Pov. Nico.
Estava com Hazel na cozinha tomando o café para ir a escola. Minos desceu as escadas. Usava um impecável terno cinza e gravata azul marinho.
- Quem está tomando conta da funerária do pai de vocês?- perguntou. Olhei para Hazel que apenas revirou os olhos. Aquele era assunto para o horário?
- Tânatos está cuidando de tudo.- Respondi mesmo assim.
- Hummm... porque não trabalham lá ao invés de ficar nesse trabalho em lanchonete?- Perguntou se servindo.
- Não estávamos afim.- Hazel falou áspera.- E também, Tânatos saberia conduzir aquilo melhor que nós, já que não sabemos nada de administração.
- Entendo. - Falou e se levantou.- Mas ainda sim quero vocês lá após a aula.
Saiu pela porta nos deixando ali. Olhei para Hazel que bufou de raiva e jogou a torrado no prato.
- Quem esse cara pensa que é?- Hazel falou irritada. Colocamos a louça na pia e fomos pro carro.
Achamos um vaga, pelo menos não estava tão lotado o estabelecimento.
Os corredores estavam cheios de cartazes para o baile, pessoas de um lado para o outro e vários murmúrios.
Minha primeira aula era história, meu parceiro de turma era Jason. Tinha sorte que na maioria das aulas eu tinha meus amigos comigo.
- Está com sorte do professor ter atrasado.- Jason falou e ajeitou os óculos azuis.- Qual o motivo da demora?
- Sabe aquele tio que morava na Europa e que tinha a minha guarda e da Hazel?- Ele assentiu.- Pois é, ele está aqui.
- O quê!?- Falou tão alto que alguns alunos se viraram pra nós. Olhei pra ele com reprovação.- Desculpe. Mas como assim, quando ele chegou? Como achou vocês dois? Porque está aqui?
- Bom dia alunos.- o professor falou assim que entrou na sala de aula. Quiron tinha cabelos marrons e usava uma cadeira de rodas. Ele era um dos meus professores preferidos. - Abram os livros, hoje iremos falar sobre mitologias.
- Termine de me contar.- Jason me cutucou com o cotovelo.
- A escola tinha ligado pra ele, e como ele já estava aqui para resolver um assunto, achou melhor verificar isso também.- Murmurei baixo pra não chamar a atenção do professor.
- Putz...- Jason estalou a língua.- E ele está em um hotel ou algo assim?
- Que nada, o maldito decidiu ficar lá em casa.- Falei olhando para frente.
- Que desgraçado.- Jason falou e apenas assenti.- E como você ou Hazel estão agindo?
- Tentando agir da melhor forma possível.- Falei. O professor estava dando aula já e eu e Jason estávamos conversando. Ele odiava conversas.
- Hummm... Mas vai aguentar até ele ir embora?
- Eu espero que sim.
- Já tem fantasia pro baile?- Perguntou depois de um tempo. Me virei pra ele, seu olhar era assassino e estava em alguma carteira da frente. Segui o olhar que parou na carteira de um garoto loiro e um moreno.
- Não, você já?- perguntei erguendo a sombrancelha me perguntando o porquê de Jason estar encarando aqueles garotos.
- Não.- Falou simplesmente.
- Eu não acho que você seja gay sabia.- Falei do nada e fingi anotar alguma coisa no caderno. Ele me olhou confuso.- Está olhando de mais pra lá.- Apontei discretamente com a caneta.
- Estava de olho.- Jason falou se escorando na cadeira.- Nunca notei que tínhamos aula de história com Will e Théo. E Théo estava falando algo e rindo, com certeza fazendo piadinhas.
- Não tem nada de mais.- Revirei os olhos.- Nos estamos aqui e eles lá. Cada um no seu quadrado e não ligo pro que eles falam ou deixam de falar.
- Não confio neles.- Jason comprimiu os lábios.- Mas você disse que pode se cuidar e provou isso ontem.
- Suas aulas serviram pra algo.- Falei e ele riu.
- Mas iai, como anda a conversa com o garoto misterioso?- Perguntou mudando de assunto.
- Nós marcamos de se encontrar no baile.- Murmurei encarnado o caderno sem nada escrito.
- NÃO BRINCA!- Jason gritou chamando atenção para nós. Quiron nós fuzilou com o olhar.
- Algum problema senhor Grace?- Quiron perguntou cruzando os braços.
- Não, desculpe.- Jason fingiu escrever algo.
Ouvi alguém murmurar um "idiota". Olhei para o único lugar onde sairia essas palavras, mas ao invés de ver um sorriso estampado no rosto de Théo, meu olhar se encontrou com o do loiro.
Will Solace. Disse a voz na minha cabeça.
Não consegui desprender meu olhar dos seus, ele também não disfarçou ou outra coisa e ninguém parecia estar percebendo. Senti meu rosto ficar quente e vermelho. Me repreendi por isso e apenas fechei a cara é desviei o olhar voltando a olhar para frente.
