História Writing a story - Mudanças

Sabe, é triste lembrar mais da vida de outro alguém do que da sua própria.

Escrever essa parte da história me faz querer recordar da minha, porém, os pensamentos são confusos em minha mente.

Não sei o que é e/ou deixa de ser realidade e, isso me perturba muito mais do que deveria.

Acho que por mais que já tenha me acostumado com situações assim, isso nem é a metade da verdade. Não tem como se acostumar com algo desse tipo.

Chegaria a ser bizarro se alguém o fizesse.

Mas enfim, talvez eu não tenha culpa...

Escolas. 

A parte mais importante na vida de qualquer imbecil. É lá que estão a maioria das lembranças que iremos desejar compartilhar com nossos filhos, como base para os mesmos.

Digo isso para quem for ler, já que tenho certeza que será um público mais jovem que eu, uma vez que não tive filhos e está muito tarde para isso agora. 

Outra vez friso a parte em que não vou dar para muitas pessoas verem. Só quem realmente precisa.

Essa parte de que a escola é o lugar dono de memórias que iremos querer compartilhar com nossos filhos, não se aplica a mim, por motivos citados acima.

Se tivesse filhos, eu também não iria poder falar sobre minhas experiências no colegial, por simplesmente não lembrar de muita coisa emocionante demais.

Mas... Voltando para a história de Hiccup.

Seu ensino médio foi a mesma coisa até que, no meio do mesmo, vieram mudanças.

As brigas em sua casa se tornaram cada vez mais constantes. Ele discutia com o seu pai por motivos fúteis demais e os dois eram simplesmente muito teimosos para enxergarem isso.

No meio do começo do ano, sua mãe anunciou estar grávida, o que fora completamente um choque para ele.

O ruivo também começava a se irritar na escola. Jackson o tirava do sério cada vez mais, começando a pegar parte de sua vida sem sequer se importar em pedir licença; permissão. Outros fatores também o faziam, de qualquer forma.

Ele estava vendo as mudanças trágicas de tudo ao seu redor, não podendo fazer nada.

Tudo aconteceu em poucos meses, se atrevendo a dizer semanas, e eram tantas coisas ao mesmo tempo, do tipo de o fazer achar que iria enlouquecer.

E talvez ele fosse realmente.

Hiccup não conseguia lidar com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Elas vinham com o intuído de querer intimidar.

Hiccup nunca soube conviver com tanta pressão.

Em grande quantidade, ela o faria explodir e, nesse estado, ninguém o iria conter.

E então, outra alteração veio.

※

Ele desceu pelos extensos degraus, ao que suas mãos estavam em punhos, apertadas fortemente.

Tampouco se importou com os olhares dos outros em si, ao que com toda a certeza notaram sua irritação evidente. E... Hiccup não poderia estar mais irritado.

Ele olhou uma última vez para aqueles que riam alto, no final da sala, ao que pareciam debochar de si, antes que pudesse sair da sala, batendo a porta atrás de suas costas.

Seus dedos digitaram uma mensagem em seu celular um pouco sem nexo, mas ainda sim direta para quem quer que ele tivesse mandado.

You: você banheiro agora 

Por mais que estivesse com a atenção direcionada para baixo, seus pés o guiavam para o caminho certo.

Seu dedo pressionou o botão de bloqueio, ao que logo ele colocou o celular em seu bolso traseiro, passando a outra mão livre pelo cabelo curto, o desarrumando demasiadamente.

Suspirou, ao que entrou pela porta do local e andou diretamente para frente do espelho, se apoiando na pia. 

Seus olhos verdes se encaram através do reflexo e apenas fizeram isso por um momento.

Ele não podia dizer quanto tempo ficou ali, também não poderia dizer quando que ela chegou, mas sua atenção simplesmente fora desviada para o espaço atrás, ao que ele deu de ombros, encarando de cara as coxas expostas.

Seu sorriso veio, mesmo que minimamente, ao que seus olhos não saíram do lugar para onde foram.

