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História Uma estranha no ninho - Vol. II - Encontros indesejados.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Enfim em casaaaaaaaaaa!!! Agora eu sou Potiguá.
Boa leitura pessoal e obrigada pelo carinho!!! Perdão pelos erros de qualquer tipo e a demora. Bjs no kokoro!!

Capítulo 17 - Encontros indesejados.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - Encontros indesejados.

— Aqui está! – disse a atendente com um sorriso de orelha a orelha, afinal, não era todo dia que um Santo de Ouro era visto assim, tão casual.

— Me acompanha? – Aiolia perguntou simpático, indicando o caminho à morena.

De uma forma estranhamente tímida, Naomi acenou positivo, caminhando com Aiolia até a parte externa, aceitando o convite mudo para senta-se.

De início ela se sentiu um tanto desconfortável, pois no fundo imaginava a si mesma com Camus, bem ali, e não alguém que nunca havia sequer trocado um bom dia. Não sabia muito bem como se comportar e muito menos o que dizer. Não queria que Aiolia percebesse que não estava bem, mas também não conseguia evitar esconder totalmente sua tristeza.

Por que as coisas tinham de ser tão difíceis?

E de bobo e inocente, o garboso Cavaleiro de Leão não tinha nada e mesmo Naomi não dizendo uma vírgula, ele notara assim que a viu na rua que ela não estava bem. Naomi parecia distraída, amuada, tentando esconder uma tristeza evidente em seus belos olhos azuis por trás do rosto igualmente lindo.

Com curiosidade o cavaleiro de leão continuou a observar em silêncio. Naomi comia devagar. A boca pequena e carnuda, vermelha e levemente inchada pelo frio do sorvete, os cabelos negros destacavam ainda mais a cor dos olhos. Ela se remexeu, pegando mais um pouco da guloseima. Cada colheradinha parecia preciosa, tão preciosa que fizeram Aiolia esquecer que precisava piscar. Naomi era intrigante, misteriosa e...

...linda. Linda demais!

— Obrigada! Eu...juro que vou pagar.

Aiolia piscou algumas vezes, se remexendo na cadeira, olhando de um lado a outro a fim de disfarçar. Sorriu simpático, respirando fundo, inflando o peito forte e logo cruzando os braços.

— Não precisar. – respondeu ele pegando um pouco de sorvete.

— Eu faço questão.

— Olha, assim você está começando a me ofender. Eu não vou morrer ou ficar menos pobre só porque paguei um sorvete a alguém. E também...eu ainda acredito no cavalheirismo e...

Blá blá blá...pois depois de finalmente encarar o Leonino e ver o sorriso simpático e perfeito, essas foram as únicas coisas que Naomi conseguia ouvir.

— ...você não concorda?

— Hãn?! Ah! Sim, claro! Você está certo. – fez uma pausa, lembrando de Camus e emburrando um pouco a cara. — É difícil encontrar cavalheiros hoje em dia. A grande maioria só pensa em si mesmo.

A morena desviou o olhar para a cestinha voltando a comer. Estava, agora, levemente mais irritada, mas também ainda mais incomodada, mas não só pelo fato de sua transa mal dada e sim pela simpatia e carisma de Aiolia. Não soube explicar, mas simplesmente não conseguia parar de admirar o sorriso dele. Talvez fosse a carência ou Aiolia fosse realmente lindo?! Ou talvez as duas coisas.

Ela ainda não havia tido contato daquela forma com o cavaleiro de Leão, aliais com nenhum outro além de Camus. Sabia que o Grego era irmão mais novo de Aiolos e que ele e Kyoko não se bicavam. Por alguns momentos Naomi questionou o porquê. Diferente de Camus, Aiolia parecia fazer questão de sorrir e ser cortes. Sua conversa era agradável e sua voz muito doce, mesmo de tom grave. Forte. Ele parecia fazer questão de conversar, mas sem em nenhum momento ser atrevido ou as vezes desinteressado. Isso somado a todos os belos atributos físicos que o leonino possuía.

