História Writing a story - Tudo tem uma origem

Realmente não lembro de ter tido inimizades na escola. Quer dizer, não por tanto tempo.

Eu sempre fui aquela que pensava não ter obrigação de falar com todo mundo, tanto é que sempre economizava nas palavras dirigidas na sala para, acho que todos que não tinha tanto contato.

Por essa razão, acho que as pessoas pensavam que eu era tímida ou, tive certeza disso em algum momento.

Tímida... Passei a não gostar tanto dessa palavra à partir da época da escola. As pessoas amavam falar que eu era um alguém com essa característica, por simplesmente chutar uma personalidade que eu nem mesmo tinha.

Não é porque eu não converso com você, que eu sou tímida.

Mas enfim, voltando para o assunto principal dessa parte do tratamento. Acho que o motivo para não ter tido tantas inimizades, fora porque os alunos da época me classificaram como a tímida.

Pessoas tímidas são fofas, não mexem com ninguém, não falam muito, adoráveis. 

Os únicos problemas que me fizeram não gostar tanto assim de pessoas, foram as opiniões delas sobre os meus pais. Também não gosto da ideia de alguém achar que pode dar opinião em minha vida, quando na verdade, eu não pedia. Mas fazer o que? 

Achei minhas formas de defesa. Eu não me importava e, quando percebiam, acho que iam atrás de alguém que o fazia, para que pudessem se divertir mais.

A única inimizade mais forte de que eu me lembro, fora com uma garota do nono ano. Ela sempre falava sobre o meu cabelo com as amigas dela. Falavam mal.

Bom, eu ria. Era engraçado ter o ódio de alguém, porque eu nunca havia feito nada com ela, embora depois de uma tempo, eu tenha realmente merecido as palavras ruins de seu grupo. Digamos que não fiquei rindo depois de umas semanas, o que me levou a provocá-las demasiadamente em resposta 

Mas em um dia, eu não lembro o que havia acontecido. Talvez um evento da escola valendo ponto. Realmente não me vem à memória no exato momento, mas lembro um pouco do lugar onde me encontrava... Com ela.

Nós havíamos sido encaminhadas para arrumar algo. Tinham encaminhado outras pessoas também, mas lembro de terem sido desviadas para outras atividades julgadas mais importantes. Talvez mais duas meninas de nossa sala também estavam lá conosco.

Mas de qualquer forma, ela me disse naquele dia, sem amigas por perto, sem holofotes, sem plateia para presenciar. Ela disse que não achava o meu cabelo feio. 

Depois de um tempo, viramos melhores amigas.

Acho que nunca quis saber o real motivo para ela ter feito o que fez no começo de tudo. Não era algo que pensava tanto, por simplesmente saber que já havia passado. Mas eu tinha noção que tudo tem uma origem e não vou mentir dizendo que por vezes já não quis saber a origem de seu ódio. 

Acho que estando em situações assim, todos o iriam querer também e, talvez diferente de mim, eles realmente vão em busca de respostas.

※

Ele não sabia mesmo o motivo de ter parado ali. Não pensou muito no assunto quando a proposta lhe foi apresentada, mas não era como se não quisesse estar naquele lugar, ainda que não soubesse disso completamente.

Não sabia se era uma boa ideia começar do zero, isso porque ele já tinha muito conhecimento à respeito do esporte, o que novamente o levava ao pensamento do porquê se encontrava ali.

De qualquer forma, era tarde demais para tais questionamentos, uma vez que a hora era avançada naquela parte do dia, já que muitos exercícios haviam sido passados. O último estava sendo executado no exato momento e Jack ainda o fazia com certa disposição o qual começara. Tinha estado naquela situação tantas vezes, que demorava para que ficasse cansado e, o fato de muitos outros já terem desistido, o fazia querer rir.

—Isso aqui não é uma competição! Parem quando não puderem mais continuar! Que coisa!- o homem gritou, ao que avistou novamente a cena de um dos garotos caindo no gramado do campo de exaustão.

Ele passou então a andar até o corpo estendido no meio do caminho, sabendo que a equipe disponibilizada vinha atrás de si para o também auxílio do aluno. Assim que chegou, logo se ajoelhou perto do garoto, expulsando alguns outros que estavam perto quando ele caíra.

Jack continuou sua corrida, estando ainda um pouco longe do movimento e, ao que passou por lá, logo foi seguido por Evans, este sendo um dos que se encontrava perto do garoto caído, assim que o mesmo metera sua cara no chão.

—Quando que você vai cair que nem eles?- perguntou, assim que o alcançou.

Jack soltou um riso curto, ao que abaixou sua atenção brevemente para seus tênis.

—E você?- o respondeu, sem ainda o dar atenção.

—Que? Eu nasci correndo.

Jack riu mais uma vez, tanto pela fala, quanto pelo fato de estar escutando a respiração pesada do garoto ao seu lado. Ele estava cansado e, o grisalho se perguntou que somente iria parar quando caísse desmaiado, que nem muitos outros, ou teria consciência de o fazer na hora certa. De qualquer forma, estaria ali se o moreno seguisse a primeira alternativa.

