História Vivendo na Lembrança . - Primeiras Memórias

Era março de 2013, início do ensino médio.. Os últimos quatro anos na escola nova tinham sido bem traumatizantes, todo dia alguém tinha que implicar comigo, seja por causa do meu jeito de agir ou pela minha forma de vestir. Me lembro de um "episódio" bastante ruim que aconteceu na 8° série. Eram 7:26Am, eu tinha acabado de chegar na escola, a tempo de pegar o 1° horário de aula, um feito notável, sendo que eu normalmente só entraria no segundo horário, Minha sala ficava no 2° andar, quando entrei na sala já tinha um número considerável de pessoas, procurei logo uma cadeira no fundo da sala, como eu não tinha amigos naquela sala eu não me importava muito com lugares, minha única preferência era que o lugar fosse o fundo onde eu pudesse colocar meus fones quando a aula estivesse chata. Reconheci um garoto no fundo da sala que tinha fama de mau caráter, como eu estava " ácida" naquele dia, sentei atrás dele, eu tinha quase que um fetiche por irritar ou simplesmente importunar alguém as vezes e ele seria a minha vítima naquele dia. Ele percebeu que eu tinha sentado ali um tempo depois, eu sabia que ele iria me mandar embora mas eu não estava disposta a trocar de lugar, ele se virou pra mim e começou a falar:

-Ei sua esquisita, quem vai sentar ai é a minha namorada

-Acho que ela vai ter que sentar outro lugar hoje.- falei com desdém.

Foi quando ele se levantou me pegou pelo tecido do casaco e deu um tampa no rosto que me fez cair zonza.

-Eu disse que quem vai sentar ai vai ser minha namorada, sua vadia.- falou em um tom baixo, mas ríspido. Foi quando ele viu pela janela da sala o professor passar no corredor e em um movimento rápido ele pegou minha mochila que ainda estava na cadeira atrás à dele e jogou na cadeira do lado.

-É melhor vc dizer que caiu se o professor perguntar.-ele me ameaçou e logo depois sentou no seu lugar

Eu ainda estava no chão, eu sentia o meu rosto formigar com a adrenalina e muita dor no local do tapa. Eu estava paralisada, não conseguia acreditar em como aquele garoto podia ter sido tão violento com uma mulher, mas também sentia um nó na garganta pela humilhação que era aquilo. Eu olhava pra turma que estava impassível, como eu tinha fama de ser esquisitona, grossa e chata, muita gente naquela sala tinha raiva de mim, então eles não fariam nada.

Um segundo depois o professor entrou na sala, mas como estávamos afastados da porta, ele não me enxergou jogada no chão, e eu tomei o cuidado de me levantar antes que ele notasse, peguei minha mochila e saí da sala no momento em que ele estava começando a aula, saí rápido o bastante para que ele não tivesse tempo de me chamar, não que ele fosse o fazer, até porque os professores me conheciam por nunca prestar atenção nas aulas e simplesmente dormir em algumas, então ele não se daria ao trabalho. Eu desci para o 1° andar e fui direto para o banheiro, escondendo um pouco do meu rosto com meu cabelo. Por sorte banheiro estava vazio, eu entrei em uma das cabines, baixei a tampa do vaso, me sentei e fique alí chorando, eu pensava no porquê daquele garoto achar que tinha motivos pra mee agredir, eu sabia que era odiada, mas memo assim me perguntava porquê ninguém tinha feito nada, pensei no porquê de eu estar alí... Ouvi um voz familiar me chamar do lado de fora da cabide:

-Jessica, é você que está ai?- a voz perguntou.

-s sim- falei com a voz rouca.

jess, você está bem?- perguntou com tom de preocupação.

-tem m mais alguém ai no banheiro além de você?.-perguntei agora com a voz um pouco aguda.

-Falta uns 20min pra bater o 2°horário, ninguém sai de sala agora.

Depois disso eu abri a porta da cabine, a Alessandra, vendo meu estado logo me abraçou.

-Meu deus, jess! O que aconteceu com você? O que é essa marca vermelha na sua bochecha?- perguntou ainda mais preocupada.

- e eu eh...eu cai- tentei mentir.

-jessica, a verdade.- disse um pouco brava.

-Um cara me deu um tapa hoje mais cedo na sala- falei apreensiva.

-Como assim?! Quem foi?- perguntou exasperada.

-Não importa Alessandra, ninguém vai fazer nada.

-E vc vai deixar assim? Não vai nem contar pra condenação?-insistiu.

-Não adianta, ninguém vai querer ser testemunha , e a câmera de segurança da minha sala não funciona... Alê podemos só sair daqui e fazer outra coisa?- falei exausta de toda aquela situação.

Foi quando ela fez uma expressão seria e falou olhando nos meus olhos

-tá, mas saiba que eu não vou deixar isso ficar assim, ee vc ainda vai me dizer que fez isso com você.

Depois que falou isso me afastou um pouco, pegou uns lenços na bolsa e me deu pra enxugar as lágrimas, depois me ajudou a esconder a marca e o inchaço do meu rosto. Olhei no espelho do banheiro, meu longo cabelo castanho claro estava mais do que bagunçado, fiz um rabo de cavalo mall feito e me certifiquei que tinha escondido a marca vermelha que se destacava na minha pele clara, Saímos do banheiro no momento em que a campa soava o 2° horário, a Alessandra caminhava em direção a algumas colegas atrasadas que estavam vindo do hall de entrada, ela estava de braços dados comigo, ela falou algo pra elas mas eu não conseguia prestar atenção, meu pensamentos estavam muito confusos, a minha reação foi me encolher ao lado dela, ela tem 1:68 e eu sou uns 8cm mais baixa que ela. Quando iriamos nos direcionar para nossas salas eu parei ela suavemente.

-vou ficar na sua sala hoje.- falei

Ela apenas colocou uma mecha do seu cabelo negro atrás da orelha e assentiu come se já esperasse por isso

Na sala da Alê, ela muda seu lugar um pouco mais pro fundo da sala e eu coloco minha mochila na cadeira logo atrás dela. O resto das aulas so dia passaram depressa, quanto ao conteúdo eu não estava preocupada, pois a única diferença entre as nossas salas eram os professores e os alunos, A turma dela era o 9°ano B, as turmas tinham sidos divididas no começo do ano pela falta de espaço, mas como o nosso colégio era digamos "popular" com relação a mensalidade, ainda no meio do 1°semestre ainda estavam chegando alunos novos mas eu não me deixei perder muito do meu tempo pensando nisso, minha única preocupação real era com a lista de frequência, que obviamente era diferente nas duas salas, mas não iriam chamar meus pais por causa de uma falta na escola

A Alessandra estava sendo muito boa comigo naquele dia, ela ficou o intervalo todo comigo e até estava dando aqueles raros sorrisos que te contagiam na hora, ela estava me observando bastante, ela tem aqueles olhos verdes que parecem poder "ler" você. Faltavam uns 15 minutos para a saída e eu estava bem animada por causa da Alê.

-Posso ficar na sua casa hoje Alê?- eu estava com minha cara de pidichona.

Ela pareceu hesitar por um instante mas logo respondeu:

-Claro, Jess.

Logo depois, o sinal soa, pegamos nossas coisas saimos da sala e fomos em direção a saída do colégio.