1. Spirit Fanfics >
  2. Yeong-ung >
  3. Vinte e Seis

História Yeong-ung - Vinte e Seis


Escrita por: NatyBonaty

Capítulo 27 - Vinte e Seis


Fanfic / Fanfiction Yeong-ung - Vinte e Seis

JENNIE

Descobrir que seu salvador, um herói já bem famoso na cidade, não tinha carro podia não ter sido uma surpresa – afinal, tem tanto filme de super-herói que vem do nada e continua sendo nada por manter sua identidade protegida - , mas foi. Ele havia pegado minhas coisas com sua super velocidade e voltado com tudo intacto. Menos meu celular, que tinha a tela quebrada e nem ligava. Tudo bem, eu podia comprar outro, o melhor era eu estar viva ainda.

- Aqui. – ele tirou o casaco de couro que usava, revelando que usava uma blusa de manga comprida por baixo – Pode fazer um pouco de frio durante o trajeto.

- Vamos à pé? – indaguei pegando seu casaco.

- Algo assim.

Olhei pra ele, tentando entender porque do mistério enquanto colocava seu casaco. Era quentinho, um pouco pesado – couro legitimo, o que me garantia que talvez ele não fosse tão pobre assim – e tinha um cheiro bom, que me lembrava de algo, mas que eu não sabia exatamente o que era.

- Pronta? – questionou quando terminei de colocar o casaco.

- Acho que sim, mas como vamos? – insisti.

- Vou levar você no meu colo.

- Ahn? – o olho, confusa – Como assim?

- Sou veloz e forte. Posso te segurar e correr rápido até sua casa. – esclarece pacientemente.

Ok. Aquilo não era esperado. Acreditei que podíamos ir andando. Acho que na verdade isso era o que eu queria, pois seria agradável estar ao lado dele. Apesar de não conseguir olhar dentro da sua mascara, só enxergar seus olhos e sua voz sair abafada e das suas roupas completamente pretas, eu me sentia bem perto dele.

- Tá bom, então. – dou de ombros com um riso nervoso.

Ele se aproximou, ficando muito perto e eu sinto meu coração saltar. Nossos olhos se encaram por um momento e eu sinto que já havia visto esses olhos antes. Bem, ele já me salvou uma vez, então acho que era desse dia que eu lembrava de seus olhos castanhos. E antes que eu pudesse deixar que meu corpo me guiasse e fizesse o que quisesse, o mascarado abaixou passando o braço por baixo da minha perna, me levantando e apoiando minha costa com o outro braço. Tomei um susto e soltei um gritinho, rindo sem seguida, sem graça.

- Tudo bem? – me olhou preocupado.

- Tudo sim. – dou um sorrio tranquilizador e seguro melhor minha bolsa, colocando os braços ao redor do pescoço dele – Pronta pra ir.

Estar com o rosto mais perto do dele deixava meu coração descompassado. Eu me sentia como todas as adolescentes da escola, boba por estar perto de um cara bonito e legal. Pelo menos eu esperava que ele fosse bonito por baixo da mascara, pois legal eu sei que era, já que salvava pessoas.

Ele começou a correr e o vento forte atingiu meu rosto enquanto tudo era um borrão ao nosso redor. Escondi o rosto em seu pescoço, inalando seu cheiro estranho e familiar ao mesmo tempo. Sentia seu corpo musculoso contra minha costela, seus braços firmes me segurando junto, meus cabelos voando atrás de nós. Ele corria concentrado, sua respiração ritmada e normal, era como se estivesse parado, sem fazer esforço algum.

Abri um pouco do olho, ainda vendo tudo borrado, os sons da rua passando rapidamente: buzinas, choro de bebê, uma garrafa quebrando, duas garotas falando... tudo passava rápido, mal dando para identificar o que significava aquelas coisas. Voltei a fechar os olhos e ajeitei minha mão em sua nuca, sentindo onde o capuz escuro entrava brevemente em sua blusa preta. Deslizei o dedo indicador ali, então mais um dedo e outro. Se eu quisesse, poderia puxar seu capuz, ver o rosto por trás dele, mas não acho que ele iria gostar, e eu podia acabar sendo jogada em algum canto, ou morta, para que ficasse com a boca calada a respeito da sua identidade. Ou será que ele era do tipo que não tinha coragem de matar? Bem, pelas filmagens e noticias sobre ele, sei que não tinha medo de meter porrada e nem atirar em assaltantes ou alguém que ameaçasse sua vida.

