História Wolf? Black sheep - (Imagine Kai) - Capítulo 11 - O primeiro cio

Depois de toda a cena que ocorreu no refeitório eu decidi apenas me levantar do chão frio e me retirar de lá, sem ao menos agradecer Kai por ter me ajudado.

As coisas estavam ficando confusas para mim ali dentro e eu odeio coisas confusas, com todas as minhas forças.

E o mais confuso de tudo era o fato de meu coração ter palpitado ao ver Kai me defendendo daquela maneira, quando seu cheiro de alfa ficou mais forte quase não dando mais para sentir o cheiro dos outros alfas, betas e ômegas que estavam lá.

Ele e Wonwoo não me permitiam os entender, uma hora pareciam querer minha morte e em outra eles tentam evitar isso.

Vou para meu quarto, o qual também é de Jongin, sem ao menos comer algo antes. Sinto que eu fico mais febril com o tempo e penso que a melhor coisa a se fazer seria tomar um banho para controlar minha temperatura corporal.

Encaro aquela porta que está com a fechadura estragada e suspiro. Vou até a escrivaninha de Kai que possuía um bloco de notas sobre si e arranco uma folha de lá. Pego uma caneta e escrevo “Banheiro ocupado, não entre”.

Colo a nota na porta e adentro o local logo me despindo e entrando debaixo do chuveiro. A água cai sobre mim com um afeito quase anestesiante, eu me sentia fraca, mas eu sabia em meu âmago que mesmo fraca eu sou extremamente forte. O curativo posto em meu braço começa a se molhar, mas eu não me importo com isso no momento, nem com a ardência que começa a se apossar do local.

Até quando eu vou conseguir fingir que sou normal entre eles? Uma hora eles saberiam que eu não me transformo, uma hora minha maior fraqueza seria exposta e seria nesse momento que eu morreria.

Eu como uma nobre, uma sangue puro, não tenho o direito de ser fraca. Apenas híbridos não se transformam, mas também não possuem tanta força quanto eu.

Termino o meu banho rapidamente e me enrolo na toalha seguindo para dentro do quarto, vou até minha mala pegar uma roupa, já que eu havia me esquecido de a pegar antes.

Eu já era acostumada a sair do banheiro de toalha, e como eu estava passando um tanto de mal eu havia me esquecido por algum momento que eu não estava em casa.

Escuto a porta do quarto se abrir atrás de mim enquanto eu escolhia as peças que eu usaria hoje. Kai me olha de uma maneira estranha, parecia ter se assustado por chegar e já me ver nessa situação.

- Parece que você não gosta de ficar vestida enquanto está perto de mim. - ele brinca.

- Eu havia me esquecido de pegar a roupa antes de ir pro banho. - respondo um pouco estressada.

- Não vai me agradecer? - ele fecha a porta e cruza seus braços.

- Pelo quê? - bufo.

- Por ter te livrado do aperto de Jungkook. - ele diz como se fosse óbvio.

- Eu dava conta dele. - digo enquanto pego a última peça que eu preciso na mala – Não precisava de ter interferido.

- Não era o que parecia. - ele se sentou em sua cama e me olhou de cima a baixo, seus olhos mudaram um pouco de cor, como se o castanho estivesse brigando com o vermelho por espaço em sua íris – Você estava gritando de dor enquanto ele quase quebrava seu pulso com facilidade.

- Eu apenas não estou bem. - me estresso – Conseguiria facilmente dar uma surra nele caso eu estivesse em meu estado normal.

- Acredito. - ele zomba de meu potencial.

Em certa parte ele estava certo, eu não conseguiria me livrar de Jungkook naquele momento, mas eu sabia que se eu estivesse bem… eu daria um jeito, eu sou fraca se for comparar com o resto de minha família e outros nobres, mas não sou a mais fraca entre os lycans.

Kai se levanta e se aproxima de mim rapidamente, seu cheiro fica forte e toma conta de todo o local. Parecia que ele usaria sua aura dominante ali de tanto cheiro que exalava, mas eu podia ver em seus olhos que não era esse o caso.

- Como você consegue causar isso em mim? - ele pergunta enquanto passa seus braços ao redor de minha cintura – Você nem mesmo é uma ômega no cio para me deixar tão excitado assim.

