New Orleans, Louisiana.
No centro vodoo, um homem careca estava ajoelhado pedindo misericórdia a Papa Midnight que mexia na gaiola fazendo o pássaro piar com desespero.
- Foi sem querer, Papa. Só queria assustá-la. Juro pela minha vida.
- E a vida dela? – Midnight se volta indignado para o homem. - Voce assassinou a mãe de seus filhos.
- Papa... – Midnight ignora qualquer desculpa do homem e vai direto ao ponto.
- Há uma recompensa por Dean Winchester. O cara é um vigarista, mas muito habilidoso. Para conseguir essa recompensa, preciso de algo especial.
O homem eleva os olhos para encarar Midnight, ele entendeu aonde o feiticeiro queria chegar.
- Se concordar em ajudar... – Midnight é interrompido.
- O que precisar. Eu faço. – afirma o homem desesperado.
Midnight dá um sinal com o olhar e seus capangas levantam o homem e o amarram a um tronco. Midnight tira uma faca de seu terno gravada com símbolos místicos. Ele desliza os dedos sobre a lâmina para se certificar que esta bem afiada.
- Uma vida por outra. – Midnight ergue o braço e golpeia o homem.
Manhattan, New York.
- Quem diria que teríamos um caso aqui de um ghoul trabalhando no necrotério... Isso acabou me deixando com fome, poderíamos passar no Biggerson’s, antes de fazer as malas para pegar o próximo caso. – sugeriu Sam.
- Não. Qualquer local menos o Biggerson’s. – Dean se lembra do Henry comilão.
- Sério isso? – Sam fica maravilhado, Dean não era de rejeitar hambúrgueres.
- Que tal irmos ao Pollos Hermanos? – indicou Dean.
- Desde quando voce gosta de frango? – Dean dá de ombros.
Ao chegarem no Los Pollos Hermanos, o celular de Dean toca, era Castiel.
- Cas, o que manda? – Dean dá um sorriso, porque não era trote, não era a operadora tentando oferecer plano e muito menos nenhum psicopata ameaçando matar alguém caso se ele não fizesse algo em troca.
- Preste atenção. Tinha que avisá-lo.
- Avisar o quê?
- Há um preço por sua cabeça, grande recompensa. Tome cuidado, Dean!
- Quem está pedindo minha cabeça a prêmio? – Sam arqueia a sobrancelha ao ouvir.
- Boatos de que seja Abaddon.
- Faz sentido, afinal, tenho a lâmina. Sou uma ameaça a ela, mas onde voce está agora? – Dean aponta para o prato no cardápio quando a garçonete pergunta o que ele vai querer.
- Indo para Albuquerque. Parece que teve uma chacina aqui e demônios estavam envolvidos. Vou investigar, pois talvez eu ache algum rastro da Abaddon.
- Certo, apenas me mantenha informado. – Dean desliga.
- Então? – Sam pergunta.
- Parece que Abaddon colocou minha cabeça a prêmio e o Cas foi pra Albuquerque investigar uma chacina que teve lá.
- Voce parece muito tranqüilo para quem acaba de saber que sua cabeça está à prêmio.
- Sempre tive um alvo nas costas, a diferença é que agora tem recompensa.
- Olhando por esse ângulo... - Sam se levanta e diz que vai ao banheiro, mas a verdade era precisava ligar para Ruby a fim de saber se estava bem, afinal, ela tinha dito a Sam que estava em Albuquerque. Ele disca, porém ela não estava atendendo. Ele tenta por mais duas vezes, mas é encaminhado pra caixa postal, então deixa um recado e depois volta para a mesa onde Dean estava saboreando o frango ao molho.
- Cara, isso é muito bom! Esse lugar tem potencial, voce tem que provar! – falou Dean de boca cheia. Sam não diz nada e pega o garfo analisando sem apetite. – Que bicho te mordeu?
- Nada.
- Como nada? Voce foi pro banheiro e voltou com o humor de uma velhinha de 70 anos que sofre de reumatismo.
- Eu não como frango. – disse Sam meio rabugento.
- Não seja por isso. – Dean pega o frango com o garfo e coloca em seu prato.
Assim que eles terminam de comer, Dean vai ao caixa pagar a conta e Sam espera no carro, ele liga novamente para Ruby, sua impaciência e angústia eram gradativas até que finalmente Ruby atende.
