História Uma vida juntos - O não você já tem

Era quatro de Julho, iríamos pra Pensilvânia, nossa primeira viagem em família. Agora que Emma já tinha dois anos tudo era mais fácil, ela entendia as coisas com uma maior facilidade.
- Você está animada? - pergunto abotoando o pijama de unicórnio.
- Muito, mamãe - ela diz puxando o capuz.
- Terá vários fogos de artifício!
- Tipo os da TV? - ela pergunta.
- Isso, só que bem mais bonitos. Por que as coisas na TV perdem um pouco da graça - digo apertando seu nariz.
- Papai já chegou? - ela diz em meio a um bocejo.
- Ele deve estar chegando - digo e olho para o relógio. Nove e meia, ele nunca chegara tão tarde.
- Posso esperar? - ela pergunta, lutando contra o sono.
- Só por mais dez minutos, ok? 
- Ok! - ela diz pulando da cama e correndo para sala.
Colocamos A Bela e a Fera, Emma não cansava desse desenho.
O filme não tinha acabado ainda quando Ezra entra em casa, encharcado pela chuva que caía pesado.
- Papai! - minha filha pula do lugar.
- Querida! Esta tarde, o que estais fazendo acordada?
- Te esperando - ela diz agarrada a perna dele.
Meu ainda fito o desenho, acho que no fundo eu estou ressentida por ele não ter falado nada. 
- Aria? - ele me chama e eu mal desvio o olhar - precisamos conversar.
Meu coração para.
O ar trava na minha garganta.
Meus olhos transbordam.
Ele ia me deixar.
Ou pior. A estava de volta.
- Minha mãe... - sua voz morre e o ar faz um barulho passando pelos Meus dentes - ela veio ao Brew. Quer se aproximar de Emma...
- O que?
- Ela diz que mudou, que se arrepende de tantas coisas que ela fez e que quer recomeçar de novo.
- Ela quer recomeçar com Emma? - pergunto incrédula
- eu fiquei tão atordoado quanto você, mas ela é minha mãe. Wes me ligou e falou que ela mudou mesmo, eu não sei o que fazer.
- Ezra... Eu...
- Eu vejo com Ella é com Emma e meu coração grita que quer isso seja assim com a minha mãe também, elas passeando no parque. Sei que minha mãe não tem o coração da sua, mas a fantasia me satisfazia. Agora, agora que ela falou isso! Eu não sei Aria, não me parece satisfatório, não mais.
- Você tem todo o direito, eu confio em você. Se você acha que ela merece uma chance, daremos uma chance. Não se culpe por tentar ser a melhor versão de você.
- Mas...
- Todos nós fazemos coisas ruins, não temos históricos tão lindos e limpos. Quem somos nós para não dar uma segunda chance? - pergunto agarrando a mão dele - a convide para o quatro de julho.
- Você tem certeza?
- O não você já tem - ele me olha, deus olhos estão confusos em seus sentimentos. Paz, felicidade, medo.
- Eu te amo.
- Eu também!
Emma está deitada no canto do sofá, dormindo.
- Acho que alguém precisa ir pra cama - ele diz se levantando.
- Eu faço isso, você tem coisas mais importantes para fazer - digo, ele sorri e beija as nossas testas.