1. Spirit Fanfics >
  2. Void >
  3. ATO II: Equivalência

História Void - ATO II: Equivalência


Escrita por: marczord

Notas do Autor


Antes de tudo: perdão pela demora. Levou dias para que eu conseguisse escrever algo que fosse de meu agrado, mas enfim eu consegui.
Um presentinho pela demora: capa nova. Vi algumas reclamações sobre a frase não ser legível na antiga, então inovei um pouco, espero que gostem.
— Capitulo narrado pelo Derek.
— Contem cenas de abuso sexual, caso não sinta-se à vontade com esse tipo de tema peço que não leia.

Boa leitura!

Capítulo 2 - ATO II: Equivalência


Encarei a tela do celular, procurando por alguma mensagem de Stiles; era a quinta vez que eu fazia isso em um intervalo de sessenta segundos. Estava sendo consumido pela preocupação, do instante em que Scott me contatou dizendo que Stiles enlouqueceu e fugiu até o segundo atual. Só tive certeza de que aquilo era real quando vi com meus próprios olhos as vítimas. Era um pesadelo se concretizando, temi isso por meses e o inevitável aconteceu: o Void.

Stiles desapareceu há vinte e sete horas, na melhor das hipóteses os poderes sobrenaturais do Void curaram suas feridas. Falhei na tentativa de rastreá-lo pelo cheiro, devia estar encobrindo seus rastros, era o melhor a se fazer. A polícia tinha um mandado contra ele, o Sheriff Stilinski não me ajudaria. O tempo passava, segundo após segundo, o Void ganhava mais domínio sobre o corpo e mente de Stiles.

Senti o celular vibrar, a pontada de esperança que fluiu em mim se dissipou, não era Stiles, por outro lado era uma mensagem de Scott. Ele conseguiu chamar Deaton; os dois me aguardavam na clínica veterinária.

De forma ágil me levantei, passei a mão na jaqueta de couro jogada na mesa de centro da sala e rumei à porta. Parei por um segundo, me virando para Peter que se encontrava sentado no sofá, vasculhando as páginas do bestiário.

— Peter, se notar qualquer sinal do Stiles, me ligue. Imediatamente. Se o ver, não o machuque, não é ele. Só dê um jeito de enrolá-lo até que eu chegue. — Agora meu olhar pairava sobre Cora. — O mesmo serve pra você.

Sai do loft em passos apressados. Não podia perder mais tempo do que já perdi.

• • •

— Stiles está possuído por um Void. O que é um Void? — ouvi Scott perguntar, mantive meu olhar focado no livro que Deaton trouxe, enquanto ele o respondia.

— É um espirito maligno, basicamente uma personificação dos sentimentos negativos do Stiles. Fiquei surpreso quando vocês me contaram isso, é raro humanos desenvolverem o Void, acredito que Stiles se culpa pelas ações do nogitsune. Ele ainda tem pesadelos com isso? — o olhar de Deaton pairou sobre mim, eu assenti com a cabeça. — Isso deve ter sido o suficiente para deixa-lo instável e apto a ser possuído. Por sorte, o Void é temporário, Stiles só precisa se livrar de toda negatividade dentro de si.

— Ou seja, matar pessoas. — interrompi.

— Há outros meios de exterminar o Void, perigosos, porém eficazes. O problema é: Stiles é o Void e o Void é o Stiles. Eles não vão se separar como aconteceu com o nogitsune, esses vão permanecer juntos até. . . — Seu olhar pairou sobre mim novamente, ele expressava preocupação. Não precisei de muito para saber a palavra que completava a frase, apenas pousei a cabeça sobre minhas mãos enquanto ele a pronunciava. — . . .morte.

Aquilo não era uma opção.

— Não precisa ser obrigatoriamente a morte do Stiles — Deaton voltou a explicar —, pode ser a das vítimas dele, como você disse. O Void só existe enquanto ainda existir sentimentos negativos no Stiles, o Void é um purificador para alma. Ele despeça todo o rancor e ódio que guardamos.
 

— Então é isso? Esperamos o Stiles fazer uma chacina na cidade ou o matamos? Não são alternativas viáveis. — Scott se pronunciou

Soltei um longo suspiro. E pensar que ele já enfrentou aquilo antes, ele era forte, mas não o suficiente para superar uma possessão de novo. Stiles merecia o melhor, não é justo fazer alguém tão inocente sofrer. Deixa-lo dizimar a cidade não era uma alternativa, assim como mata-lo, mesmo que não fosse pelas minhas mãos, policiais já procuravam por ele, faltava pouco para que ele chamasse a atenção de outros seres sobrenaturais e caçadores. Eu não era capaz de defende-lo de tudo isso, não naquela forma. Supri a vontade que eu tive de chorar, Stiles precisava de mim racional, não emotivo.