Os dentes de Aiolia eram perfeitos. Como naqueles comerciais de pasta de dentes, onde o ator sorria e o brilho no canto dos lábios cegava quem olhasse. E quando isso acontecia seus olhos verdes se destacavam ainda mais diante da pele morena. A barba por fazer o deixava com cara de homem. Um contraste fofo com seus castanhos cachos lisos e o sorriso de menino. Aiolia parecia um garoto no corpo de um homem feito. Talvez nem ele soubesse que não precisava de esforço algum para ser tão ou mais atraente do que seu irmão.

— Falando assim eu poderia supor que suas experiências não foram lá essas coisas. – Aiolia sorriu comendo.

— Bom, levando em conta que eu passei 400 anos presa no corpo de uma velha de mais de 1.000 anos e que, agora que me libertei fiz a pior escolha possível?! Sim! Você acertou! – Naomi tentou sorrir, mas não conseguiu, dando certeza a desconfiança dele.

Aiolia riu divertido e um tanto perplexo. Mesmo não tendo contato com a morena, todos os Santos de Ouro sabiam muito bem que a casa de Aquário não era mais tão vazia, e se Naomi dizia que depois de voltar ao normal havia feito uma escolha ruim relacionada a homens...bem, isso só podia significar que era com Camus que ela estava decepcionada. O que foi um verdadeiro choque a Aiolia.

Camus possuía a fama mais impecável de todo Santuário até mais que Saga. Sendo um exemplo ele possuía a melhor e boa conduta que um homem e um Cavaleiro de Athena podia oferecer, mas pelo visto o Francês boa pinta não era tãooo perfeito quanto diziam. E pensando bem, Camus havia de possuir algum defeito né?!

— Uall! Isso realmente me deixou bem surpreso, pois...bem...- Aiolia coçou a nuca e achou por bem não comentar.

Naomi sorriu irônica, respondendo no gesto o que o leonino iria questionar. Não o culpou por isso, tampouco sentiu raiva, pois se tratando de Camus a decepcionar alguém, realmente era assustador.

— ...seria audácia perguntar como isso aconteceu? Digo, como ficou velha e agora está nova de novo?! – completou o leonino, mudando de assunto.

— É uma história um pouco longa.

— Eu não me importo. – Aiolia sorriu, apoiando o queixo na mão e comendo. — O Pégaso já está entregue e eu tenho bastante tempo livre hoje. A não ser que você tenha algum compromisso.

Naomi ficou observando o cavaleiro, mais precisamente o sorriso simpático que ele esboçava. Engoliu em seco, admitindo mesmo sem querer que Aiolia era verdadeiramente lindo. Devolveu o sorriso sem ao menos perceber e com riqueza de detalhes contou sua trajetória ate ali.

Aiolia ficou muito surpreso pela vida difícil de Naomi e em saber de coisas sobre Kyoko que nem imaginava. Sempre a achou um horror! Terrível! Kyoko era teimosa, irritante, infantil e vários outros adjetivos que preferia nem mencionar.

— ...e se não fosse a Kyoko não sei o que seria daquelas pessoas. E de mim também.

Aiolia bufou, erguendo uma das sobrancelhas. Naomi achou engraçado. Sorrindo, indagou com cinismo:

— O que foi? Não acredita em mim?

— O quê? Não! Quero dizer, sim! Sim! Claro que eu acredito, mas...porque da pergunta?

— Por causa da sua cara de escárnio. – disparou Naomi sem gentileza.

— Ah! Me perdoe, eu não quis passar essa impressão, mas é que...olha, pra ser bem honesto para mim é quase inacreditável que ela tenha sido isso tudo que você falou.

Aiolia suspirou, pegando mais um pouco de sorvete e sério, completou sem cerimônias:

— A Kyoko é um horror!

Nani?! (Quê?!) – Naomi começou a rir alto, gargalhando muito, fazendo Aiolia enfezar a cara por alguns segundos, mas logo ele mudou, sorrindo de lado e entrando no embalo da risada gostosa, e sexy da morena.

— Eu sei, eu sei. Pode rir.

— Pelos deuses, leãozinho! Você foi a primeira pessoa do mundo que disse uma coisa dessas. Ela pode ser qualquer coisa, mas um “horror”?! Isso foi bem exagerado. – fez uma pausa, crispando o cenho. — Vem cá! Você não está afim dela, está?!