Ele agiu, logo tratando de prensar a garota à parede, colocando suas mãos na cintura fina da mesma.

—Seu nome?- perguntou num sussurro, estando incrivelmente perto do rosto da morena, que não teve outra alternativa, se não, apoiar suas mãos nos ombros do ruivo.

—Helena.- respondeu.

Hiccup sorriu ao lembrar por um momento de quando pegou o telefone dela, mas esse pensamento fora passageiro, em vista do que estava prestes a fazer.

—Helena, você tem coxas lindas.- disse finalmente. 

Seu olhar vacilara para os lábios da morena por um segundo, antes que ele se encontrasse realmente a beijando visceralmente.

Ela retribuiu quase que imediatamente, ao que os dois começaram então a explorar um a boca do outro.

Hiccup não demorou para a estar guiando para uma das cabines cegamente, uma vez que ainda tinham os lábios juntos.

Assim que já estavam no pequeno espaço, o ruivo então sentiu suas costas contra a porta, ao que a morena o empurrou ali, começando a puxar os fios de sua nuca fortemente.

O ar, agora fora de alcance dos dois, os fizeram distanciar os lábios, ao que estavam sedentos por oxigênio.

Hiccup tampouco se importava, indo diretamente para o pescoço da garota, o mordendo e chupando. Suas mãos já se encontravam em contato com a pele de Helena, uma vez que ele levantara sua blusa.

Ela então criou certo espaço entre os dois, quase que se agachando na frente do ruivo, ao que suas mãos estavam em sua calça jeans.

—Não tenho tempo para isso.- a voz um tanto rouca do ruivo se fez presente. A mesma logo chamou atenção da morena, que olhou para cima, voltando a sua postura normal. Então, um sorriso maldoso veio da parte do outro, ao que terminou seu raciocínio.- Só vira.

Ele desviou sua atenção para a saia curta e as coxas perfeitas dela, antes que a mesma o obedecesse, lhe dando ombros.

Seu sorriso se alargou ainda mais ao ver a cena a sua frente, ao que encarou a bunda empinada em sua direção por alguns segundos.

Hiccup mordeu o lábio inferior, logo tratando de tirar seu cinto e sua calça.

Ele a fez se inclinar ainda mais, ao que ela estava bastante perto do vaso sanitário agora.

Seus lábios encostaram no lóbulo direito da orelha da garota, ao que ele se inclinou sobre ela, sussurrando ali perto:

—Foi mal.

Não evitou rir brevemente, antes que pudesse, logo depois, se afundar dentro dela, escutando o grito abafado vindo de sua parte. 

[...] 

Ele observava a turma, ao que alternava entre mordidas em seu lábio inferior e suas unhas da mão esquerda.

Não ligava para a possibilidade do professor o pegar sem fazer nada, uma vez que passara um dever de sala, ao que continuou distraído demais, fazendo nada em particular de muito importante.

Seu corpo todo insistia em o fazer querer olhar para o lado direito, no outro canto da sala e, ele sempre o fazia. Todas as vezes, sua raiva aumentava mais do que da última, ao que passava a roer as unhas com mais vigor.

"Essa merda de aula não acaba?", pensou, se abaixando na cadeira, escondendo o rosto em seus braços.

—Haddock, está dormindo?- sua voz lhe veio um pouco sem foco, ainda que mesmo que os outros estivessem fazendo o exercício, eles conversavam e no momento, a sala se encontrava demasiadamente barulhenta.

Hiccup levantou sua cabeça, sem opções de qualquer forma.

—Não. Por que você achou isso?- falou, em um suspiro cansado, totalmente sem saco para tudo o que estava acontecendo até o momento.

Se o professor o tirasse de sala, aquilo com toda a certeza não seria a pior coisa do dia. Talvez até mesmo o salvasse de olhar para o que o incomodava tanto.

O homem abriu a boca para o responder, todavia parou com o que iria falar, sem nem mesmo o estar fazendo propriamente, escutando o sinal alto.

—Ok turma. Vocês sabem para onde ir a seguir.- disse alto, dando uma última olhada no ruivo, que sorriu sem humor em sua direção.

