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História Unknown Love - Judré - Último Capítulo


Escrita por: alvera_Nanew02

Notas do Autor


Spoby ❤

Capítulo 70 - Judré - Último Capítulo


Fanfic / Fanfiction Unknown Love - Judré - Último Capítulo

Meses depois... 

- Julia! Julia! – Eu olhei pra trás quando Bruno veio gritando meu nome no corredor cheio da escola. Olha, esses meninos não sei não viu! Ele parou na minha frente ofegante e suava frio. – A Hanna.

- Como a Hanna? – Perguntei já em pânico sem entender nada.

- A Hanna.

- Fala direito caralho!

- A Hanna está querendo nascer porra!

- Não grita comigo viado! Minha sobrinha tá nascendo caralho! – Eu corri junto com ele pelos corredores. No meio do caminho encontramos Carlos conversando com Paula. Peguei seu braço puxando sem esperar ele dizer nada. – Rafael. Cadê Rafael? – Paramos de correr quando eu parei olhando o corredor a procura dele.

- Julia. Rafael saiu do colégio. – Bruno disse pegando meu braço e voltou a me puxar.

- O que houve merda! Por que estamos correndo? – Carlos perguntou

- A Kayla vai ter o bebê. – Eu e Bruno falamos juntos.

- Não precisa gritar.



- Senhor, se acalma.

- Eu não vim lá dos quinto do inferno há pé, pra ficar esperando na recepção enquanto minha filha nasce, moça.

- Mas não podemos entrar agora. Ela está em trabalho de parto.

- Mas moça, ela é minha filha! Eu tenho o direito de estar lá com ela. Não tem ninguém lá com minha namorada.

- Bruno, se acalme. – Pedi e ele se calou passando a mão no rosto nervoso. – Moça, por favor não tem como deixa-lo entrar? Ele saiu do colégio na hora de dar os resultados finais quando a namorada dele ligou dizendo que está sentindo contração e não tinha ninguém pra acompanha-la. Viemos a pé, correndo. Faz um esforço por favor. – Nossa como eu tava meiga nesse momento.

- Aproveite que ela está meiga e está pedindo por favor. Por que ela está naqueles dias e eu tenho certeza de que não quer vê-la irritada. – Carlos falou e eu concordei com ele. A mulher nos encarou.

- Tudo bem, venha. – Bruno agradeceu e lhe seguiu.

- Tá vendo que tudo pode ser resolvido em um por favor? Continue sendo sempre assim que você vai ganhar na loteria.

Eu encarei ele que percebeu a burrada que falou.

- Por que não segue seu próprio conselho e evite que eu quebre com sua cara?

- Acho que vou ali beber uma água. – Ele correu e eu sentei em umas dessas cadeiras da recepção. Quando ele voltou, voltou com um copo na mão e me deu. – O que foi? Por que está com essa cara? – Sentou ao meu lado e eu tomei um gole da água.

- Como ele sabe que Rafael saiu do colégio?

- Acho que todo mundo percebeu isso, Julia.

- Não, ele falou com tanta certeza. Ninguém nunca sabe o porque dele ter faltado. Acho que eu tenho uma certa culpa disso tudo. Se... Se não tivesse dito aquilo pra ele, ele estaria aqui com a gente certo?

- Bom, eu acho que a culpa não seria só sua. Não sei se lembra, mas vocês brigaram por minha culpa e a dele. Então basicamente você e o Bruno seria os únicos à estarem falando com ele ainda.

- Não, na verdade não era você que fez paramos de falar. Eu já estava cansada das atitudes dele, mas se soubesse que ele não estaria agora com a gente eu nunca teria feito isso. Agora reparando aqui, Bruno foi o único que não brigou com ele naquele dia porque ele não estava na escola neste dia. E se Bruno sabe mais coisas de Rafael do que podemos imaginar? E não sei se sabe, mas ele entre todos nós era o único que sabia de todos os segredos. Ele sabia que você era virgem. Ele sabia que foi com Rafael meu primeiro beijo. Tudo. E agora possivelmente ele pode saber onde Rafael esteja.

- Faz sentido. Sem contar que ele era o único mais maduro do grupo e o mais velho e sempre foi melhor pra aconselhar em algo. Talvez ele possa mesmo saber o que aconteceu.

Concordei tomando toda a água. Meu celular tocou e eu peguei atendendo.

- Acho que você pode agora agradecer a mamãe por ter colocado aquele menino pra te ensinar, por que você acabou de ir pro terceirão.

- O quê? – Sorri surpresa e Carlos me encarou curioso. – Está dizendo que passei?

- Sim, todos nós passamos. Eu, o André, novidade – Podia jurar que ele revirou os olhos. – O Carlos, o Bruno, todos. – Comecei a bater na perna dele que riu sem entender.

- E as meninas?

- Também. Só essa peste da Priscila e Omar que vai sair do colégio.

- Peste é você! – Ouvi Priscila gritar e todos rirem.

- Eu que devia sair não Omar. Omar é burro. – André disse. Ouvi risadas altas, até mesmo deles dois - que conheço bastante de longe. Creio que nada pode superar a amizade desses meninos – e quando eu digo isso eu falo de todos eles mesmo.

- Gente. – Ouvi Isabela falar e todos param de rir.

- O que foi? – Perguntei preocupada pelo silêncio.

- Victor se mexeu.

- Impossível. – Téo sem acreditar.

- Sério, aqui, sente... Sentiu? – Sua voz parecia estar sorrindo.

- É mesmo! – Todos falavam em conjuntos e pareciam super felizes! Sorri, acho que hoje no meu calendário seria o dia internacional dos bebês.

- Ah, que fofinhos. Se casem logo, por favor! – Manu disse e infelizmente não estava sabendo o porque ela disse isso, mas posso imaginar que Teobela se beijaram.

- Em breve, né amor? – Ahh que fofinhos. Teo disse.

- Julia cadê você? Eu não aguento ficar de vela por muito tempo! – André gritou e eu ri.

- Saia daí, ué. Esses povos não tem consideração com ninguém mesmo. Mas continue abraçando sua nota. São elas que vai ajudar a entrar na faculdade. Não olhando esse bandos de foveiros.

- Você contou a ela? – Ouvi André sussurrar.

- Contou o quê? – Quando fui perceber, a chamada tinha sido cancelada. Encarei o celular com a testa franzida. – Vai pegar mais água pra mim. Tô nervosa. – Estendi o copo pra Carlos que me olhou como se eu fosse maluca.



Eu sorria com cada palavra que Bruno dava, falando da bebê. Meu menino estava tão feliz.

Eu podia ver o brilho nos olhos dele. Ele havia esperado tanto por isso.

- Estoy enamorado! – Ele disse quando chegamos na porta do quarto.

- O que ele disse? – Pergunto sussurrando pra Carlos.

- Estou apaixonado. – Ele revirou os olhos com minha burrice. O que posso fazer se eu falo português caralho? Bruno abriu a porta e eu vi a ruiva com um bebê nos braços brincando com o dedo. Ela olhou pra nós e sorriu lindamente. Era a primeira vez que lhe via sem maquiagem.

Mas a mulher é linda viu! Não sei pra quê esconder essa beleza.

Nos aproximamos da cama e Bruno já estava ao seu lado todo bobo.

- Socorro que linda! – Falei apaixonada por aquela bebê.

- Ela é muito fofinha mesmo. – Carlos disse.

Hanna era pequeninha toda branquinha. Ela tinha o nariz do pai, e meu Deus, ela já nasceu cabeluda. Toda ruivinha, que nem a mãe. Ela estava acordada, com os olhinhos abertos. Os olhos do pai, gente! Segurava firme na mãozinha o dedo da mãe.

- Surra de beleza! – Eles riram quando disse. – Meu Deus Kayla e Bruno! Ela é muito linda.

