Superior, Nebraska.
Há essa época do ano, as ruas de Nebraska estavam gélidas. A neve caindo, o ar frio e a imensidão branca que cobria as ruas como um grande tapete de lã. Bonecos de neve no jardim e crianças fazendo guerrinhas de bola de neve.
- Só falta o Ned Stark aparecer e dizer “o inverno está chegando”. - resmunga Ruby enquanto dirigia rumo a uma lojinha de livros para visitar Meleos. Ao chegar lá, Meleos caminha até ela nada simpático e diz:
- O que faz aqui? Lúcifer te mandou?
- Lúcifer? O que te faz pensar isso? – indaga Ruby.
- Não jogue na defensiva, criança. Eu sei que voce o visitava... – Ruby interrompe Meleos e fala revoltada:
- Eu não teria me submetido a ir atrás daquele poço de arrogância se você não tivesse me deixado para trás como um pedaço de bife para distrair os cães do inferno! A propósito, eu só estou hoje ferrada nessa história de Abaddon por sua causa, se não tivesse me deixado para trás, eu não teria sido feito a putinha dela!
- Pequenos detalhes... – Meleos sorri. – Mas olhe o lado bom, você se deu muito bem fazendo parceria com a ladra britânica...
- Uma parceria que não durou nem uma semana, porque ela tinha outros planos para mim tipo me fazer vestir um terno de madeira para dormir numa cama abaixo de sete palmos de terra.
- É, eu ouvi muitas coisas sobre voces duas.
- Tipo? – Ruby se senta e serve um pouco de café para si.
- Coisas do tipo que voce anda de romance com Sam Winchester e que a britânica tem puxado todo mundo pra dançar, voce sabe o que quero dizer... Sua amiga vai acabar morrendo.
- Não é problema meu! – falou Ruby com desdém.
- É, estou sabendo... Como o fato dela salvar seu traseiro da morte eminente devido ao veneno do duende e você salvar o dela do Furcifer.
- Só pra constar não era um duende e sim, um gnomo.
- E tem diferença? – debochou Meleos.
- Sim, duendes moram sobre a terra e gnomos dentro da terra.
- Quer dizer que antes dele te atacar ele mostrou a hipoteca da casa? – falou Meleos rindo.
- Vai se fuder!
- Crianças... – Meleos balança a cabeça e ri consigo mesmo. – Mas enfim, o que te traz aqui?
- Não sei se você acompanha as notícias, mas houve uma chacina em Albuquerque... – Ruby é interrompida.
- Deixe eu adivinhar... Voce está por trás disso.
Ruby meneia a cabeça.
- Era um clã da Seita e... – Ruby coloca uma foto sobre a mesa e a desliza em direção a Meleos. – Queria saber se você reconhece essa marca? A propósito, melhoraria muito nossas vidas se você permitisse que um pouco de tecnologia facilitasse as coisas.
- O fato de não usar essas bugigangas é que tem me mantido vivo até hoje.
Meleos observa a foto receoso.
- E então?
- Não é possível. Eles foram exterminados a séculos. – Meleos parecia assustado.
- Que símbolo é esse, Meleos? – insisti Ruby.
- Brujeria.
Hudson, Ohio.
- Voce está muito tenso, Agente Hetfield. – A massagista desliza as mãos do tórax ao abdômen.
- Sabe como é? O FBI exige muito da gente, não é pra qualquer um. – falou Dean observando os peitos da massagista que se aproximavam de seu rosto a cada vez que suas mãos iam para o abdômen dele.
- Pena que seu parceiro não quis entrar, as meninas iriam adorar trabalhar nele.
- O que posso fazer? Ele não sabe aproveitar as oportunidades, mas diga-me Riley. A Nikki tinha algum inimigo? Algum namorado ciumento ou ex-namorado psicótico? – pergunta Dean tentando extrair alguma informação.
- Nikki sempre brigava querendo ficar com os clientes mais... – Riley desce as mãos por debaixo da toalha e Dean solta um “Ops”. – Bem dotados.
- Então, ela fazia o serviço completo... – Dean faz uma cara safada.
- Não... Sou eu quem faço o serviço completo, Agente.
- Eu adoraria uma amostra grátis...
[...]
- Merda! – Dean sai com uma expressão nada feliz do SPA e caminha em direção ao Impala. Sam abre um sorriso e diz:
- Parece que alguém voltou a ter bom senso.
- Não enche! – Dean entra no carro, só então Sam olha para a cara de insatisfação do irmão.
- O que aconteceu? – pergunta Sam instigado pela curiosidade.
- Nada. – Dean dá a partida se recusando encarar o irmão. – Conseguiu alguma coisa? Porque eu descobri que a Nikki era uma rodada.