Conversaram mais um pouco sobre o campo em que estavam no exato momento, com Evans reclamando que o chão fazia parecer querer afundar os pés. Ele nunca gostara das aulas de atletismo por causa disso.

—Seu amigo ainda vai me matar...- Jack mudou o assunto drasticamente, ao que avistou o ruivo correndo na direção contrária a que eles próprios estavam, sendo seguido por alguns outros que ainda corriam.

Mais um pouco, e os alunos restantes não aguentariam mais aquele sol e parariam logo. Até Jack já estava sentindo certa fadiga.

Ele desviou do olhar de Hiccup, antes que pudessem passar um do lado do outro, sorrindo para si próprio de divertimento. Ele achava engraçado o ódio sendo lançado sem hesitação a ele todos os dias.

Por fim, voltou a atenção até Evans com a cabeça virada para trás, ao que ainda olhava para Hiccup.

—Ai, ai.- disse, balançando a cabeça, assim que a virou para frente novamente.

—Ele 'ta com raiva mesmo de vocês?- perguntou, ainda que soubesse da resposta. E essa veio num simples "aham" do moreno, que logo o indagou:

—Cara, por que ele te odeia tanto?

Jack olhou para frente por um momento, apenas dando um tampo antes de o responder. Sabia que tinha a atenção do moreno mais do que um dia teve, pensando o mesmo querer saber sobre aquilo desde muito cedo.

—Ahn... El-

—Tudo bem, garotos! Vão tomar água e depois se reúnam aqui. Rápido!

[...]

—... E digo que fiquei feliz com os resultados dos exercícios. Feliz pelo desempenho de cada um e resistência. Como eu falei, isso aqui serviu para a análise de vocês. Fizemos anotações e saberão se estão no time o mais rápido possível. Não vamos os forçar a praticar o esporte se você for chamado, porém não quer participar. Mas, acredito que se estão todos aqui agora, ninguém o obrigou a vir, certo? Então... Espero não ter problema com isso. O primeiro treino será o de explicação; segundos e terceiros anos o farão juntos. Quanto aos uniformes... Sr. Allen já idealizou um para a escola, juntamente do nome. Ele também se encarregou de o mandar fazer. Basicamente teremos três uniformes: o de treino, o que será usado nas competições e o casaco do time. Ainda não temos a data de entrega; provavelmente antes da grande competição entre os anos. Eu... Sim?

—Mas senhor, se o terceiro e o segundo vão competir... Eles vão ter o mesmo uniforme?

—Ah... Ok. Primeiramente, eles estão na mesma escola, e sim, terão o mesmo uniforme. Não queremos times diferentes aqui. As únicas roupas distintas que você verá, serão as das escolas que iremos competir contra, certo? Segundamente, mais informações sobre o jogo do segundo e terceiro somente quando estiver perto. Mais alguma dúvida nessa parte da conversa?

O homem checou os alunos que podia, uma vez que havia muitos ali, não tendo paciência para esperar mais do que já tinha esperado.

—Ok. Enfim, podem ir para o vestiário tomar banho, ou trocar de roupa. Vejo a maioria de vocês no próximo treino.

Ele deu de ombros, sendo acompanhado pelos outros poucos homens, ao que saíram do campo juntos.

O amontoado de garotos também não demoraram para os seguirem prontamente, falando um pouco sobre o que haviam acabado de escutar. Estavam exaustos e suando e, alguns consideraram a ideia de não ir para a ducha, e sim, ligarem para seus pais, para que pudessem ir para casa. Jack seria um deles.

O grisalho não costumava tomar banho quando treinava na antiga escola, preferindo sempre o chuveiro e o conforto de casa. E isso o fez somente seguir com os outros alunos, para que pudesse trocar de roupa e seguir para a saída da escola.

Evans não se encontrava mais perto de si, o que o levou a procurá-lo com os olhos por alguns segundos. Todavia, eram muitos corpos ao redor do seu próprio, o que o levou a desistir.

Chegando lá, achou sua mochila, ao que não demorou para andar até uma das cabines vazias. Trocou o uniforme rapidamente, dando lugar à sua calça jeans e a uma camisa simples, se livrando daquele espaço sem muitas delongas.

Guardou o uniforme aonde havia pego e, quando estava prestes a sair do local, sentiu o puxão em seu pulso, logo desviando sua atenção até o dono da mão.

—Cara, não vai tomar banho?- Evans perguntou, soltando-o assim que teve seus olhos em si.

—E pegar essa fila? Melhor não.- sorriu assim que percebeu o outro concordar consigo no aspecto ter que esperar para tomar banho.

—Então ta bom.- e então eles se abraçaram um pouco, numa despedida breve.

[...]

Assim que a passagem lhe foi concedida, ele tentou andar para dentro do pátio, todavia fora impedido pela alça da mochila que acabou enganchando na catraca.