Rodou os olhos por fim, bufando ao começar a guardar o seu material lentamente e sem qualquer interesse.

Ele não tinha pressa, ainda que estivesse feliz por finalmente poder ter sua mente desviada por algum tempo, já que os dois próximos períodos estavam preenchidos pela capela da escola.

Chegando lá, o grande auditório, ele poderia escolher um lugar no fundo e dormir. Ou quem sabe, não tivesse uma garota para lhe ajudar a passar o tempo?

Guardou algumas canetas em seu estojo pequeno, logo o fechando. Depois, arrumou seu caderno, já que algumas páginas dobraram e estavam amassadas. Ele não se importava com isso, mas como não se encontrava com pressa...

Pegou sua mochila no chão, jogando o estojo e o caderno, ao que pegou sua blusa de frio. Fechou o zíper da mochila, deixando a mesma em cima da mesa quando se levantou dali, para poder colocar sua blusa.

Ele olhou para frente, encarando o trio sorridente e, seus olhos ficaram neles, até que os mesmos saíssem pela porta.

Desviou a atenção, ao que arrumou o cabelo que sabia que estava bagunçado. Não demorou para pegar sua mochila, começando a descer os degraus, ao que saiu da sala, começando a andar entre os outros alunos. 

[...]

—Cansaram de correr atrás do Frost como cadelas no cio, ou apenas se perderam no caminho até a cadeira dele?

Suas mãos se apertaram ainda mais em cima de seu colo, pelo fato de sua frase ter saído com uma conotação totalmente infantil, ao que logo depois ele realmente percebeu que estava agindo de acordo.

Hiccup tampouco conseguiria evitar ficar desta forma, uma vez que se fosse agir de outro jeito, bateria nos dois sem pensar duas vezes. Sua raiva só estava muito grande naquele momento.

Seus olhos não se desviaram para os dois ao lado, então não saberia se o estavam encarando, ou suas expressões, ainda que não fosse difícil adivinhar.

Praguejou mais uma vez mentalmente, pelo fato de não ter chegado mais cedo no auditório, já que se o tivesse feito, agora estaria nas cadeiras de trás, e aqueles idiotas não se encontrariam ali ao seu lado no momento.

Mas claro, Hiccup sempre estava atrasado. 

Quer dizer, naquela situação, assim como muitos ali, ele era aquele tipo de pessoa que se importava em chegar cedo para as capelas, para que assim conseguisse pegar um lugar lá no fundo. Fazendo isso, ele estaria livre de prestar atenção no conteúdo que lhe seria apresentado naquela manhã e poderia dormir, ou fazer qualquer outra coisa que estava em sua mente, esta que talvez envolvia uma garota lhe beijando o pescoço.

Poderia culpar seus pensamentos por ter o distraído muito.

Ao que ele não chegou a tempo, não teria lugar para sentar nas fileiras de trás, somente nas da frente – onde se encontrava no exato momento, meio que ainda sozinho por sua fileira se encontrar quase que vazia, já que ninguém ali gostaria de ficar em qualquer lugar que não fosse da quarta fileira para trás.

Era um auditório grande, o que possibilitava a situação de fileiras quase que todas vazias.

Agora, além de ter que prestar atenção na palestra, ou qualquer coisa que lhes estava destinado, teria que aguentar Luke e Evans.

Podia ser ridículo, mas ele realmente estava com raiva dos dois.

A pergunta pareceu ficar no ar durante muitos segundos, ao que Hiccup continuou encarando o espaço à sua frente dissimulado.

Havia um palco e as cortinas estavam abertas, ao que raramente viam as mesmas diferente daquilo, já que a escola não fazia projetos envolvendo teatro há muito tempo. Nem mesmo as capelas era algo normal, mas tudo que ocupasse horário de aula, se tornava aceitável, ainda que muitos ali odiassem o conteúdo que acompanhava aqueles poucos eventos.