- Na realidade acho que vamos conseguir obter nossas respostas na casa do Sr. Dale Lockllin. O dono do prédio em que Nikki morava, também era residido por Katelyn e Mary, as outras duas massagistas mortas, mas o que aconteceu lá dentro? A Riley é lésbica ou coisa assim?
- Não. Não aconteceu nada, ela é extremamente profissional. – rangeu Dean para fora se lembrando do momento que ela ofereceu as pílulas.
- Então, o flerte é uma espécie de marketing e voce levou um fora?
- Dá pra voce calar essa boca?
[...]
- Espero que esteja se divertindo porque eu estou e muito. – disse Abaddon escolhendo outro instrumento para torturar Crowley que permanece calado. – Pensei que voce fosse falar ou até mesmo me ameaçar, mas até que voce esta bem comportado... E isso me enoja!
Abaddon finalmente escolhe uma serrinha e a molha na água benta.
- Sabe? Não sou muito de dar satisfação, mas no seu caso, eu farei. O motivo, ou melhor... A pessoa que te colocou nessa situação era um dos seus ou pelo menos convenceu voce disso. – Crowley agora volta seu olhar para Abaddon. – Se interessou não é?
- Tudo que me diz respeito, me interessa. – disse Crowley seco.
- Claro. – Abaddon sorri. – Bem, quando eu cheguei a Chicago, eu não imaginava encontrar voce e nem mesmo Bela. Eu apenas estava torturando algumas almas para sair do tédio, quando Furcifer chegou e me contou que Ruby e Dean o exorcizaram do corpo de Bela, o que foi estupidez dele. Garotas como Bela, voce não possui. Voce faz coisas muito muito más com ela. – Abaddon dá um sorriso descarado.
- Não quero ser o portador de péssimas notícias, mas não acho que voce seja o tipo dela.
- Voce tem toda razão, Mr. Crowley. - Abaddon aproxima a serrinha do joelho de Crowley e a liga, o barulho era sinfonia para os ouvidos da ruiva, já para Crowley era o inferno, o que é irônico já que ele mesmo se intitulava rei do lugar.
Crowley range os dentes com agonia e dor. A lâmina da serra rasgando sua pele, os ligamentos, tocando nos nervos. Crowley poderia enlouquecer com tanta dor, até que cede e grita.
- Chegamos ao ponto finalmente. – Ela desliga a serrinha. – Voce é durão. Não é uma vergonha total como demônio.
- Eu ainda vou te matar sua vadia! – gritou Crowley com os olhos vermelhos cheios de ódio.
- Voce quase me assustou. Talvez eu tivesse medo de voce se invés de latir, voce mordesse... – debocha Abaddon divertida.
Abaddon coloca a serrinha sobre a mesa e agora pega um alicate.
- Continuando... Quando cheguei a Chicago, encontrei a Bela algemada no Impala. Pensei que fosse algum tipo de perversão, mas ela apenas tinha sido feita prisioneira pelo Dean. Trocamos umas idéias e quando eu estava quase alcançando os meus alvos ouvi uma única buzinada e pensei “Será que a vagabunda esta tentando avisar a eles que estou aqui?”. Deixei isso pra lá e encontrei os três mosqueteiros.
- E fracassou. Pois Ruby te encarou e se safou, Dean recuperou a lâmina e agora voce está colocando todo mundo atrás dele. – falou Crowley com certa satisfação.
Abaddon olha pro alicate e balança a cabeça o reprovando. Ela decide escolher outra coisa algo mais invasivo.
- Voce deveria sentir vergonha, Ruby é uma garota apaixonada e ainda assim teve mais culhões do que voce para me encarar, ela se safou, mas voce... – Abaddon enfia um gancho no joelho danificado de Crowley que grita. – Está ferrado. – Abaddon se aproxima de Crowley ficando a centímetros de seu rosto. – Porque a safadinha da Bela, aquela que voce tem uma quedinha colocou sua cabeça em uma bandeja de prata e claro que eu não podia recusar... – Abaddon dá um sorriso debochado. – Bela armou tudo, querido. Voce foi traído pela Dalila, Sansão.
- E por que não mata todos eles? Voce sabe... Não sou eu que tenho a marca e nem a lâmina? Não sou eu que te traí e nem fui falso com voce. Pelo contrário, eu sempre te odiei e nunca escondi isso. – falou Crowley calmo, mas ele estava com tanto ódio que faria de tudo para ver as tripas de Bela Talbot estiradas no asfalto com sua cabeça pendurada em um poste.
- Crowley, Crowley... – Abaddon balança a cabeça decepcionada. – Bela sabe que eu seguro a coleira do pescoço dela, ela sabe o limite. E nem tudo se trata de caçar Dean Winchester...