—Tcs.- fez o barulho com a língua, tendo que se afastar para trás novamente. 

Por fim, se assegurou de que o que havia acontecido não ia acontecer novamente, ao que arrumou o cabelo quando olhou para cima de novo, logo passando pelo pouco espaço, dando uma última olhada no porteiro que o observava.

Desviou a atenção, passando a dar passos distraídos em direção às escadas, se destinando à sua sala. Quando finalmente estava no segundo andar da escola, ao que caminhou perto do bebedouro, parou por um momento para beber um pouco de água. Para a sua sorte, o local não estava lotado e, não teria que esperar sua vez. 

Ainda sim alguém esbarrou em seu corpo, ao que isso acabou por molhar seus olhos, uma vez que ainda pressionava o botão para a água sair. 

A pessoa não o fez de propósito, claro que não. Mas Jack não deixou de pensar o contrário, depois que limpou com as costas da mão sua bochecha, ao que observou a loira se distanciando, claramente com pressa.

—Eu te desculpo!- ele gritou, terminando de secar seu rosto.

—Foi mal!- Astrid cantarolou um pouco, não se importando em olhar para o garoto, continuando sua caminhada apressada.

Ele se inclinou, tomando mais um pouco de água. Por fim, retomou sua ida à sua primeira aula, mantendo seus olhos na porta aberta, por onde alguns colegas entravam ou apenas matavam o tempo conversando encostados ao batente, já que o professor claramente ainda não havia chegado.

Não demorou muito para estar entrando, desviando dos que impediam uma boa passagem, ao que depois de fazer isso caminhou para o seu lugar. Avistou de cara Luke e Evans perto da cadeira que iria sentar, e sorriu minimamente, embora os dois ainda não tinham o notado.

Subiu os degraus rapidamente, tratando de tirar a mochila das costas assim que chegou ao seu destino, cumprimentando os dois amigos.

—E aí...- sorriu de lado, ao que sentou, logo tendo que virar de costas para que pudesse estar cara a cara com eles.

Evans e Luke o responderam, mesmo que demasiado indiferentes e desatentos. Não tiveram dificuldades para retomarem o assunto, que Jack teve certa dificuldade em identificar a origem.

Tentou imitá-los, já que os dois tinham sua atenção no espaço ao lado, porém não entendia o que estavam olhando ou para quem.

—Que foi?

—Eu 'to falando que hoje ele 'ta com mais raiva! Olha o jeito que ele 'ta sentando na cadeira... Eu 'to escutando ela gemer de dor daqui.- Evans disse, ignorando a pergunta de Jack.

—Mano, daqui a pouco ele nem vai lembrar mais dessa raiva toda. Basta só um belo par de peitos e ele vai ficar bem...

Jack sorriu debochado, entendendo então mais um pouco de seu assunto. Tão previsíveis...

—Ah, claro que vocês estão falando dele.- comentou, tendo a atenção dos dois pela primeira vez, ao que a fala de Luke meio que tinha sido a tentativa de acabar logo com o assunto.- Saudades do Hiczinho?- perguntou, não esperando resposta e ela mesma não parecia vir tão cedo dos dois, que permaneceram dissimulados.- Ele também parece sentir falta de vocês, a cada dia que passa.

—Fodasse... Minha consciência 'ta limpinha.- Luke retrucou. 

—Mesmo? Porque parece que 'pra ele, falar comigo virou crime agora.- rodou os olhos, se endireitando em sua cadeira, quando se sentou virado para frente novamente.

Não era algo que ele passasse a noite em claro pensando sobre. As coisas entre Jack e Hiccup eram tão antigas e desnecessárias, que o grisalho preferia nem pensar em começar a pensar sobre o assunto. Seria muito desperdício em seu ponto de vista.

—E por que isso mesmo?- escutou atrás de si, na voz de Evans, o que o fez lembrar do outro dia que não pôde contá-lo sobre o assunto.

—Eu sei lá. Quer dizer, a gente era muito novo. Acho que talvez eu tirasse sarro do nome dele com a turma, ou induzi os outros a fazerem isso.- buscou na memória por um momento e soube que parte disso era a pura verdade.  

Jack soube desde muito cedo o ódio do ruivo pelo próprio nome. Talvez fosse o culpado, mas só talvez. Foi uma criança muito travessa e com muito bom humor, parte disso ainda em seu caráter depois que os anos passaram, mesmo que de um jeito um pouco diferente.

—Caralho, ele odeia o nome dele. Você não fazia isso...

—A gente era criança. E, quem é o idiota que guarda mágoa por tanto tempo, afinal? 

Eu sei a resposta: Hiccup Haddock II.

Não que o ruivo soubesse direito que era isso que o fez odiar Jack. Talvez ele estivesse guardando rancor por tanto tempo, que ficou normal para ele agora odiar o grisalho. Parte disso não duraria por tanto tempo mesmo, isso porque, queridas pessoas que estão lendo esse tratamento, é à partir das mudanças significativas na escola que essa história meio que começa de verdade, então...