QUE ÓDIO! EU FIQUEI VERMELHO!!
Senti meu estômago embrulhar e meu coração quase sair pela boca.
"Se controla, Nico." Me repreendi.
[...]
Estava sentado na mesa do refeitório com meus amigos. Eles estavam falando sobre suas fantasia e eu não estava nem aí. Eu realmente não queria ir ao baile mas tinha marcado um encontro. UM ENCONTRO! Fazia anos que não tinha um encontro.
- Nico?- Hazel estalou os dedos na minha frente. Olhei para meus amigos que tinham sorrisinhos besta no rosto.
- O que foi?- Perguntei olhando pro meu lanche.
- Jason nós contou.- Piper sorriu largamente.
- Contou o que?- perguntei parecendo desentendido.
- Não faça isso.- Jason riu alto.- Somos seus amigos, não precisa esconder tudo de nós.
- Mas bem que poderiam me deixar em paz com isso.- Falei irritado.- Não quero ficar falando da minha vida pessoal o tempo todo.
Sai do refeitório irritado. Não estava realmente irritado com eles, estava apenas chateado com tudo o que estava acontecendo. Estava chateado pelo fato de meus amigos as vezes se intrometerem na minha vida. Chateado com Minos. Chateado com a vida.
◇◇◇
Pov. Will.
Eu estava mandando mensagem para- vocês- sabem-quem no meio da aula de ed. Física. Estava sentado em na arquibancada da quadra de dentro da escola.
- Hummm... deve estar ocupado.- Murmurei pra mim mesmo e resolvi ler as antigas mensagens.
- Quem é esse?- tomei um susto ao ouvir a voz ao meu lado.
- Não sei do que está falando.- Bloquei a tela do celular e fuzilei meu amigo com o olhar. Tomás era meu amigo a bastante tempo, diferente dos outros. A pele era bem bronzeada, cabelos lisos e pretos e olhos escuros. Ele era descendente de indianos.
- Sei... você não me engana.- Ele se sentou do meu lado e olhou para a quadra.- Se não contar vou infernizar você até falar.
- Você é um chato.- resmunguei e torci a boca. Eu deveria ou não falar?
- Ande logo.- Tomás falou.- Não vai querer que eu pague seu celular.
- Ahhhh, certo eu falo.- olhei pra ele sério, o sorriso de canto se desmanchou um pouco.- Mas tem que prometer que não vai falar pra ninguém.
Tomás me olhou erguendo a sombrancelha e suspirou.
- Certo Solace.- Ele fala e me encara com um sorriso.
- Eu conheci em um chat pra Facudade de Harvard. Ele usa o nome de Lorde das trevas, não sei quem ele é, e nem onde estuda ou mora. Mas acho que deve ser aqui mesmo em São Francisco.
- Por que acha isso?- Perguntou olhando de canto pra quadra.
- Eu queria realmente saber quem ele é, por isso marcamos de nós encontrar aqui na escola, no dia do baile.
- Está falando sério?- Perguntou me olhando surpreso.- Sabe que se Théo descobrir não vai ser nada fácil.
- Ele não implica com você por ser bi.- Falei cruzando os braços.- E eu não sou gay ou bi. Ele não teria o que fazer gracinhas.
- Isso é porque há bati nele uma vez, a muito tempo.- Ele revirou os olhos. Eu lembrava daquela história.- E ele não vai querer ter o braço quebrado de novo.
- Talvez, mas há disse. Não sou gay.
- Você não pode saber disso assim.- Ele me olha sério.- Não é como se nascesse com isso, você descobre com o tempo.
- Mas sei que não sou.- Falei.
- Se você está dizendo.- Ele volta a olhar pra frente. Dessa vez resolvi ver o que ele tanto estava observando.
Sentados na última arquibancada estavam Jason e Nico. Jason estava vestido com a farda de Ed. Física da escola, ou seja, camiseta laranja, short branco e tênis. Nico estava mais diferente, a camiseta ficava comprida, um moletom preto e largo, short preto e AllStar preto. Os cabelos pretos e compridos estavam presos. Conversava animadamente com Jason, que riu de alguma coisa.
- Ele é bonito.- olhei pra Tomás confuso.
- Que? Quem?- Falei um pouco alto.
- Nico di Ângelo.- Tomás sorriu de canto.- Ele é um gato.
Quase me engasguei com a minha saliva.
- Sério?- Olhei de novo pra frente. Nico era pálido de mais, magro e baixinho, cabelos compridos e quase sempre bagunçados e raramente expressava alguma coisa.
- Sim, talvez eu chame ele pra sair algum dia desses.- Tomás sorriu e se levantou.- Nossa vez, Solace.
Quando estávamos no fim, Tomás apenas acenou para os dois garotos. Percebi o rosto de Nico ficar vermelho.
- MUITO BEM!- gritou o treinador.- VAMOS COMEÇAR!