Só havia uma solução e eu a faria, mesmo que resultasse no meu fim.

— Eu vou contatar um Akuma.

Feições de preocupação tomaram conta do rosto de Deaton, eu entendia o motivo daquilo, mas era a única forma de acabar com aquilo sem ferir Stiles.

— Derek, é perigoso.

— Eu não me importo, é a única maneira de salva-lo.

— Quem é Akuma? — Scott perguntou

— É outro espirito maligno. Um que é possível contatar e fazer contratos, ele concede poder em trocar de sofrimento e negatividade. O problema é que ele é insaciável, mesmo que Derek consiga absorver o Void de Stiles, o Akuma ainda pode querer ter domínio sobre o corpo de Derek.

— Não se eu conseguir doma-lo, o que eu vou fazer. — interrompi

— Não há relatos de seres que conseguiram escapar do domínio do Akuma, o poder que ele concede é tão vicioso quanto uma droga, se você o usa demais, se torna dependente. É aí que o Akuma toma conta de você.

— Eu não quero poder. Eu quero o Stiles. Eu li seu livro, ele diz que precisamos ter foco. Meu foco é o Stiles, o suficiente pra mim querer arriscar tudo.

Saí da clínica, deixando que a porta batesse com força. Tudo havia sido uma perca de tempo.

Bufei e entrei no camaro, dando partida rumo ao loft.

• • •

O cheiro de sangue era forte, pude senti-lo no momento em que coloquei os pés pra fora do carro. Meu coração batia mais rápido a cada passo, uma pontada de esperança o perfurou quando senti o aroma doce dele em meio aquele odor.

Sem hesitar, abri a porta do loft. O alivio tomou conta de meu corpo quando o vi parado ali.

Stiles estava de pé no meio da sala, tinha sua pele e roupas encharcadas de sangue. Corri ao seu encontro, o prendendo em um abraço apertado. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto úmido de lagrimas, vi um sorriso se formar em seus lábios e o segurei com mais força.

Ele retribuiu e eu nunca estive tão feliz por sentir seu corpo junto ao meu, naquele momento o tempo pareceu parar. Toda a preocupação que eu tinha se dissipou. Stiles estava vivo, bem e nos meus braços. Era o suficiente para mim. Levei a mão à sua bochecha, a acariciando.

— Te amo.

Disse antes de selar nossos lábios e saber que aquele foi o primeiro dos meus erros. Um gosto amargo tomou conta da minha boca, me afastei e assisti as feições de Stiles mudarem. A inocência e tristeza de seu olhar foi substituída um sorriso sádico.

— Ele também te ama.

O encarei incrédulo, vi seu braço se locomover de forma rápida e golpear a lateral de meu corpo com um taco. Meu corpo caiu, sem reação, o impacto não foi o suficiente para provar que aquilo era real.  Stiles nunca esteve ali diante de mim, era o Void dominando seu corpo e me enganando. Me levantei, ao menos tentei, meu corpo não respondia aos meus comandos. Qualquer ação que eu tentava realizar era inútil, eu estava imóvel. O gosto amargo em minha boca, só podia ser aquilo.

— Acônito e um pouquinho de veneno de kamina.

Senti seu pé sobre meu rosto, ele me esmagava em um ato de superioridade. Fervi de raiva por um momento, eu não podia descontar nele, não era o Stiles, era o Void, que agora tinha olheiras aparentes, sua pele pálida e manchada de sangue completava sua aparência mórbida.

Girou o taco entre os dedos antes de segurá-lo com as duas mãos e o usar para me golpear de novo; e de novo. Pude sentir o ódio crescer dentro de Stiles a cada golpe. O intervalo de tempo das tacadas diminuiu, enquanto agora elas ganhavam mais força. Seu ódio se materializou ao redor de seu corpo no formato de uma aura rubra.

Meus ossos se partiam e perfuravam meus órgãos, ainda assim, não era nada se comparado com a dor de ver Stiles naquele estado. Selvagem, cruel, possesso pela ira. Mas nada era mais torturante que o modo que seu olhar exalava fúria ao me encarar, eu era o único motivo de seu ódio, isso era aparente a cada golpe que eu recebia. Para ele eu era uma praga que devia ser erradicada.

