História Uma funjoshi maluquinha - Cap 21

Japão - Cidade de Tokyo.

Ambiente – Mansão de Derick

01:16 da manhã, dia 25 de agosto.

[Derick on]

 Meu dia dentro hospital foi um tanto cheio, pois tive de fazer uma cirurgia urgentemente. Ela foi de última hora, eu estava prestes a sair do meu turno, porque o mesmo já havia acabado, iria alguns minutos. Então, finalmente retornaria para casa, mas me chamaram as pressas para fazer a cirurgia, a mesma sendo bastante delicada e extremamente urgente. Uma mulher havia sofrido um grave acidente, então tivemos que fazer uma cesariana para salvar a vida dela e da criança. Ela estava de exatamente 38 semanas, mas ela sobreviveu ao acidente. O casal havia chegado a poucos meses dos Estados Unidos, a esposa estava a caminho de casa e resolveu pegar um táxi. Nessa ida para casa, um motorista bêbado se chocou contra o carro onde ela estava, com isso provocando um grave acidente, porém o marido só recebeu a notícia que sua esposa havia sofrido o acidente quando estávamos fazendo a cesariana nela, a mesma estava ocorrendo na sala de parto, pois a levamos as pressas para lá. Ela deu a luz a um pequeno garotinho, o mesmo sendo forte e de pequenos olhos azuis, cabelos castanhos claros e de pele parda como a da mãe, a mesma sendo de pele clara.

Contudo, a única coisa que não gostei, foi ficar longe daquela garota encrenqueira que está vivendo comigo faz algum um tempo. Porém, melhor dizendo já faz alguns meses desde que a mesma despencou sobre a minha vida, sendo mais uma vez depois de muito tempo. Quem diria que ela daria tanto trabalho depois de grande, mas com os meses que se passaram, eu pude conhecer uma nova garota, a mesma é diferente daquela que treinei no passado para enfrentar um terrível pesadelo no futuro que está por vir em breve. Pois sendo a escolhida para isso, eu a treinei como uma verdadeira guerreira para a batalha. Ela é forte, bem determinada, não desisti fácil do que realmente quer e é bastante sensível.

Entretanto, ela poderia usar isso mais no mundo real! Pois ela só vive no próprio mundo, eu não sei por qual motivo resolvi dar a ela um celular para se entreter, porém, eu não sabia que ela é uma Otaku e Funjoshi, viciada nesse mundo tecnológico! Claro, também não sabia que ela é tão pervertida, porque tenho plena certeza que se procurar no dicionário a palavra perversão ou pervertida, com toda a certeza, vai ter uma foto dela bem abaixo dessas mesmas palavras.

No momento estou no meu carro retornando para a mansão, porém já está um pouco tarde, pois já passou da meia noite, então acho que minha pequena garotinha, já está adormecida em outro mundo. Não! Definitivamente, ela deve estar aprontando alguma coisa! Essa garota é bastante desastrada, como se não passe de uma criança, mas uma bem adorável e muito encrenqueira, a mesma é como se realmente fosse uma! Porém, ela despertou nesses últimos meses meu lado paterno, para com a mesma. Contudo, isso me faz lembrar de que eu devo a proteger até o dia finalmente chegar, porque ela já se tornou muito forte e cresceu sozinha. Eu consigo ver isso através do olhar forte, determinado e meigo da mesma.

- Mei Mei! Tadaima! – digo entrando e subindo as escadas após trancar a porta, enquanto isso vou retirando o paletó e desapertando o nó da gravata, pois só visto o jaleco e a roupa branca no hospital, mas troco sempre  antes de voltar para casa por um paletó preto e uma roupa social.

Mas não encontro a mesma em meu quarto, nem no dela, com isso desço até o jardim a procura da garota encrenqueira. Todavia, também não encontro, apenas avisto suas roupas jogadas no chão do mesmo, as roupas estão espalhadas ao centro perto na mesa que usamos as vezes para tomar chá. Tem uma quantidade de sangue respingado no chão, o mesmo quase formando pequenas poças de sangue pelo local. Porém, a um bilhete ao centro da mesa, o mesmo com algumas gotas pequenas de sangue que respingou sobre o papel, que parece ser um pequeno bilhete.

Pego o mesmo e desdobro com cuidado, então começo a ler atentamente o bilhete, logo noto que ele foi escrito a mão por ela. Ele está escrito com uma caneta da cor preta, as letras estão algumas bastante machadas de sangue e trémulas, porém são totalmente legíveis.

