------Tudo bem? Dormiu bem?- ela pergunta assim que tranco o portão de casa
-------Sim, acabei dormindo um pouco mais e tive que me aprontar mais rápido- menti, mas não podia dizer que tive o pesadelo, isso revelaria minha verdadeira identidade.
------Vamos?- perguntou Lary.
------O que estamos esperando?- disse rindo
Continuamos conversando a caminho da escola, e conforme íamos andando ela me contava sobre as casas que achava bonitas, e eu também, ela disse que a favorita dela era uma casa perto da pracinha, era um sobrado humilde, gasto pelo tempo e com isso coberto com flores e tinha um muro bem alto.
------Há tantas casas bonitas aqui e você gosta mais dessa toda despedaçada? O que você vê nela?- perguntei curioso, não fazia sentido ela gostar de algo tão sem graça, os futuros gostavam de tecnologia não da natureza.
-------Venha ver- exclamou ela indo em direção à humilde casa, e eu a segui em seguida
Ao se aproximar do portão ela enfiou a mão para dentro estralou os dedos, e assoviou, e depois disso um cão instantaneamente apareceu, ele se assemelhava muito à um lobo, mas seus olhos eram azuis, nunca tinha visto algo igual, seus pelos eram negros e ele tinha olhos profundamente azuis.
------Vem, pode fazer carinho ele não morde- disse Lary puxando minha mão e levando a cabeça do cão, fui surpreendido com tal ação mas acaricia-lo me deixou um pouco relaxado.
------Ele também tem olhos azuis- disse em voz baixa
------É... igual os seus- Lary falou olhando para os meus olhos
Fiquei um pouco corado, mas respondi:
------Sim, igual os meus- respondi sorrindo, me lembrei que estávamos atrasados, e levantei rapidamente- LARY ESTAMOS ATRASADOS, TEMOS QUE CORRER OU VAMOS PERDER A PRIMEIRA AULA!- disse quase gritando
Nessa hora peguei a mão dela e começamos a correr, corremos o mais rápido possível, mas mesmo assim quase perdemos a primeira aula quando chegamos, o professor já tinha quase fechado a porta, e nos disse que esses atrasos não seriam mais tolerados, e levamos um belo sermão até entrarmos na sala de aula. Sentando nos nossos lugares, que eram no fundo lado a lado, ela tirou o livro da bolsa, colocou sobre a mesa aberto de forma que tampava seu rosto, e então sussurrou:''Desculpa '', eu dei uma risadinha e respondi só movendo os lábios:'' Não tem problema''.
Tocou o sinal do intervalo, e então esperei Lary pegar seu potinho com frutas, fomos até o refeitório, e sentamos quando íamos começar a conversar, um menino e uma menina, bateram a mão na mesa simultaneamente, e perguntaram alto:
------Vocês são namorados?
Nos entreolhamos e respondemos em uníssono:
------Não!
Os dois soltaram um suspiro de alivio e então falaram:
------Nossa até que enfim achamos um casal de amigos igual a gente, nós podemos sentar com vocês? a maioria aqui ou é uma mesa só de meninas ou meninos ou são casais.- eles disseram com uma irritação no olhar, dei risada e olhei para Lary.
------O que você acha? Por mim tudo bem- eu disse achando graça de toda a situação.
------Claro.
Ambos se sentaram e prosseguiram:
-------Prazer sou Estevan, mas podem me chamar de Van, e essa é Beatriz, minha melhor amiga- disse o rapaz, Estevan era da minha altura, porém mais robusto, era loiros e dos olhos cor de mel, já Beatriz tinha olhos e cabelos castanho escuro, mais baixa que Lary e mais magra também.
-------Prazer Bia- disse ela olhando feio para Van
------Leonardo e Lary- eu falei sabendo que Hillary ia pirar, e me rachando por dentro de tanto rir.