Ele sairia dali com toda a certeza, isto é, daquela fileira, mas era orgulhoso demais para fazer isso. Apenas fingiria que estava sozinho, já que se abrisse a boca, seria para dizer coisas que não queria e, fazer tal coisa contribuiria para que ficasse com mais raiva.

Se ficasse com mais raiva, confirmaria seu ciúmes óbvio e Hiccup não queria isso.

—Credo... Eu só fiz uma pergunta...- falou, parecendo surpreso demais.- Só perguntei há quanto tempo você está aqui.

Hiccup queria tanto demonstrar indiferença. Queria falar a resposta que ali cabia, a resposta que qualquer um daria. Não era difícil.

Mas... Seu lado infantil e birrento pareceu querer vencer, e o fez assim que falou áspero:

—Não é da sua conta.

Sua perna começara a balançar, estando ele completamente incomodado com a situação, todavia ele não iria ceder, admitindo que não precisava ser assim.

Hiccup sabia que ainda era dono das atenções de seus melhores amigos, ou... Talvez nem isso fossem mais, no ponto de vista do ruivo. Sabia que, do jeito que eles eram, não entendiam o motivo de seu comportamento.

Mas, em seu pensamento, Frost não podia conversar com o que “lhe pertencia” assim, como se já o tivesse feito desde sempre. Porque não, Frost nunca havia conversado com o que “lhe pertencia” antes.

Frost era um bastardo idiota, que sorria daquele jeito estúpido e que agora agia como se já tivesse conversado com os seus melhores amigos.

E naquele momento, pensando naquilo mais uma vez, desejou esmurrar a cara do grisalho, como todos os dias desde que ele voltara.

Eu falaria sobre isso em mais detalhes, mas isso é papo para outros ou talvez outro capítulo. Então...

Ele não deixou de pensar rapidamente em alguns dias passados, em que a situação em sua casa já chegava a ser insuportável demais. Ele chegaria na escola, contaria para seus amigos e, eles poderiam apenas pensar em algo para desviar a atenção daquilo. Talvez fossem à alguma festa, ou melhor dizendo, a várias.

—Ah, entendi tudo.- ouviu a voz de Luke, o tirando de seus devaneios breves.- Alguém está com ciúmes... Se não for isso, eu realm- 

—Acho que é isso mesmo, Lukezinho.

Hiccup não evitou a expressão de desgosto, ao que franziu o cenho, achando que por um momento riria sem pensar duas vezes, ainda que não achasse graça. Ele só sentia necessidade de rir.

Não o fez, de qualquer forma.

—Vão se foder.

Suas mãos alcançaram a mochila ao seu lado na cadeira, ao que ele levantou, pronto para pegar um local para sentar afastado dos dois.

Todavia, escutou a voz nas caixas de som.

—Haddock, senta.

Hiccup desviou a atenção até o homem rechonchudo com o microfone em mãos.

—É isso que estou indo fazer, senhor.- respondeu.

—Não. Sente-se aí. Já iremos começar e não estamos a fim de esperá-lo até que escolha um assento.- seu dedo apontou para a cadeira da qual tinha acabado de sair, ao que o ruivo o encarou sem acreditar.

Por fim, bufou um tanto barulhento, se recusando a continuar no mesmo lugar que antes, resultando em uma cadeira separando ele dos outros dois, essa que agora tinha sua mochila em cima.

Cruzou os braços em cima do peito, esticando as pernas à frente, ao mesmo tempo que escutava os risos de Evans e Luke.

Apertou mais os punhos, tentando não focar na conversa cochichada dos dois ao seu lado, ao que sabia que eles comentavam sobre sua atitude.

—Obrigado, Haddock.- a voz, agora um tanto irritante, fora dirigida em sua direção novamente e o ruivo desviou a atenção até o lugar, ao que logo o olhar do homem no palco não estava mais em si.

Hiccup tinha quase certeza que ele era o coordenador da escola. O via poucas vezes, resultando no fato de que não saberia responder sobre o seu cargo ali. Ou talvez ele fosse o diretor? 