- Haha obrigada. – Kayla agradeceu sorrindo. – A cabecinha dela já estava saindo quando Bruno chegou.

- Acho que se não fosse a Julia eu teria matado aquele mulher.

- Claro que teria. – Rimos. – Eu aposto aos quatros ventos que ela vai ser sua cara quando crescer. Só tem o nariz e os olhos de Bruno por enquanto. – Carlos disse.

- Já imaginou duas Kayla? Seria um sonho. – Bruno disse. Mano, como eles estavam felizes. Aqueles brilhos nos olhos dos dois era incondicional!

- Estoy enamorada! – Repeti o que Bruno disse antes e a gente riu logo voltando a paparicar Hanna. Essa linda!



- Sério, não sabe o quanto estou feliz por vocês dois. – Falei sorrindo pra ele enquanto colocava a última peça de roupinha dela na gaveta. Ele sorriu agradecido e fez o último retoque. Se levantamos e olhamos o quarto todo. – Gostou?

- Se eu gostei? Está maravilhoso, Julia! – Ele me abraçou. – Está um quarto de princesa. Como ela é. – Ri agora sendo eu que lhe abracei pela cintura com a cabeça em seu peito.

- Como se sente?

- Orgulhoso por não ter deixado Kayla desistir. Em outras palavras; realizado, apaixonado. – Levantei a cabeça pra lhe olhar. Ele sorriu pra mim e apertou meus ombros me fazendo rir.

- Não sabe o quanto estou orgulhosa de você. Sua felicidade é a minha.

- E a minha é a sua. – Ele beijou minha cabeça ainda abraçada em sua cintura.

(Socorro, não me aguento com esse tiro.)

- Vem, vamos ir logo. – Falei se separando indo pegar a bolsa de roupas da bebê. Ele desligou tudo e fechou a porta do quarto.

Meses depois... 

- Bom, nem a vovó nem a tia Flora vem. – Falei. – Elas dizem que está tendo chuva lá, e a vovó odeia sair assim. Principalmente por avião.

- Sua vó odeia tudo. Se não odiasse não seria ela. – Mamãe disse revirando os olhos e eu ri. – Agora me diz, porque está vestida assim?

- André e eu fizemos um acordo de cada um surpreender um ao outro com um gesto. E eu resolvi me vestir assim? Como estou? – Coloquei as mãos na cintura.

- Uma mamãe noel muito linda e sexy. – Gargalhei com o que ela disse. – Só não faça nada inapropriado. Você assim vai excitar o pobre do garoto.

- Mãe!

- O quê? Acha que eu não sei o que fizeram no aniversário dele? Tenho que admitir que ele faz um bom trabalho. Seu pescoço dava dando o que falar.

- Mãe! Que vergonha. – Ri com as mãos no rosto e ela gargalhou.

- Tudo bem, parei, parei. Acho que é ele. Corre antes que ele veja. Eu mando ele subir.

- Como eu vou correr sendo que ele ta vindo? – Ela correu até mim e me escondeu na mesa.

- Não, não. – Ouvi André negar a seus pés apareceram na minha visão escondida.

- Oi garotos. – Joaquim também estava com ele. – O que é isso querido?

- Isso? É pra Julia. A propósito onde ela está? – Minha cabeça foi abaixada mais.

- Ela... Ela está no quarto. Se arrumando... Sobe lá.

- Mas ela está se arrumando. Como eu vou subir?

- Não, eu disse se maquiando. Ela está se maquiando.

- Ta certo então. A gente conversa depois viu? – Suas pernas saíram do local.

- Filho, me ajuda a terminar aqui. Logo os convidados chegam pra ceia. – Ela mandou eu sair de perto do lugar e eu andei sem se levantar. Olhei a trás e ele virou Joaquim pro armário mandando adiantar. Levantei e corri mesmo o salto fazendo um pouco de barulho.

- Que foi isso? – Ouvi antes de sair.



- Osh! Cadê ela? – Ouvi André dizer. Quando ele se virou me viu na porta. Ele sorriu impressionado.

- Feliz véspera de Natal!

- Belo gesto.

- Obrigada. – O mesmo riu negando com a cabeça.

(Cena de Spoby 😍)

- O que trouxe pra mim aí?

- Eu ia lhe dar no horário certo, mas acho melhor agora. – Ele estendeu a caixa decorada não muito grande e eu fui até ele.

- O que é isso? – Peguei.

- Olha. – Abri e eu sorri pra ele quando vi o que era.

- André. Eu não acredito.

- Foi difícil mas eu consegui. É muito difícil colar metal. A queda foi bem feia pra ter quebrado desse jeito.

- Sim, foi mesmo. Obrigado, você é o melhor. – Lhe beijei e depois ele me abraçou olhando comigo o troféu do papai que ele havia consertado as peças.



A casa estava bastante cheia, e tenho que admitir a ultima vez que estava assim foi na morte do papai, mas essa era muito melhor. Eu já tinha trocado de roupa, e estava conversando com Manu quando vi Bruno caminhar pra fora de casa sozinho. Ele olhou pra os dois lados e pra dentro de casa. Pedi licença a Manu e fui até ele. O encontrei conversando com alguém de costas.

- Bruno. – Eles olharam pra mim e no mesmo momento o pisca-pisca iluminou o rosto do sujeito. – Rafael? – Antes que eu pudesse dizer algo, ele correu. – Rafael, espera! Deixa eu falar com você! – Gritei não podendo correr já que estava de salto.

- Você assustou ele!

- Como?

- Você o assustou! Agora ele nunca vai falar comigo.

- Ele era meu amigo!

- E também era o meu! Agora ele vai e ninguém sabe quando vai voltar. E eu não tive tempo de me despedir! Obrigado Julia. – Disse sarcástico e entrou puxando seus cabelos. Eu fui entrar mas algo foi arremessado. Eu voltei e vim uma bola de papel no gramado. Olhei pra lá e vi uma sombra. Me abaixei pra pegar e li. “Não me procure mais. Estou bem assim. – R” Quando olhei pra lá novamente ele continuava nas sombras. – Volta pra mim. Por favor. Eu não aguento mais. – Quando acabei de dizer, caminhando até ele correu. Mas não pra longe, pra perto de mim. Ele parou na minha frente com as mãos no meu rosto.

- Eu amo você.

- Eu também amo você, Rafa. – Ele me beijou. Sim, ele havia me beijado na boca. Sabia que não podia, mas eu queria. Seus dedos acariciava meu rosto enquanto rolou uma lágrima no meu rosto mesmo de olhos fechados. Não era de língua nem nada, era se boca fechada. Quando se separou levou as mãos na minha e olhou pro lado.

- Cuida dela pra mim. Por favor. Enquanto ela estiver bem, eu estarei. – Eu não conseguia olhar quem ele falava porque minha cabeça eu abaixei enquanto as lágrimas vinham desesperadamente.

- Por favor, não vai. Não some de novo. – Minha voz saia embaçada e eu lhe olhei quando lhe vi afastar.

- Adeus Julia. – Suas mãos soltaram da minha e Rafael se afastou cada vez mais de mim. Ele voltou a correr, e eu fui puxada pro peito de alguém. Era André, ele havia visto o beijo mas estava neste momento me abraçando fortemente enquanto eu chorava.

(Chorei)

Meses depois... 

- Karen, que alegria te ver. – André disse cínico. – Estou vendo que está um pouco cheinha. Ta com algum problema querida?

- Está vendo que é ele que começa né? – Karen disse a seu marido.

- André, por favor, deixe-a em paz. – Seu avó repreendeu lhe ajudando a descer as escadas. – Já estou com dor de cabeça demais de tanto ela dizer que está gorda e você ainda pirraça. Oi Julia.

- Iai.

- Como está indo o começo das aulas pra vocês?

- Bem.

- Suas mães?

- Estão...

- Joaquim, eu vou lhe colocar de castigo de novo se você não parar!

