Kath, a minha melhor amiga, estava às gargalhadas com o grupo das raparigas populares da escola (aquelas superficiais e que só querem saber de namoros e falar de fofoquices) com o uniforme escolar horrível, mas que a ela lhe assentava perfeitamente. O seu cabelo castanho cor de avelã que naturalmente é encaracolado e brilhante, estava esticado e com madeixas loiras. Tive de olhar duas vezes para a reconhecer. Virou-se repentinamente e vi alguém completamente diferente da minha Kath. Fitou-me com um sorriso maldoso e fez um ruído para que todos se calassem. Quando ganhou a atenção exclamou:
- Olha a Sakurai! – Ela acha-se superior só porque tem aquela estúpida marca na mão. Não concordam? – Não evitou um olhar provocante.
Todos anuíram, enfeitiçados.
Não tive reacção no começo. Todos se começaram a rir e a apontar-me o dedo. Percorri todos os olhares e bem no canto os olhos verdes de Luke fitavam-me misteriosamente. O rapaz por quem eu sempre tivera um fraquinho. Quando todos começaram a conversar normalmente Kath veio ter comigo e sussurrou para que apenas nós escutássemos:
- Isto acabou de começar, Sakurai Mayumi.
Ela empurrou-me ligeiramente, o suficiente para me desequilibrar e ninguém dar conta que foi ela. Caí no chão, mas rapidamente me levantei.
Eu arregalei os olhos. Aquilo não era verdade. Talvez fosse um sonho. Belisquei-me e foi em vão. Eu estava no mundo real.
Deu o toque de entrada e todos se sentaram nas mesas. Quando fui para o meu lugar (à beira da kath) vi que estava ocupado por uma nova amiga de Kath e procurei por lugares, mas todos colocavam as respectivas mochilas em cima do banco vazio ao lado. Acabei por me sentar sozinha na última fila no canto. Olhei para o ar em choque.
- Sakurai, já escreveu o Sumário? – Perguntou-me uma voz ríspida, e quando olhei para cima era a professora Deborah.
- Ela está demasiado perturbada para tal, professora. – Declarou Kath.
Todos deram uma risada e me olharam de relance.
Passei o resto da aula distraída e lancei alguns olhares à Kath que estava animadíssima a trocar papéis com a turma. Pensei em teorias possíveis para ela se comportar assim. Ela estava diferente. Irreconhecível.
Tocou para sair e decidida fui atrás de Kath e do novo grupo dela. Tinha de a confrontar esta Kath.
CONTINUA
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