Não aguentei. Não tinha forças para reagir a aquilo. Fechei os olhos, desejando que fosse o fim.

• • •

Meus olhos não conseguiam se manter abertos; a claridade os feria. O simples ato de respirar fazia com que todos os meus músculos doessem. Tive dificuldades em distinguir os odores que estavam no ar, o mais forte era o de ódio, seguido pelo de acônito e o de sangue. Meus pés não tocavam o solo, senti o metal frio de correntes machucar meus pulsos, eu estava pendurado como o cadáver de um porco. Ergui a cabeça e abri parcialmente os olhos, ignorei toda a dor que sentia e foquei minha visão na imagem de Stiles à minha frente.

— Pensei que não ia acordar.

Apesar de mais sombria e rouca, era a voz de Stiles.

— Por que não me mata logo? — rugi

Necrofilia é crime. — parou por um momento, depositando a mão sob o próprio queixo — Se bem que homicídio também é, mas isso não vem ao caso.

O vi se aproximar e pude enxergar com perfeição a feição diabólica estampada em seu rosto; sua pele pálida contrastava com seu globo ocular, parcialmente negro. Ele emanava escuridão, suas veias ressaltadas pareciam carvão, havia mais manchas de sangue pela extensão de seu corpo e roupas.  Aquele não era Stiles. Era um demônio.

Ele depositou a mão no colarinho de minha blusa. Por um momento pude sentir seu toque gélido contra minha pele, seu corpo não emanava calor, parecia ser um defunto que se movimentava e falava. Os dedos esguios de Stiles foram substituídos por garras afiadas e negras, ele as desceu em vertical, partindo minha blusa como se ela fosse um pedaço de papel velho.

Sorriu. Senti suas mãos me tocarem de novo, dessa vez em meu tórax, ele cravou as unhas em minha carne e eu grunhi de dor. Seus dedos se moveram devagar, ele os descia arranhando minha pele e abrindo feridas. Tirou as mãos de mim com a mesma velocidade que as colocou, encarou os dedos machados pelo meu sangue e levou o indicador à boca.

— Nada mal.

Em um surto momentâneo de raiva, movi a perna, com o objetivo de acertar sua barriga, mas fui detido. Ele golpeou minha coxa, fazendo com que o estalar de um osso ecoasse pela sala, junto ao meu murmúrio de dor.

— Derek, você ainda não entendeu? Você não é pareô para mim.

Ele alisou minha bochecha, a arranhando da mesma forma que fez com meu tórax.

— Infelizmente, ainda sou incapaz de te matar. Mesmo tendo domínio sobre o corpo, Stiles ainda tem influência em minhas ações.  — Se aproximou de mim, àquela distancia eu pude sentir o sopro gélido de sua respiração contra minha pele. Temi que ele fosse selar nossos lábios, mas ele não o fez; em vez disso, sua boca rumou à minha orelha e pronunciou aquela frase de forma cruel e lenta. — Isso não significa que eu não possa tê-lo.

Suas mãos desceram à minha calça; ele a desabotoou e a removeu de meu corpo junto a minha cueca. O calor que as vestes forneciam a minha pele foi substituído pelo frio local.

Eu estava completamente exposto, aquilo não seria problema se eu estivesse de frente para Stiles, mas eu não estava. Encarava um demônio perverso e psicopata com sede de sangue e de dor. Me recusei a reagir quando senti as mãos dele deslizarem pela minha pele. Não o daria o prazer de me ver lutar, com sorte aquilo seria rápido, o suficiente para eu ter Stiles de volta aos meus braços em minutos. Infelizmente, eu não era alguém de sorte.

— Você sabe que eu não me importo que você demonstre ou não reação, né? — Sua voz soou fria e afiada, como uma navalha que fatiava meu orgulho. — A única coisa que eu me importo é sentir sua dor.

Ele fechou a mão envolta de meu pescoço. O ar escorreu para fora de meus pulmões, minha visão ameaçou ficar turva, mas ele afrouxou os dedos; permitindo que eu vivesse. Acariciou a pele de meu pescoço uma última vez antes de tirar a mão dele. Mesmo que ele não estivesse o tocando, ainda sentia algo gélido e sufocante contra minha pele.

Um sorriso estupido se fez aparente seu em rosto, ele moveu a mão e o baque de metais ecoou. Sua mão segurava uma corrente, conectada ao que estava objeto envolta de meu pescoço: uma coleira.

— Que porra é essa?

— Hm? Apenas domando minha nova aquisição. — soltou uma risada e puxou a corrente, apertando meu pescoço — Cadela.

