História Um Só Destino - Acabando Com Um Sonho

O ambiente todo pareceu congelar naquele momento em que o Chris surgiu me pegando com a irmã dele no colo e falando da “última noite”.

É, acho que agora é tudo ou nada...

Quando a Claire me soltou, eu desviei do Chris para olhar para ela e respirei fundo olhando novamente para ele sabendo que aquele momento não seria nada agradável... Mas é necessário.

Ele me encarava de um jeito que eu via o que queria fazer comigo e a Jill do lado parecia ter petrificado ali mesmo, esperando apenas pela bomba relógio ao lado dela estourar.

-- Chris, eu...

É claro que fui interrompido...

Ele avançou na minha direção e a Jill veio de atrás dele.

-- Chris!

Quando ele veio para me dar um soco, eu desviei dele indo para trás sem querer começar uma briga, mas ao sentir a mão dele no meu rosto na segunda tentativa de soco, eu cambaleei para trás.

-- CHRIS!!!

Eu coloquei a mão no rosto sentindo o sangue quente escorrer pelo meu nariz e sinto as mãos da Claire me tocarem. Então viro os olhos para ele que parece esperar eu avançar.

-- Não sabe conversar?

-- Para quê? – Ele riu ironicamente – PARA MENTIR PARA MIM DE NOVO???

Ao avançar novamente, eu levanto, mas a Jill se coloca na frente dele o empurrando para longe de mim.

-- Chris, por favor...

-- ELE MENTIU PARA MIM!!!

-- Se acalme!

-- EU PERGUNTEI PARA VOCÊ, FUI DIRETO E VOCÊ ESCONDEU TUDO ISSO DE MIM, SEU DESGRAÇADO!!!

-- CHRIS, EU NÃO SOU MAIS CRIANÇA!!!

Claire gritou na mesma altura da dele que a encarou bruscamente e a Jill continuou na frente dele, mas eu fiquei ali em pé pronto para que ele viesse já que é só assim que ele sabe “conversar”.

-- Então não haja como uma, Claire!

-- Chris, se acalme, vamos conversar...

A Jill tentava intervir, mas ele não parecia escutá-la.

Certo, vou tentar ser racional novamente...

-- Precisamos conversas, Chris.

Quando dou um passo para me aproximar dele, levo mais uma em cheio no rosto e agora com raiva, levanto e vou na direção dele que ri ironicamente e fecho minha mão prestes a acertá-lo, mas a Claire se enfia na minha frente me segurando.

-- Leon, por favor... Por favor.

Droga...

Eu juro que se ele encostar em mim de novo, vai se arrepender.

-- Está com medo, galã?

Ele me provocou ainda me olhando com olhos queimando de ódio e a Claire se vira para ele que a encara ainda pior.

-- Qual é o seu problema, Chris?

-- Até onde essa palhaçada foi?

-- Estou apaixonada...

-- Apaixonada?

Ele riu de uma forma que ficava evidente que precisava achar graça em algo ou explodiria de vez.

-- Por um idiota que defendeu uma assassina? Você não vê, Claire... Ele está fazendo isso de propósito.

-- Eu me apaixonei pela sua irmã, Chris.

-- Ah, é mesmo?

Ele riu novamente olhando para mim.

-- Engraçado... Não se apaixonou por ela depois de Raccoon City, mas sim agora, depois que aquela mulher morreu quando fui de atrás dela?

Ele ainda pensa que a Ada está morta...

Não adianta, ele não vai me ouvir e agora está associando tudo da pior maneira possível, pensando que estou usando a Claire para atingi-lo.

-- A Ada é passado...

-- Um passado que eu faria questão de arrancar de você, mas não para vir de atrás da minha irmã!

-- Chris, eu não sei explicar! Eu me apaixonei pela Claire de uma hora para outra, foi isso!

-- VOCÊ DISSE QUE IA EMBORA!

-- EU NÃO PUDE IR!

