História Uma nova Araluen - Redmont é logo ali

            Ainda era cedo quando o arqueiro entrou no salão real, o rei Ricard lhe esperava. Queria ver aquele homem que se tornou seu amigo na noite passada, Peter iria partir para Céltica, mas faltava-lhe saber uma coisa.

            - algumas vezes é preciso dizer não para uma pessoa, Peter. Este caso esta muito além do que imaginamos – disse o rei tristemente - Nos últimos anos antes da morte da rainha recebemos varia mensagens dos Escandinavos. Eles estavam avisando de um grupo radical que se formou em Skandia. Mas não sei totalmente se tem a relação entre isto.

            - e porque nenhuma atitude foi tomada, majestade? Essas coisas são, digo esses grupos rebeldes, quando aparecem podem derrubar um reino inteiro e...

            -eu sei, mas minha mãe achou que isso não passaria de boatos, porem tudo piorou agora – disse sem perceber que seu olho começava a lacrimejar – por isso peço para que não vá para céltica, foi uma ideia incabível. A coroa céltica pode estar corrompida e ir ate lá pode levar a sua morte. Você entende?

            Eles se olharam outra vez, era difícil para Ricard fazer aquilo. Era preciso, porem aquele arqueiro se tornou seu amigo em tão pouco tempo e manda-lo para uma armadilha era impossível. O silencio se desfez com Peter

            -Ricard, por isso eu tenho que ir, eu me importo com a segurança dos meus amigos – deu um sorriso e continuo- eu não vou deixar você perder esse trono, ele parece confortável.

            - e é mesmo. Muito obrigado, Peter. Tome cuidado e não vã para o castelo – isso parecia dizer para criança não comer doce, arqueiros eram conhecidos pela teimosia e ele sabia que Peter iria – não estou brincando, arqueiro.

            Aquele era o fim da conversa, deram um aperto de mão e saíram, despedidas são complicadas e quanto mais rápidas acontecer melhor. Quando Peter saiu mania já o esperava no lado de fora, parecendo pedir uma maça que não viria.

            Em um dia inteiro de cavalgada Peter entrou no feudo de Redmont, o castelo de paredes vermelhas lhe ofereceu uma estadia por aquela noite. Aproveitou também para visitar o arqueiro Gorlen, depois de o lendário arqueiro Will morrer ele foi transferido para o feudo. Gorlen já mostrava um aspecto de cansaço, aquele era um feudo muito movimentado e, consequentemente, muito cansativo. E seu cabelo liso crescia ate seus ombros embranquecendo a parte inferior.

            Peter mais tarde agradeceria a noite e principalmente os conselhos do arqueiro mais experiente. Gorlen dedicava muito do seu tempo, ate mais do que o necessário, para analisar os relatórios, era um homem que se interessava pelas tradições de outras nações, e isso iria vim a ajudar bastante na jornada de Peter.

            - sabe, o povo de céltica tem uma bela tradição. Dedicado à mineração, mas pecam na segurança- disse Gorlen para seu visitante, este por sua vez olhava atento a todos os detalhes. Entrar em um território desconhecido era algo muito irresponsável – eles às vezes podem ser pessoas desconfiadas, por isso é melhor acampar em algumas poucas florestas.

            - não pretendo me socializar muito- disse Peter dando risada – me diga os mínimos detalhes dos últimos relatórios, Gorlen. Isso seria de grande ajuda, não é mesmo?

             O velho arqueiro lhe olhou de cima para baixo e por fim deu risada. Essas pessoas, os arqueiros, são pessoas estranhas. Nunca se sabe o que vão fazer.

            - Mcsen avistou um grupo estranho perto da fronteira ultimamente. Mas ele não pode dizer mais detalhes a não ser que andavam em grupo de cinco pessoas e malmente sabiam cavalgar – tomou um gole do seu café e continuou – E na ultima vez que um arqueiro viajou para lá já faz mais de sete meses e não viu nada em especial a não ser alguns sujeitos vestidos estranhamente.

            Aquilo não fazia muita diferença, essas pessoas podiam ser comerciantes, turistas ou outra profissão qualquer. Mas deveria ficar atento e, como o rei Ricard falou, ele teme alguma influencia na corte e isso pode ser algum indicio. Ele iria falar alguma coisa quando a porta rangeu deixando entrar uma coluna de ar frio na pequena sala da cabana.

            Era uma jovem de cabelo liso e castanho, e ficava mais claro quando chegava às pontas, ele vinha até a cintura. Vestia um avental da cozinha do castelo de Redmont, era a pessoa mais linda que Peter já tinha visto. Balançou o cabelo e tentou falar alguma coisa.

            - des... Desculpa senhor Gorlen. Eu... Quer dizer, a senhora Jenny, não esperava outra pessoa, por isso só tem uma refeição - seu olhar procurava a outra pessoa na sala, mas era rápido e tímido.

            - não precisa se preocupar Eliza. Nós damos um jeito, muito obrigado. Você não quer provar a comida de Jenny, Peter. É muito saborosa – suas palavras não pareciam surgir efeito para nenhum dos dois então decidiu quebrar o silencio – Elizabeth este é Peter, arqueiro do rei. E Peter esta é Elizabeth que, para mim, é a melhor aluna de Jenny.  

            - prazer em conhecer- falou os dois tímidos e desajeitados

            - mas não precisa se preocupar. Eu já estava de saída, tenho que dormir, o dia amanha será longo – falou o jovem arqueiro.

            - eu também estou de saída, senhor.  

            Gorlen olhou para o prato e soltou ar pela boca

            - melhor assim então. Sobra mais para mim – olhou para os dois a sua frente que seguravam a risada – boa noite então.

            O caminho para o castelo foi demorado, aproveitaram para se conhecerem melhor e para trocarem sorrisos e olhares. O arqueiro desejou ter mais tempo ali em Redmont, especialmente por causa de Eliza. Mas o seu trabalho não deixava, ele partiria no outro dia para a maior aventura de sua vida e voltar não era uma certeza.