A sensação de dormir pacificamente em uma cama confortável, com lençóis e cobertas macias em um dia frio é sem dúvida uma das melhores sensações que um ser humano pode desfrutar, principalmente se seu corpo está cansado e você não precisa fazer nada a não ser dar comida pro seu gato.
Luhan compartilhava desse sentimento no domingo. E tentou continuar dormindo o máximo que pode, mas seu relógio biológico já estava programado para lhe colocar para fora da cama antes das dez da manhã infelizmente. Em resumo, não teve escolha a não ser acordar.
- Bom dia Mous... – Falou sonolento enquanto se sentava e observava seu gato andar por cima da cama. – Com fome, né?
Tirou a coberta de cima de suas pernas e colocou os pés descalços sobre o chão frio do quarto. Se não tivesse um gato para alimentar sem dúvida iria se obrigar a dormir novamente, embora o problema de acordar no domingo não fosse nem o fato de ser desnecessário, no seu caso era porque assim que abriu os olhos a primeira coisa que pensou foi: noite passada.
O dono da livraria havia chegado em casa por volta das cinco da manhã. Ao todo tinha dormido menos de quatro horas. Quatro horas de paz pelo menos, porque de resto estava em um imenso conflito interno. Dividido entre a vontade de encomendar a morte de seu ex-namorado e querer muito fugir para os braços de um certo estudante de artes novamente. Ah sim, essa última vontade era um caso complicado.
- AAH! – Gritou se levantando e bagunçando o cabelo com as mãos frustrado. – Eu me odeio muito nesse momento, Mous...
E como bem se conhecia, continuaria se odiando por muito tempo porque sua mente não lhe deixaria em paz. Iria remoer a briga, repassar as conversas, relembrar os beijos, rememorar os toques... Era oficial, teria que tomar alguma decisão a respeito de Sehun antes que acabasse enlouquecendo. Principalmente porque por mais que nunca fosse admitir isso para alguém vivo, o sexo da noite passada havia sido o melhor de sua vida até agora e não seria fácil simplesmente “ignorá-lo”.
Andou até a cozinha praticamente se rastejando, abaixou-se para colocar a comida de Moustache e se sentou no chão.
- Eu já lhe disse que você tem sorte de ser um gato?! – Falou suspirando cansado enquanto fazia carinho nele.
O tormento continuaria durante o dia, mas alguma hora Luhan conseguiria voltar a dormir. Teria uma folga dos pensamentos perturbadores já que ao menos em seus sonhos Sehun ainda não havia aparecido.
~We need to talk about it
Aquela segunda feira parecia mais animadora que o dia anterior. Ainda fazia frio e o céu estava repleto de nuvens escuras, mas de alguma forma o dia parecia melhor. Talvez isso ocorresse porque Luhan não se sentia mais tão dolorido e nem tão confuso como ontem. Tudo parecia mais claro.
Após se levantar e dar comida para seu gato, o dono da livraria aproveitou os minutos extras da manhã e foi encher a banheira para tomar um banho quente e confortável. Entre tantas coisas que amava naquela apartamento, a banheira antiga era sem dúvida uma das que mais amava, não sabia como havia conseguido ficar mais de um ano longe dela. Adorava ficar de molho só pensando na vida conforme o vapor tomava conta do banheiro e fugia pelas frestas da porta. Pena que não podia ficar o dia inteiro ali.
Assim que saiu do banho e se enxugou, voltou ao quarto e começou a vasculhar as gavetas da cômoda. Estava atrás de algo que não usava a algum tempo, algo chamado de “base” pela maioria das pessoas normais. Precisava tampar as marcas constrangedoras de seu pescoço com urgência, mas o pior mesmo eram seus pulsos. Porque sim, eles estavam com marcas tão destoantes da cor natural de sua pele que chegava a assustar um pouco. Era algo como “roxo-refém-de-sequestro”, nada fácil de passar despercebido sem ter que dar longas explicações. E longas explicações era o que mais temia depois de relacionamentos sérios.
Vestiu uma enorme camiseta preta de mangas longas que chegavam nas pontas de seus dedos e colocou um lenço envolta do pescoço. Isso deveria ajudar.
- Eu estou ferrado... – Pensou alto enquanto se olhava no espelho.
Terminou de se arrumar e então saiu, chegar atrasado na livraria não era uma opção para essa segunda feira pós-caos.
O sol tentava dar o prazer de sua graça entre algumas nuvens, mas isso não era o suficiente para bater o frio que fazia em Seul naquele fim de outubro. Final de ano era uma época muito fria e de pouca chuva, o que tornava o tempo bem seco e os ventos congelantes.
