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História We Between The Universe - IV - Casa de El.


Escrita por: RussianDoll

Notas do Autor


QUEM QUERIA TRETA, VAI TER TRETA
quem não queria vai ter do msm jeito

Capítulo 4 - IV - Casa de El.


Fanfic / Fanfiction We Between The Universe - IV - Casa de El.

 Base do DEO em National City, Ala Médica, Terra-39;

 

 

 “Então, estamos em 2037.” Foi Kara quem disse, meio estranha, mais como uma afirmação para si mesma do que para as outras duas que a acompanhavam ali, na sala. Sua voz cortou o silêncio irritante, que só era interrompido a cada um segundo pelos ‘tiques’ da pequena máquina que monitorava seus batimentos cardíacos.

 Enquanto a Garota de Aço estava deitada numa maca dura e fria, com fios e mais fios presos por todas as partes do corpo em que se poderia obter algum sinal vital, Alex estudava sua biologia kryptoniana com fissura e curiosidade, apenas para assegurar-se de que Kara era realmente... Kara. Por outro lado menos científico e mais problemático, Karen mal dava alguma demonstração de existência, parecendo o suficientemente presa em um conflito interno para não demonstrar interesse por qualquer acontecido razoavelmente importante. Seus olhos verdes estavam opacos e meio mortos, enquanto ela fitava o chão com quase que amargura, parecendo sempre hesitante de estar perto de Kara.

 Se passava pela mente da Supergirl a questão de qual exatamente era o problema de Karen com ela, e qual a relação que a outra heroína tinha com o seu eu dessa Terra.

 Talvez fossem próximas. Bem próximas. Amigas? Colegas de trabalho? Ela não tinha certeza.

 Kara ainda não entendia bem, essa coisa toda de “de repente acordar em outro universo onde eu aparentemente morri”, mas Alex e Karen – ou talvez só Alex, mesmo - pareciam estar lidando melhor com a situação e sua estranheza toda do que a própria Supergirl. 

 O que era de certa forma estranho, porque há um dia atrás, ela estava sendo mantida como prisioneira e era uma possível ameaça em potencial.

 “Estamos em 2037.” Alex reforçou, mas sem olhar diretamente para Kara porque visualizava os monitores com tanto interesse que eles pareciam serem banhados a ouro. Ela confiava na palavra de sua irmã, claro, mas seu lado profissional exigia uma prova incontestável apenas por garantia. E lá estava, depois de um dia inteiro cheio de exames chatos e testes demorados, o DNA mais kryptoniano do que poderia ser.

 Era Kara Danvers – ou Zor-El, dependendo de para quem você perguntar – com toda certeza. Cientificamente confirmado.  

 Mas Karen definitivamente não a via desse jeito.

 Aquela moça radiante de vinte e oito anos, sorriso bonito e cabelos dourados simplesmente não era sua mãe, que estava gelada e conservada de baixo das terras de Midvale desde seus onze anos de idade. Kara havia morrido, e foi difícil aceitar – principalmente porque ela era apenas uma criança que teve seu mundo destruído ainda que muito cedo. Lena lidou com a saudade e o sufoco com ajuda do álcool – mesmo que depois que ele passasse, ela se sentisse triste e vazia. Lori, com rebeldia e desobediência – apesar de que, no fundo, ela estava quebrada e sem concerto. Mas Karen... Karen sempre foi mais sensível. Foram anos de promessa de superação, anos de lágrimas, de dor, até que o sentimento desbotou. Ele ainda estava lá e doía da mesma forma, porém agora que já era um companheiro de longa data, o costume fora inevitável.

 Isso até vê-la ali, sua mãe morta, com as bochechas rosadas e o peito subindo e descendo.

 Karen voltou a ser aquela garotinha triste e perdida que não sabia fazer diferente além de chorar e gritar.

 Seu primeiro sentimento fora de raiva. Ardia-lhe o peito e incendiava as bochechas, não dando-lhe a opção de pensar corretamente. Kryptonita vermelha parecia sujar seu sangue. Ao não acreditar que Kara realmente poderia estar viva, via aquilo tudo como uma piada de extremo mal gosto feita por uma pessoa idiota. Suas habilidades sobre-humanas se afloraram, e de repente, ela era mais forte do que Kara. Mas quando a ciência de que a Supergirl era real veio-lhe como um maldito tapa da cara, Karen escorregou em uma onda de depressão interna.

 Ao invés de trazer-lhe felicidade, apenas trouxe de volta as memórias daquele dia infernal em que ela perdeu tudo.

 

...