- Uma ta aí. – Completou.

- Mainha. Eu estou velho pra isso. – Ele lhe agarrava por trás enquanto ela lhe batia pra saltar.

- Para seu grande atoa. – Ele continuou rindo e ela acabou rindo com a palhaçada.

- Antônio! – Karen gritou lhe chamando e ele se assustou parando de olhar Rosa. – Affz, deixe que eu desço sozinha. – Se soltou dele e pegou o escorre mão começando a descer sozinha.

- Lola! Não corre. – Alicia gritou quando Lola entrou correndo. Loa passou correndo se tombando com Karen e ao no mesmo momento foi Alicia. Ela respirou fundo murmurou algo e saiu caminhando pra cozinha.

- Qual o caso que a diaba tá quieta hoje? – Antônio lhe encarou. – Aii desculpa.

- Ela está tentando. Deveria tentar também Rosa.

- Não, desculpa, odeio mudar opinião de última hora.

- Ta mais impossível que nunca né? – Retrucou e voltou a descer a escada. – Um elogio comum galera.

(Berro, só joaoguinaticas irão entender kkk)

- Se isso é elogio nunca mais digo que Julia é linda. – André falou e eu bati em seu braço o fazendo rir.

- É mas minha irmã não é pro seu bico. – Joaquim me puxou fazendo tirar nossas mãos.

- Eu já namoro ela mesmo babaca.

- Chupe mi picolé. – Os dois gargalharam como se lembrasse de algo que aconteceu com eles.

- Hahaha, vocês acham que eu não sei o que era aquilo na parede de seu quarto né? – Antônio disse.

- Sim. – Eles concordaram ainda rindo.

- A infância de vocês perderam muito rápido. – Ele acabou rindo também.

- O que é isso?

- Não, não fala. Ela ainda não sabe o que é isso. – Joaquim tampou meus ouvidos. Revirei os olhos e tirei sua mão.

- Não faço questão mesmo de saber. Vocês fazem isso só porque eu não sei falar espanhol.

- Espanhol é a língua mais próxima do português. – André falou.

- Mas eu não sei. – Ele revirou os olhos. Lola chegou ao lado de Alicia.

- Eu acho que nunca mais como tanto chocolate. – Lola falou limpando a boca. Antes de virmos pra cá, Rosa estava fazendo a sobremesa e Lola acabou comendo os restos – que sobrou bastante – e não deixou ninguém comer com ela. No meio do caminho ela havia dito que estava enjoada – e Rosa disse que é normal isso porque todas as vezes que ela sai de carro ou de ônibus ela fica enjoada.

- Isso é pra aprender a mim ouvir. Não deu ao André porque não quis, agora aguente. – Rosa disse e Lola parecia querer vomitar novamente.

- Querida, tem como dar aquele chá de enjôo pra Lola por favor? Ela está passando mal. – Antônio pediu pra Karen quando ela apareceu.

- Claro, vem Lola. – Pediu a mão e Lola pegou. Elas saíram e Alicia encarou estranho.

- Não venha perguntar nada.

- Calma. – Alicia levantou as mãos. Rosa caminhou pra sair de perto e eu fui até ela.

- Eu juro que se ela envenenar minha filha eu meto uma faca bem na barriga dela pra aquele filho morrer e ainda no peito dela pra ela ir junto. – Ela murmurou entre dentes comigo enquanto disfarça olhando o estofado da poltrona.

- Tenta controlar os ciúmes. Ele só está se aproveitando disso. – Ri murmurando também e ela olhou pra ele.

- É um filho da mãe mesmo. – Ela comentou quando o viu ele olhar pra ela sorrindo provocativo. A gente andou pra perto da estante que tinha vários quadros. Rosa pegou um quadro. – Esse quadro costumava ter uma foto de André bem pequeno com nós dois. Agora só tem eles e o bebê que vem aí. Sinceramente eu não reclamaria se ele tivesse mim trocado por uma mulher de espinha. Caralho, a mulher mesmo com busto cheio é linda. Eu quando fiquei grávida de Alicia não conseguia nem varrer o quintal imagine tirar uma foto assim. – Ela colocou a foto no lugar.

- Já morou aqui? – Andamos pra ver as outras fotos.

- Sim, a gente casou quando descobrirmos que eu estava grávida. Vimos morar aqui. Alicia cresceu, emprenhou de André, ficou por dois dias não aguentou a pressão, no meio da noite André chorou e quando fui ver ela já não estava no quarto e tinha deixado o bilhete pra mim. Levei André pelas costas quando descobri que Antônio estava com Karen, ele me deixou ir porque sabia que seria pior se ficasse e prometeu ajudar em tudo que se refere a André e tudo que eu quisesse poderia pedir. Mas eu não pedi, sou orgulhosa demais.

- Mas não perdoou? – Ela virou. – Quer dizer, vocês passaram quase 18 anos separados. Não tem como viver tanto tempo com rancor.

- Eu o perdoei desses do momento que ele me deixou sair por aquela porta com meu filho. Foi a melhor coisa que ele fez por mim. Olha essa foto. – Ela pegou um quadro. – O que ver? O que você realmente ver nesta foto?

- O André. O André sorrindo. Parecia ter três anos e está segurando uma bola. Seu cabelo era um corte de índio e estava todo loirinho mas era o sol porquê seus olhos estão um pouco fechados que só melhorou a foto. E aqui atrás, é a casa onde hoje vocês moram.

- Pois é. Foi só esse sorriso. Só ele que fez Antônio liberar minha partida. É a melhor coisa que ele fez por mim, Julia.

- Mas... Mas vocês se amam. Vocês ainda sentem sentimentos um por outro. Vocês tem que voltar um dia por quê... Por que se amam. Só falta isso só pra sua vida voltar e ser tudo que sempre quis. – Suspirei frustrada.

- Julia. Olha alí. – Ela olhou pra Alícia que mostrava algo no celular pra André e no mesmo momento Lola apareceu tomando algo no copo e foi pra perto deles que começaram a mostrar o que eles faziam. – É só isso que eu sempre quis. Meus filhos tudo junto. Tudo embaixo da minhas asas. É um amor materno, maior que qualquer um que possa substituir. Se for mãe, um dia vai entender o que digo. Essa é minha família. São minhas vidas.

- Mas... Mas e o amor? E o amor de vocês? Olha os olhares que ele dá pra você enquanto conversa com Jotagê? Vão mesmo jogar fora assim, um amor tão lindo?

- Não vai desistir não é? – Neguei e ela riu.

- Olha como eu era fofo nesta época. – André apareceu perto de nós pegando o quadro. – Rapunzel, olha, sou mais bonito que você.

- Não é nada. – Lola deu língua. – Eu sou mais.

- Não, eu sou muito mais bonito que você. Você é feia. – Eles ficaram discutindo. E sim, André voltou – sim voltou porque antes ele chamava, mas ela não gostava porque achava que ele zombava dela – a chamar Lola de Rapunzel porque seu cabelo crescia mais que tudo – e que sempre ela tem que ficar cortando até ficar no tamanho bom pra sua idade.

- Pessoal. – Karen chegou falando. – O almoço está pronto. Aliás, Rosa. – Lhe chamou. – Feliz aniversário. – Seu sorriso era debochado, e eu sabia que ela não conseguiria ficar legal por a tempo. Mas até que durou o que tinha que durar.

Ela saiu novamente.

- Ai quando eu pegar essa desgraçada quero ver quem está velha. – Murmurou. Até ela pensou a mesma coisa com aquele sorriso debochado dela.

Começamos a andar pra sala de jantar, e Rosa estava ao meu lado. Quando ela parou de mim acompanhar, não olhei pra trás só sorri.