-- DISSE QUE NÃO TINHA NADA ENTRE VOCÊS E CHEGO AQUI E VEJO ISSO??? E ESCUTO ISSO???

Respiro novamente tentando manter a calma para falar.

-- Me desculpe, mas eu menti...

-- Não me diga. – Ele riu ironicamente.

-- Eu já estava apaixonado por ela, mas não tinha nada entre nós e eu estava indo embora de verdade! Eu ia fugir disso, não queria magoá-la ou estragar nossa amizade, mas não deu...

-- Por que ficou?

-- Porque eu pedi...

Claire respondeu e o Chris encarou a ela agora.

-- Eu pedi para ele ficar porque eu já sabia o que ele sentia por mim e eu sentia o mesmo, então não queria que ele fosse...

-- Então me diz uma coisa, Claire... Quando estavam em Raccoon City, como ele agia com você?

-- Era apenas um amigo.

-- E como ele agia com a tal Ada?

Ela ficou calada agora com ele parecendo saber o que fazia.

-- Ele se enfiou na frente daquela mulher que matou os meus DUAS VEZES e você pede para que ele fique?

-- Chris, por favor... – Jill fala.

-- Pergunta para o Sr. Apaixonado o que ele sente por aquela mulher e aproveita para saber se o que diz sentir por você chega a metade do sentimento por aquela assassina... Quero ver.

Ele insiste...

Mas a Claire desvia dele agora parecendo abatida e ele me encara com o ódio nítido em todo o seu corpo e quando ela vira para mim com um olhar doce, mas entristecido, eu pego uma mecha do seu cabelo.

-- Eu já gostei dela, mas faz muito tempo... E realmente não se compara com o que eu sinto por você, ruivinha, você...

Será?

Dizer as palavras certas agora poderia melhorar tudo ou piorar?

Terei de arriscar...

-- Eu me apaixonei por você... Eu amo você.

Quando seus olhos brilharam em minha direção ao ouvir isso, eu sorri e ela me abraçou com meus olhos voltando ao Chris que não parecia convencido.

-- Lindo... Mas eu não acredito.

-- Quem tem que acreditar é sua irmã e não você.

-- Não vou deixar que a faça sofrer!

-- Eu não vou fazê-la sofrer, Chris!

-- É MENTIRA! OUTRA MENTIRA SUA!

-- EU AMO A CLAIRE!

-- É MENTIRA!

Ele vem para cima de mim de novo, mas a Jill se enfia na frente o empurrando para longe de mim.

-- Já chega! Vamos embora!

Ela leva uma péssima encarada dele também, mas quando a Claire se vira para olhá-lo sinto seu nervosismo.

-- Por favor, Chris... Não quer me ver feliz?

-- Eu quero muito, mas ele te fará sofrer, ouça o que eu digo.

-- Então me deixe aprender.

-- Depois não adianta me procurar chorando por algo que ele fez ou deixou de fazer, Claire... Eu não vou perder a chance de te dizer que “eu te avisei”.

-- Se isso acontecer, pode dizer... Mas peço que, por favor, tente aceitar.

Ele riu sem alegria nenhuma e sacudiu a cabeça desviando de nós por um segundo, então foi para porta sem nos dar atenção e antes de sair nos encarou mais uma vez.

-- Espero que isso dure mais do que suas lágrimas depois que ele te fizer sofrer.

Quando sai dali a Jill respira fundo e nós também...

Achei que seria pior.

Acabei com apenas dois socos na cara e infelizmente não pude dar nenhum, mas se eu pegasse minha irmã na situação em que ele me pegou com a Claire, bom, eu... Eu faria o mesmo.

Mas não chegue perto de mim de novo.

-- Podia ter sido bem pior...

Jill forçou um sorriso e a Claire virou para mim olhando preocupada para meu rosto machucado.

-- Tenho que cuidar disso.

Então ela virou para Jill que nos observava calada.

-- Pode tentar falar com ele, Jill?

-- Sim, vou tentar... Mas ele está certo de que o Leon não sente nada por você, então acho que só o tempo para convencê-lo do contrário.