 

 “Mamãe!” Karen gritou afobada, prendendo as mãos na capa de Kara como um fiel que se agarra à Deus. Em seu interior, a garota de onze anos sabia que aquela era a última vez que veria sua mãe viva. Ela podia sentir a certeza tão vividamente que até apertava-lhe o peito e lhe doía o coração. Eles já haviam perdido tanto naquele dia, Rao, ela também não...

 “P-por favor, não vá!” Ela fungou, a ponta do nariz vermelha e as lágrimas descendo pelas bochechas rosadas.” Eu- eu não quero que você morra também! Eu não quero perder você também! Por favor, mamãe, eu estou com medo... Por favor...”

 Uma das coisas que Karen sempre admirou em Kara, era que ela sempre sorria para tudo. Não importava a situação, ela sorria de verdade, de coração e alma. Sua mãe lhe inspirava, lhe dava conforto, lhe despertava esperança quando esta já parecia praticamente escassa. E quando Kara virou-se para ela, até mesmo naquela situação horrível de perdas e mortes, ela sorriu como se fosse fácil, como se não fosse nada demais. Como se por dentro, ela também não estivesse com medo, e como se suas mãos não estivessem tremendo pelo mais que ela se esforçasse para o conter.

 Não. Ela precisava ser forte, se não por ela, por sua família.

 Sorrindo docemente, Kara se voltou para a garota e então pegou-lhe gentilmente o rosto por entre as palmas das mãos, a analisando de uma intensa forma que só fizera anteriormente no dia em que Karen havia nascido. Ela sabia que essa era a última vez em vida que veria sua filha mais velha, sabia que quando partisse não voltaria mais.

 Sabia que perderia tudo depois que fosse até aquele portal.

 Suprimindo as lágrimas no seu interior, Kara beijou demoradamente a testa de Karen, exatamente como Alura havia feito com ela no dia em que Krypton morreu. E lutando para não tornar notória sua dor, sussurrou em sua língua nativa algo que apenas a criança entenderia;

 “Khap ukiem rrip, inah. Khap non zhindif nim vot rrip.” Foi uma promessa de amor. Uma promessa de que sempre estaria com sua filha, não importava como e nem de onde.

 Retirando do próprio pescoço um colar comprido e com um pingente pequeno, Kara passou-o para Karen, prendendo-o ao redor do pescoço de sua filha.

 “Era de minha mãe, Alura. Ela me deu pouco antes da morte de Krypton, e agora é seu. Seja forte, Karen. Seja bondosa, e principalmente, seja feliz, não importa o que aconteça. Sempre tenha esperança e nunca duvide de si mesma. E, quando duvidar, lembre-se que eu sempre estarei com você. Eu me orgulho tanto de você, pequena. Seja boa para sua mãe e irmã, certo?” Utilizou dos polegares para limpar as lágrimas da filha, e a abraçou uma última e demorada vez antes de decolar para longe.

 Karen não sabe, mas quando estava no ar, Kara chorou como só havia feito antes no dia da morte de seus pais.        

 

...

 

 “Karen? Karen? Ei, Karen!”

 Ela piscou, rapidamente saindo de seu estado entorpecido. Só não entendia bem o motivo de tanto Alex quanto Kara estarem lhe fitando com um misto de preocupação e curiosidade. Somente quando passou as mãos pelo rosto que conseguiu entender; vendo as luvas úmidas e sentindo os olhos arderem, percebeu que estava chorando.

 “Você está bem?” A pergunta de preocupação quase maternal viera de ninguém menos do que Kara. Bastou isso para que Karen se levantasse num impulso, limpando as lágrimas com as costas das mãos e comprimindo os lábios numa só linha.

 “Eu- eu preciso ir.”

 No tempo de Alex e Kara apenas raciocinarem o que fora dito pela Powergirl, ela já estava longe.

 

|S|

 

 Arredores de National City, Casa de Karen, Terra-39;

 

 

 “Ei, Lori? Cheguei!” Karen chamou, abrindo a porta de casa com dificuldade e lutando para equilibrar as duas caixas de pizza, as chaves e também o pacote de guioza nas mãos.

 Ela podia ser super, mas só tinha dois braços.

 Karen morava com Lori pois a irmã mais nova não pôde mais suportar viver com Lena, já que as brigas com a mãe eram constantes e isso cada vez mais as afastava, até chegar num ponto em que nem se falavam mais. Então, assim que Lori completara seus quinze anos, decidiu que iria viver com Karen - e Lena mal interferiu em sua opção. No fundo, ela sabia que já havia perdido suas filhas.