                              André Alencar

Quando eu fui sentar, minha vó entrou na sala de jantar e foi logo me colocou pra sentar no lugar que ela sentaria. Lhe olhei assustado e ela ignorou sentando no lugar que EU iria sentar. Comecei lhe observar bater os dedos na mesa. Ela se levantou, foi sentar ao lado de Lola que era a última da fileira direita e colocou ela e Julia pra mudar de cadeira pra não ficar um separando as duas e eu.

- Mãe, tudo bem? – Alicia perguntou.

- Claro, porquê não estaria?

- Você parece nervosa.

- Tô ótima. – Se ajeitou na cadeira. Logo o vovó entrou se despedindo de alguém no telefone. Sentou na ponta e sorriu pra todos.

Todos nós começaram a comer e conversar normalmente. Nem parecia uma família que tinha nojinho da Karen. Mesmo ela tentando, ás vezes sempre soltava alguma piada irônica ou um sorriso cínico.

Minha mão estava na perna de Julia sem malícia, enquanto conversava com Joaquim e o vovó. Devem estar se perguntando se eu briguei com ela na noite de natal. Não, eu não briguei e nem fiquei chateado. Eu sabia o quanto Julia sentia falta do Rafael, e como ela ficou quando se despediu dele. A amizade deles eram verdadeira e por um momento se eu não tivesse falado aquilo naquele dia ela não teria parado de falar com ele. Mas naquele dia ela não merecia sofrer e ainda por cima brigar, só lhe aconselhei o bastante pra ela tentar recomeçar sem ele.

A conversa estava boa, até tocar um assunto: faculdade.

Eu suspirei e Joaquim me pediu desculpas pelo olhar por ter tocar no assunto sem querer.

- Ah, que bom. – Vovó falou quando Joaquim tinha dito que quando terminar os estudos quer fazer logo a faculdade de medicina aqui mesmo no Brasil. – Mas porquê não quer sair do Brasil?

- Quero ficar aqui mesmo. Não quero ficar longe por tanto tempo de minha família. É muito tempo e só vamos poder se ver nas férias. Vai se tornar uma eternidade que nunca vou conseguir superar. Eu posso perder momentos ao lado da Manu, da Julia, a adolescência de Felipe, tudo isso, e eu não quero perder nenhum momento. – Um arrepio correu na minha espinha. Peguei seu braço e agarrei sua mão entrelaçando nossos dedos. Julia estranhou, mas eu segurava firme. – Mas não vamos ficar neste assunto. Me dá cansado já só de pensar que vou estudar por tanto tempo pra se tornar médico.

- Claro, mas qualquer duvida ou ajuda não hesite em perguntar pra Alicia.

- Claro, obrigado. – Ele me olhou de relance e eu agradeci eternamente por meu avô não ter tocado no meu futuro.



- Uma hora ela vai descobrir. – Joaquim falou.

- Mas não agora está bem? Se ela descobrir é capaz dela querer ir comigo. Julia é assim, ela não vai desistir.

- Fale a real, você quer ir pra Oxford? – Vovó falou.

- Sim. É claro que eu quero, mas eu também quero ficar com ela, mas é impossível quando se estar do outro lado do mundo. Eu não quero desistir de nós dois, mas também não quero desistir da faculdade. Por incrível que pareça, eu estou gostando da ideia de gerenciar uma empresa e eu não quero desistir agora.

- Você vai ter que aprender a lidar com isso André. É o seu sonho, ou seu relacionamento.

- Ou vocês podem fazer o quê? Namorar á distância? – Joaquim voltou a falar.

- Gostaria de namorar à distância com a Manu? Ou esqueceu que você mesmo disse que não quer fazer faculdade longe por causa dela?

- Dela e da minha família. É diferente.

- E você acha que pra mim não é? Além dela, tem minha mãe que mal aproveitei sua volta, tem minha irmã que vai crescer, e meu avô que a qualquer momento ele pode dizer “bye bye mundo” a qualquer momento. Será 4 anos. E só poderei vê-los novamente de férias à férias e olhe lá.

- Já imaginou se fosse eu que fosse pra Oxford? Seria no mínimo 8 anos ou 10 longe de tudo, André. Não tem pra quê ficar com medo. Sua família vai sempre te apoiar, seus amigos também. Primeiro pensa em seu futuro, porquê se não fizer o que tem que fazer depois não vai ter nada pra cuidar de sua própria família.

- Ele está certo. – Meu avô concordou.

- Olha seu avó, acha que ele teria tudo que tem agora desistindo da faculdade?

- Mas no tempo dele não tinha nem namorada e nem um pai que esteja doente. Minha preocupação é isso. Acabar um relacionamento que sempre sonhei em ter, e perder um pai enquanto eu estiver fora. Sem poder cuidar de nenhum dos dois que é mais importante pra mim.

Eu cocei minha testa com os olhos fechados cansado dessa conversa que me dava dor de cabeça. Não sei, não sei...

- André. – Joaquim chamou.

- O quê? – Virei o rosto pra ele e ele olhava pra o lado. Segui seu olhar e a vi na porta.

- Oxford? Que bom pra você. – Ela deu as costas e fechou. Levantei da cadeira e fui até ela. Sai e ela já havia corrido. Fechei a porta e corri também lhe procurando. Ouvi uma porta ser fechada e eu corri até lá batendo e tentando abrir.

- Julia, deixa eu falar.

- Você vai embora. – Sua voz parecia começar a chorar. – Você vai embora e me deixar.

- Eu não tenho certeza. Eu tenho total chance de ser aceito estou apostando todas as fichas nisso, mas não tenho certeza. Abre a porta.

- É claro que você vai ser aceito, você tem tudo pra estar na Oxford seu avó tem uma parceria, é óbvio que irá. Você vai me deixar.

- Julia, escuta, eu não vou. Você ouviu dizendo que não quero deixar você. – Ela abriu a porta lentamente.

- Mas eu não quero que você desista da faculdade por mim. – Sua cabeça estava baixa, ela chorava. – Acho que nos dois não vai dar certo.

- Julia, você mesmo disse nada será errado com nós dois.

- Eu errei André. Eu estava errada. Acho melhor eu me acostumar com a ideia de que ano que vem você não vai estar comigo.

- O que quer dizer com isso? Julia, ousa-me. – Peguei seu rosto. – Não vou desistir de nós dois.

- Só não desistir. No futuro quem sabe. – Ela tirou minhas mãos de seu rosto. – Mas agora só quero que se concentre-se no que realmente importa. Não com nosso futuro, mas sim com o seu.

- Quer terminar? – Um bolo ficou na minha garganta. Ficamos se encarando sem falar nada, até seu celular tocar. Ela limpou suas lagrimas e atendeu.

- Oi Téo... não, não, só impressão... Diga... Claro, claro, já estou indo. – Ela saiu da minha frente quase correndo. – Onde você está? Tá certo, já estou indo.

- Julia, estamos conversando. – Lhe segui e puxei seu braço.

- Pensei que já estava bem claro.

- Você não pode agir assim por impulso e depois correr. Temos que se resolver com clareza.

- Eu e você, acabou. Se concentre no seu futuro. Ta mais claro agora? – Ela deu as costas e se foi. – A propósito, Isabela esta tendo o bebê. O Téo não pode ir porque está na entrevista de trabalho. Achei que queria saber.

- Eu vou com você.

- Não, você vai com Joaquim, ou com o diabo à quatro, mas eu quero ir sozinha. – Ela voltou a se virar.

Meses depois... 

- André, chegou pra você. – Joaquim correu antes que eu pegasse.

- O que é? – Omar perguntou. Joaquim me encarou.

- Universidade de Oxford.

- Pode abrir. – Falei quando ele me entregou.

- Não, você que tem que abrir.

- Não me importo.

- Toma André.

- Ah, me dá essa merda aqui que eu abro. – Omar tomou de sua mão.

- Indelicado. – Os dois reviraram os olhos e Omar abriu o envelope puxando a carta.

- Agora que eu me lembrei que quero ser policial. – Omar disse.