- O que quer dizer com isso?
- Brujeria.
Hudson, Ohio.
- Maldição! – Dean entra no quarto do motel frustrado.
- Calma Dean, nós vamos solucionar isso. Apenas devemos ter deixado passar algo... – O estômago de Sam ronca. – Eu vou comprar algo pra comer, vai querer algo?
- Não! – falou Dean ranzinza jogando as chaves do Impala pro irmão.
- Certo, o que está acontecendo? – Sam nota que Dean estava incomodado com algo.
- Nada, já disse.
- Não acredito em voce!
- Problema o seu! Agora caí fora e... – Dean repensa. - Traz uma torta pra mim!
- Eu não vou até voce... – Dean empurra Sam pra fora do quarto e grita:
- Não se esqueça da torta! – Ele fecha a porta com força e tranca. Sam é obrigado a ir sem a explicação. “O que há de errado comigo?”. Dean não para de pensar sobre o fato de ter tido uma disfunção erétil. Seu ego foi ferido depois da massagista oferecer as malditas pílulas azuis que ele recusou. Ele não iria perder a honra.
Superior, Nebraska.
- O que a Seita quer com a Brujeria? – pergunta Ruby pegando um cookie.
- Como saberei? Tudo que sei é que eles tinham sido exterminados, mas parece que eles subsistiram a Idade Média. – Meleos dá um gole no café.
- Mas por que aparecer agora? – questiona Ruby.
- Talvez porque as trevas estão ascendendo.
- Uhm... Faz sentido. - Ruby fica pensativa por um momento, pensando sobre ter mentido para Sam sobre Albuquerque. Meleos a analisa.
- O que te incomoda?
- Muita coisa pra lidar, mas não ache que vou desabafar com voce. Lembre-se que voce me abandonou no inferno! Afinal, por que fez aquilo? – indagou Ruby se levantando da mesa.
- Voce sabe, um velho não corre tão rápido e precisava de algo para distrair os cães do inferno. – Meleos dá outro gole no café escondendo seu sorriso na xícara.
- Seu bastardo filho da mãe egoísta!
- Não sei porque isso te incomoda... Nós dois estamos vivos, não estamos? E voce ainda fez amizade por lá...
- Vou embora antes que eu decida atirar em voce! – Ruby pega o casaco e sai.
- Até mais, criança. – grita Meleos dando uma pequena risada.
[...]
Crowley havia perdido um olho, seu joelho estava todo ferrado, seu peitoral parecia o mapa de New York com tantos cortes o que o fez lembrar do caminho para Chinatown. Porém nada disso lhe incomodava mais do que saber que Bela Talbot havia dado uma de Judas pra cima dele, mas como ela fez isso? A mensagem era do celular de Dean. Talvez ela tenha o manipulado e obviamente ele aceitou, afinal, Abaddon estava na sua cola e na de seu irmão.
- Desgraçados! – rangeu Crowley fechando os punhos. Ele estava atado com amarras cheias de sigilos, mas ele ainda podia usar a telecinese, isso se ele se concentrasse e é exatamente o que faz.
Ele fixa seu pensamento na serrinha que liga o que a faz andar sobre a mesa e cair no chão. Ele respira fundo e usa toda sua força de controle telecinético fazendo a serrinha flutuar e vir em sua direção. Aquilo era desgastante, o suor misturado com sangue escorria por sua testa, mas ele não desiste. Ele não podia desistir, ele era o rei do inferno e iria provar a todos.
- Irei ensiná-los a nunca mais mexer com o REI! – grita Crowley e a serrinha vem de encontro a amarra de seu pulso, seus olhos ficam vermelhos. A serrinha rasga as amarras fio por fio rompendo os sigilos, foi uma longa demora, mas o plano da certo. Sua mão estava livre, ele estende a mão para uma faca afiada a mesma que ferrou seu joelho e voa para sua mão, enquanto a serrinha cai no chão. Ele risca os sigilos com a ponta da faca e rompe as ataduras.
Crowley está livre.
- A hora da retaliação chegou! – diz Crowley estralando os dedos, seu corpo volta a ser saudável. Ele sai da sala de tortura e caminha pelos corredores infernais ao som dos gritos das almas condenadas.
Hudson, Ohio.
Dean estava acessando o site das asiáticas peitudas, mas nada aconteceu. Nenhuma excitação, nem ereção. Ele se sentia a droga de um monge.