- Onde voce estava? Por que não atendeu minhas ligações? Soube que teve uma chacina aí em Albuquerque... Voce está bem? – Sam parecia uma metralhadora de perguntas. Ruby o interrompe e fala:
- Calma! Estou em Nebraska e só não atendi porque voce sabe... Celular e volante não combinam. Sim, eu fiquei sabendo, mas não tenho nada a ver com isso, te garanto. – mentiu Ruby, por mais que ela detestasse fazer isso, mas ela acredita que essa é a melhor forma de proteger sua família.
- Voce precisa ser sincera comigo, Ruby.
- Eu estou sendo sincera e pensei que voce confiasse em mim...
- Eu confio! Desculpe, não quis duvidar de voce... Eu apenas me preocupo com voce. – falou Sam mesmo sentindo que Ruby estava mentindo, mas ele deixa passar essa, mas ele iria investigar a fundo essa história de Albuquerque. Antes que Ruby possa dizer algo, Sam avisa que tem que desligar, pois Dean já estava vindo.
- Estava falando com quem? – perguntou Dean entrando no carro.
- Ninguém, era a moça do telemarketing perguntando se quero comprar um pacote. – disse Sam entediado.
- Hum. – Dean faz um biquinho sem acreditar, mas deixa por isso mesmo.
New Orleans, Louisiana.
Papa Midnight limpa as mãos com um lenço, enquanto observa o seu trabalho com uma satisfação da qual ele não se orgulhava, através de um ritual, ele transformou o homem que matou a mulher em uma nova criatura. Ele ainda era um homem mesmo com a boca costurada e o coração substituído por uma cicatriz em forma de V, seus olhos brancos sem córneas, mas mesmo assim ele encarava a todos.
O pássaro na gaiola estava agitado e pia desvairadamente quando a criatura se solta da corda utilizando uma força descomunal e acerta um dos capangas de Midnight.
- Rete! – diz Midnight estendendo a mão para a criatura que se ajoelha submissa. – Voce tomou uma vida e pagou por isso perdendo a sua própria. – Midnight puxa as linhas de costura da boca da criatura. – Mas agora o Loa achou adequado dar-lhe outra. Não a desperdice. – Midnight se abaixa para pegar de um pote onde havia um boneco de vodoo de Dean Winchester, um pó. – Considere esse pó a essência da vida de Dean Winchester. Respire-o. Conecte-se à energia dele. – A criatura respira. – Voce existe agora apenas para um propósito: Reduzir a pó à vida de Dean Winchester.
Midnight sopra o pó no rosto da criatura que se levanta e sai imediatamente.
Queens, New York.
Já era de noite, Bela guarda suas compras no closet e se prepara para dormir. O dia havia sido proveitoso, ela faturou 8 mil na venda de um amuleto, apesar que ela havia discutido com Midnight mais cedo no telefone. Ele pediu a lâmina e ela disse que não havia tido a oportunidade ainda de roubá-la, o que era mentira, pois ela havia roubado e passado duas semanas com a lâmina até Dean resgatá-la.
Bela se deita na cama e boceja, o sono estava vindo, ao apagar o abajur, ela escuta um barulho vindo da cozinha. Imediatamente, ela religa. O barulho se repete, o que faz Bela pular da cama, ela coloca um roupão, pega o revolver e vai verificar.
A morena desce as escadas, o barulho estava cada vez mais forte à medida que ela se aproxima da cozinha. Ela caminha cautelosamente dando de cara com uma silhueta que parecia estar farejando a parede onde ela e Dean fizeram sexo. Ela liga a luz e vê que a silhueta pertencia a um homem careca.
- Quem é voce? E o que faz aqui? – indaga Bela destravando a arma, o homem se vira de uma vez e Bela pode ver que não se tratava de um homem e sim, uma criatura. – Que diabos é voce? – falou Bela assustada, ela nunca tinha visto nada igual nem no inferno. A criatura vem em sua direção e Bela começa a atirar na coisa em pontos fatais, mas a coisa não parava.
- Morre logo! – gritou Bela atirando duas vezes na cabeça.
Suas balas acabam e ela arremessa tudo o que vê pela frente. Almofadas, vasos, quadros, bolsa, o tabuleiro ouija, tudo exceto o celular e as chaves do carro que ela sabe que vai precisar, mas antes Bela corre até ao armário de vinhos e pega sua arma reserva sem demora, a criatura corre em sua direção e inteligentemente, Bela joga a garrafa de vinho no chão que era liso o que faz a criatura escorregar caindo no vinho. Era o tempo necessário que ela precisava para alcançar a porta e sair correndo dali feito o diabo fugindo da cruz.