-- Ele vai ter que aceitar... – Eu disse.

-- Sim, ele vai... Mas deem tempo para ele, afinal, é a irmã caçula.

-- Não sou mais criança, Jill!

-- Eu sei, mas irmãos SEMPRE são assim porque eles sabem o que se passa na cabeça dos homens e por isso temem o pior... Mas ele vai aceitar, só precisa de tempo.

-- Será?

-- Ele gosta muito de você, Leon, mas você mentiu para ele e sim, claro, se dissesse naquele dia que estava apaixonado podia ser pior, mas... O Chris surta com mentiras, depois de tudo que passamos é difícil perdoar algo do tipo.

-- Sim, eu sei... – Eu respondi.

-- Mas ele gosta de você e SEI que lá no fundo em algum lugar ele ficou feliz em saber que vocês se entenderam, mas infelizmente os acontecimentos da última missão de vocês, a sua mentira e esse flagra pesado aqui... – Ela parou.

-- Amanhã vou falar com ele.

-- Não, melhor não, Leon... Dê um tempo, espere ele se acalmar porque agora sei bem como vai ficar por uns dias e se você aparecer lá e eu não estiver, não quero que quebrem meu apartamento.

-- Tudo bem... – Eu sorri.

-- Eu vou, então.

-- Espere uns dias, Claire... Quando ele estiver melhor, eu te aviso e você vai falar com ele com calma e compreensão, por favor.

-- Sim, eu prometo.

-- Ótimo... Eu vou antes que ele vá embora sem mim.

Ela riu e foi até a porta parecendo mais aliviada e tentamos contribuir da mesma forma.

-- Até logo, juízo!

-- Até, Jill...

Ela saiu e a Claire foi até lá fechando a porta e a trancando, então olha para mim e ri.

-- Eu devia ter trancado isso assim que você entrou!

-- Não, acho que foi melhor assim...

-- Ele queria te matar!

-- Mas não matou e soube de nós de uma vez, foi melhor assim.

-- Só que não precisava nos pegar naquele estado e falando de ontem a noite, não é mesmo?

-- Talvez a raiva dele nem o deixou ouvir essa parte direito...

-- Duvido muito, meu irmão tem sentidos apurados nas piores das situações... Só que não foi tão ruim quanto pensei.

-- Se a Jill não estivesse aqui, estaríamos até agora rolando no chão.

-- Verdade... Ainda bem que estava.

-- Sim, ainda bem.

-- Venha, tenho que limpar isso.

Puxei uma cadeira agora sentindo a dor em meu rosto e quando ela se aproxima e coloca um pano molhado no corte da minha boca eu gemo de dor e me afasto com ela rindo.

-- Pegou a irmã dele, é isso que dá, viu...

-- Valeu a pena.

Eu sorri e a puxei em um beijo doce sentindo o sorriso em seus lábios aumentar e aproveitei cada segundo até que se afasta.

-- Você está com gosto de sangue...

-- Desculpe.

-- Tenho que limpar isso, com duas chances o Chris já fez um belo estrago em você.

-- Pelo tamanho dele não me surpreendo com isso.

Ela sorriu e continuou e me lembrei da Jill com o Chris naquele estado.

-- O Chris e a Jill costumam brigar?

-- É raro isso acontecer...

-- Mas e hoje pelo que aconteceu?

-- Ah, eles vão discutir um pouco, mas meu irmão jamais levantou a voz para ela, ele a respeita de um jeito invejável... Discutem e reinam um com o outro, mas isso nunca os fez pensar em se separar, então não se preocupe, esse casal será eterno, não importa o que aconteça.

-- Que bom...

-- Meu irmão é louco por ela... Foi tão bom vê-lo pela primeira vez falando da Jill, os olhos dele brilhavam e eu podia ver o que ele sentia.

-- Será que um dia ele ficará feliz por nós?

-- Prefiro pensar que sim.