Querido Derick:

“Eu sei bem quem é você... Você é o mesmo Derick, o do meu passado... Porém, eu finalmente descobri toda a verdade sobre meu passado, e também sobre mim... Desculpe-me, mas o despertar já está na hora de ser cumprido!

As vezes pessoas boas fazem escolhas ruins, mas não significam que são más, isso significam que são humanas...

Bem, eu agradeço por tudo, porém não se culpe por nada, pois eu te perdoo! Isso é um adeus, meu eterno vilão e também herói, apenas lembre-se de nossos bons momentos e esqueça as tristes lembranças do cruel passado. Você apenas me protegeu da sua maneira, eu agradeço por isso, mas não precisa mais me proteger!”

Ps:“Te amarei para todo sempre, meu segundo Pai...”

- Não... Isso não pode estar acontecendo! Ela completa seus 17 anos hoje, porém eu estava preparando tudo até uma festa para a mesma no dia 07 de outubro... Mesmo que o aniversário dela sendo hoje, e tivesse passado dois meses ainda seria uma bela festa para a mesma... Mas, por que isso tinha que acontecer justo agora...? – me pergunto baixinho, com isso colocando rapidamente o bilhete dentro do bolso da calça e saindo as pressas do local.

O momento se aproxima, cada vez mais da crueldade e a insanidade do dia que infelizmente chegou. A batalha, então em breve será travada... Esse selo só alimentou a sede de vingança daquele demônio, ainda mais. Mas quem a buscou? Tem alguém por traz de tudo isso, e esta ajudando aquele maldito demônio dentro dela. Mas quem é ele? Por que está fazendo? Terei que chamar os quatro garotos, aos quais se envolveram com ela, mas que na verdade tem o dever de proteger os inocentes ao redor dela, os mesmos são os anjos serafins, os guardiões escolhidos por Deus. No fim de tudo, quem ganhará a guerra? Aqueles quatro, são a única salvação das pessoas que ela ama.

- Você viu meu lado escuro e não foi embora, mesmo depois de eu ter descoberto que fui eu que te machuquei no passado... Pelo contrário, você amadureceu bastante, pois já é capaz de sorrir para as pessoas que te machucam e te fazem chorar! Espere por mim minha pequena, pois eu estou a caminho... – digo já dentro do carro dando partida, para encontrar as quatro pessoas para tentar evitar o destino crucial que está por vir, pois se ele acontecer será o fim da humanidade e daqueles que existem desde o início dos tempos.

[Derick off – Subaru on]

 Já se passaram muitos meses, desde que ela saiu correndo por aquela mesma porta, que acabou de retornar. Agora ela está bem aqui na nossa frente, a mesma se encontra ajoelhada com o mesmo olhar de medo e com o corpo completamente destruído, igual a última vez que a vi. Ela parece tão só, vazia e morta por dentro... Seus olhos, os mesmos não tem mais o mesmo brilho de antes, eles são tão sem vida e vazios, bem diferentes de quando brilhavam como as estrelas do céu nas belas noites. São tão diferentes de quando a vi pela primeira vez, eu me lembro bastante de cada traço da mesma para saber que, sua alma já não jaz sobre seu corpo. Ela esta tão distante, como se estivesse presa em um outro mundo. Por esse motivo, eu tenho tanto medo! Eu tenho medo de a perder outra vez, pois parece que ela vai desaparecer a qualquer momento... Medo de todos que amo sumirem e irem embora, como ela foi um dia... Eu estou com medo, de perde as pessoas que amo para sempre! Sei que isso é bem clichê, mas mesmo assim, eu não quero a perder de novo e muito menos, perde Kou.

- Espero que ninguém se machuque! Se for só eu a ser machucada... Assim será, mas eu não quero que ninguém além de mim se machuque! – diz a mesma com seu olhar longínquo de todos e tudo presente no momento, porém o grande vazio em seu olhar é o que mais parte o coração de todos nós que a conhecemos. Pois, a mesma sempre cheia de vida, brincalhona, encrenqueira e pervertida como se fosse uma parte dela ser assim, porém agora está como uma casca vazia.