Foi o suficiente para eu explodir de raiva. Em um ato suicida — dadas as circunstancias —, segurei a corrente que erguia com força e levantei meu corpo, me balancei de forma que eu avançasse para frente e atingisse o estomago de Stiles com uma joelhada. Ele caiu no chão. Sorri satisfeito ao ver a fúria em seu rosto. Só então percebi o erro que iniciou a serie de acontecimentos que levou ao meu fim.

Em uma velocidade sobrenatural ele levantou e acertou minha barriga com o punho. O impacto quebrou a corrente que me erguia, meu corpo voou para trás e caiu no chão de concreto frio e duro.

— Hora de te adestrar.

O vi de frente para mim. Desferiu uma série de chutes e pontapés antes de esmagar meu rosto com seu pé. Não reagi, não havia motivos para tal. Tinha minhas mãos atadas e uma fratura em minha perna. Não podia lutar. Não podia fugir. Estava à mercê daquele demônio. Totalmente vulnerável.

Não conseguia distinguir se o som de suas vestes caindo no chão era pior que sentir meus cabelos serem puxados com tanta brutalidade, ele feria meu couro cabelo, depois daquele soco, não tinha dúvidas que ele era capaz de arranca-lo e deixar minha cabeça em carne viva. Sua outra mão deslizava pela extensão de minhas costas, deixando um rastro de feridas abertas.

Se posicionou atrás de mim e sem preparo algum me penetrou. Não contive o grito de dor e a súplica por piedade no momento em que ele começou a se mover. Estocou e gemeu por longos segundos, cada vez mais voraz, mais brutal, mais nojento.

. . .cada vez menos humano.

Me dei por vencido quando ele se desfez dentro de mim. Lagrimas involuntárias inundaram meu rosto.

• • •

Mantinha o olhar fixo no teto de gesso, não me movi um centímetro sequer, não tinha forças para tal. Meu corpo estava jogado no chão frio como um trapo velho. Eu clamava por um descanso inalcançável. Não dormia há dias; não conseguia. As lembranças daquela noite atormentavam-me, o modo que ele me tocou sem permissão e que me usou para saciar seus desejos era repugnante — no mínimo —, e pensar que aquela não foi a última vez. Ele repetiu o ato, por prolongados e torturantes minutos. Várias e várias vezes.

— Você está imundo.

O ouvi, mas não tive o trabalho de responder; sabia o que aconteceria comigo se o irritasse, mas não importava, não mais. Em questão de segundos ele já estava em cima de mim, cobrindo minha face de socos. Era naquilo, naquela fera incontrolável que Stiles se tornou. Eu não era forte para suportar aquela realidade.

Pouco antes do meu último suspiro mordi seu punho; o gosto amargo de seu sangue poluiu minha boca. Sombras que rodeavam sua mão deram forma a um taco, o utilizou para me espancar.

Eu te amo, Stiles. — seriam as minhas últimas palavras, mas também seriam as mais sinceras que eu já disse.

Não resisti, fechei os olhos. Cedi à dor e deixei que ela me dominasse por completo; pensei que abraçaria a morte quando vi a escuridão tomar conta de minha mente, mas me enganei.

Um feixe púrpura ganhou forma na escuridão. “Lute” — ele ordenou. A esperança ardeu dentro de meu peito. Senti meus ossos se corroerem; era a cura fazendo efeito. Soltei uma risada no momento em que meu corpo se reerguia.

— Como?!

— Apenas igualando o jogo. — disse.


Notas Finais


Me desculpem por fazer vocês terem que ler aquela cena de abuso, mas foi a única maneira que encontrei de transmitir o quão mau é o Void. Não se preocupem, as coisas vão melhorar em breve! ♡
O próximo capitulo é o capitulo final, vou tentar posta-lo antes de um mês. udhuds

Acho que o final ficou confuso pra alguns, então vou explicar de forma rápida o que acontece.
O Void fez Derek de prisioneiro por dias e abusou dele no decorrer desse tempo. Cansado, Derek resolveu irritar o Void pra ver se ele dava fim ao sofrimento dele.
A luz púrpura é a representação do Akuma — que foi citado láaaa em cima —, ele concedeu poder ao Derek por isso ele ficou super badass no final.
E sobre os poderes do Void: sim, ele é capaz de materializar objetos — isso inclui as correntes que ele usou pra aprisionar o Derek —, por isso o taco surge na mão dele quando ele bem entender, ah! Ele também gera ilusões, foi assim que ele ludibriou o Stiles no capitulo anterior.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...