Aiolia quase pulou da cadeira. Aquilo era o maior absurdo que alguém podia lhe dizer e muito menos lhe acusar.

—Eu?! Não! Claro que não! Pelos deuses! Isso é um absurdo! – falou zangado.

— Absurdo porquê? A Kyoko é linda! Você parece um homem saudável. Não vejo nenhuma novidade alguém gostar dela, agora achá-la um horror, isso sim é um absurdo. – Naomi voltou a rir.

— Nunca! Eu jamais gostaria de alguém igual a ela e eu poderia lhe dar vários motivos para isso.

— Ah é?! Então senhor Cavaleiro de Ouro, me diga os defeitos da Kitsune que enlouqueceu o youkai mais poderoso do Makai e agora o Cavaleiro de Gêmeos, tido como um dos mais, se não for o mais poderoso dos 12. – Naomi desdenhou, sorrindo sarcástica.

— Okay! – Aiolia pigarreou, se acomodando melhor na cadeira. — Em primeiro lugar pelo simples fato dela ter quase me matado. Segundo por ela ter invadido o santuário; Terceiro: A casa de leão; Quarto: Ela é uma ladra! Mal-educada, ranzinza, encrenqueira, esfomeada e mais uma porção de coisas que eu poderia passar o dia inteiro falando, mas o principal e simples motivo é de eu não procurar beleza física nas pessoas. Uma relação vai muito além de beleza exterior. O caráter é fundamental e para mim ela é sim um horror! Me desculpe, sei que são amigas e que muita gente gosta dela, mas...além de bonita e – admito - corajosa não vejo nada. Sinceramente, eu não entendo como alguém como o Saga pôde se apaixonar por alguém como a Kyoko.

Naomi comeu de seu sorvete pensando nas palavras de Aiolia. Na verdade, era bom que ele odiasse mesmo Kyoko. Saga sim quem deveria ama-la e só, entretanto, não soube dizer porque as palavras dele lhe causaram um embrulho estranho no estômago.

Naomi resmungou um okay, virando logo o rosto enquanto terminava de comer, deixando Aiolia um tanto desconfiado de que havia falado demais. Achou por bem terminar seu sorvete, mas assim que levou a colher a boca, percebeu o olhar longe da morena na direção do mar, mesmo sem poder vê-lo dali. Pensou em dizer algo, mas simplesmente não tinha mais palavras. Não era inocente em não perceber que a tristeza de Naomi tinha nome e endereço, mas o que deixava o leonino intrigado mesmo era em como os olhos dela eram bonitos mesmo triste. Pensou em como seriam ainda mais belos quando brilhavam de alegria e não por estar cheios de lágrimas.

— O que tem do outro lado? – Naomi perguntou sem olha-lo.

— Para lá tem a Praia dos Marisco, foi onde eu achei a Kyoko. Por incrível que isso pareça. Ela é quase uma ilhota, sabe?! Nós enfrentamos Poseidon a uns anos atrás e boa parte da Grécia foi invadida pelo mar, e nessa invasão a prainha se formou. Depois veio a Guerra Santa. Tudo virou pó incluindo o antigo Santuário. Famílias inteiras, pessoas inocentes...amigos...se foram. Levou seis anos para Athena decidir onde reerguer tudo de novo com a ajuda de Poseidon assim que o acordo foi assinado. Não sei explicar ao certo como tudo foi feito. Quando fomos ressuscitados tudo estava novinho.

Aiolia sorriu simpático, terminando o discurso. Naomi ficou em silêncio por um tempo, sem desviar os olhos da direção que o leão indicou.

— Eu queria ver o pôr do sol no mar. – cochichou.

— Como disse?

— Me leva para ver? Eu quero ver o pôr do sol. No mar. Você me leva?

Naomi ponderou, virando rápido, olhando nos olhos verdes e surpresos de Aiolia como uma criança pedindo um brinquedo. Ele piscou algumas vezes, pensando no que ouvira e em como os olhos dela eram lindos. Os lábios e a pele...

Pelos deuses! No que estou pensando? ”

Aiolia sabia, assim como os outros dourados que a morena vivia na casa de Aquário, mas mesmo com essa informação ele não conseguiu deixar de refletir como seriam aqueles olhos banhados pelo espetáculo da mãe natureza.