 Colocando as caixas de comida em cima da mesa, Karen suspirou, tirando os óculos sem grau e apertando a ponte do nariz. Aquele dia havia sido complicado. Demorou um pouco, mas ela logo notou o papel branco em cima da mesa. Pegou-o, conhecendo fácil a caligrafia apressada e única de Lori;

 “Eu te mandei umas mensagens, mas acho que você não viu. Vou dormir na Maggie hoje, Jamie precisa de ajuda com algumas aulas. Não precisa me esperar.”

 Foi a noite em que Jamie levou um tiro, mas não é como se Karen precisasse saber.

 Ela suspirou. Lori estava cada vez mais se distanciando de todos que conhecia e amava, e a única exceção era Jamie. Mesmo Alex e Maggie tendo se divorciado e a garota tendo ido morar com a mãe policial, as duas ainda eram como unha e carne. Elas, que tinham a mesma idade e cresceram juntas, eram antes de primas, melhores amigas.

 Pegando uma fatia de pizza de calabresa, Karen rumou ao sofá expansivo – a garota é uma CEO, pelo amor de Deus! – e ligou a televisão em algum noticiário local, tirando o casaco e os sapatos antes de se jogar nas almofadas fofinhas. Seu olhar, porém, rapidamente desfocou de algo sobre o Superman em Metrópolis para fitar o porta-retratos colocado cuidadosamente em cima da lareira, aquele mesmo no qual Lori vivia dizendo que deveria sair dali.

 Via-se nele uma Karen de nove anos e uma Lori de quatro, ambas penduradas nos braços de Kara, que posava para a foto que Lena havia tirado. Todas animadas e com sorrisos gigantescos. Ela apertou inconscientemente o pingente do colar, que nunca havia saído dali. As três trajavam roupas de banho, e ao fundo, se via o mar. Aquele foi um fim-de-semana que passaram na casa de Eliza, e toda a família estava reunida.

 Fazia um tempo que Karen não via sua avó, e ela só reparou agora. Talvez devesse visitá-la, algum dia desses. Eliza poderia até não ser sua avó por sangue, mas definitivamente, era por consideração. Era sua melhor opção, também, já que ambas as suas avós biológicas estavam... Bem, mortas.

 Meia pizza depois, e Karen adormeceu ali mesmo no sofá, imaginando se Lillian Luthor poderia ter sido uma boa avó em algum momento de sua vida.

 

|S|

 

Prédio do DEO, ala principal, Terra-39;

 

 

 Era manhã. Kara geralmente era uma pessoa da manhã. Ela acordava cedo, escovava os dentes, tomava café e ia trabalhar. Mas agora ela já não tinha mais isso. Era como se Kara Danvers não existisse mais. Ela era apenas a Supergirl nessa Terra e Rao, isso era estranho. Uma parte dela faltava, e literalmente, ela se perdia sem sua personalidade humana. Alex a havia proibido de deixar o DEO por razões óbvias, então lhe sobrara a alternativa de explorar o prédio já muito conhecido, mas agora muito diferente.

 Kara foi de andar à andar, setor por setor, e não pôde deixar de se surpreender com tudo que mudara nesse tempo todo. A tecnologia, as armas, era quase outro lugar. Então, quando ela achou a sala de hologramas, foi que ela se sentiu em casa. Pelo menos ainda estava lá, intacta, a consciência de sua mãe. Talvez falar com ela e desabafar ajudasse um pouco. Então, como o costumeiro, Kara apertou os botões na parede esperando, obviamente, que Alura Zor-El se criasse ali.

 Mas o que ela não imaginava, é que quem ela veria ali, seria ela mesma.

 Não diria velha, pois kryptonianos envelhecem mais devagar na Terra, mas definitivamente mais experiente, com menos do ar de inocência e exalando mais maturidade. Seus traços faciais eram mais definidos, e o cabelo estava mais comprido e... O uniforme era diferente. A capa era maior, a saia era de um azul escuro e as botas e os braços tinham detalhes tão legais...

 “Oh Rao, eu serei tão... Uau!”

 Depois de babar seu eu mais velho, Kara decidiu se juntar à Alex, que parecia dormir no DEO – ou melhor, não dormir. Onde estaria J’onn? Voltou para Marte? – Porém, ao chegar no bloco principal, logo notou que Karen já estava lá, e que ela e Alex falavam com Maggie e mais duas garotas que deveriam ter entre quinze e dezoito anos, e ela se perguntou se nessa época adolescentes poderiam se juntar ao DEO.

 Deu de ombros, porque tinha a melhor das intenções ao se juntar ao grupo.

