Há tanto tempo nos conhecemos. Desde a época em que eu gerenciava o 4° distrito. Bons tempos aqueles. Um garoto cheio de raiva, mal havia chegado e já estava transformando tudo em um caos. Como parte das minhas antigas obrigações eu tinha que dar as boas vindas ao novo visitante e assim o fiz. Pela primeira vez em tempos relembrei a sensação de lutar com alguém tão forte quanto eu. A adrenalina, os sentimentos, as sensações, foi tudo tão… diferente, especial talvez, não poderia deixar isso passar. Precisava encontrar o corvo-kun outra vez e fui atrás dele.
- Ei, como está aí em cima, Corvo-kun? - Ele estava sentado no topo de uma antena, no alto de um prédio, em silêncio, apenas olhando tudo enquanto o vento balançava aqueles cabelos brancos.
- Esse não é meu nome.
- Estou lhe chamando assim porque todos o chamam. Vindo de algum lugar para procurar carne morta. - Disse enquanto sentava ao seu lado. - E como posso te chamar de algo se sequer sei seu nome? Eu sou Uta, e você?
- …
- Vamos lá, não é com se eu estivesse perguntando algo de demais.
- É Renji… - Disse enquanto olhava para baixo, sem olhar uma vez sequer no meu rosto.
Aquela foi a primeira vez que conversamos. Era uma estranha sensação. Aquele homem despertara em mim um sentimento diferente. Algo que e ainda não sabia o que era exatamente mas me atiçava, despertava desejos em mim. Eu precisava dele.
...
Voltamos ao presente. Conheço Renji-kun há um longo tempo, viramos amigos até. Mas vocês sabem como são essas coisas. Amizade não é o suficiente para mim, nunca foi eu preciso daquele homem mas é tão difícil. Diversas vezes eu tentei aproximações mais íntimas e ele apenas afastava sem perceber. Preciso agir, e rápido. Vou visitá-lo. Há tanto tempo o conheço e o desejo mas agora esse sentimento está maior, mais forte, mais voraz. É chegado o momento de agir e tentar alguma coisa e dessa vez para valer.
…
Eu estava chegando em sua casa. Não estava nervoso, ou confiante, ou qualquer coisa. Estava normal e bem positivo sobre o que poderia estar por vir. Eu apenas não contava com uma coisa. Toquei a campainha. Esperei ele vir atender a porta para facilitar o meu trabalho e de repente… Sua sobrinha abre a porta.
- Ah..! Hey, Touka-chan! Renji está por aí? - Como eu não previ que algo assim poderia acontecer? Não que seja algum problemas, porém poderia vir a ser e essa possibilidade botaria todo o meu trabalho ao lixo.
- Olá, Uta-kun! Sim, ele acabou de chegar. Ele está na cozinha preparando café. Você gostaria de entrar? - Ela estava estudando pelo que me pareceu. Estava com seus cabelos roxos amarrados, com apenas uma mecha caída entre seus olhos. Além disso, parecia estar um pouco cansada, o que é muito bom. Ela poderia apenas dormir, facilitaria muito minha vida.
Entrei na toca do lobo. Havia um delicioso aroma de café no ar, essa era uma de suas maiores especialidades de qualquer maneira. Fazer e servir café na Cafeteria do velho Yoshimura. Eu amava o gosto de seu café. Não era tão forte, nem tão fraco, tinha um cheiro espetacular e mais importante, era feito por ele.
Estava quase chegando na cozinha e antes de cruzar a porta ouço:
- Uta! Aparecendo assim sem avisar, sexta a noite. Já terminou todas as suas máscaras.? - Ele disse tudo isso sem olhar para trás. Ele não olhou na minha cara. Mas de qualquer maneira eu respondi sua pergunta.
- É, eu estava com um tempo livre e quis vir te visitar. Faz um tempo que não nos vemos de qualquer maneira.
Sentei em uma cadeira, ele finalmente virou, ofereceu café, me serviu, sentou também e começamos a conversar. Impressionante como eu não estava prestando atenção em nada da conversa e, mesmo assim, ainda o estava respondendo. Apenas uma coisa passava pela minha cabeça: O que eu faria quando o momento chegasse? Não deveria ser tão complicado, certo? Afinal eu só devo me declarar pra ele, nada de demais. O tempo estava passando tão devagar. Minha visão ficou presa ao relógio pendurado na parede que estava atrás dele. Tic-tac, tic-tac. Já havia perdido a noção de tudo que estava acontecendo a minha volta.
Quando voltei a mim, ele já estava em pé de costas para mim, em frente a pia secando a chícara que acabara de usar. Não sei porque mas esse era o momento. Dei um gole no meu café e levantei. Ele disse alguma coisa que eu não entendi muito bem e mesmo assim eu consenti com a cabeça e comecei a andar em sua direção.
- Sabe, na verdade eu vim hoje aqui pra te falar uma coisa, Renji-Kun.
- É, pode falar, Uta. - Disse ainda virado para a pia.
Fui me aproximando até chegar atrás dele e nossos corpos se tocarem, e disse bem baixinho em seu ouvido - Você fica lindo vestido assim, mas não seria melhor se tirássemos tudo isso? - Enquanto eu falava, minha mão que estava em seu abdômen forte e definido foi descendo lentamente até encontrar o seu órgão. Então eu falei novamente em seu ouvido enquanto sentia seu corpo se arrepiar - Podemos? -. Ele se virou e gritou - Uta!, o que você está fazendo?!! -, enquanto tentava me empurrar. Mas eu segurei seus braços, me aproximei rapidamente e o beijei. Era uma sensação estranha, estava tudo estranho. Eu podia sentir o meu calor e o calor do corpo dele ao mesmo momento. Eu podia sentir seu corpo arrepiado. Eu pude sentir todo o seu interior. Mas nada disso foi estranho… O mais estranho foi que ele devolveu o beijo.
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