- Anda Dean! Atende seu caipira idiota e arrogante! – xingava Bela correndo com o celular no ouvido em direção ao estacionamento. – A criatura sai do edifício e avista Bela. – Droga, não! – choramingou Bela vendo que a porta não destrava, então ela atira no vidro de trás para destravar manualmente.
Ela solta o celular no colo e coloca a chave na ignição pisando fundo no acelerador, os pneus cantam, ela tira o pé do freio e pisa no pedal da ré e grita desvairadamente mirando na criatura que vinha ao seu encontro. Ela o atropela passando com o carro por cima, o que faz o veículo chacoalhar e depois freia ao ver a criatura inerte no chão.
Bela se inclina para frente para ver conseguiu matar a coisa, mas a criatura se levanta de supetão, o que faz ela pular no banco levando um susto. Ela não pensa duas vezes, antes de dar a ré e manobrar o carro para o portão da saída, a criatura começa a correr e Bela pisa no acelerador acertando-o em cheio o portão que ainda estava abrindo, seu pára-brisa trinca dificultando a visão, mas isso não a impede de fugir.
Manhattan, New York.
Sam mexia no notebook pesquisando sobre as notícias recentes de Albuquerque, como a de um satanista que matou três meninas, a do maior tomate de New Mexico que pesava 3,6 kg e a mais importante, a chacina dos membros de um culto. Sam logo identifica que se tratava de mais um clã quando viu os cordões que tinham o símbolo da Seita no pescoço dos cadáveres.
- Por que ela mentiu? – disse Sam baixinho para si mesmo, mas antes que ele pudesse pensar em uma resposta para a sua pergunta, novamente o celular de Dean toca, o que já estava deixando Sam de saco cheio.
- Quem é tanto que liga pra voce, hein Dean? E por que voce não atende? – gritou Sam já que Dean estava no banho.
- É a Bela! Com certeza não conseguiu dormir a noite depois que tomei a lâmina e já esta tentando dar outro golpe.
- Por falar em lâmina, voce não me falou como conseguiu fazer a Bela entregar... – Sam estava meio desconfiado ainda mais depois do beijo no supermercado.
- Não há segredo! Apontei a arma contra a cara dela e ameacei. – disse Dean saindo do banheiro com a toalha enrolada na cintura.
- E ela se deixou intimidar com uma arma na cara? – falou Sam desacreditado.
- Bem... – Dean olha pro chão e tenta pensar em alguma mentira rápido. – Talvez eu fui convincente demais. – Dean dá um sorrisinho.
- Como? – insistiu Sam não comprando a história.
- Talvez eu tenha quase atirado no joelho dela. – Dean pragueja mentalmente contra Sam, pois suas perguntas eram piores que teste de vestibular. – Enfim, não importa o método, o que importa é que a lâmina esta sã e salva. – O celular de Dean toca novamente.
- Voce não vai atender?
- Não. – falou Dean pegando suas roupas para se vestir.
- Se voce não vai, eu vou. – Sam se levanta da mesa de supetão e Dean pensa até em deixar, mas sabendo quem é Bela Talbot, ela iria queimar seu filme e dar com a língua entre os dentes, então antes que Sam pegue o celular que estava sobre a cama. Dean se atira e pega primeiro.
Ao atender, no mesmo instante ele afasta o celular do ouvido, pois, Bela estava alterada parecendo uma metralhadora de insultos e o questionando sobre onde ele está.
- Pra que voce quer saber? Pra me roubar novamente? – Bela o xinga novamente. – Olha a boca suja! – Sam balança a cabeça sem entender. – E por que devo me importar? É isso que voce merece, Bela!
- O que esta acontecendo? – indaga Sam curioso. Dean faz um sinal para ele esperar um momento.
- Não é problema meu! – gritou Dean.
- Se voce não me ajudar, eu vou contar tudo pro Sam detalhadamente! – ameaçou Bela na outra linha.
- Faça o que quiser, eu não ligo! – disse Dean frio.
- Ah é? Vamos ver! – Bela desliga na cara de Dean, antes que ele diga algo.
- O que ela queria? – perguntou Sam ainda mais curioso quando seu celular toca, ele puxa do bolso e olha pro visor. – Bela?! – O coração de Dean gela, Sam ia atender, mas Dean corre e arrebata o aparelho das mãos do irmão. – Mas que...
- Estou no Red Motel, sabe onde fica? – Dean dá as costas a Sam e coça a nuca. – Estou no quarto 06, assim que voce chega já dá de cara com ele e é melhor voce esta falando a verdade... – Dean desliga e joga o celular pra Sam.
- O que significa isso tudo? – questiona Sam abrindo os braços.