Luhan entrou em um café rapidamente e comprou bebidas quentes antes de seguir rumo a livraria novamente, do jeito que conhecia seu melhor amigo, ele certamente iria reclamar de como a pele de seu resto fica ressecada naquele tempo.
- Bom dia... – Disse Luhan ao entrar na Revive.
- Bom dia! – Disse Baekhyun se aproximando como se não o visse a décadas. – Como você está?! – Segurou seus ombros preocupado.
Luhan estranhou, mas logo se lembrou que não falava com Baekhyun desde a fatídica noite de sábado.
- Estou bem! Você me ligou? Eu fiquei sem bateria e esqueci de carregar! – Disse entregando o café favorito dele com um sorriso de desculpas insuficiente. – Como você está?
- Estou preocupado com você! – Falou exaltado. - Eu fui na sua casa ontem também, sabia?! Liguei pro seu telefone, pro celular, onde você estava?!
- Desculpe, desculpe! Eu fiquei o dia todo no quarto vendo filmes e dormindo. – Falou andando até o balcão e largando sua mala e casaco. – Me desculpe se te deixei preocupado, ok? Eu me desliguei do mundo.
Baekhyun estava irritado, mas esboçava preocupação no rosto misturada com um pouco de culpa. No fundo achava que tinha responsabilidade pelo ocorrido, embora tivesse gritado com Jinhee no camarote mais do que qualquer pessoa que já tivesse gritado com ele na vida depois da briga.
- Não, tudo bem, só não faça mais isso... – Disse o menor mais calmo enquanto tomava seu café. – Bem, pelo menos o Sehun te acompanhou, né? – Emendou a pergunta esperançoso.
Mas só a pronuncia daquele nome fez Luhan gelar até o último fio de cabeço. Oh Sehun. Ele ainda era um problema.
Luhan deu a volta no balcão tentando se fazer de indiferente e se sentou.
- Pois é, o Sehun... – Começou a falar evitando contato visual com Baekhyun - Eu pedi para que ele não se preocupasse comigo e fui embora de táxi! – Falou movendo a cabeça positivamente para dar mais convicção. - Na verdade eu nem sei como irei enfrenta-lo novamente depois de todas as asneiras que o Jinhee falou, como assim ele sugerir que eu e ele temos alguma coisa daquela forma?! Que constrangedor...
- Ah... – Falou Baekhyun se debruçando no balcão um tanto desapontado com o final da história. – É meio óbvio que o Sehun gosta de você, ele até te defendeu! Qualquer um pensaria isso...
- Mas o Jinhee não tinha o direito de ter falado aquilo! – Disso finalmente encarando Baekhyun. – Saiba que a culpa não é sua também, ok? Nem do Chanyeol. A culpa é exclusivamente do Jinhee...
- Eu sei, eu sei... – Falou se aproximando e passando a mão nas costas de Luhan. - Mas é bom você achar uma forma de conseguir enfrentar o Sehun novamente.
- Por que...? – Perguntou Luhan desconfiado.
- O livro dele chegou! – Disse apontando pra embalagem do correio logo em cima do balcão.
Luhan olhou para o pacote bem na sua frente e sentiu uma vontade imensa de rir. A vida só podia estar mesmo lhe zoando. Sabia que precisava falar com Sehun, mas não precisava ser hoje.
Sem falar que depois de um milhão de anos, aquele livro tinha que chegar justamente agora? Não podia ser semana que vem? Pensava Luhan inconformado.
- Vai ligar pra ele? – Perguntou Baekhyun se afastando.
- Vou, mas farei isso no horário de almoço, é a hora que ele sai da faculdade. – Disse enquanto ligava o computador. – Ele deve estar ansioso por esse livro...
- E ansioso para ver você também, não? – Disse rindo baixo conforme se escondia atrás das estantes.
- Baekhyun! – Gritou revirando os olhos.
Não sabia o que era pior, quando seu melhor amigo queria que voltasse com seu ex-namorado ou ele agora estar estranhamento interessado em sua relação com Sehun. Ambas eram um terror para Luhan de qualquer forma.
Duas horas se passaram e os donos da livraria ficaram conversando na solidão até que um grupo de estudantes entrou repentinamente na Revive. Luhan olhou pro relógio do computador assustado, mas então viu que já era mesmo o horário de fim de aula na faculdade. O tempo havia passado muito rápido desde a hora que chegou e isso infelizmente significava que tinha algo para fazer também.