-- Legal... Um dia ele terá que me aceitar.

-- Sim, ele terá... – Ela sorriu.

Com meu celular tocando em algum lugar, desvio e o procuro com o olhar me lembrando que o deixei na bolsa, então vou até lá com a Claire limpando o pano com meu sangue.

Olho no visor e a palavra “Chefe” aparece...

O que ele quer?

-- Quem é?

-- Meu chefe...

Atendo e coloco o celular na orelha.

-- Fala, chefe!

-- Leon, ainda bem que atendeu, como vai?

-- Bem... Muito bem.

Olho para Claire que sorri para mim.

-- Posso notar, até sua voz melhorou, muito bom!

-- Obrigado...

-- Mas tenho notícias que vão te deixar ainda mais animado!

-- O que houve?

-- Arrumei uma missão para você!

-- Ah... Legal, para quando?

-- Amanhã!

O quê?

-- O quê?

-- Insistiu tanto para voltar que assim que surgiu uma missão, coloquei seu nome lá, viu só, no final das contas sou um bom chefe!

Não... Droga.

Eu queria isso antes, quando estava agoniado de ficar em casa, sozinho, culpado e me torturando por tudo que houve.

Então olho para Claire que me olha curiosa e meu coração se aperta no peito sem saber direito o que pensar, já que mesmo sabendo que eu ia embora algum dia, eu tinha noção de que ainda podíamos programar os detalhes de como continuaríamos nessa distância.

Mas agora, assim?

O que será de nós?

-- Leon, está aí?

-- Sim... Estou aqui.

-- Ótimo, você parte amanhã!

-- Estou muito longe daí, não dá para colocar outro?

-- O quê? Ah, Leon... Você insistiu tanto! Agora seu nome já está lá, não tem como ser mudado, faça um esforço.

Droga... E agora?

-- Te espero aqui amanhã o mais cedo possível para acertarmos os detalhes!

-- Quanto tempo?

-- Ah, será rapidinho, em um mês tudo será acertado!

-- Um mês?

Eu não acredito...

Se o Chris tivesse alguma influência no governo, eu juraria que ele estaria envolvido nisso porque agora que estou bem, com uma garota fantástica, aproveitando minhas “antigas” férias, sou chamado de volta?

E o Chris acaba tendo razão...

Vou magoar a irmã dele antes do que ele mesmo previu.

-- Leon, está aí?

-- Sim...

-- Ótimo, te espero! Boa viagem, até logo, garoto!

Ele desliga e largo o celular na mala de novo sem olhar para ela que eu sabia que me olhava esperando uma explicação.

O que vai acontecer agora?

Não posso pedir para ela me esperar por um mês!

-- O que aconteceu, Leon?

Sem olhar para ela vou até o sofá e sento cobrindo meu rosto com as minhas mãos e a escuto se aproximar e sentar ao meu lado.

Como direi que vou embora?

E tem que ser hoje para eu chegar lá até amanhã!

Como eu... Como eu vou deixá-la aqui?

-- Leon... Aconteceu algo grave?

Tiro as mãos do rosto e viro para ela...

Linda, doce e perfeita.

Estou completamente apaixonado por ela, o que farei?

-- Me conta o que ele disse...

-- Tenho que ir embora.

-- O quê?

A voz dela falha no final e o brilho azul intenso de seus olhos desaparece dando espaço a uma tristeza e um medo evidentes.

Um mês...

-- Ele me indicou para uma missão e tenho que estar lá amanhã de manhã.

-- Amanhã?

-- Sim...

-- Mas você ainda está de férias!

-- Sim, mas... Antes de eu vir para cá, tinha passado no escritório dele e eu tinha pedido para voltar a trabalhar, só que ele recusou.

-- E?

-- E... Que agora surgiu uma missão e ele resolveu fazer o que eu pedi naquela época.

-- Não pode recusar?

-- Ele já colocou meu nome e pelo jeito já foi aceito, parto amanhã.

-- Quanto tempo?

-- Um mês.