- O que aconteceu com você...? Por que está assim? Quem é ele? Por que nos abandonou daquela forma...? Por quê...? Eu não entendo... Subaru e eu te amamos tanto... Por favor, volte para nos... – pede Kou, se separando de mim e a abraçando com força, porém em seguida, o mesmo me puxa para que eu também possa a abraçar ainda no chão. Sendo aonde nós três, nos localizamos nesse momento tão duro e importante, a qual estamos vivendo agora.

Kou chora desesperadamente, como uma criança se agarrando cada vez mais ao corpo da garota, com isso, forçando o mesmo contra mim. Eu nunca o vi assim desta maneira, mas acho que ninguém o viu deste jeito, estando quase deplorável de humilhação pela mesma. Todavia, o entendo bem, pois estou quase da mesma maneira do mesmo neste momento. Só que tenho que ser forte, para dar suporte ao mesmo, então me contenho um pouco e tento o calmar, sendo um tanto em vão. A mesma não reage, apenas fica parada como uma boneca sem vida ou um brinquedo quebrado. É como se ela estivesse, morrendo aos poucos por dentro...

- Essa vadia maldita, não merece uma lágrima sequer, ou pena de ninguém! Ah, um pequeno aviso. Tenham muito cuidado em quem você confia, pois lembre-se o diabo um dia já foi anjo! Ela é uma farsa, pois a verdadeira, “ela” é dona de um passado ainda mais amargo. A vilã da própria história, é ela mesma! Foi ela, que destruiu a minha vida, a da minha família e a dos próprios pais! A maldição que ela carrega, à torna um monstro! – afirma o garoto, o mesmo que a trouxe aqui. Ele puxa os cabelos da garota, então arrastando-a para longe de nos, porém a mesma não se move, é como se estivesse apenas seu corpo ali.

Seus olhos faíscam chamas de puro fogo, o ódio que sente pela mesma é imensuravelmente insano que chega a ser doentio. Ele não somente a odeia, o mesmo a repudia, algo em seu passado aconteceu, por isso ele não consegue a perdoar de maneira alguma. Esse fato, é tão visível quanto a luz do dia.

- VOCÊ NÃO TEM CORAÇÃO??? POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO??? – indaga Kou aos berros, a ponto de fazer uma loucura a qualquer momento.

- Quem sabe... Talvez, você esteja certo! Já o destruíram mesmo. – rebate o garoto, então sorrindo ironicamente, ao olhar em nossa direção com raiva e desprezo.

- Por favor, Kou se acalme! Pois desta maneira não há como chegarmos a lugar nenhum, e muito menos saber o que realmente está acontecendo! – afirma Reiji, tentando amenizar a situação, porém não tendo muito sucesso ao tentar fazer isso.

- Como você quer que eu me acalme, quando a segunda pessoa que mais amo na minha vida, está bem aqui na minha frente, depois de ter desaparecido por tanto tempo? Ela está como se tivesse perdido a razão de sua própria existência, estando praticamente morta e eu quero uma explicação pra tudo isso que está acontecendo! – diz ainda chorando sôfrego sem parar, porém encarando Reiji com um olhar de raiva.

Ela permanece como uma boneca, porém lágrimas começam a brotar de seus olhos mórbidos e a escorrer de sua face sem expressão. Suas lágrimas escorrem sem parar, porém ela não expressa nenhuma expressão nem nada do tipo, apenas permanece chorando. A garota fica apenas parada como se não estivesse ali, como se esse espaço tempo continuo não a interessasse nem um pouco, porque ela parece não sentir nada, não nos ver e não nos ouvir. A mesma parece paralisada, perdida, sozinha e sem saída alguma para retornar a nossa realidade, que parece querer fugir e ao mesmo tempo retornar.

- Todos ao seu redor julgam suas ações, mas ninguém deles procurou saber seus motivos para ter feito tudo isso... – diz Kou, o mesmo indo até ela e a abraçando enquanto enxuga as lágrimas dela, com as mangas de sua blusa de manga longa.

- Idiotas! Como podem amar um monstro como esse? Ela é o próprio demônio, que até o mundo rejeitou a muito tempo. – diz olhando para nós, com total desprezo e com um sorrisinho prepotente sobre seus lábios ao rotulá-la.

- Quando é amor... A gente tolera, perdoa, muda, espera e suporta até o insuportável, só não desisti... Eu amo ela e também amo Subaru! Eu amo esses dois e sou capaz de tudo por eles, pois se for preciso dou a minha vida em troca da deles. – diz Kou, com isso encarando com raiva o garoto a sua frente, após dizer tais palavras ele enxuga seu próprio rosto e olha carinhoso para a garota que parece mais uma boneca do que uma pessoa nesse momento.