Antes que Baekhyun viesse lhe atormentar, Luhan abriu a ficha de Sehun e puxou o telefone parar discar o número do celular dele.
Os correios podiam mesmo ter atrasado mais aquela entrega.
- Alô...? – Soou a voz do estudante de artes um pouco desconfiada do outro lado da linha.
- Sehun? Aqui é o Luhan... – Falou apreensivo enquanto seus dedos se enrolavam no fio do telefone.
O mais novo fez um ruído de surpresa e Luhan conseguiu visualizar nitidamente em sua cabeça o sorriso que ele devia estar esboçando naquele exato momento. Maldita mente traiçoeira a sua, pensou se condenando.
- Não sabia que tinha meu número... – Disse ele.
- Eu não tenho, a livraria tem! – Ressaltou rindo baixo e recebendo a mesma risada dele.
- Verdade, mas o que aconteceu pra você me ligar? – Sehun parecia realmente surpreso com isso.
Luhan também se surpreenderia se não estivesse meio que sendo obrigado a fazer aquela ligação.
- Adivinha o que chegou! – Disse girando em sua cadeira ainda ligeiramente nervoso.
- Não me diga... Meu livro chegou?! – Perguntou brincando. – Que milagre! Eu posso passar ai pra pegar?
- Hm... – Luhan mordeu o lábio inferior meio relutante, mas continuou. – Podíamos ir no café? Eu te entregava lá... Quer dizer, eu não sinto muita fome nesse horário, se você quiser ir almoçar eu entendo completamente-
- Eu vou te esperar na frente do café em dez minutos, pode ser? – Disse ele lhe cortando.
Luhan não sabia sobre Sehun, mas estava sorrindo agora.
- Claro! – Falou afirmando com a cabeça para o nada. – Até daqui a dez minutos!
- Até!
E a ligação terminou em um clique. Luhan fez a volta inversa na cadeira pra se desenrolar do fio do telefone e o colocou no gancho. Aquilo não podia ser considerado um encontro, podia? Ficou se perguntando isso enquanto vestia o casaco apressadamente e saia da livraria com o livro de Sehun nas mãos. De qualquer forma não contaria a Baekhyun porque ele já iria achar que é casamento, apenas disse ao mais novo que ia no café.
Omitir a presença do outro não seria um crime.
Luhan caminhava apreensivo e um tanto ansioso, mas quando chegou na esquina da rua onde ficava a cafeteria conseguiu avistar Sehun na porta lhe esperando. Seu coração acelerou mais do que queria, mas respirou fundo e atravessou a rua. Não estava ali para entregar somente o livro no final das contas, tinha algumas coisas importantes para dizer.
- Ora, ora se não é o cara da livraria... – Disse ele sorrindo. – Como você está?
- Estou bem. – Respondeu Luhan. – E com seu livro! – Esticou o braço lhe entregando com um sorriso.
- Oh! Obrigado! – Sehun pegou o pacote e o abriu animado. – Adoro cheiro de livro novo... Me dá até uma emoção!
- Eu sei como é, também meu deu! – Disse rindo breve. – Vamos entrar?
Sehun acenou com a cabeça e deixou que o menor entrasse primeiro, seguindo-o logo atrás. Ambos escolheram uma das mesas que ficava no terraço do café, era mais claro além de ser a área livre para fumantes.
Uma garçonete prontamente se aproximou e lhes entregou o cardápio, Sehun também não sentia muita fome nesse horário então ele e Luhan acabaram pedindo a mesma coisa praticamente. Assim que ela anotou os pedidos e se afastou, um olhou para o outro com aquele silêncio constrangedor no ar e acabaram rindo. Aquilo ainda era estranho.
- E então, como andam as coisas desde o nosso último encontro? – Perguntou Sehun iniciando a conversa enquanto acendia um cigarro.
- Pois é, andam um pouco roxas, se você me entende... – Luhan fez um gesto com os pulsos e em seguida aceitou um cigarro do maço de Sehun. – Mas tudo bem, eu acho que pedi por isso...
- É, você pediu! – Disse rindo e lhe emprestando o isqueiro. – Me desculpe de qualquer forma, deve estar sendo difícil esconder essas marcas do Baekhyun, não?
- Olha que foi mais fácil do que eu pensava, mas ele fez perguntas sobre você! O que foi bem estranho por sinal, mas eu respondi que fui embora de taxi sozinho depois da briga. – Disse finalmente conseguindo acender seu cigarro e devolvendo o isqueiro em seguida.