— É que ainda falta bastante para o pôr do Sol.

— Ora, você não sabe usar a imaginação? – sorriu marota, fazendo Aiolia engolir em seco.

— Bom, eu...achei que talvez...o Camus...- Aiolia usou um pouco da razão.

Naomi fechou a cara, irritada. No fundo queria sim que fosse Camus ali, mas também sabia que ele não era romântico suficiente para deixar seus afazeres de Braço direito do Grande Mestre junto com Saga para levá-la a praia. Diferente do Geminiano que se desdobrava entre milhares de coisas como: Treino próprio, fiscalização do treinamento de aspirantes e seleção de novos, as viagens em missões ao redor do mundo e as que acompanhava Saori pela Fundação afim de ajudar pessoas que precisavam. Saga sempre dava um jeito de encaixar Kyoko em sua agenda lotada. Fora assim quando a encontrou e agora, tendo-a como companheira não seria diferente. Coisa que Camus deixava claro que não faria por ela e muito menos por mulher nenhuma, tirando Athena, é claro.

— Eu não tenho nada com Camus se é isso que você quer saber. Mas, tudo bem. Não precisa, não sei pra que pedi isso justo a você. Eu nem te conheço.

A morena ficou de pé e sem mais saiu andando tentando achar a direção indicada. Olhou em volta ao parar na praça e quando escolheu uma direção, parou ao ser segurada. Virando, ela viu a mão grande em seu braço e depois o rosto; era Aiolia.

— Tá indo na direção errada.

— E você se importa?! – rebateu irritada.

— Escuta aqui mocinha, não precisa falar comigo nesse tom. Não quis ofendê-la e muito menos disse que não iria. – Aiolia fez uma pausa. —Por que vocês Youkais parecem sempre estar de mal humor?

O cavaleiro saiu andando na direção certa sorrindo sarcástico. Naomi devolveu o sorriso, cruzando os braços, seguiu o leonino.

— Nós?! Agora a culpa é nossa? Eu não te obriguei a me ajudar em momento algum.

— Além de mal-humorada é ingrata. – sorriu mais o leonino, pegando no braço dela. — Venha, vamos almoçar. Eu estou com fome e aposto que você também está.

— Almoçar?! Tá brincando?! – Naomi retrucou.

— Você disse que era para eu usar a imaginação e é o que estou fazendo. O sol não vai se pôr horas antes só porque a senhorita quer. Agora venha, eu estou morrendo de fome.

— Okay, leãozinho, você venceu.

E assim ambos seguiram juntos.

 

♊oOoOo♊

 

Mais distante dali um par de olhos bicolores observava, atento e satisfeito, a interação do casal. Um leve sorriso se formou no canto dos lábios de Kyoko.

Um grupo de crianças se aproximou ao ver a raposa, rodeando-a e mudando a atenção dela. Fazia quase três anos que ela havia sido dada como morta e aparecer assim foi como se uma celebridade caísse de paraquedas na Vila. As crianças se espremiam umas nas outras tentando tocá-la, querendo a certeza de que era realmente Kyoko ali. Ela riu feliz, ajoelhando para que eles pudessem lhe ver melhor, mas o auge da aglomeração aconteceu quando Saga se aproximou junto de Cheshire. O cavaleiro estava sem armadura e trajava uma túnica grega branca comprida, com um cinto largo vermelho e mangas longas de punhos dourados. A trança branca destacada no meio dos fios azulados estava presa na ponta com uma pequena argola de ouro* geralmente usadas por pessoas importantes, como Cavaleiros de Ouros e deuses. Já a raposa usava um kimono fofo azul claro, mas muito elegante, com varias flores de Ume em rosa, vermelho e branco em toda a barra e manga, com Obi* cinza e azul claro atado nas costas deixando Kyoko ainda mais inacreditável, e a situação ainda mais chamativa. Kyoko e Saga já chamavam a atenção mesmo se fossem mendigos e trajando roupas daquele estilo chamavam ainda mais.

— Olha, é o Senhor Saga! – apontou um menino sem um dente da frente.