Por fim, desistiu de pensar sobre isso por mais segundos. Não era como se aquilo fosse fazer diferença em sua vida, ou fosse lhe tirar o sono. 

O homem gordinho andou pelo palco, olhando pelo grande auditório. Não seria difícil imaginar o que ele estava fazendo, já que o ambiente ainda se encontrava disperso demais. Os vários alunos, não todos, mantinham uma conversa paralela que não era alta, mas para quem queria falar sozinho ali, incomodava.

—Gostaria do silêncio da turma 52, por favor.- falou no microfone finalmente, olhando ao longe, indicando encarar a maioria dos alunos da turma mencionada, já que era claro que muitos ali não sentavam com suas turmas, como era para ser.

Estavam divididos. 

A quinta série tinha a sua área. A sexta também, e por aí ia até o terceiro ano do ensino médio. 

Hiccup, Luke e Evans estavam afastados da área em que eram para sentar, sendo a mesma uma das últimas, por causa do ano em que estavam.

—Também gostaria que a 74 se acomodasse logo.- continuou, ao que ainda encarava os locais do auditório mais afastados.

Para Hiccup, chegava a ser espantoso o fato do homem parecer saber exatamente a turma de cada pessoa ali. Quer dizer, todos estavam com o mesmo uniforme, a mesma cara de tédio por ter que escutar duas horas chatas sobre coisas que não queriam saber, e eram em grande quantidade. Em sua visão, ele tinha claramente a imagem dele estudando incansavelmente cada aluno ali em sua cabeça.

Estudou tanto e agora conhecia todos, o que explicava o fato de ele estar chamando cada área pela turma correta.

—Ok, finalmente.- disse por fim, olhando agora para o todo, não deixando que seus olhos se limitassem somente a alguém específico. Tinha um sorriso, que para o ruivo era demasiado falso, como se estivesse sendo obrigado a ser simpático. Ele não o conhecia, de qualquer forma, e não gostava da ideia de julgar. Apenas combinou consigo mesmo observá-lo melhor, a fim de chegar à uma conclusão logo.- Bom dia para vocês.

O seu diálogo tornou-se entediante rapidamente. Hiccup não podia imaginar que, nas capelas em que dormia ou mantinha carícias com alguma garota qualquer, era isso que o aguardava se decidisse prestar atenção.

O homem nem começara a falar, mas muitos ali queriam se matar apenas por pensar na ideia de permanecer ali com apenas ele falando.

Geralmente, a escola trazia algum palestrante em dia de capela. Sempre abordavam temáticas clichês sobre os adolescentes como sexo, álcool, drogas e coisas do tipo.

Com eles falando, e não caras como aquele que estava no palco no exato momento, o tempo que precisavam passar ali se tornava menos ruim. 

—Hoje, para o desenvolvimento de nossa escola e para o bem da mesma, precisamos inovar.- ele disse, depois de falar algo que tinha a ver com educação nos últimos dias. Hiccup não havia captado muito bem e também nem era como se quisesse.- É por isso que lhes apresento nosso novo diretor, o Sr. Mitchell Allen. 

Todas as atenções foram para o lugar aonde o gorducho estava apontando, ao que ia além das cortinas demasiadas fechadas, esperando pelo que ia vir.

Muitos ali também não evitaram cochichar, completamente sem entender muito o que estava acontecendo, ou surpresos pelo que havia sido falado.

Hiccup era um dos que estava surpreso demais, ao que quase desviou sua atenção a Evans, num ato involuntário para saber se o que ouviu era mesmo verdade. Todavia, parou o que estava fazendo no meio do caminho.

O homem de terno bem polido andou até o centro do palco. Seu cabelo era escuro, de um preto brilhoso e estava arrumado para trás. Tinha um sorriso quando estendeu sua mão para cumprimentar o coordenador/ex-diretor.

—Desejo-lhe boas-vindas em nome de todos aqui.- começou então a bater palmas, ao que o microfone ficou no meio das mesmas, causando certo barulho oco, o qual o gorducho não ligara muito.