- Você foi embora de taxi depois da festa sozinho? Eu nunca deixaria isso acontecer, você devia ter inventado algo melhor! – Disse fingindo estar revoltado.
- Não seja tão exigente, eu inventei isso em segundos! – Falou em uma falsa repreensão. – Mas e quanto a você, como andam as coisas desde nosso último encontro?
Sehun fez uma expressão pensativa e então a trocou por um sorriso radiante. Daqueles que aqueciam o dia melhor que o sol naquele frio. Luhan até mesmo se espantou pois nunca tinha visto o estudante de artes sorrir daquela forma.
- Teremos uma exposição de fim de ano na faculdade e eu irei expor meus quadros pela primeira vez! – Falou orgulhoso do motivo de sua felicidade.
- Ual! – Luhan não era muito bom com notícias boas, mas aquela realmente havia lhe impressionado. - Parabéns! Finalmente mais alguém além de mim verá seus quadros! Você levará todos?
- Na verdade só posso levar seis, só que tudo bem pra mim porque eu tenho cinco quadros prediletos, o problema é o sexto... – Falou soltando a fumaça de seu cigarro pro lado meio frustrado com esse impasse.
- Se não existe um sexto quadro predileto, você não pode criá-lo? – Perguntou Luhan na dúvida.
Na verdade achava que sua pergunta era meio estúpida, entretanto quando Sehun lhe olhou sério percebeu que talvez tivesse falado a pior coisa do universo ou a coisa mais genial de todos os tempos.
- Você é um gênio! – Disse Sehun com aquele sorriso radiante novamente nos lábios.
Luhan se sentiu feliz que era a segunda opção.
- Obrigado, obrigado! – Sorriu orgulhoso de si mesmo. – Isso me dá direito a um convite pra essa exposição ou terei que dar em cima de alguém?
Sehun achou a pergunta um tanto inusitada vinda de Luhan e então se debruçou na mesa lhe encarando.
- Mas você já não fez essa última?! – Rebateu com um sorriso no canto dos lábios.
- Ai! – Fingiu-se ofendido com tal comentário. – É assim que você fala com o cara da livraria?!
Mas antes que Sehun pudesse lhe responder à altura, a garçonete voltou com seus pedidos. A intromissão foi breve pelo menos, apenas o tempo dela colocar as xícaras de café, seus pratos de torta sobre a mesa e sair novamente.
Sehun respirou fundo e apagou seu cigarro no cinzeiro que ficava no centro da mesa.
- Voltando ao que você perguntou... – Falou lhe encarando sério. - Achei que o cara da livraria não iria mais querer me ver.
Luhan que o escutava interessado não conseguiu evitar sorrir para si mesmo diante desse comentário, por mais sombrio que fosse esse sorriso.
- Você tem razão... – Disse soltando a fumaça de seu cigarro enquanto movia a colher de seu café pensativo. – Mas acho que essa é a hora ideal para lhe dizer o porquê...
Luhan não podia mais adiar aquela conversa por mais que quisesse, se não iria conseguir seguir suas próprias regras e ficar longe do estudante de artes, teria que falar.
- Eu evito ter algo sério com você porque tenho fobia de relacionamento. – Disse apagando seu cigarro também. – Pode rir se quiser, mas não estou inventando, eu não consigo conviver com pessoas sem me sentir sufocado.
Ao contrário do que imaginou, Sehun não riu. Na verdade ele ficou um tanto confuso com a confissão de Luhan pois não imaginava que aquilo pudesse existir ou que ele tivesse aquele tipo de medo.
- Me desculpe se parecer uma pergunta idiota, mas você não namorou por quatro anos? – Sehun não conseguia entender como podia ser possível.
E Luhan teria que explicar.
- Quando eu comecei a namorar com o Jinhee a quatro anos atrás eu já era assim, mas ele era muito paciente comigo! – Disse apoiando o cotovelo na mesa e a cabeça em uma das mãos. – Eu amava a nossa relação, mas então três anos depois ele me pediu pra que eu fosse morar no apartamento dele. Eu não queria, mas me mudei porquê... Porque sei lá, me diziam que era o certo! Só que foi horrível, tudo ficou horrível depois disso. Dividir a cama, dividir o armário, não ter liberdade, seguir as regras dele ... Nós viramos colegas de quarto daqueles que quando fazem sexo é a coisa mais esquisita do mundo, sabe? Mas o apartamento dele era ótimo, eu tinha tudo que eu queria lá, era confortável, nos víamos só de noite e a verdade é que eu me acomodei! – Admitiu suspirando frustrado. - Só que um belo dia isso ficou impossível de prosseguir...