Kyoko ficou de pé segurando uma menininha de uns quatro anos. Saga sorriu, mostrando a ela a caixinha cheia de amoras e os chocolates do jeito que ela pedira, e chegando bem perto. As crianças se aglomeraram, tentando toca-los e ver a interação dos dois mais de perto.

— Você é um amor, sabia?! – brincou Kyoko, lançando um beijinho para ele. Saga crispou o cenho, sorrindo.

As crianças começaram a rir e a cochichar entre si, mas foi a menina quem disparou primeiro:

— A Kyoko é a namorada do Senhor Saga?

Saga riu mais, um pouco sem jeito.

— Uall! Como você acertou? – falou Kyoko sem a menor cerimônia.

As crianças começaram a gritar, rindo e pulando, deixando Saga ainda mais sem jeito.

Ela então colocou a menina no chão e se aproximou mais dele, segurando em seu braço, fazendo as crianças e algumas pessoas que observavam de longe sorrirem maravilhadas. As crianças riam, olhando para eles como se esperassem uma interação a mais do casal, uma prova do que ela dizia.

— Você tem mesmo que chamar tanto a atenção? – Saga sussurrou, tentando disfarçar.

— Eu não sabia que dizer a verdade era chamar a atenção. – devolveu Kyoko no mesmo tom.

—Saiba que um relacionamento explícito de um Santo de Ouro é a coisa mais rara do universo. Ver um deus é mais fácil que isso. – Gêmeos disfarçou, apertando a mão de um dos meninos.

— Jura?! Então, acho que está na hora de mudarmos isso, não acha?!

Saga olhou para Kyoko, mas sem muito tempo para protestar, pois ela se esticou um pouco, dando um beijo leve nos lábios dele, causando uma euforia enorme no meio das crianças. Elas começaram a berrar, pulando e correndo como formigas ao redor de um grão de açúcar.

— Kyoko! – ele repreendeu, sem jeito.

— Viu?! Eu disse a vocês que estava falando a verdade.

Kyoko sorriu matreira enquanto começava a caminhar. As crianças saíram correndo, ainda gargalhando e cochichando entre si, deixando Saga ainda mais perplexo.

— Eu preciso de um cigarro. – confessou, coçando a testa.

— Sabe que não pode fumar. Naomi o proibiu se quer mesmo...engravidar Kyoko-sama. – Cheshire se aproximou, enfim e estendendo um chiclete a ele.

Saga bufou e sorriu, pegando a goma e enfiando na boca, saindo atrás de Kyoko.

E no caminho Kyoko ganhou chocolates de Bruno ao fazê-lo chorar de alegria em saber que estava viva; ganhara doce de leite do leiteiro e flores do vendedor de flores; ganhara também vários brioches e sonhos da senhorinha que salvara no ataque de Yuriko. E quando ela avistou de longe o que queria sorriu com o coração cheio de felicidade e ansiedade.

Saga olhou para Cheshire e este já não tinha mãos para carregar todos os presentes de Kyoko, inclusive Saga também. O cavaleiro se aproximou e num piscar de olhos moveu tudo para a casa de Gêmeos, dando um baita susto em Julieta quando a mesa da cozinha ficou cheia de coisas.

De costas Lena ajudava Luy a carregar suas coisas de escola. A raposa se aproximou rápido, abaixando atrás dele e cobrindo seus olhos com as mãos. Lena se assustou, mas se calou ao sinal de Saga.

— Adivinha quem é? – Kyoko falou.

Luy estremeceu. Aquela voz era inconfundível!

— Tyoko?! Tyoko!

A raposa o soltou e em um pulo Luy se jogou nos braços dela, chorando de felicidade. Kyoko o apertou nos braços com força, quase tirando todo ar do menino, enchendo ele de beijos. Sentiu muitas saudades dele mesmo sem lembrar. Seu coração sabia das coisas importantes que havia perdido.

— Eu voltei! Não precisa chorar! – ela falou, secando as lágrimas dele.

— Você...lemblou de mim, Tyoko? Eu pensei, pensei ti...ti a Tyoko...

— Sim, eu me lembrei de você. Me perdoa, tá bom?! Sei que causei muito sofrimento a você...- fez uma pausa, engolindo o choro. —...e ao Saga, mas agora acabou! Eu estou aqui agora e nada mais vai fazer eu me separar de vocês.