- Como sabe que eu não sou ômega? - pergunto assustada e me liberto de seus braços, eu não poderia me deixar levar como na última vez.

- Eu não sou burro, S/n. - ele ri e se afasta de mim – Você pode tentar esconder sua aura dominante, mas eu ainda sinto seu cheiro de alfa, acho que alguns outros alfas fortes também conseguem sentir.

- Com licença… - digo voltando para o banheiro com minha roupa em mão.

Fecho a porta atrás de mim e suspiro derrotada. Ele já sabia algo que eu deveria esconder, e parece que alguns outros também já sabem.

Isso irá irritar alguns deles, eles não podem se sentir inferiores à uma fêmea que ainda não foi marcada.

Me visto com aquele short e minha blusa de frio de moletom, seco o meu cabelo e deixo ele solto para que se secasse melhor. Volto para o quarto não vendo mais Kai por ali, apenas me sento em minha cama e calço meu tênis preto de corrida.

Outra coisa que não se espera de uma fêmea nobre: não ser completamente afeminada e elegante. Eu com certeza sou uma vergonha para minha família, sou mais máscula do que deveria porém isso não me faz mais forte do que os outros nobres. É o mal de ser uma alfa mesmo não podendo me transformar.

Saio do quarto e decido dar uma volta pelo acampamento, mesmo não estando com a saúde em seus 100%. Caso eu ficasse no quarto eu iria me sentir mais fraca do que já estava.

Passo pelo corredor e sinto um cheiro extremamente forte quando paro em frente a uma porta. Era com certeza alguém no cio, eu não sabia quem era já que meu olfato é um pouco inferior, um lycan que consegue se transformar saberia dizer quem era e quantos dias iria durar esse cio.

Continuo caminhando até o lado de fora da ala dos quartos e vejo Hoseok treinar alguns saltos.

- Oi. - eu o cumprimento e também sinto um cheiro forte sair dele.

- Oi S/n!- ele diz animado.

- Me desculpe perguntar, mas você está no cio? - franzo minha testa.

- Estou. - ele ri – Mas não se preocupe, como eu sou um ômega não vou sair por ai atacando.

- Eu sei disso. - rio com ele – Mas parece que há outra pessoa no cio, um alfa.

- Aí não. - ele para de saltar – Sério?

- Acabei de sentir o cheiro enquanto estava passando pelo corredor. - respondo.

- Obrigado por me avisar. Eu não tinha sentido cheiro nenhum quando passei pelo corredor. - ele suspira – E olhe que meu olfato é muito apurado.

- Talvez a pessoa não estivesse lá quando você passou. - digo me sentando em um banco que estava ali e Hoseok decide se sentar ao meu lado.

- Tome cuidado, S/n. - Hoseok diz olhando para mim – Essa é uma das coisas mais perigosas para você aqui, alfas e betas em seus cios.

- Ficarei atenta. - digo – Mas me diga com quem irá passar seu cio?

- Eu passava eles com uma alfa em Daegu. - ele responde sorrindo – Sinto tanta saudade dela.

- É raro encontrar mulheres alfas. - suspiro.

- Você é uma né? - ele pergunta – Meu olfato é apurado.

- Até você já sabe? - resmungo.

- Isso não é para se preocupar muito não. - ele coloca uma mão em meu ombro – Não tem muitos lycans com um olfato como o meu aqui não, apenas poucos. Só te digo para não liberar sua aura aqui.

- Meu pai também me disse isso. - abaixo minha cabeça ao me lembrar dele, eu o amava.

- Bem, eu tenho que ir ao meu quarto. - ele diz – Até mais S/n.

- Até. - respondo o vendo adentrar a ala.

Me levanto e continuo a caminhar por ali, meu curativo estava começando a cheirar mal e eu sabia que já deveria o trocar, mas faria isso depois.

Ando durante quase uma hora até chegar no limite do acampamento. Subo o muro que permitia a visão da floresta e me sento em seu topo.

Observo o vento balançar os galhos das formosas e escuras árvores que tinha ali, até que sinto aquele cheiro de cio se aproximar muito de mim.

- Acho que você terá que me dar uma ajudinha. - ele disse me olhando como se fosse sua presa.