- Por que isso agora?

- Porque me lembrei de quando minha mãe morreu, um policial me ajudou muito colocando um psicólogo pra mim. Dias atrás eu o vi. Ele estava prendendo um cara, foi como se aquela cena fosse igual quando era pequeno. Eu me lembrei de tudo que meu pai fez comigo e tudo que disse naquele dia, e... Ele continua sendo criminoso. A gente conversou por uns momentos e eu disse o quanto fiquei impressionado com sua cena. Ele arriscou seu trabalho e me levou pro tiro ao alvo. Mas ele não me levou só por levar. Ele me levou pra poder colocar toda raiva pra fora porque antes de sair, meu pai havia brigado comigo. Quando eu acertei o alvo, eu vi que era aquilo que eu queria. Acha que estou sendo precipitado? Que é só desejo?

- Não, não, magina Omar. Acho que se você gostou mesmo, sentiu que era isso não é perda de tempo.

- É, eu acho que não foi atoa essas tatuagens. – Levantei o pulso. – Você ajudou a gente a pensar corajoso e nunca desistir, e você vai agora?

- Segue o conselho dele. André não tá sabendo direto como aconselhar a si mesmo, é melhor aproveitar.

- Joaquim está totalmente certo. – Nos rimos e Omar abriu a carta. Os começaram a ler.

- Vai porra! É meu amigo! – Omar gritou jogando o papel no sofá.

- Eu conheci ele primeiro, cala boca. – Joaquim retrucou.

- Eu conheci ele primeiro. – Repetiu a fala de Joaquim com voz nojada e Joaquim lhe empurrou. Ri e peguei a carta no sofá.

Eu havia sido aceito na universidade. E bom, por mais que esteja feliz, não vai ser nada legal ficar longe do Brasil.

[…]

- André, que bom que chegou. Tem como levar pra mim no quarto no meu quarto? Mas com cuidado, Victor está dormindo. – Isabela pediu.

- Claro. – Peguei a caixa e subi. Isabela estava se mudando. Pra uma casa só dela e de Téo. Depois que Téo registrou a criança com seu nome, estava tendo dificuldades deles se verem. Téo como já estava trabalhando e seu pai ajudou, eles foram morar sozinhos. Seu pai estava mais tranquilo que sua mãe com esse assunto. Sem contar que só ele ver o pequeno que baba feito um cão. Eu entrei no quarto colocando a caixa no chão. Procurei por Victor, mas ele não estava na cama. Fui até a cama vendo que sua fralda estava lá. Comecei a ouvir risos. Era ele. Quando me virei lhe vi andar com cuidado. Era seus primeiros passos, e ele vinha rindo com o bico na boca. Retado. Ele vinha até mim, com Julia atrás dele se segurando que ele não irá cair. Mesmo seu cabeça estando na frente, eu via seu sorriso ao lhe observar pela primeira vez andando. Quando ele se desequilibrou, Julia lhe pegou antes que ele caísse no chão. Ela finalmente me viu ali e seu sorriso seu sorriso sumiu. Como todas as vezes que se esbarrávamos pelo colégio. Já havia passado meses desde de que ela terminou comigo, e bom, não foi só pra mim mais todos também diziam sentir saudades de nós dois juntos. No começo foi difícil poder vê-la sem tocar, mas com esses meses depois conseguimos conviver separados – mesmo mortos de saudades. Mas foi até bom, porquê aí podíamos se acostumar com a ideia de que à poucas semanas irei pra Londres.

- André, oi. – Ela sorriu pra mim e ajeitou Victor em seu colo. Eu estranhei. – O que foi? Tem algo no meu cabelo? No meu rosto?

- Não, não, você ta perfeita. – Ela sorriu corada. – É só estranho você falar comigo. Só conversamos quando o grupo está reunido e olhe lá.

- Joaquim disse que vai pra Londres. Não pude te parabenizar antes, mas fico feliz que tenha sido aceito. E bom, parabéns pelos 19.

- E você os 18.

- O tempo passou rápido. Nem parece que um dia desses estávamos comemorando seus 18. Agora você está partindo. – Ah, os 18...

- Sim, mas pra mim não foi tão rápido como parece. Só ele, que cresceu rápido. – Fiquei perto deles pra brincar com Victor.

- Esse cresceu e cada vez mais apronta. – Sorrimos e ela beijou seu rosto lhe fazendo rir.

- Acha que quando voltar ele vai se lembrar de mim? – Falei brincando com ele e sua mão.

- Não tem como alguém se esquecer de você. Nem que aparecesse mil caras, mil amigos, mil padrinho, você vai continuar sendo o único. – Ela sorriu envergonhada com o que disse.

- Até mesmo o único dono da Luna? – Rimos soprados.

- Até mesmo o único dono da Luna. – Ficamos se encarando sorrindo. Nossos rostos logo estavam aproximados. Colei nossa testa com os olhos fechados. Sua respiração estava quente, e só eu sei o quanto sentia saudade da quentura dela. Do calor dela. Colamos nossos lábios. Minha mão foi pra seu rosto e a outra pra costas de Victor. Eu queria poder aprofundar, mas Victor estava em seu colo e seria falta de consideração. Era só um colar de lábios, mas ainda sim sentia saudades deles colado com o meu. Eu não podia ir, sem beijá-la. Mas uma mão pequenininha separou nossos rostos fazendo birra. A gente riu quando Victor se grudou no pescoço dela.

- Antes de você chegar ela era minha, seu ciumento. – Falei rindo.

- Miiinha. – Victor disse com a voz de bebê atrapalhado pelo bico, nos surpreendendo. Ele me encarou com a cabeça no busto dela e os braços em seu pescoço. Nos dois rimos ainda surpresos com sua primeira palavra.

- Até que fim começou a falar meu bebê. – Julia disse rindo. Ele começou a rir, quando brincamos com ele.

Quem é Luna? Nossa cachorra, que dei naquele natal à ela. Mas quando terminamos, ela já morava com Julia, continuou com ela, mas faz tempo que não a via. Acho que a última vez foi quando visitei Joaquim pra pegar algo. E bom, ela não estava sozinha. As aulas dela com aquele garoto continuou, e bom, invés deles estarem estudando eles estavam trocando saliva. Claro que quem atrapalhou foi Luna, que latiu ao mim ver. Isso aconteceu foi três semanas depois que se separamos. Mas eu não queria lembrar disso, mesmo isso ter acontecido até agradeço ele por ter ajudado ela a se formar. Mas óbvio que não admitiria pra ninguém. Mas odeio ele eu odeio.

Eu parei de brincar e lhe encarei. Ela me olhou também sorrindo.

- Você vai me ver? Lá em Londres? No aeroporto antes de partir?

- Não sei, não sei. Por um momento, eu pensei que conseguiria viver sabendo que você não estará aqui, mas eu não consigo. E se eu ir... – Ela suspirou não conseguindo terminar a frase. – Sinto muito. – Ela se virou caminhando pra sair do quarto. Eu suspirei sentando na cama com as mãos no rosto. Eu olhei pra porta onde Isabela passou pro lado que Julia foi, e Téo entrou. Suspirei pesado com os cotovelos na perna e ele suspirou também.

- Sinto muito. – Neguei suspirando.

- Eu também.

- Isabela vai falar com ela, quem sabe ela mude de ideia. Cara, se quiser ir pra casa não tem problema. Nos se resolvemos aqui.

- Não, não, eu prometi ajudar e é isso que vou fazer. – Levantei da cama, pegando suas costas pra sair. – Ouviu Victor falando? – Ele riu.

- Oh, foi a melhor coisa. – Rimos.

- Desculpa te beijado ela na frente dele.

- Não, não, essa foi a intenção. Acho que Isabela sente mais falta de vocês dois do que vocês mesmos. – Ele riu.

[…]

Ela se remexeu resmungando. Julia se virou ainda com os olhos fechados. Luna estava na minhas pernas recebendo o carinho na cabeça.