- O que aconteceu? – Sehun perguntou em seguida.
- Estávamos comemorando o aniversário da irmã dele e no meio do jantar o Jinhee pediu a atenção de todos. Eu desconfiei que pudesse ser algo ruim, mas ele continuou mesmo assim e anunciou que havia comprado uma casa para nós dois morarmos em Ulsan! – Disse com um falso sorriso no rosto que logo sumiu. – Todos começaram a aplaudir como se tivéssemos ganhado na loteria e eu fiquei sem entender absolutamente nada! Nunca tínhamos conversado sobre isso e ele sabia que eu detestaria sair daqui de Seul, mas ai tudo fez sentido pra mim! Ele estava nem ai pra minha opinião o tempo todo, ele só queria que a pressão dos outros me fizesse aceitar mesmo eu sendo contra como sempre! Isso me deixou furioso... Só que eu não tive forças pra dizer nada, eu apenas saí de lá e corri pra livraria...Pra respirar sei lá... Depois disso terminamos e aqui estou eu!
Sehun se manteve em silêncio digerindo todos os quatro anos de relacionamento de Luhan naqueles poucos minutos e por mais esquisito e caótico que parecesse, conseguia imaginar o que o menor deveria ter passado naquele jantar. É horrível viver em um relacionamento onde só uma pessoa tem a voz da verdade.
- Ual... Entendo agora porque você não gosta nem de encontros... – Falou ainda pensativo. – E mais de um ano sem sexo decente? Realmente é horrível! – Falou sorrindo em seguida apenas para descontrair.
Luhan revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente enquanto ria mais leve. No final precisava apenas desabafar para alguém que lhe entendesse. E esse alguém ser Sehun só reforçava mais a ideia de que precisava ir a diante com o que tinha para dizer.
- Algo dentro de mim me diz pra ficar longe de você, Sehun, o único problema é que eu não consigo! Eu quero você... – Confessou. – Como sábado, como na primeira vez e como hoje. Mas eu não estou preparado para ser “nós” 24h por dia e nem sete dias por semana, eu só quero ser “nós” quando...
- Quando um desejar o outro? – Completou Sehun. – Eu também quero você, Luhan. E sinceramente? Não precisamos namorar pra que isso aconteça se você tem medo.
E naquele momento parecia que as nuvens negras do céu haviam sumido para Luhan.
- Você pode estipular as regras de como isso vai funcionar entre nós se quiser. – Continuou Sehun com a maior naturalidade do mundo estampada em seu rosto. - Mas está mais que na cara que eu aceito o que for se eu puder ter você sempre que eu quiser sem depender do acaso.
Luhan se sentia apreensivo com o que Sehun estava sugerindo, só que ao mesmo tempo extraordinariamente tentado a aceitar. Era como se estivesse prestes a pular do ponto mais alto de uma montanha direto no mar. Seu coração estava acelerado.
Sehun ficou esperando por alguma resposta no silêncio até que Luhan finalmente fez o que seu corpo e sua mente lhe mandaram fazer: pulou direto na imensidão do oceano.
- Iremos nos ver apenas nos fins de semana. E de noite! – Propôs Luhan ainda incrédulo que estava mesmo aceitando aquilo, mas agora não dava mais pra voltar.
Sehun sorriu assim que ouviu aquelas palavras e moveu a cabeça positivamente. Se um dos dois não sabia nadar, estava assumindo os riscos de se afogar e levar o outro junto agora.
- Sexta também está inclusa? – Perguntou Sehun animado enquanto tomava seu café.
- Hmm... Acho que sim, eu não trabalho no sábado. – Disse rindo. - Mas nada de dormir na mesma cama e nada de minha casa ou sua casa! - Pensou em mais alguma coisa que pudesse ser importante. – Ah sim! E se não se importar, eu ainda queria que ninguém soubesse...
- Eu não me importo, na verdade é até interessante deixar em segredo. – Disse com um sorriso misterioso nos lábios. – E quanto ao local, que tal o galpão?
E os olhos de Luhan brilharam.
- Acho ótimo! – Sorriu satisfeito e levou sua xícara de café até os lábios.
A partir dali estava decidido, teriam um relacionamento secreto e sem compromisso. Um gravou o número do celular do outro e selaram o acordo entre sorrisos, olhares e breves toques de dedos por trás das xícaras de café.
O tempo que ficassem juntos, fosse por poucas horas entre as quatro paredes do galpão, um seria do outro até durar. Essa era a regra máxima e não iriam quebrá-la.
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