- Se o mundo decidiu rejeitar uma das pessoas que mais amo e é importante para mim, então eu decidi rejeitar o mundo! – digo retribuindo o sorriso prepotente e o olhar de ódio, a qual havia recebido do mesmo a poucos minutos antes.

[Subaru off – Mei Mei on]

Então essa é minha verdadeira vida...? Minha verdadeira história...? Afinal, minha real história é a de uma menina que nasceu apenas para portar um terrível demônio dento de si. Porém, esse demônio não sendo um comum, e sim o que comandou a “Era das trevas” e assolou o mundo, causando discórdia e dor por onde já passará.

Tão frágil e pequenina a garotinha que nem sabia quem realmente era, suas mãos eram tão pequeninas, mas que por dentro daquele pequeno corpo portava um único defeito. Ter o peso de carregar o destino de toda a humanidade dentro si, pois também fará em breve parte da guerra que decidirá tudo dali em diante. A mulher que me criou, e que um dia a chamei de mãe, a mesma que um dia disse que me protegeria... Era uma cruel mentira... Porém, antes de ter nascido, já tinham decidido o meu cruel destino... Ele foi traçado, e não poderia fugir mesmo se quisesse.

Quando isso vai ter fim? Será que tudo isso, terá um final? Tenho medo de não poder acordar, pois eu estou aqui e ao mesmo tempo não estou... Será que tudo não passou de um pesadelo? Quem eu sou...? Onde estou...? Por que todos eles estão tão distantes...? Eu ouço suas vozes ecoarem, porém estão cada vez mais distantes, mas eu quero vê-los. No entanto, algo não quer deixar isso acontecer. Me sinto presa em uma gaiola, estando dentro de um eterno sonho frio, e sinto o calor de um lugar abafado. Eu estou com medo... Porém, tenho que ser forte, pois tenho que conseguir acordar dessa terrível escuridão.

Todavia, isso não vai acontecer agora, porque estou tão vazia e me sinto tão sozinha e presa em um lugar tão distante de todos, por isso acho que não consigo vê-los ou ouvi-los. Eu estou muito cansada de tudo! Será que consigo voltar...? Isso é perda de tempo? E se eu for o motivo da dor de todos eles...? E se eu for um monstro de verdade...? Quem realmente sou eu...? Por que eu estou aqui...? Estou morrendo... Se a decepção ensina, confesso que já estou cansada de aprender.

Estou sendo enterrada dentro da minha própria dor e solidão. Acho que nesse momento, meu rosto esta refletindo que estou totalmente perdida, sozinha e sem saída alguma para retornar a nossa realidade. Além de parecer querer fugir e ao mesmo tempo retornar a cruel realidade. Devo estar como uma boneca sem vida, porém estou tão perdida dentro de mim mesma, mas esse espaço tempo contínuo não me interessa nenhuma um pouco em nada, porque não sinto nada e não vejo ninguém. A única coisa que vejo é a escuridão, a qual busco a saída, porém é em vão, pois no fim não consigo achá-la.

- KOU!!! O que você fez com ele seu imbecil? Aimi Mei acordar! Eu imploro, precisamos de você, então acorda agora! Kou, precisa de você, eu e todos nós! – ouço a voz de Subaru, suas primeiras palavras são distantes, porém as mesmas vão aos poucos se aproximando de mim, então assim ficando altas e me libertando de um eterno sonho frio, a qual o mesmo estava a me punir sem dó e me prendendo na escuridão.

O desejo de proteger a quem amo é imenso, pois no mesmo momento que vejo Kou desacordado, caído sobre o chão, sinto uma enorme irá cair sobre meu corpo. O garoto de cabelos loiros e olhos azuis, se encontra perto da parede do outro lado da sala, mas Subaru está com ele em seus braços. Ele balança e sacode o mesmo, com isso tentando o acordar a todo custo, enquanto tenta segurar suas lágrimas que insistem em descer de seu rosto angustiado e aflito. O loiro está com um grande corte em sua testa, a qual escorre bastante sangue e um filete enorme de sangue também escorre de sua boca, por esse motivo todos os outros, vão tentar ajudar Subaru com Kou. Sinto meu corpo inteiro ferver e pegar fogo ao ver tal cena, porque ninguém jamais poderia tocar em quem amo e ainda por cima feri-las.