Kyoko sorriu feliz, mostrando suas covinhas. Logo abraçou Lena que também chorava feliz. Só ela sabia o quanto seu filho havia sofrido com a morte de Kyoko. Tê-la de volta era um alívio e uma felicidade que tanto Saga e o pequeno “Saguinha” também precisava.

— Ah! Os chocolates que você me mandou estavam ótimos! Eu adorei! Fiz Saga comprar um montão deles pra mim de tão bom que estava.  

Luy ficou verdadeiramente surpreso. Ele podia jurar que aquele homem, aliais, o mesmo homem que acompanhava Saga, havia roubado os chocolates que daria a Kyoko. Então, ele realmente não mentira. Cheshire havia sim entregado os chocolates a Kyoko conforme havia dito que faria.

— Eu disse que entregaria. – ele falou, sorrindo.

Lena ficou observando o sorriso e o belo rosto que aquele homem estranho possuía. Ele estava muito diferente da primeira vez que o viu ao invadir sua casa, mas agora, sabendo que ele era amigo de Kyoko, seus olhos e sua impressão mudaram a respeito dele. Até porque...ele era muito bonito.

— Você vai almoçá tum a genti Tyoko?

Kyoko sorriu e olhou para Saga. Ele olhou para Lena e depois Cheshire, respondendo:

— Claro! Por que não?

Luy começou a pular, feliz da vida. Não tinha como estar mais feliz que isso, tinha?!

Todos seguiram caminho e na casa simples, e aconchegante foram servidos com uma bela macarronada ao molho branco, suco de uva verde e peixe assado. Kyoko e Cheshire comeram como dois retirantes, coisa normal para youkais, mas para humanos, não. A sobremesa: torta de amoras, a favorita de Kyoko, é claro. E no meio do café da tardinha Saga conversava com Lena enquanto Kyoko e Cheshire jogavam vídeo game com Luy sentados no chão.

— Ei! Você roubou, Cheshire! Isso não vale! – reclamou Kyoko, emburrada. Cheshire gargalhava junto com Luy.

De repente a porta se abriu bruscamente e um homem loiro, alto e sujo entrou pela porta berrando por Lena. A dona de casa levou um susto, ficando pé com a feição assustada e branca como vela. O homem parou, olhando todos na sala e mesmo sabendo que aquele sentado em seu sofá era Saga de Gêmeos, ele, ainda sim, não se intimidou.

— Boa tarde, cavaleiro. – cumprimentou sem vontade, Saga acenou com a cabeça, sentindo o cheiro que incomodou ainda mais Kyoko e Cheshire.

O homem olhou para a raposa, crispando o cenho e piscando para ver se estava vendo direito. Ele nunca havia visto Kyoko.

— Mas que merda é essa? É carnaval e eu não sabia. – gargalhou jogando a bagagem no chão.

Kyoko fechou ainda mais a cara e seus olhos mudaram de cor. Saga também não gostou do tom usado, ficando de pé.

— Filipe, essa é a...Kyoko...ela, foi ela quem salvou o Luy. – Lena falou, temerosa.

— Ta me dizendo isso pra eu ter que agradecer? – devolveu o homem.

— Filipe...

— Ah, mulher! Não me enche. Eu estou morto de fome. O que tem para comer?  

Os olhos de Kyoko se estreitaram, ameaçando a ficar de pé, mas a mão de Luy a segurou mais forte, suada e fria, e ela então entendeu muito bem o que e quem era aquele homem.

— Está na hora de irmos, Kyoko. – Saga falou sério, sem desviar os olhos do homem.

— Hahahahah...perai! Deixa eu ver se eu entendi: Essa cachorrinha é o animalzinho de estimação do santo traidor?! – escarneceu gargalhando.

Saga sentiu o sangue ferver, mas nem tivera tempo de agir. O homem engasgou, se debatendo, sentindo a mão forte de Cheshire agarrar seu pescoço e com a outra mão segurar sua língua. Lena levou um susto enorme, quase caindo.