O ambiente tornou-se barulhento, ao que aos poucos os alunos se juntavam às palmas, uns exagerando no que faziam. Mas, logo o local voltara a estar em silêncio, esperando pelo que via a seguir.

—Deixo agora eles com você.- o homem entregou o microfone para o outro perto de si, fazendo uma reverência rápida, ao que não demorou para andar até atrás das cortinas.

—Agradeço ao senhor, por finalmente me dar a palavra.- foi a primeira coisa que o moreno disse, num tom claro de brincadeira, ao que ainda olhava para além da cortina pesada. Sorriu largo por fim, voltando a atenção para os alunos.- Brincadeira, você sabe disso. Obrigado pelas palavras inspiradoras.

Olhou mais uma vez para a região a sua esquerda, sorrindo uma última vez.

Ao que passou o ar de humor, o moreno começou a andar para mais perto, quase que chegando ao fim do palco. Encarava seus sapatos, mantendo o microfone apoiado em seu queixo.

—Devem estar se perguntando: Mas, oi?- seu riso anasalado fez-se presente.- Bom, não precisa disso. Vou explicar tudinho para vocês.

Hiccup se endireitou um pouco em sua cadeira, não notando começar a ficar interessado aos poucos. Muitos ali estavam, de certa forma. Aquilo era novo para eles.

Quer dizer, já passaram por mudanças de diretores, mesmo que poucos vezes. E exatamente por isso que o acontecimento era interessante, somando com o fato de que nem um antes havia feito uma capela para se apresentar à sua nova escola.

—Bem, meus caros, tenho certeza que já passaram por isso. A mudança de diretor não é novidade, mas olhando para os rostinhos de vocês agora...- ele deu uma pausa, como se estivesse tentando encarar cada um ali, concretizando sua fala.- Sinto como se fosse a primeira vez de vocês vendo um outro diretor.

Suas sobrancelhas ergueram-se, ao que assumiu um sorriso mínimo passageiro. Hiccup soube que o moreno divertia-se ao insinuar que eles, os que estavam no auditório, pareciam não saber o que estava acontecendo.

—Meu nome é Mitchell Allen, como já fora informado e, sou o novo diretor de vocês.- sorriu de lado dessa vez, abrindo os braços levemente, ao que logo algumas poucas risadas foram ouvidas.- Fácil de entender, huh?

Os alunos cochicharam um pouco à respeito e, Mitchell esperou por eles ainda com o seu sorriso.

—Ok, também já sei qual a próxima pergunta de vocês... Deve ser alguma coisa sobre pra quê que a escola fez uma capela hoje. Ou, o que eu vou falar para vocês. Bom, a escola fez uma capela hoje para a explicação de algumas coisas e o que eu vou falar para vocês, tem a ver com a nova escola, a partir de hoje.

O cenho de Hiccup se franziu inevitavelmente, ao que ele se sentiu confuso.

“Mas, oi?”

—Como o novo diretor, decidi que era melhor eu mesmo falar sobre essas coisas com vocês, para deixar tudo muito claro. Bem... Há muitas coisas a dizer, muitas coisas a mudar, mas garanto que todas serão realizadas.- deu uma pausa, parecendo limpar a garganta por um momento. Logo continuou, depois de mais alguns milésimos.- Gostaria de falar da mudança que julgo ser uma das mais importantes: A escola em si. Tomei a liberdade de conhecer tudo por aqui, desde cada canto a cada costume e feitos. Logo percebi o quanto esse lugar aqui precisa de uma reforma literal. As salas parecem ser mais velhas do que são realmente e, precisamos dar um jeito nisso, huh? 

Enquanto falava, seus pés não permaneciam parados. Ele andava pelo palco e sua atenção estava no chão, como se conversasse consigo mesmo. Uma das suas mãos se encontrava no bolso da calça social, o deixando meio que indiferente.

Todos os elementos transformava-o em alguém que parece ter alguma estratégia em mente. Era do tipo de ser julgado qualquer à primeira vista, mas o sorriso quebrava totalmente o clima.