- Qual seu problema? – Dean olha para o meio das pernas. Ele tenta se animar, mas nada. – Porra! – Dean soca a mesa. – Mas que diabos... – Ele ia surtar, mas respira fundo. - Calma Dean, não tem nada de errado com voce, talvez seu subconsciente não achou a massagista gostosa o suficiente... – Dean se lembra da atriz pornô do Casa Erotica. - Nenhum homem consegue ficar sem se excitar com Carmelita!
Dean pesquisa no youtube, porém para sua infelicidade nada acontece.
- Qual é?! Eu não sou um idoso pra ter problemas assim, eu nem tenho 40 anos. – resmunga Dean revoltado, até que ele decide pesquisar sobre seu novo e possível problema no search.com. Vários links aparecem, ele começa a ler um artigo e critica cada sentença. – Não, não tenho problemas com auto-estima. Não, não sofro de depressão. Tá, eu bebo, mas isso nunca me impediu de nada. Sem chances, não vou largar meus hambúrgueres...
- Dean, abre a porta! – gritou Sam batendo na porta, o que dá um susto em Dean que fecha o notebook e vai abrir a porta. – Aqui sua torta! – Sam entrega a sacola para o irmão que abre empolgado, mas logo fecha a cara.
- Isso é bolo!
- Não, isso é uma torta. Tenho certeza! – afirmou Sam.
- Não, isso é bolo! Veja! – Dean aponta para a etiqueta. – B-O-L-O. Bolo.
- Pensei que fosse uma torta. – Sam dá de ombros e Dean o fuzila com os olhos. – Eu estava pensando, as três massagistas morreram. Talvez devêssemos dar uma olhada no prédio agora de noite, afinal, a Riley também mora no prédio.
- Isso não me cheira a algo bom. – disse Dean meio acuado, ele não teria estomago para encarar a Riley novamente, não depois de ter broxado.
- Está amarelando só porque levou um fora?
- Não, apenas não estou com um bom pressentimento sobre isso.
- Então isso é bom, significa que estamos indo na direção certa. – Sam pega seu sanduíche e caminha até a porta. – Voce vem?
- Droga! – murmura Dean seguindo o irmão e toma as chaves do Impala. – Eu dirijo!
[...]
Eles ficam de tocaia observando o prédio, até que um táxi para. Riley sai de dentro, o estomago de Dean embrulha e ela entra no prédio.
- O que realmente estamos fazendo aqui? – questiona Dean se voltando para Sam.
- Fazendo tocaia.
- Por quê?
- Porque aparentemente todas as massagistas que moram nesse prédio estão morrendo.
- Não faz sentido. Por que todas as massagistas morariam nesse prédio? Isso é a cara da decadência! – falou Dean com desdém.
- Talvez porque elas sejam massagistas e não as madames. – rebate Sam.
- Que seja! – Dean relaxa no banco até que vê Riley na janela do quarto andar. Ela estava se despindo e ele começa a prestar atenção. Sam desvia o olhar e Dean cutuca o irmão. – Sammy, olha isso!
- Dean, eu não vou ficar olhando... – Dean dá tapas no braço de Sam sem tirar os olhos da janela de Riley. – Porra! Olha aquilo! É ela! – Sam agora saca que é algo sério e olha para a janela, Riley era um metamorfo e estava trocando de pele.
Dean abre um sorriso por não ter se excitado com aquilo. Ele nunca havia ficado tão feliz por broxar, ele havia escapado de transar com uma aberração nojenta.
- Vamos matar essa coisa agora! – falou Dean numa empolgação, ele abre o porta-luvas e pega os revolveres com balas de prata. – Vamos logo, Sammy! – Dean dá um tapinha no braço de Sam e sai rumo ao prédio.
- Por que está tão animado?
- Porque estou ajudando o mundo a se tornar um lugar melhor. – brincou Dean. Eles invadem o local e arrombam a porta do quarto de Riley que arregala seus olhos, metade de seu corpo estava sem pele. Uma visão horrível.
- Colocou um óleo na torre Eiffel, caçador? – debochou Riley.
- Não preciso disso, a bandeira só é hasteada pra quem merece. – respondeu Dean dando três tiros no coração sem dar chance de reação.
- Parece que eu tinha razão em vir pra cá. – Sam aponta pra parede onde havia fotos das massagistas com X, ela iria matar todo o SPA. Eles escutam um barulho vindo do armário. Dean abre devagar e Sam dá cobertura. Assim que abre eles dão de cara com uma garota toda amarrada e amordaçada.
- Riley! – diz Dean soltando a garota que chorava sem parar. Ela vê o corpo no chão e recua.
- Está tudo bem, acabou. – diz Sam.
Eles se livram do corpo e Sam pergunta olhando pela janela do Impala:
- Por que será que ela matava as massagistas?
- Porque é isso que os monstros fazem, Sammy. Eles matam.
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