Nada mais me importa nesse momento, nem mesmo a rejeição, que sofri quando era apenas uma criança inocente pelas pessoas ao meu redor, me causou tamanha dor e sofrimento como ver Kou machucado e Subaru aflito. Os ferimentos são extremamente profundos em meu coração, minha vida também pode ser marcada pela desesperança que um dia vivi, mas agora nesse exato momento descobri que não tenho medo de enfrentar meu destino, pois se pessoas boas sofrem até se tornarem más, eu quero saber o “por quê?” dela estar tão machucada ao ponto de ter se tornado má. Normalmente, quando uma pessoa machuca as outras, ela faz isso, porque está muito machucada... Eu quero poder ajuda-la, a superar seu passado e também o meu próprio. Sou aquela que lutará pela paz da humanidade, a mesma sendo a qual me desprezou e me condenou durante anos e anos.

Seu ser é movido a rancor, porém sei que um dia já foi movido pelo mais puro amor... Ao lado da escuridão, eu lutarei pela luz, pois serei o anjo na terra, a mesma que pertence aos deuses e demônios que prevalecem sua existência em corpos humanos. As vezes tem que doer como nunca, para não doer nunca mais... Então que assim seja!

- Como você ousa, tocar em quem eu amo? O monstro não sou eu! O verdadeiro mostro, está bem aqui na minha frente! Eu posso até carregar um demônio que causou discórdia e ameaça a existência da humanidade até hoje... Porém, mesmo que eu seja um monstro, isso não quer dizer que eu não tenho um coração. – digo sentindo uma terrível dor no peito direito, então colocando a mão sobre o mesmo, junto a isso fazendo uma careta de dor.

- Finalmente, hoje será o despertar! Esqueceu que dia é hoje? Afinal, não é hoje o dia que um monstro nasceu, apenas para portar outro? Parabéns, minha querida prima! Espero que tenha uma boa morte, depois do que está por vir. – diz o garoto sorrindo maldoso, me olhando com nojo e total desprezo de sua parte.

Meu corpo ferve em uma imensa dor, por esse motivo caio de joelhos no chão, em seguida não aguentando mais, por fim agonizando de dor, eu acabo rolando de um lado para o outro. Começo a tossir, mas logo depois passo a vomitar, porém acabo por vomitar sangue da cor negra. Sobre meu peito direito, uma marca de um símbolo estranho, rapidamente surge brilhante, o mesmo parece com um circulo usado para fazer pactos satânicos ou selamentos de demônios. Ele tem a cor vermelha como sangue, que acaba por sangrar quando o toco. O sangue que vomitei, se torna um circulo de selamento a minha volta, então meu corpo começa a ter vários espasmos dolorosos, a marca em meu peito brilha com uma intensa cor escarlate. Reviro os olhos cheios de lágrimas, as mesma sendo de dor e sofrimento, dando por fim um grito agonizante ao sentir algo sair de dentro de mim, como se fosse uma alma por minhas costas.

Um vazio me corrompe, então sinto ter sido arrancada toda a força que tenho para lutar, mas algo vem e me deixa totalmente perdida sem saber o que fazer no momento. Além de fazer aceitar o que devia negar, pois para obter o quero, terei que à destruir. Para proteger quem amo, eu farei o impossível, mesmo se eu não tiver saída. Vou dar tudo de mim para os proteger! Pois, a diferença do amor e ódio, é que pelo ódio a gente mata e pelo amor a gente morrer.

Vejo uma sombra preta no chão, a mesma vai ganhando forma humana, então aos poucos se constituindo rapidamente como um corpo vivo. Porém, tudo isso ocorre dentro do mesmo circulo que eu me encontro nesse momento. Por fim, acaba por se torna uma bela mulher, com asas de um anjo, porém suas asas são negras como as asas de um corvo. Além de carregar um olhar frio e sombrio, com apenas um brilho da mais pura e intensa dor que carrega dentro de si. Ela veste as roupas as quais minutos atrás estavam em meu corpo. Só então percebo em mim, uma asa branca de um lado e uma asa negra do outro lado, as mesmas devem ter brotado das minhas costas que ardem bastante como fogo. Além de sentir o sangue quente escorrer do local, onde as mesma estão.

