História Uma vida juntos - "Por que ele não viria?" "Por que eu...."

O estalo da arma ecoa, machuca meus tímpanos, fere meu coração. Arde. Dói.
Sei que não fui atingida, mas ele sim. Seus olhos estão opacos, um último sorriso no rosto, seus joelhos atingem o chão. 
Eu preciso correr, preciso alcançá-lo. Quero gritar mas nenhum som sai. Quero correr, mas Meus pés não se movem. A camiseta branca está manchando de sangue, cada vez mais. Até que ela fica apenas vermelha.
Escuto seu último suspiro e ele se foi.

Acordo num sobressalto, a camiseta ensopada de suor. O azul profundo dos olhos de Ezra me atingem, ele olha sereno pra mim. 
- Você... Tinha... Morrido... - digo segurando as lágrimas 
Ele se apoiam nos cotovelos e senta, me puxa pro seu peito e eu desabo. Sinto o cheiro do seu sabonete e tudo parece bem novamente.
- Está tudo bem, eu estou aqui. Não vou a lugar algum.
- Eu não sei o...
- Aria, shh, não vamos pensar nisso. Hoje é um dia alegre, um dia feliz - ele diz afagando Meus cabelos.
- Certo - eu digo fungando.
- Vamos pra cozinha, vou te preparar algo.

O apartamento de Ezra era apinhado de coisas, mas não de um jeito ruim. Tinha coisas minhas, coisas deles e definitivamente era pequeno para dois escritores que buscavam inspiração em coisas que amavam. Mas nenhum de nós parecia se importar, por que tudo aquilo deixava o apartamento aconchegante e nosso. 
Avisto um jornal na bancada.
- Quem comprou jornal? 
- Na verdade, eu fui ao Brew e dei de cara com a notícia da capa, precisava trazer e Ana não se importou - ele diz ligando a cafeteira.
Abro o jornal para ver o que ele queria dizer. A notícia chega a ser repugnante pelo fato de o jornal estar desesperado por nos ligar, de qualquer maneira, a mídia.
"Spencer Hastings, parte do caso DiLaurentis, se casa hoje no jardim da família".
- Isso não pode ser real - digo incrédula.
- Eu imagino como ela não deve estar.
- Acho que acabamos nos familiarizando com o fato de passarmos muito tempo aparecendo nos jornais - digo afastando o chumaço de papel.
- Espero que o nosso não apareça no jornal, se bem que minha mãe acharia extremamente refinado e importante ser anunciado no jornal - ele diz puxando o meu banco pra perto de si e me beijando. Eu estou rindo de seu comentário.
- Nada de jornais! - eu falo antes de voltar a minha atenção a ele.

A propriedade dos Hastings estava simplesmente estonteante, lanternas no chão trilhavam o caminho até o jardim. O antigo celeiro brilhavam em luzes, guirlandas de flores se perdiam entre as luzes, rosas brancas e azuis.
Um gazebo rústico se encontrava nos fundos do jardim, decorado com velas, luzes e mais rosas. Tudo era tão mágico, tão surreal, tão Spencer que não tem como explicar.
Sigo para o celeiro e encontro todas as meninas lá. Spencer de uma lado para o outro, Hanna tomando um líquido azul, melhor nem perguntar o que era, Emily ao lado de Alison que acompanhava os passos frenéticos de Spence.
- Buraco no chão: feito - digo largando minha bolsa no sofá. Ela me encara e revira os olhos.
- Ela não está no clima - Emily diz bufando.
- Qual é!? É o casamento e ela não está no clima? - Hanna diz.
- Nem todo mundo tem essa facilidade - Spencer diz olhando para o copo e Hanna dá de ombros - e se ele não aparecer.
- Ele já está lá, quem pode não aparecer agora é você - digo tentando tranquiliza-la.
- Ele veio?
- Por que não viria? - Alison pergunta.
- Por que eu estou grávida - ela diz muito rápido.
Todas nós nos viramos pra encara-lá. Não tínhamos absorvido as palavras direito e, talvez, tenhamos entendido errado. Talvez ela quisesse ficar grávida. Minha boca estava aberta, mas só percebi que o fazia quando ela me manda fechar a mesma.
- Você o que? - Hanna pergunta
- Tenho um feto dentro de mim - ela fala rispidamente, me encolho com o modo dela se referir ao bebê - Aria, não é como se ele sentisse algo.
- Ainda assim, é o seu filho - digo com um arrepio na espinha.
- Você não quer?
- Eu quero, mais do que tudo - então não se refira a ele como um feto, penso - mas eu não sabia se ele queria. Contei ontem, mas não esperei para ver a reação que Toby teria. Então eu sai. Sem mais e nem menos.
- Quanto tempo - Emily pergunta não contendo um sorriso.
- Seis semanas - ela diz sorrindo também.
- Seremos tias? - pergunto.
- Serão - ela responde nos puxando para um abraço.