Ela desviou e vi seus olhos se umedecerem, mas eu não desviei, sentindo um peso imenso em meu peito devido ao medo dela dizer “então vá embora e não volte”.

Então esperei...

Mas ela não disse nada.

E eu também não sei o que dizer.

Em um mês muita coisa pode acontecer e não quero ser egoísta a ponto de pedir que me espere para resolvermos nossa situação.

Quando volta os olhos para mim, uma lágrima escorre e me aproximo dela sentindo o nó em minha garganta e puxo seu rosto para mim a beijando com uma dor incomparável.

-- Não quero perder você, Claire...

-- Leon... – Ela choramingou.

Nos beijamos intensamente e senti as lágrimas dela assim como senti uma escorrer pelo meu próprio rosto.

Isso não é justo...

Agora que encontro a mulher que tem tudo para me fazer feliz e que jurei que daria tudo de mim para retribuir da mesma forma, sou arrancado daqui de uma hora para outra sendo obrigado a deixá-la.

Não é justo...

Não posso ser feliz, é isso?

Sem nem termos tempo para nos despedirmos direito, sem tempo para dizer tudo que precisamos e sem tempo de encontrarmos uma solução.

Então é isso...

É assim que este sonho acaba?

Cada um para o seu lado apenas carregando as lembranças do sonho que vivemos juntos?

Isso não é justo.

Afasto meus lábios dos dela e mantenho nossas testas encostadas enquanto olho no fundo de seus olhos, me perdendo novamente naquela imensidão de um azul puro como nunca tinha visto.

-- E agora, Leon?

-- Eu não sei...

-- Que horas vai sair?

-- Agora...

Ela fechou os olhos desviando de mim e fico paralisado com medo do que ela possa dizer, mas apenas abaixa a cabeça se entregando as lágrimas.

O que eu digo?

-- Claire...

-- Um mês, Leon?

-- Nós... Eu... Eu não quero que isso acabe, acredite em mim.

-- Eu acredito em você.

-- Então... Podemos dar um jeito...

-- Como?

-- Eu não sei...

Não posso pedir para ela me esperar... Será muito egoísmo da minha parte, porque ela pode encontrar um cara bacana que possa fazê-la feliz e... O que estou dizendo, se eu souber que está com outro, eu enlouqueço.

Ela é minha...

Só minha.

Minha Claire, minha ruivinha, apenas minha.

Ela vira novamente para mim e o nó em minha garganta aumenta com a dor que sinto em ter que ir embora, mas ela se aproxima e me beija novamente entre as lágrimas e retribuo de maneira desesperada, com pavor de que seja a última vez que estou com ela.

-- Não quero te perder, Leon...

-- Eu te amo, Claire.

A beijo novamente, puxando seu corpo para mim e mesmo com a dor no corte da minha boca, eu não ligo, apenas a beijo com um desejo desesperado por tê-la para mim.

Ela passa os braços ao redor do meu pescoço e a puxo para o meu colo a apertando contra o meu corpo e beijo seu pescoço, louco para penetrar seu sabor para sempre em minha mente.

Não sei se isso voltará a acontecer...

Mas preciso guardar isso em minha memória, o sabor, o beijo, as carícias, a sensação... Tudo. Preciso de tudo.

Volto a sua boca e a beijo desesperado sentindo seu rosto úmido e ela se aproxima mais me fazendo sentir que eu queria mais, muito mais, mas não há tempo para isso e não vou tornar esse um momento rápido de prazer.

É saudade...

Saudade antecipada acompanhada do medo que tenho de perdê-la para sempre e nunca mais poder tomá-la em meus braços.

Medo de perdê-la...

Medo...

Muito medo.

E mesmo desconhecendo esta sensação por muito tempo, ela volta, forte e cruel carregando consigo um sorriso com a probabilidade de eu perder a mulher da minha vida.

E o pior...

Já tive a chance de estar com ela antes e eu, burro ou inconsciente, nunca notei que era ela a mulher ideal e perfeita para mim.