- Luna. – Julia resmungou passeando as mãos na cama a procura dela. Luna latiu e aos poucos Julia abriu os olhos. – André?

- Oi, meu amor. – Ela ficou de lado ainda com os olhos cansados.

- O que faz aqui?

- Eu vim te ver. – Falei acariciando a cabeça de Luna.

- Cadê a Luna? – Luna latiu e subiu na cama deitando ao seu lado. Julia bocejou e lhe abraçou. – Você vai mesmo amanhã?

- Você quer que vá? – Tirei seu cabelo da frente de seu rosto.

- Não. Eu quero que fique comigo e a Luna. Você vai ficar né?

- Dorme meu amor. Vai descansar. – Beijei sua testa e ela fechou os olhos. Se virei pra sair, mas minha mão foi segurada.

- Fica comigo. – Concordei suspirando e deitei ao seu lado na cama, colando nossos corpos em conchinha.

- Só até dormir viu? – Passei minha mão em seu cabelo.

- Mas isso não é um sonho? – Colocou sua mão encima da minha juntando nossos dedos.

- Depende do sonho que você queira que seja verdade.

- Pode cuidar de mim, que eu cuido de você

Tá combinado assim, juntos envelhecer...

- E ter filhos parecidos com você... – completei a música e vi sua bochecha sorrir. – Comigo seria feio né? Por isso que tem que ser com você.

- Você é o cara mais lindo que eu já vi. É meu homem.

- Seu homem? Então você é minha mulher?

- Joaquim disse que só quando casar. Mas eu digo que sou sua mulher desde de quando você tem 7 anos. Porquê eu te pertenço desde de sempre.

- Shh, dorme vai. Está tarde.

- Boa noite.

- Boa noite, amor.

- André. – Julia levou a mão no meu rosto e virou a cabeça pra mim.

- Oi.

- Dá boa noite pra nossa filha. A Luna sente saudades de você. – Ela tirou a mão do meu rosto voltando a juntar nossos dedos. Ri.

- Boa noite, Luna. – Luna latiu e eu ri com o que ela disse. Nossa filha. Ah, como eu amava essa mulher...



- André, esqueceu algo? – Minha vó perguntou quando apareci na sala.

- Sim, sim, meu celular que está carregando no quarto.

- Vai lá pegar, rápido. – Corri pra subir a escada. Quando eu voltei vi uma senhora na porta. Ela olhou pra mim quando estava colocando o carregador na mochila. Rosa se virou pra mim e na mão dela tinha uns papais. – André, essa é Maria. Sua vó.

- Acho que não entendi. – Ri sem entender.

- André, não seja bobo. Todo mundo tem duas vós.

- Mas eu sempre achei que os pais de Vicente morava longe.

- Por isso que se existe avião. Ele voa no ar, pra levar um ser humano de um lugar ao outro. A propósito é isso que irá fazer daqui à 1 hora se você não adiantar e falar logo com vó.

- Ai, calma, eu sei muito bem o que é avião coroa. – Ela bateu em mim quando passei por ela pra cumprimentar minha outra vó. – Oi. – Lhe dei um beijo no rosto e lhe abracei rápido.

- Nossa, como você cresceu. – Tocou meu rosto com suas mãos trêmulas.

- Acho que não me lembro de termos se visto antes.

- Eu tenho uma foto sua pequenininho. Assim oh. – Gesticulou com as mãos emocionada. – Acho que você estava com ele. – Apontou pra dentro e eu olhei vendo o policial com a cara assustada enquanto come.

- Não vó, não era ele. Aquele ali é Omar. A gente virou amigos no ano passado. Deve ser aquele que você está falando. – Apontei pra Joaquim que fazia a mesma coisa que Omar. Comia. – Gente, esse era meu bolo.

- Ah, você nem vai sentir falta. Sua vó já separou o seu mesmo. Ainda bem que você vai logo porquê todos os bolos que ela fazer vai ser só pra nós. – Omar falou de boca cheia e eu revirei os olhos. – Lola se junta com nós na quebrada. – Chamou com a mão melada e Lola desceu a escada correndo estressando minha mãe.

- Lola! – Alicia gritou com a escova e o elástico na mão. Lola pegou um pedaço do bolo e voltou pra perto de Alicia pra terminar de arrumar o cabelo. Os meninos sentaram no sofá pra comer à vontade. – Se você melar o vestido com chocolate você vai apanhar. Eu tô avisando. – Bateu o pente em seu ombro. Voltei a encarar a senhora a minha frente.

- Desculpa, essa família não bate muito bem da cabeça. Acho que sou o único normal aqui. – Os meninos começaram a gargalhar quando disse isso e eu tente não rir. – Tá vendo? – Ela riu. – Você conhece Alicia né? – Puxei seu braço quando ela foi olhar com quem eu falava.

- Claro que sim. – Elas duas se abraçaram sorridentes. – Como você está?

- Estou ótima. E você?

- Estou indo.

- Cadê seu marido?

- Ele ficou no motel.

- Ele não quis me ver? – Perguntei.

- Ele te viu na madrugada de hoje. Ele pensou que você era o Vicente. E ele estava certo. Você tirou a aparência de sua mãe e foi pra dele. Isso é admirável.

- Pera, o que você fazia fora da cama na madrugada? Eu fui em seu quarto e você estava dormindo. – Alicia falou.

- Se fufu. – Omar gritou rindo.

- Talvez, eu possa, ter ido tomar um ar. Não sei. – Me fiz de desentendido.

- Não sei. – Ela tentou imitar minha voz e eu revirei os olhos. – Só não te dou um sermão porque não temos tempo pra isso.

- Você vai viajar?

- Não, eu vou pra Londres. Fui aprovado na universidade de Oxford. Só volto daqui a 4 anos.

- Eu queria que Vicente tivesse sido inteligente igual a namorada e o filho, mas sabe né? Não ligava pra nada. – A gente riu. A gente – eu e Alicia – já havíamos superado faz tempo, mas no olhar da mãe dele parecia sentir saudades. – Acho que já vou indo. Não quero que perca o vôo por minha causa.

- Acho que deveria ficar e ir comigo até o aeroporto. Não é todo dia que eu vejo minha vó paterna.

- Não, é melhor eu voltar pro hotel. Boa viagem, querido.

- Obrigado. – Lhe abracei demorado. Beijei sua testa. – Espero poder revê-la quando voltar. A senhora vai ficar né?

- Não, mas vou orar pra te ver o mais rápido possível. – Sorri. – O sorriso da mãe. – Olhou sorrindo pra nós dois. – Vai com Deus, filho.

- Fica com ele. – Peguei suas mãos e beijei.

Ela sorriu e se despediu de Alicia com um abraço. Acenou pra minha vó que lia algo algum papel, mas fez questão de se despedir com um abraço também. Maria andou em direção a um táxi que estava parado ali e entrou.

- Espero um dia conhecer o vovô. – Falei com Alicia.

- Gostou dela? – Concordei. – Uma pena que ela veio só hoje. – Concordei e ela acenou quando o táxi partiu.

- Será que ela sabe algo de Kat. – Ela revirou os olhos me dando as costas. – O quê? Eu ainda quero sabe como aquela garota conhecia Vicente.

- André, a menina não deve nem ligar se você existe ou não. Eu já disse que ela deve ter se confundido.

- Acho que finalmente ele parou de amar a Julieta dele. – Omar zombou limpando com o dedo a bandeja. Ignorei. Palhaço.

- Vocês três acabaram com meu bolo. – Eles sorriram culpado com a boca toda suja de cobertura de chocolate.

- Podemos comer o seu que a tia guardou? – Joaquim perguntou. – Lola, faz a carinha. – Lola fez a carinha.

- Rainha 2, Lola melou o vestido. – Alicia se virou e Lola arregalou os olhos vendo a mancha no seu vestido.

