustados e desorientados. Ainda pode haver alguns espalhados pela floresta. Reuni uns homens e iremos vasculhar o leste. – Ele olha diretamente para mim.
– Ótimo. – Respondo – Nós vamos pelo Oeste.
– Vou contigo! – Diz Arthur.
– Killian, você vem? – Killian olha pra mim, depois para Arthur. Raiva nos seus olhos. “Tenho mesmo que ir?” É o que está pensando. “Sim!”. Ele levanta.
– Você primeiro, Vossa Majestade. – Ele diz num tom sarcástico apontando a porta para Arthur. Que passa ignorando seu comentário.
– Seja bonzinho. – Sussurro antes de passar.
~ horas depois ~
[Arthur]
– Creio que todos estão aqui. – Robin, assistente do xerife, me diz.
– Obrigado a todos vocês.
– Vou checar se estão todos bem e se precisam de algo mais, licença. – Robin sai. David começa a sair logo em seguida.
– Xerife... – Toco seu ombro fazendo-o parar.
– Pode me chamar de David. – Ele diz sorrindo.
– ... David, minha espada.. creio que a perdi na viagem para cá.
– Não se preocupe, se Excalibur estiver aqui, nós a encontraremos.
– Conhece a Excalibur? – Ele acena dizendo que sim. – Como?
– Neste reino você é meio que uma lenda. – Um sorriso brota no seu rosto. Notei que David me olhava diferente desde que eu o conheci. Admirado. Maravilhado. – Agora se me permite, tenho que voltar pra delegacia. – Aceno com a cabeça. Ele olha pro sue ombro onde minha mão ainda estava repousando.
– Claro. – Tiro minha mão. Esqueci que havia colocado-a ali.
Observo-o se afastar. Espero uns segundos até me virar. Caminho até meu povo, eles precisam de mim e não é hora de distrações. Não esse tipo de distração. E não agora.
[Killian]
Depois de horas vasculhando a floresta retornamos ao acampamento. Cada centímetro foi verificado, desde o leste até o oeste. Todos de Camelot estão reunidos. Robin está ajudando alguns homens a montarem barracas. Eu acabo de ajudar a carregar alguns fardos de água. Acabei furando um ou outro litro por causa do meu gancho. Olho David e Arthur conversando. Arthur mantêm sua mão no ombro de David, que parece não se importar. David sempre foi fã de Arthur sem nem mesmo ter-lo conhecido. O Grande Rei Arthur de Camelot, Líder dos Cavaleiros da Távora Redonda. David sai. Arthur caminha pelo acampamento conversando com seus súditos. Ele para próximo às garrafas de água e começa a bebê-la. Quando dou por mim já estou a meio passo dele. Esbarro no seu ombro fazendo-o derramar água em si próprio.
– Foi mal.
– Aposto que foi. – Ele responde sarcástico. Encaro-o. – Killian, certo? – Aceno com a cabeça. – Escuta, desculpa por mais cedo. Acho que começamos com o pé errado. Trégua? – Arthur estende o braço me oferecendo à mão. Pego sua mão e puxo-o para perto.
– Lembre-se que você é responsável por cuidar do seu reino. Nada nem ninguém alem disso. – Sussurro no seu ouvido. Solto sua mão e me afasto. – Entendido? – ele acena que sim.
Viro as costas e caminho em direção a estrada que leva à cidade.
– Killian. – Ele fala atrás de mim. Me viro. – Belo arranhão. – Ele cruza os dedos em seu próprio peito. Olho para baixo, minha camisa está desabotoada. Levo minha mão inconscientemente até onde estão as marcas. – Sabe o que é estranho? O fato do Xerife, melhor dizendo, David não ter unhas grandes o suficiente para fazer marcas iguais a essas. – Ele passa por mim e desaparece na multidão. Abotôo minha camisa novamente. Vou direto pro Granny’s. Preciso beber alguma coisa.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.