A dor de ter ela saindo do meu corpo, deve ter amenizado a dor de sentir as asas brotarem de dentro para fora de minhas costas. Entretanto, logo em seguida a mulher se encontra totalmente nua, pois as roupas em seu corpo queimaram rapidamente em chamas negras, mas ela parece não se importa nem um pouco com isso. Ela carrega traços físicos meus em seu corpo, porém mais belos e delicados que os meus. Sinto um frio tomar meu corpo, então ao olhar a mesma noto certa semelhança entre nos duas, porém acabo por cair de joelho com uma forte pontada no coração, mas me levanto logo em seguida, estando com um pouco de dificuldade e paralisando logo após fazer isso.

 - Finalmente, agora estou de volta! Agora o mundo pagará por tudo o que me fez, pois sou guiada pela verdadeira dor! – afirma a mulher, sorrindo assustadoramente em minha direção. Ela olha fixamente para mim, então caminha até estar frente a frente comigo, com isso a mesma aproxima seu rosto do meu deixando nossas testas se tocarem e nossos lábios separados por poucos centímetros de distâncias. Porém, posso sentir facilmente sua respiração bater contra mim, pelo motivo simples de estarmos tão perto uma da outra.

 Ao vê-la tão de perto, meu corpo todo extreme-se completamente de medo, mas não consigo me mover um centímetro sequer do lugar aonde estou. Quando meu olhar finalmente se encontra com o dela, eu acabo ficando presa em seu olhar, o mesmo é um imenso mar de tristeza, dor e a mais pura solidão. Posso notar que ela não parece só, ela está sozinha desde o inicio de sua vida. A mesma se matou por dentro a muito tempo, porém posso ver que foi em legítima defesa. No fim, ela se tornou aquilo que mais temia se tornar... Contudo, ela já esta exausta de carregar essa dor em seu frágil coração, que um dia o mundo destruiu sem dó. Somos iguais, pois ambas foram condenadas, julgas e perseguidas pelo mundo cruel...

- V-Você... Por que mudou ao ponto de perseguir sua própria raça? – indago a olhando temerosa, seu rosto continua próximo ao meu, ainda deixando nossas testas se tocando e nossos lábios agora separados por pouco menos de um dedo, e seu olhar preso ao meu.

- Se eu mudei, tive meus motivos e a acredite, não foram poucos. Além do mais, não pensou que iria deixar pisarem em cima de mim a vida inteira, né? Minha queridinha, minha maior perda na vida foi descobrir que aquele que um dia amei apenas me usou e me descartou como se fosse nada! – diz colocando suas mãos sobre meus ombros e os segurando com força, sinto suas unhas longas perfurarem minha pele, então faço uma careta de dor. Ela apenas sorri e aperta suas unhas com ainda mais força sobre o local, que escorre um filete de sangue.

- E-Está doendo... – digo trêmula tentando me afastar da mesma, porém ela me solta e em seguida segura meu queixo com sua mão esquerda o levantando, já com a direita ela passa a acariciar meus cabelos, como se fosse um ato de achar que não passo de uma criança perto de si.

Tento novamente me soltar, mas quando consigo me distanciar alguns passos dela, a mesma me puxa com força e me agarra, então ficando atrás de mim. Paraliso de medo ao sentir a mesma acariciar meu pescoço com as pontas de seus dedos e arranhar levemente com suas unhas afiadas, assim me causando arrepios, mas não demora ela aproxima sua boca de minha orelha esquerda.

- Entenda de uma vez por todas que, monstros são reais, e fantasmas também. Eles vivem dentro de nós. E, ás vezes, eles vencem... – diz a mulher, acompanhada de sorrindo ao sussurrar as últimas palavras bem baixinho em meu ouvido.

Viro a cabeça para o lado, olhando para onde se localizam Subaru e Kou, o mesmo estando ainda em seu braço no chão juntamente aos outros que tentam o ajudar. Porém, os mesmos não conseguem tirar os olhos da cena que ocorre a sua frente, sendo comigo e a criatura em forma humana. Vejo a mesma esticar seu braço esquerdo na mesma direção de Subaru e Kou, a mesma mexe a mão em direção ao teto os levantando facilmente como num passo de mágica. Meus olhos se arregalam de medo e tento me soltar dela me debatendo com força, porém é em vão, a mesma é muito mais forte na força física que eu.

- Por favor, não faça isso! – digo me debatendo, porém é em vão. Minhas asas passam a se mover como se fosse parte de meu corpo, então eu bato as mesmas em direção dos meus dois grandes amores. 

[Mei Mei off]