Saga olhou a cena e entendeu muito bem. Luy estava com medo e agarrado a Kyoko, num pedido mudo para que ela não fosse. Furiosa com o atrevimento e por entender que Filipe era um marido e pai abusivo, a raposa usou Cheshire que, ligado a si, sabia o quanto ela havia se enojado com aquele homem, pois ela melhor que ninguém ali sabia da sensação de ser abusada, maltratada e humilhada.

— Ora, ora...você fala demais, humano. – Cheshire falou entre os dentes, sorrindo malicioso, gostando da agonia do homem. – Acha que se eu arrancasse a língua dele e lavasse com sabão Naomi conseguiria colocar no lugar depois?

Luy começou a chorar muito e Lena se desesperou, pois temia e muito as consequências quando Kyoko fosse embora.

Quando Kyoko se apegou a Luy, Filipe estava fora. O pai de Luy trabalhava nas caldeiras de Navios de carga e por conta disso viajava muito. Na época, Lena agradeceu aos deuses por Kyoko e ele nunca terem se esbarrado, pois ela sabia que com o temperamento forte e instinto protetor sob Luy, ela jamais toleraria o homem na presença do menino, mesmo ele sendo o pai.

— Por favor, solta ele! – berrou a mulher, desesperada.

— Kyoko, não faz isso. Cheshire, larga ele! – Saga bradou, nervoso. Ele sabia muito bem como o comportamento daquele homem mexeu com as lembranças dela.

Cheshire apertou mais o pescoço de Filipe, fazendo ele pôr a língua mais para fora e quase quebrando-lhe a traqueia. Ele tossiu, tentando se soltar, desesperado, mas mal ele sabia que quanto mais se debatia, mais Cheshire se divertia. Amava brinca com sua presa até que ela morresse.

Saga abaixou, fazendo Kyoko olhar para ele, sentindo-se nervoso por Luy. O menino chorava muito, assim como sua mãe.

— Kyoko, não faz isso, ele o pai do Luy. Por favor, soltei-o. Ele está bêbado, não sabe o que diz. Solte-o.

Kyoko ficou olhando Saga e depois olhou para Luy. Cheshire seguiu a ordem silenciosa dela. Filipe caiu sentado, cuspindo sangue no chão. A unha de Cheshire quase havia rasgado a carne ao meio.

— É melhor a gente ir. – Saga falou.

Kyoko abriu os olhos e seguiu a Luy, abraçando o menino com força. Sabia que o medo dele era da consequência que aquela situação causaria, mas Saga tinha razão. Ela não tinha o direito de interferir na decisão de Lena, mas uma coisa ela iria fazer sim, mesmo a contragosto de Saga e Lena.

— Eu vou voltar, está bem?! Vai ficar tudo bem.

A kitsune deu um beijo em Luy e ficou de pé, olhou Lena e depois o homem. Na porta ela deu o veredito:

— Cheshire, cuida do Luy pra mim. Isso não é um pedido é uma ordem. – os olhos de Cheshire brilharam e ele sorriu.  

— O quê?! Quem você pensa que é sua vadia?! Eu não lhe dei esse direito. – berrou o homem, furioso, empurrando Lena que tentava segura-lo.

Saga passou por Kyoko, tão rápido que nem ela pode vê-lo, segurando o homem pelo colarinho, quase o tirando do chão, dizendo:

— Dobre a sua língua quando falar com a MINHA mulher! Eu só vou dizer uma vez: se você ousar erguer sua voz para o Luy ou para a Kyoko outra vez, eu vou arrancar seu intestino e enforcar você com ele. Fui claro?!

O homem engoliu em seco, olhando Lena e depois Luy. Quando Saga o soltou quase caiu de novo, sem graça.  A raposa deu as costas, caminhando com o cavaleiro, indo na direção de Cheshire. O shinobi sorriu, fazendo seu corpo se dividir ao meio e criando uma copia sua. Uma das cópias sumiu no ar, se transformando em um gato e deitando no sofá próximo de Luy, enquanto a outra seguiu com Kyoko e Saga.

Da janela, Luy acenou para a raposa com o gato nos braços. Através dele Cheshire observaria cada mísero movimento que Filipe ou quem quer seja faria naquela casa ou perto de Luy. Daria a ele o que não conseguiu dar a Saga quando era menino.