Talvez eu mereça isso...

Mas não é justo!

Paramos com o beijo e olho em seus olhos tristes e fragilizados me implorando para dizer algo bom.

-- Não quero pedir que me espere...

-- E se eu disser que quero esperar?

-- Um mês?

-- O tempo que for...

-- Não temos tempo para conversar sobre tudo agora, então seria apenas depois de eu voltar.

-- Liga para mim quando estiver de volta?

-- Sim, eu prometo...

-- Então vamos pensar que... Não é um término, certo?

-- Não é um término.

Apesar de que ambos sabemos que depois do meu retorno, ainda terei de continuar para lá e não tenho tempo de voltar aqui já que tem finais de semana que o trabalho também me prende.

Mas já estamos tão desacreditados...

Se eu colocar isso na mesa, talvez acabe de vez...

E prefiro permanecer com uma chama de esperança acesa do que chegar na minha casa sabendo que perdi tudo.

-- Então conversamos em um mês...

-- Em um mês... Eu vou esperar por você, Leon, eu prometo.

-- Eu também, eu prometo.

Ela me beija novamente e levanto com ela em meu colo, então a deixo voltar ao chão e procuro minha mala com o olhar indo na direção dela e a pegando.

Claire se aproxima com os olhos encharcados e pega em minha mão parecendo não querer mais soltar.

-- Te levo até lá embaixo...

-- Tudo bem.

Saímos do apartamento caminhando lentamente e em silêncio, parecendo que nenhum de nós queria chegar até o meu carro.

Mas chegamos...

Eu jogo minhas coisas no banco de trás e me viro para ela que parece tentar resistir as lágrimas e a puxo em um abraço apertado.

Meu coração se revira no peito...

Não posso te perder, por favor... Não posso.

Sinto meus olhos umedecerem, mas resisto, tenho que parecer forte ou ela perderá a esperança.

-- Promete que vai me avisar?

-- Eu prometo...

Nos beijamos mais uma vez e não tiro meus braços do redor dela, não querendo soltá-la, não querendo deixá-la ir para longe ou fugir de mim.

Então fixo em seus olhos decorando cada traço de seu rosto doce e incomparável que faz meu coração palpitar e ao mesmo tempo meu nó na garganta se prender mais.

-- Quando eu te vi pela primeira vez depois de tudo, lá no aniversário do seu irmão, me admirei por estar ainda mais linda, sabia?

Ela sorriu e eu a acompanhei.

-- Você me salvou, Claire... Se não fosse por você, aquela amargura teria continuado em minha alma e não sei o que teria acontecido comigo.

Ela acaricia meu rosto e o curvo para senti-la melhor.

-- Me apaixonei... Como um desesperado. Pelo seu olhar puro, seu sorriso doce e seu jeito de menina... Isso tudo me fez ver a mulher perfeita em que se transformou e que eu precisava ter para mim... Que eu PRECISO ter para mim.

Mais uma lágrima escorre de seus olhos.

-- Jamais vou te esquecer... Eu te amo, Claire, eu te amo como um louco, como um desesperado, te amo de um jeito que jamais achei que fosse possível amar alguém... É você. Você é a mulher para mim. Não dá mais sem você.

Ela me beija com um desespero evidente e retribuo sentindo mais uma lágrima escorrer pelo meu rosto e com meu coração apertado no peito, me dilacerando, me corroendo e me destruindo, me afasto e entro no carro antes que eu perca a coragem.

Mesmo sabendo como ela sofria, ligo o carro e arranco de lá sentindo que um pedaço de mim foi arrancado e ao vê-la chorando pelo retrovisor, as lágrimas surgem também com uma agonia que ninguém merecia sentir.

Eu te amo, Claire...

Te amo minha ruivinha linda...

Será que realmente teremos um final feliz?

Será que isso não vai acabar?

Ou já acabou...

O que acontecerá daqui para frente?

Não posso tê-la perdido... Não posso... Claire.