História Welcome to Murderville - We're better together

O colégio estava se tornando uma tortura agoniante naquele dia. Audrey já havia contado aos outros sobre tudo pelo visto, afinal eles estavam me ignorando, passavam direto por mim.
Tive que voltar a sentar na primeira carteira na parede, e sentar numa mesa sozinha no refeitório.
No momento eu estava sentada embaixo de uma árvore no pátio do colégio, com os fones ouvindo músicas tristes como qualquer adolescente normal com problemas normais de coração partido.
Eu encarava o ponto fixo de uma mesa vazia a minha frente, mas algum tempo depois vi Brooke, Emma, a menina que Noah estava conversando na festa e Audrey sentarem ali, Noah acenou para mim com um sorriso fraco antes de sentar, acenei também com o sorriso mais melancólico de todos.
As meninas não olharam pra mim, abaixei a música e tirei um dos fones conseguindo identificar que elas falavam do Stavo ter faltado pra ajudar o pai com alguma coisa em casa.
Quando começou a tocar The Reason de Hoobastank eu encostei a cabeça na árvore e me controlei para não chorar, aquela música cabia muito bem na situação. Encarei Audrey e comecei a imaginar uma cena idiota de filme em que eu subia naquela mesa e começava a cantar pra ela, então todos aplaudiam e ela me beijava... Acabei por rir do pensamento e quando me dei conta ela estava me encarando.
Sustentei o olhar o máximo que pude, mas quando ela desviou sacudindo a cabeça em negação meu coração voltou a doer e eu me levantei dali saindo correndo.
Fui direto para o banheiro e fiquei trancada em uma das cabines pelo resto do intervalo chorando, eu sei que precisava fazer algo a respeito e tentar conversar com eles, afinal pelo menos o Noah ainda parecia gostar de mim, mas mesmo assim eu não conseguia.
Eu nunca conseguia lidar com essas situações, foi por isso que simplesmente deixei a Zoe me abandonar, foi por isso que nunca tentei me aproximar do Eli, é por isso que eu sempre acabo solitária!
[...]
No meio da aula de física o celular de Emma tocou e ela saiu da sala para atender dizendo ao professor que era sua mãe. Alguns minutos depois ela apareceu na porta mais pálida que um fantasma e com a expressão aparentando muito choque e pavor.
- Brooke. - ela chamou com a voz falha e a loira também se levantou saindo da sala bem confusa.
A preocupação tomou conta de mim e eu saí correndo de dentro da sala sem nem pensar antes. Passei correndo por um dos corredores e encontrei Brooke sentada num sofá ao lado da diretoria falando com alguém no celular de Emma, isso seria normal se não fosse pelo fato da garota estar chorando muito, desesperadamente!
Senti um péssimo pressentimento no coração e respirei fundo criando coragem e indo a passos lentos até ela. Sentei ao seu lado no sofá e fiquei olhando pra ela sem saber o que fazer.
- Ei, você está bem? - pensei sem pensar e me repreendi mentalmente pela pergunta idiota.
- Não... eu não estou bem. - Brooke respondeu chorando mais ainda e meu primeiro instinto foi de abraçá-la mesmo sem saber o que havia acontecido.
Mas no momento que ia fazer isso Emma saiu de dentro da diretoria com um copo d'água e olhou pra mim surpresa, contraí os lábios com medo que ela fosse me expulsar dali.
- Brooke já te contou? - Emma me perguntou entregando o copo d'água pra garota que desligava o celular.
- Não. - balancei a cabeça em negação.
- Ligaram para os bombeiros dizendo que a casa dos Acosta havia sido incendiada. - Emma contou me fazendo ficar sem reação, totalmente alarmada. - Minha mãe acabou de nos avisar que nenhum dos dois sobreviveu... - ela disse isso já com dificuldade devido ao choro que veio de imediato.
Brooke levantou do sofá desabada e abraçou Emma com todas as forças que aparentava ter no momento. Eu levei as mãos à boca, totalmente desacreditada, apavorada. Levantei do sofá tremendo por completo e quando olhei para o lado vi Audrey se aproximar rapidamente, estranhando minha presença ali.
Como queria evitar a confusão, afinal o momento era delicado, preferi sair dali e passei por ela com os olhos lacrimejando, com certeza já lhe dando alguma ideia de que o assunto era sério com as meninas!
[...]
Era uma manhã chuvosa de quarta-feira, considerada pior semana por mim. Eu preferi não ir ao velório de Stavo que havia acontecido ontem, e hoje por incrível que pareça já tinha visto Brooke no colégio. Mesvai que com uma aparência péssima.
Eu me sentia mal por não estar presente tentando ajudar, estava indo em direção ao meu armário quando ouvi sua voz aguda me chamar. Virei para trás e vi Brooke vindo em minha direção junto com Emma, Audrey e Noah. Será que eu ainda estava em casa sonhando?!
- Lari! - ela chamou novamente antes de chegar até mim com os outros e começarmos a andar juntos.
- Ei. - disse sorrindo.
- Você é amiga do Kieran, certo? - a loira perguntou séria e eu engoli em seco. Era agora que as acusações começariam?
- Ahm... Mais ou menos. - respondi encarando o chão e levando a mão à nuca.
Audrey, que estava ao lado de Brooke, revirou os olhos com a resposta.
- Ótimo, então pode me ajudar. - Brooke declarou decidida e eu parei de andar surpresa.
- Ajudar? - perguntei confusa.
- Sim, Kieran deve saber quem está por trás disso! - ela afirmou parando na minha frente.
- Não é como se tivessem formado um esquadrão suicida aqui em Lakewood. - falei em tom de brincadeira e Noah riu, só ele mesmo.
- Foi exatamente o que eu disse! - o nerd comemorou sorrindo junto comigo.
- Ok, ele pode não estar envolvido dessa vez, mas pode ajudar a descobrir. - Emma falou impaciente e eu assenti.
- Eu já tentei, acreditem. - falei dando de ombros e Brooke soltou um longo suspiro de decepção.
- Tudo bem, eu mesma descubro, eu, eu, eu consigo! Devo isso ao Stavo, preciso descobrir quem tirou ele de mim, eu preciso fazer isso, certo? - a mesma começou a dizer rápido com a voz embargada e no final o choro acabou chegando de maneira devastadora.
Não pensei muito e fiz o que precisava ter feito desde ontem, abracei minha amiga! Ela retribuiu o abraço e eu acariciei de leve seu cabelo me controlando para não chorar também.
- Por que eles sempre tem que tirar todos de mim?! - ela começou a se lamentar e Emma se juntou ao abraço assim como Noah e Audrey. - Eu não vou suportar perder mais nenhum de vocês! - Brooke exclamou entre o choro e eu pude sentir que já estava chorando também.
- Você não vai perder! - Emma afirmou enquanto saiamos do abraço.
- Vamos descobrir quem está por trás disso e ficaremos bem. - Noah completou e todos assentiram.
- Pensei que vocês nunca mais iriam falar comigo. Desculpa! - acabei por dizer, não era o melhor momento, mas as palavras saíram.
- Nós somos melhores juntos! - Audrey admitiu mesmo que séria e todos assentiram.
Sorri para ela e a mesma acabou por retribuir o sorriso entrelaçando sua mão com a minha, olhei para nossas mãos dadas e o sorriso aumentou mais ainda. Senti como se meu coração tivesse se aquecido novamente e quando levantei o olhar novamente Emma, Noah e Brooke nos encaravam com sorrissinhos maliciosos que me fizeram rir sem graça.
[...]
Cheguei em casa procurando por meu pai, mas como eu já esperava ele não havia cumprido com sua promessa e não estava ali.
Soltei um longo suspiro e fui até a lareira da sala, em cima dela havia um quadro com uma foto minha e dele nos divertindo na praia quando eu ainda era criança.
- Sinto falta desse cara que era meu pai de verdade. - desabafei em voz alta alisando o porta-retrato como se fosse a coisa mais preciosa para mim naquele momento.
Subi para o meu quarto e quando sentei  na cama meu celular mostrou notificação de mensagem nova. Abri já me preparando para o pior:

"Acho que não posso mais te chamar de mentirosa, não é mesmo? Espero que tenha gostado do que fez com o filho do xerife por você. Xx"

Fiquei boquiaberta, ele havia matado Stavo por mim? Mas por quê faria isso?! Por ele ter me largado sozinha na floresta? Por ter sido um babaca... Espera aí!
- Larissa, pare de pensar agora mesmo! - eu mesma me repreendi.
Mas os pensamentos continuavam se alinhando sem que eu tivesse controle sobre aquilo! Audrey que havia insinuado para mim no outro dia que Stavo poderia ser o assassino, o culpou por ter me abandonado na floresta.
Na mensagem dizia que não podia mais me chamar de mentirosa e no domingo quando eu contei toda a verdade ela me chamou assim, me chamou de mentirosa!
Oh meu Deus, não! Isso explicaria o fato do assassino ser próximo a mim e ter me tratado tão intimamente na floresta. Explicaria também o fato dela não ter aparecido junto ao assassino no cinema e ter sido liberada tão rápido da cadeia.
Por que isso estava fazendo sentido?! Não deveria fazer! Não, não ela! Qualquer um, menos a Audrey! Aquilo seria a pior decepção da minha vida!
Não, eu não posso estar apaixonada pelo assassino, eu não posso estar apaixonada por Audrey Jensen!