------Lary? Mas não é nome de menino?- perguntou Van
------E é, mas esse besta não me escuta- disse ela e me dando um tapinha, e eu não resisto e acabo gargalhando
------Combina mais com você do que Hillary, convenhamos Lary eu sou ótimo com apelidos- me gabei
------Nossa você tem olhos azuis- disse Van- São raros desde que os passados foram extintos, futuros tem no máximo olhos verdes.
-------Eu sou mestiço- disse meio sem jeito, um pouco desconfortável e triste, saber que eu era o ultimo do meu povo, me destruía
------Oh me desculpe, lamento pelos seus pais- disse Van chocado, qualquer um que fosse acusado de crime interracial era punido com a morte somente o filho permaneceria vivo, então era uma boa mentira para eu usar, quando só sobrou eu.
------Relaxe Vans você não tem culpa, também já não me afeta tanto- menti
------É Van não Vans- exclamou ele
------Eu não ligo- falei rindo
Todos começaram a rir, continuamos a conversar e descobrimos que eles eram mais velhos que nós, eramos do primeiro ano do ensino médio e eles do terceiro, descobrimos também que Van era jogador de Handebol e Bia, fazia parte dos representantes de sala do terceiro ano, conversamos até o tocar o sinal do fim do intervalo.
------Vamos trocar nossos números e criar um grupo para conversamos depois da escola e quem sabe talvez uma ida à sorveteria, ou sei lá- falou Van
------Ah sim claro, vou salvar o do Van de Vans porque acho que combina mais, e o seu Bia vai ser Bi- disse e todos deram risada, salvamos os números, e no final nem precisei pedir para Lary o número dela.
Tivemos as aulas restantes e a ultima foi de história, e lá explicava como as terras futurísticas foram conquistadas, e segundo eles não houveram muitos derramentos de sangue, na maioria das vezes foram conquistas pacificas, aquilo me encheu de raiva, até que chegou a parte da história da morte da família real. Lá dizia que não se sabia ao certo se o Príncipe Lohan havia sobrevivido, mas haviam grades chances de ele estar morto, quando olhei para o lado percebi que Lary estava com a atenção focada no professor, parecia muito interessada no assunto, e então após alguns minutos a mais a aula acabou, a caminho de casa Lary perguntou:
------Você acha que ele está vivo?
------Quem?
-------Lohan.
------O que você acha?- perguntei
------Acho que sim, pelo menos ele tem que ter sobrevivo, afinal, estava no templo, deu tempo para fugir.
-------Acredite em mim Lary, Lohan morreu naquela mesma noite- disse em um tom sério, acho que meu rosto assumiu um semblante sombrio porque ela se calou, eu morri na noite em que invadiram e mataram o meu povo, eu morri no momento que vi meus pais sem vida, e Tainara morrer em meus braços.
-------Lamento por você Leo, deve ser solitário, não ter ninguém- falou e pelo seu tom estava prestes a chorar
Percebi que estava perto da casa dela novamente havia passado a minha casa, obviamente estava destinado a levar ela para casa, ao vê-la chorar a puxei para um abraço e disse:
-------Eu tenho você como amiga agora, não estou mais sozinho.
Então ela me abraçou de volta e respondeu:
-------Sim, conte comigo, jamais irei te abandonar- falou convicta
-------Tenho certeza que sim- dei risada e nos separamos, e já estávamos na porta da casa dela, dei um beijo em sua bochecha e disse:
------Quando eu chegar em casa te mando mensagem, se cuida.
-------Tudo bem, até logo.
------Até- falei e esperei ela entrar em casa
Enquanto estava no caminho de casa eu queria chorar ao lembrar de tudo, mas de certa forma ela me confortava, e conhecendo esses futuros, acho que eles não são tão ruins assim, afinal, eles sequer tem culpa do que seus pais fizeram, e com esse pensamento eu sorri, talvez esse pudesse ser o inicio de uma nova vida.
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