- Eu repensei, é melhor ter a Bela me devendo uma do que tê-la como inimiga e é bom a gente esconder as coisas de valor antes dela chegar, mas antes vou me vestir. – Dean pega suas roupas e volta pro banheiro.
Nove minutos depois, eles escutam Bela bater na bota desesperada pedindo para abri-la, Sam atende imediatamente e Bela avança para dentro ofegante.
- Voces precisam me ajudar! Uma coisa está tentando me matar... – Bela se apóia colocando as mãos no joelho tentando recuperar o fôlego.
- Vestida assim parece mais que voce veio para uma festinha do pijama do que estar sendo perseguida pelo Exterminador do Futuro sobrenatural. – debocha Dean vendo que ela usava um roupão, mas o fato era que ele estava imaginando o que tinha debaixo daquele roupão fechado.
- Dá um tempo, Dean! Olha o estado dela! – repreendeu Sam. Dean leva um susto achando por um momento que Sam leu sua mente. – Bela, melhor voce se sentar pra se recuperar e nos contar o que houve. – Sam a conduz até a cadeira e depois pega um copo com água pra ela que estava com as mãos trêmulas.
- Tudo bem... Conte-me Bela, o que voce fez? Pra essa coisa te perseguir, com certeza voce mexeu com quem não devia... – falou Dean se encostando na mesa ao lado dela e cruzando os braços.
- Não fiz nada. Eu ia dormir quando ouvi um barulho vindo da cozinha, daí fui olhar e dei de cara com aquilo... Ele estava farejando a parede da cozinha. – Bela lança um olhar dando a entender que era “aquela parede”. – Depois me atacou.
Sam semicerra os olhos.
- A parede? – Dean coça a nuca, ele entende tudo. O prêmio pela sua cabeça, a coisa caçando Bela, a parede. O alvo era ele, não ela. Bela balança a cabeça confirmando.
- O que tem essa parede? – pergunta Sam desconfiado, depois olha para Bela que olha para Dean e sorri.
- Sim, Dean. Conte a ele o que na parede... – disse Bela esperando ver como ele se livraria dessa.
- Tijolos, cimento e quase seus miolos foram para lá como decoração. Já se esqueceu, amor? – falou Dean fuzilando Bela com os olhos.
- Voce disse que quase atirou no joelho dela. – retrucou Sam notando que a história estava mal contada.
- Joelho? – Bela ri. Dean engole seco, mas é salvo pelo gongo quando os vidros da janela são quebrados pela criatura ao saltar para dentro do quarto.
- Suponho que essa seja a criatura... – disse Sam abismado.
- Eu adoraria ficar e ajudar, mas eu realmente tenho que ir... – disse Bela assustada começando a se esgueirar para a saída, pois a coisa lhe encarava até notar seu verdadeiro alvo, Dean.
- Passe por essa porta e eu mato voce invés dele! – ameaçou Dean se virando para Bela que grita quase que em sincronia com Sam:
- Dean, cuidado!
A coisa parte pra Dean o jogando violentamente contra a parede. Sam tenta intervir, mas leva um soco que o joga pro outro lado do quarto. A coisa volta sua atenção para Dean segurando o pescoço e o enforcando no ar. Bela olha para Sam que tentava se levantar em vão e então grita para coisa chamando sua atenção.
Bela descarrega o pente e Dean vira o rosto conforme os tiros faziam o sangue da coisa espirrar em seu rosto. A criatura irritada larga Dean e se volta para Bela que recua conforme ele se aproxima até que ela choca suas costas na parede, a criatura esta pronta para atacá-la quando ela vê uma linha passando no pescoço, a cabeça da criatura cai no chão fazendo Bela soltar um grito de susto.
- Voce está bem? – perguntou Dean em pé segurando a lâmina diante da criatura agora morta.
- Estou.
- Eu não estava perguntando a voce e sim ao Sammy. – disse Dean olhando para Sam que meneia a cabeça. – Quanto a voce... – Dean avança para Bela começando a revistá-la.
- O que pensa que esta fazendo? – Bela tenta empurrá-lo, mas ele continua a tateá-la. – Tira suas mãos de mim!
- Dean, para com isso! – repreendeu Sam.
- Está limpa! Não leve pro lado pessoal, amor. Mas eu não confio em ladras. – Dean se afasta e abre a porta indicando para ela sair. – Agora voce está liberada para ir embora! – Bela balança a cabeça desacreditada e revoltada.
- Voce vai me explicar o que foi isso? – questionou Sam gesticulando sobre essa cena, assim que Bela saiu.
- Medidas de segurança.
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