- AAAAA. – Lola gritou e correu pra subir a escada sendo perseguida pela irmã furiosa.

- Querem ser os próximos? – Sussurrei pra eles. – Aposto que a outra mandona ali, não vai gostar nada de vocês terem melado o sofá dela. Vocês três estão pior que Victor. Nem parece que um já é policial. – Eles arregalou os olhos vendo o sofá sujo também.

- Vai Joaquim, vai. – Omar mandou empurrando Joaquim pra os dois ir à cozinha. Minha vó encarou eles sem entender quando viu ele voltaram tentando esconder o pano pra ela não ver. Ri negando com a cabeça vendo eles limpar o sofá com o pano úmido. Eles nunca vão mudar.



- André, desiste, ela não vem. – Joaquim falou e eu suspirei.

- Tem razão. – Olhei o relógio e daqui a pouco irá chamar.

- Você vai demorar pra voltar? – Lola veio a minha frente falando com a voz baixa.

- Oh, Rapunzel. – Me abaixei pra ficar na sua altura. – Eu só poderei vim aqui nas férias. Tipo no Natal.

- Mas vai demorar muito. O ano acabou de começar, irmão.

- O tempo vai passar, que você nem vai perceber. Mas eu vou sentir muita saudade de você pequena.

- Você deveria ficar aqui comigo. – Seus olhinhos começou a lacrimejar e eu senti uma dor por ir e deixa-la assim.

- Quando voltar, não vai ter ninguém que segure a gente. Ou separe, porque eu vou voltar cheio de saudades e não vou te soltar por nada neste mundo. Você vai estar bem crescidinha e eu não quero ninguém ao seu lado à não ser eu.

- Promete?

- Prometo. – Levantei o dedinho e fizemos o juramento. Ela me abraçou e já começou a chorar. – Amo você viu pequena? – Afaguei suas costas levantando ela no meu colo.

- Eu também. – Eu sentia suas lágrimas em mim. Foi a maior dificuldade de tirar ela do abraço, e ela ficou chorando abraçando Joaquim. Ai meu Deus, isso está sendo mais difícil do que pensava.

(Chorei//2)

- Até logo, cara. Se cuida. – Omar disse batendo no meu ombro.

- Continue usando um colete quando ir pra cena, você ainda me deve pela aposta e um dia eu vou cobrar. – Ele riu e se abraçamos. – Aliás, você fez bem em prender seu pai. Não se culpe por isso todas as vezes que o vê na cela. – Ele concordou. – Sobre Priscila, foi bom pra ela morar com os pais em Paris. Sem contar que sempre foi o sonho dela fazer moda.

- É, eu sei. – Sorriu canto.

- Vem, Lola. Deixa seu irmão falar com Joaquim. – Alicia tirou Lola do colo que Joaquim.

- Você vai adorar lá. Se você ver minha vó ou a tia Flora, fala que mandei um beijo. Só não se esquece do seu melhor amigo aqui. Já não basta esse que apareceu. – Omar revirou os olhos e rimos se abraçando.

- Não conta pra Isabela, mas se eu ver o Benjamin, eu vou acabar com a raça dele. – Sussurrei seu ouvido.

- Quatro quarteirões da casa da minha tia é a dele. Mata ele sem dor. Caso se você for preso por esse babaca ao lado, eu vou ser cúmplice. – Ri se afastando.

- Babaca é você. Não esquece que não posso trair o trabalho por causa de amigo. – Omar resmungou.

- Não mexe com ele. Omar agora é autoridade. – Omar fez posição com as mãos nas costas mas acabou rindo com a gente. – Idiotas.

Lola foi abraçar o Joaquim novamente mas agora seu quadril. Agora era as outras duas da minha vida.

- Nem tivemos tempo de aproveitar todo tempo perdido, né? – Minha mãe falou. – Queria que fosse sem hiatus.

- Eu também, mas foi bom enquanto durou. – Ela me abraçou desesperadamente.

- Se você demorar de voltar, eu vou ir te buscar a força. – Sua voz saiu embaçada e demorou um pouco e ela me soltou limpando as lágrimas que começaram a cair. Beijei sua testa.

- Cuida do vovô e da mamãe. Sei que não vai deixar nada acontecer enquanto estiver fora.

Ela concordou e eu fui pra pessoa que será mais difícil de se despedir. Seus olhos já derramava lágrimas.

- Obrigada por tudo, mãe. – Puxei sua cabeça pro meu peito e ela chorou por longo tempo. Eu disse que não seria fácil. Acariciei seu cabelo. Eu nunca vi minha vó chorar tanto como estar agora. – Mãe, escuta, eu tenho que ir. Meu vôo já está chamando. – Ela separou sua cabeça de meu peito aos poucos. Peguei sua toalhinha limpando suas lágrimas. – Eu vou ficar bem. – Falei passando a tolha por baixo de seus olhos.

- Tudo que precisar, é só me ligar. Não esquece de ligar todos os dias. Eu não quero dormir, enquanto você não me ligar. Nem que seja na madrugada, eu vou estar acordada esperando você ligar pra mim dar boa noite.

- Vou ligar antes das 21 porquê a senhorita não pode dormir até tarde.

- Tudo bem. Amo você. – Lhe entreguei a toalhinha.

- Também amo você. – Peguei única mala que estava na minha mão e comecei a andar em direção ao embarque. Olhei pra trás e elas duas estavam abraçadas me olhando. Lola chorava de novo no colo de Joaquim e aquela cena só partia meu coração. Continuei a andar quando ouvi gritarem meu nome. Não era eles, porquê eles também perceberam alguém gritar.

(Chorei//3)

Olhei ao redor e só vi Julia correr em minha direção. Soltei a mala e fui até ela quando ela já estava perto. Julia pulou em meus braços.

- Você veio. – Falei lhe apertando mais tirando ela do chão. Julia separou seu rosto de meu pescoço e me beijou. O beijo era calmo, e talvez seja o último da gente por 4 anos. Fui lhe colocando no chão aos poucos, enquanto eu já sentia saudades. Sua mão foi pra minha nuca aprofundando mais o beijo. Só pude ouvir a última chamada, e fomos se separando. Ela me olhou acariciando meu rosto. – O que te fez mudar de idéia?

- Eu amo você. Nunca se esqueça disso. Estarei aqui te esperando. Sou sua mulher. – Sua mão foi saindo de meu rosto e ela foi se afastando fazendo minhas mãos de sua cintura sair.

- Eu amo você também.

- Eu não quero nunca parar de falar com você. Promete pra mim que vamos se falar todos os dias. – A última chamada repetiu.

- Adeus Julia. – Peguei a mala e terminei o pequeno percurso. Quando já estava quase pra entrar e desaparecer, eu olhei eles. Todos estavam abraçados, e Julia estava com Omar chorando. Lola acenou e eu sorri uma última vez pra todos desaparecendo das visões deles. Agora será só eu, só.

(Tem um olho na minha lágrima)

[…]

Eu havia chegado três horas da manhã, mas lá em Londres já era seis. Mas mesmo assim, isso não me impediu de dormir no sofá. Estava cansado com o fuso horário. Acho que não vou me acostumar tão cedo.

Quando acordei, em Londres, já era doze horas. Eu encarei aquele apartamento gigante cheio de caixas espalhadas. Sim, eu iria morar sozinho pela primeira vez. Meu avô disse que eu poderia convidar quem eu quisesse pra mim fazer companhia mas como eu não conheço ninguém ainda, deixa do jeito que está.

Havia ligações dele e várias de Rosa e Alicia. Tinha da Isabela – que não pode ir se despedir no aeroporto mais eu já havia me despedido antes – tinha a Julia e da Priscila – que estava neste momento em Paris com seus pais e fazendo faculdade de moda. Eu retornei a todos, e depois fui tomar um banho.