—Ok, deixando claro, para quem não entendeu, pretendo fazer uma reforma na escola.- parou por um momento, encarando sua plateia.- Partindo para outro ponto agora. Também percebi um pouco do sistema de vocês, e confesso ter achado interessante. Estou nessa “carreira” há muito, e não lembro de nenhuma outra escola que agia como vocês agem. Gostaria que tivesse isso na minha época, e achei injusto vocês terem e eu não, ou o fato de somente vocês desfrutarem de um sistema como esse. Como sou uma pessoa que busca justiça, declaro que seus dias de escolha entre manhã ou tarde acabaram. Mas senhor diretor, não entendi o que isso significa!- fez uma voz fina proposital, gesticulando um pouco com as mãos.- Eu sei que os horários de vocês as vezes variam entre os dois turnos. Sei que vocês às vezes vêm à tarde, ou somente de manhã. Farei com que isso não ocorra mais. Precisamos de organização, vocês não acham? Vou organizá-los, não se preocupem. À partir da próxima semana, todos aqui só virão no turno destinado pelos pais de vocês. Aqueles que os próprios escolhem antes das aulas começaram, e que por algum motivo desconhecido, mudou de acordo com os anos e, vocês não informaram a eles.

Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, do tipo que fazem quando não aprovam alguma atitude. Por fim, encarou os sapatos novamente.

O auditório estava no momento demasiado barulhento. Muitos ali não concordavam com a última notícia que o homem havia lhes contado. E era o que devia ser esperado.

Ninguém gosta da ideia de, por causa da chegada de um simples homem, os costumes da escola agora tinham que mudar.

Na mente deles, ele não podia fazer aquilo.

Adolescentes... Tão convictos de algumas coisas.

—Sabe, eu sempre fui alguém muito apaixonado por esportes. Minha maior paixão. Eu jogava futebol na escola e desde o começo me dei bem com minha posição. Podia dizer que a fazia muito bem.- começou novamente, falando agora com um tom diferente. Tendia para a satisfação.- Fiquei um pouco decepcionado em saber que essa escola não tem em seus costumes a prática de esportes. Isso surpreende, sério. Pretendo mudar isso também. Vamos passar a ter voleibol, tênis e é claro, o futebol. Todos aqui vão ter que participar de pelo menos um esporte dentre esses. Precisamos criar o hábito e nada melhor do que o fazer na escola.- ele deu uma pausa novamente, ao que não podia competir com os murmúrios crescendo. O homem não ligava em esperar, tampouco parecia ligar para as falas que se destacavam.- Bom, terão outras mudanças. Mudanças que decidirei durante o tempo, e algumas que já estão definidas mas que não tem muito valor por agora. Por hora, meus queridos, isso é tudo. Nós podemos colaborar uns com os outros. Pelo menos eu vou colaborar com vocês, se vocês fizerem o mesmo por mim. Sei que o ano será um sucesso, se depender de mim. Mais uma coisa, terão mais explicações sobre cada mudança, digamos drástica, em cada sala. Tem umas coisas que são exclusividade para anos específicos. Tudo estará claro até o final dessa semana. De qualquer forma, hora da primeira mudança... Ocorrerá sim capela todas as semanas, porém, passará a ser em apenas um horário.- ele olhou para o relógio em seu pulso, sorrindo ao perceber estar no tempo correto.- E olha só, acabou nossa capela dessa semana! Muito obrigado pela sua atenção e não se preocupem que vocês vão sair organizadinhos. Começando pela quinta série, turma 52, pode sair.

—O. Que. Acabou. De. Acontecer?- Evans disse, ao que podiam falar livremente agora, por causa do movimento da primeira turma a poder se ausentar.

Seu tom era completamente como Hiccup se sentia: confuso.

As modificações em sua escola eram as mais leves que estavam acontecendo em sua vida nos últimos dias. Mas ainda que fossem pequenas comparadas às outras, não deixavam de ser, somente por causa do tamanho. 

E, Hiccup já não gostava muito delas.

—Aleatoriamente, agora uma turma do segundo. Turma 123 pode sair.