 “Bom dia!” Seu sorriso era brilhante, e mesmo sendo sete horas da manhã, a animação de Kara era tanto que contagiava.

 Isso até que ela fora notada ali.

 Alex parecia uma mãe brava, mas logo mudou as expressões faciais para preocupação eminente. O mesmo poderia dizer-se de Karen. Porém, já Maggie e as duas garotas estavam praticamente em estado de choque, e só aí que Kara se lembrou que, até dois dias atrás, ela estava tecnicamente morta.

 Uh-oh...  

“Que porra é essa?!” Foi a garota mais alta que gritou, e Rao, ela rapidamente lhe trouxera na memória a própria Lillian Luthor e, inevitavelmente, Lex. Será que ele teve uma filha nessa realidade? A garota era uma Luthor em quase tudo! Menos nos olhos bem azuis, claro. Olhos esses que estavam confusos e raivosos. Mas ela tinha o cabelo escuro como carvão e os mesmos traços finos e fortes que antes vira em bem... Lena.

 Lena! Onde ela estaria nessa Terra?

 “Lori, olha-” Karen até tentou começar a explicar, mas foi tarde, Kara escutou o mesmo som de queima que seus olhos fazem quando- Visão de calor, a garota era uma Luthor com visão de calor! E que por pouco não lhe atravessou a cabeça!

 Lori caiu de joelhos, gemendo e apertando as mãos contra os olhos, que doíam. Ela, por não ser cem por cento kryptoniana, teve assim como Karen, uma demora para que suas habilidades se manifestassem, e elas geralmente vinham como canalização de suas emoções. A verdade é que os poderes de híbridos humanos-kryptonianos demoram em se desenvolver e se adaptar, o que os fazem ser muito mais difíceis de controlar.

 E bem, não é todo dia que se vê sua mãe morta andando entre os vivos.

 “Lori, se acalme!” Jamie se agachou ao lado da prima, esquecendo que antes estava levando uma bronca de Alex. A parte ruim de ter duas mães com poder de polícia, é que quando se leva bronca, você é tratado como um prisioneiro no corredor da morte.

 A Luthor-Danvers mais nova se levantou, apertando os olhos vermelhos e doloridos.

 “Isso é um androide?! Vocês fizeram um androide dela?!” Ela gritou, apertando os punhos e trancando a mandíbula.

 “Por Rao, Lori, nós-”

 Mas aparentemente, a garota adolescente tinha muito menos autocontrole do que Karen. Ela partiu para cima de Kara com o punho levantado, certa de que destruiria aquela maldita ‘coisa’, mas... Kara segurou sua mão sem esforço nenhum. Ela poderia ter até mais problemas com raiva do que Karen, mas era certamente mais fraca.

 Então, Kara teve uma ideia. 

 Vagarosamente, como se quisesse provar para um lobo raivoso que não é uma ameaça, ela puxou o braço da tal garota Lori até seu peito, em cima de seu coração. Quando os dois olhares azuis se encontraram – um gentil, o outro confuso -, Kara sorriu calorosamente, deixando a mão em cima da de Lori.

 “Eu sou real. Tenho batimentos cardíacos, viu?” E era verdade, Lori podia ouvir e sentir alguma coisa saltar ali dentro. Mas aquilo não era real, não poderia ser real... Ela tirou a mão do ‘S’ como se queimasse, como se estivesse evitando uma praga. Kara só agora percebeu que ela tinha um piercing no septo e trajava uma jaqueta de couro.

 Uma garota rebelde, huh?

 Mas quando Lori começou a hiperventilar, alguma coisa estava errada.

 “Lori, por favor” Alex começou, colocando as duas mãos nos ombros de sua sobrinha mais nova e fazendo contado visual. “Mantenha a calma.”

 Mas a garota não deu ouvidos. Não foram nem dez segundos, o tempo dela se soltar de Alex e correr até a sacada, voando para longe.

 Karen suspirou, virando-se de costas para toda a família.

 “Eu- eu vou atrás dela.” E então, fazendo o mesmo caminho que a irmã mais nova, voou para longe.

 Um silêncio constrangedor tomou conta do local. Ninguém sabia o que dizer.

 “Você não estava morta?” Jamie finalmente quebrara o gelo, perguntando para Kara que só faltava assoviar e fingir que não era com ela.

 A Supergirl suspirou, colocando as mãos na cinturas.

 “É uma longa história.”

 

 


Notas Finais


Não sei oq dizer
Só sentir
.
.
.
Lori Luthor com um piercing no septo e uma jaqueta de couro é meu fetiche bye


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