Ao sair Saga bufou. Não podia negar que Kyoko ter deixado Cheshire ali o aliviou, pois ele também não aprovava aquele tipo de comportamento. Gostava do menino e não se sentiria tranquilo em sair e deixá-lo nas mãos daquele bêbado que dizia ser pai.

— Meu herói! – falou sexy, se aproximando mais.  

Saga sorriu, dando um beijo na testa dela. Sentiu um chamado tenso pelo cosmo, um aviso direto de Athena e pelo meio das orelhas de Kyoko ele viu a entrada de Rodório. Seu sangue gelou nas veias, o coração falhando uma batida. Aquilo não podia ser verdade.

Sentiu através do cosmo que sim! Era real e seu desespero aumentou.

— O que foi? – Cheshire indagou preocupado.

— Leva ela. Tire-a daqui, vai! – ordenou nervoso.

— Saga, o que está havendo? – Kyoko indagou preocupada.

— Eles chegaram. – ditou Saga fazendo Cheshire entender.

Sem mais esperar o shinobi agarrou a mão de Kyoko, a puxando consigo. Ela tentou protestar de início, mas logo aceitou, sumindo com Cheshire pelos becos de Rodório. Saga sabia que ninguém melhor que o Nekko para esconder Kyoko.

Respirando fundo, Saga manteve a postura altiva, imponente. Agradeceu aos deuses por ter acatado ao pedido de Kyoko e não ter trocado de roupa, pois assim seria mais fácil dissimular.

— Ora, ora! Olha, Titio quem veio nos recepcionar. O Cavaleiro de ouro de Gêmeos. O braço direito, ou seria o esquerdo, do Grande Mestre.

— Olá, Saga! Obrigado por vir. – cumprimentou Julian.

— Poseidon. Dionísio. Sejam bem-vindos! Athena os aguarda. – Saga disse, imponente.

— Uall! Que postura! Que imponência! Que lindo!

Saga seguiu a voz e quase caiu duro no chão. Aquilo era realmente sério? Aqueles deuses eram tão baixos assim?!

— A...Afrodite...

A deusa da beleza sorriu, se aproximando, olhando Saga bem de perto e todos os seus detalhes. Viu a trança branca dele e crispou o cenho sem entender. Ao seu lado haviam quatro ninfas. Todas sorriram, admirando com desejo a beleza máscula do Cavaleiro de Gêmeos. Saga ficou mudo, engolindo em seco. Por mais apaixonado que fosse, por mais que amasse Kyoko, estar diante de uma ninfa e resistir era uma proeza, agora, diante de quatro e ainda mais Afrodite, e Dionísio...

— Então, é você o guerreiro de que tanto falam. O traidor que virou mocinho. Nada mal! – sorriu maliciosa a deusa da beleza.

Dionísio sorriu ladino, sentindo o incomodo no cosmo de Gêmeos. Ai-ai, nunca pensou que seria tão fácil. Ele mal havia chegado com suas súditas e Saga já se sentia afetado pelo encanto delas.

— E se você está aqui, onde ela está? – disparou o deus do vinho, sem cerimônias.

Saga piscou, despertando.

— Como disse?! – Saga ficou sem entender.

— Ora, não se faça de idiota, cavaleiro.

— Vamos com calma, Dionísio. – Poseidon interrompeu, se aproximando.  — Você a verá quando for a hora, primeiro temos de cumprimentar a dona da casa. Saga?!

Saga acenou positivamente. Usando seu cosmo e com a permissão de Athena levou os deuses e as ninfas até o 13º templo com o coração mais aflito do que nunca.

Continua...


Notas Finais


ohhhh god!! Eles chegaram e o Saga quase infartou com essa.
kkkkkkkkkkkkkk...

OBS:
* Obi – faixa usada amarrada à cintura para manter o kimono fechado. Varia em largura e comprimento. Homens em geral usam obis de trama larga e firme, em cores discretas, estreitos, amarrando com um nó às costas circundando a linha abaixo da barriga. Mulheres em geral usam obis em brocado largos, com desenhos feitos no tear, ao redor do tronco e amarrados às costas. Cores e desenhos variam: os mais brilhantes e intrincados são usados em ocasiões formais.


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