Eu estava procurando uma roupa nas malas. Eu iria conhecer o campus, não podia ficar o tempo todo trancado. Achei um envelope na mala mas não dei importância.

Eu peguei o mapa do campus no bolso da jaqueta quando caiu no chão aquele maldito envelope que havia colocado lá antes de partir. Sentei no banco que tinha ali e abri pra ver o que era. Abri o papel e era uma carta. Mas como se eu não havia colocando nenhuma carta e nem envelope na minha mala? Eu não conhecia aquela letra.

“10 de agosto; o dia em que você nasceu.

Sabe a sensação de quando você e Julia começou a namorar? Era isso que eu sentia neste dia. Felicidade. Caramba, o dia em que meu primeiro filho nasceu! Não é querendo julgar, mas a felicidade que eu estava era muito maior que a sua quando vocês namoraram. Era felicidade paterno. Mas tinha um porém, eu era proibido de chegar perto de você. Você perdoaria, se eu dissesse que fui contra as regras e fui te visitar na maternidade? “Mas perdoar sendo que você foi me ver” sim, mas eu não fui só te ver, fui roubar você de sua mãe. Fui tirar você da vida dela, porque ela se recusava a me aproximar. Eu cheguei a te pegar no colo. Você estava dormindo, era frágil. Mas aí eu pensei “te raptar sendo que você tinha tudo pra ter uma vida boa?” “te raptar sendo eu sou um miserável que não tem nada nesta vida?” Não! Você precisava de uma vida digna e pura. Precisava de sua mãe protetora, não de um pai ladrão. Eu te coloquei no berçário, de novo. Eu não iria fazer tal tolice e te levar pra ter uma vida sem alimento, e também, eu amava sua mãe e não faria ela sofrer assim com a perda de um filho que ela mais esperou. Eu só queria poder ter cuidado de você... Naquele dia, eu me esbarrei com seu avô. A gente nunca foi muito próximo e eu acho que ele me odiava. E tenho total certeza que era sua amiguinha Karen que lhe enchia o saco. Nunca fui com a cara daquela vaca! Ele não ficou nada feliz, era primeira vez que senti medo em todo esse tempo no crime. Provavelmente aquela vaca havia tido algo como sempre pra Antônio odiar mais o meu relacionamento com sua mãe. Naquele momento, sua vó passou por me olhando. Eu me pergunto porque Antônio foi fazer isso com uma mulher tão bela como ela. Tão bela como o luar da noite. Acho que ela sabia que eu precisava de você e aos 3 ou 4 anos ela me deu uma chance. Eu nunca deixarei de agradecer e pedir ao céus que abençoe a vida dela. Estanho né? Um servidor do diabo pedir a Deus que lhe guarde. Mas não é estranho assim como parece. É como dizem, até o diabo tem medo do poder de Deus.

Dias passados, eu não imaginaria que meu inimigo iria se aproximar de você. Eu agi por impulso e fui. Eu pensei que, você não falaria comigo porque desde de que soube que o líder da quadrinha onde você morava era seu pai eu lhe vi evitando tudo. Até mesmo seu único amigo. Você pode não ter muitos amigos, mas os que você tem vale mais que ouro. Eu não te seguia sempre, porque também queria que tivesse sua privacidade, mas eu não podia perder você de vista porquê, você não sabe o quanto os inimigo gostam de tirar seus bens mais preciso. Você acha que eu teria colocado meus pais longe porque? Pra eles tirarem férias? Eles querem que a gente sofra, ele tira tudo que é especial. Você não sabe o quanto isso é doloroso. Por que doloroso? Porque bem no comecinho de todo crime, eles mataram minha irmã mais velha. E foi aí que tive que levar eles pra longe. Mas você não, você ficou e se você ficou eu tinha que cuidar de você. André, meu filho, você não sabe o quanto foi difícil te deixar longe de todos eles. Você, é meu bem mais precioso, e se acontecesse algo com você eu nunca iria me perdoar. Sabe aquele dia? Que me perguntou o que tinha haver aquela mensagem e eu não consegui falar? Então, eu quero dizer que amo você. Eu amo você e que meu maior erro foi não ter dito isso pessoalmente. Na manhã de sábado, eu quero poder te ver depois de ter lido essa carta. Eu quero ver você e dizer o quanto me arrependo de ter entrado neste mundo e não dito a oportunidade de cuidar de você e sua mãe. Tudo que eu mais queriam era sermos uma família, venha me encontrar, se não vim, é porque saberei que você não vai me perdoar. Desculpas por tudo, você sempre vai ser minha vida e a pessoa que mais vou amar. Você e sua mãe.”

Eu deixei minha cabeça cair pra trás enquanto as lágrimas rolava. “Na manhã de sábado” ele iria me entregar essa carta no dia em que partiu. Cada palavra eu imaginava sua voz.

Por quê? Por ele foi e eu não tive a chance de poder dizer que lhe perdôo. Lhe perdôo por tudo, mas ele tinha que estar aqui. Ele tinha que ter ido me ver partir, ele ficaria orgulhoso de mim.

Gigante ❤: Não consigo me acostumar sem você aqui.

Eu: Acho que se você não tivesse terminado, poderíamos tentar à distância.

Gigante ❤: Eu sei

Gigante ❤: Talvez...

Eu: Mas agora não dá mas.

Escrevemos ao mesmo tempo. Ela demorou pra começar a escrever.

Gigante ❤: Sim, claro! 

O elevador abriu e eu sai. Eu tinha voltado pra casa.

- Hey, espera! – Se virei pra trás quando uma brasileira com sotaque gritou e uma menina de cabelo cacheado se abaixou. Voltei ao ver que era minha carta que havia caído – Acho que isso te pertence. – Ela levantou a cabeça e me encarou. – Não acredito. – Ela sussurrou. No momento o elevador iria e ela ficou apertando o botão. – Desce, desce. – Me recuperei do choque e quanto fui colocar a mão o elevador fechou.

- Merda! – Corri pra escadaria. Eu sabia que ela me conhecia. Se não me conhecesse ela não teria fugido. Descia as escadas correndo. Quando cheguei no térreo, lhe vi sair do elevador correndo. Corri até ela e quando ela ia sair, puxei seu braço. – Você vai me explicar direitinho como me conhece e você não vai fugir de novo.

- Não, eu não posso. Eu tenho que ir. – Tentou sair, mas segurei firme lhe fazendo se virar.

- Agora Kat. – Ela ficou me encarando calada e no final estendeu minha carta.

- Ok, eu te explico. Agora solta meu braço.

- Ótimo. – Soltei.

- Sua namorada ta ligando. – Atendi.

- Oi Julia. – Peguei seu braço lhe puxando pro elevador.

- Eu não vou fugir se é isso que está pensando. – Kat fez soltar seu braço.

- Juro que se você fugir, Kat, eu te procuro por essa Londres toda até te achar. Eu posso perder até os primeiros dias, mas vou lhe achar. – Falei e depois voltei a colocar o celular no ouvido e apertei o botão do elevador.

- E não me chama de Kat, meu nome é Katherine.

- Meu nome é Katherine.– Imitei sua voz. – E nome é Ursinho Pooh. - Ela revirou os olhos.


Notas Finais


Bom, é isso, quero agradecer a todos pelos favoritos e comentários lindos. Vocês são tudo ❤

Eu queria poder falar algo, mas não consigo. Vou chorar kkkkk

O link da segunda temporada

https://spiritfanfics.com/historia/unknown-love-2-9245446

Vou ficar em hiatus e não sei quanto tempo viu voltar, mas espero que gostem da segunda temporada e tenham paciência com a demora ❤

Estou pensando em fazer outra fic de Judre, mas acho que só terão 8 capítulos. Qualque coisa vou publicar, mas não vou postar aqui. Espero que todos leiam e saibam que sou eu. Acho que essa nova fic é de mistério Judre ❤


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