- O que está fazendo? – questionou ele, me assustando.

- Nada. – retiro os dedos que já estavam dentro da sua camisa.

Aos pouco ele diminui a velocidade, até seguir andando. Olho ao redor, notando que estava próximo do condomínio onde eu morava. Foi realmente rápido. De carro eu demoraria quase quarenta minutos para chegar ali.

- Pode ir andando daqui. É mais seguro. – diz me descendo.

Ajeito meu vestido e passo a mão no cabelo, esperando que ele não tivesse ficado armado por causa do vento forte.

- desculpe se fiz algo que te desagradou. – falei rápido enquanto me ajeitava – Mas gostaria que fosse comigo até em casa.

- Porque? – me olha incisivo.

- Porque... – eu queria estar um pouco mais perto dele, mas falei a outra verdade – gostaria de conversar com você, saber mais o que é. E quem é.

Ele fica parado, me olhando por um momento, sem nada dizer. Seus olhos eram indecifráveis e causavam o formigamento de reconhecimento que eu sabia que nunca mais me deixariam.

- Não há o que saber sobre mim. – diz ele frio – Sou o que vê aqui. Tenho força, velocidade, audição e uma cura além da media. Nada mais que isso.

- Não posso saber nem seu nome? – testo.

Ele nega com a cabeça.

- Ok... – penso rápido em outra coisa – E porque usa preto? Porque não uma daquelas fantasias incríveis que super heróis usam?

Ele solta o ar audivelmente, e acredito que está sorrindo, pois seus olhos brilham com divertimento.

- Vai mesmo insistir em saber tudo sobre mim, não?

- Sim. – tenho a decência de soar culpada – Você salvou minha vida duas vezes, quero saber mais sobre meu salvador.

- Tudo bem, lhe acompanho até em casa.

Sorrio abertamente e fico a seu lado, seguindo o caminho até em casa.

- Então, porque usa preto e não uma roupa customizada?

- Acho aquelas roupas horríveis, por isso roupas normais. E preto me mantem escondido durante a noite.

- Mas deixa seus olhos desprotegidos. – noto.

- Preciso enxergar de algum modo. Tentei usar óculos, mas ele quebram o tempo todo, então desisti e uso assim mesmo.

Assinto entendendo e começamos a passar pela guarita do condomínio. O segurança está completamente de boca aberta ao ver o mascarado ao meu lado. Eu libero a entrada dele, enquanto o segurança ainda nos encara pasmo. Seguro a risada enquanto noto que o mascarado parece desconfortável com a situação, relaxando somente quando passando e seguimos pela calçada do calmo condomínio.

- Você gostarei de ter um poder extra? – indaga o olhando – Tipo voar também.

- Não. Queria apenas ser um garoto normal.

Garoto. Então ele não era um cara velho, apensar de jamais pensei que fosse, mas existia essa possibilidade.

- E sua família? Eles sabem o que você é?

Ele ficou calado. Ok, sem perguntas pessoais.

- Como conseguiu seus poderes?

- Nasci com eles.

- Então você é o que? Alien, tipo o super-man, ou veio da escola Xavier?

- Não sei.

- Como não sabe? – rio descrente.

- Desde que me lembro vivo nas ruas. Sei que morei em um orfanato quando menor, e sai de lá na época que descobri meus poderes. Desde então tenho me virado. – ele me olha, seus olhos sérios – E isso é tudo sobre minha vida.

Paro e fico o olhando. Minha casa não estava muito mais longe, mas nem ligava se queria um banho, estar com ele era agradável, mas sabe que tinha uma historia semelhante a minha era muito mais do que eu podia acreditar.

- Deve ter sido difícil. – digo com real pesar - Eu fui abandonada quando tinha três anos. Uma mulher me encontrou na rua e cuidou de mim. – balanço a cabeça – Na verdade ela me usou. Eu nem falava direito, mas tinha que ficar pedindo dinheiro na rua. Quando não chegava em casa com uma quantia, ela me batia. Fugi de lá depois de um ano. Então o concelho tutelar me achou alguns dias depois, com fome e desnutrida. Me colocaram em um orfanato, e alguns meses depois o Dr. Kim, que havia acabado de descobrir que a mulher era estéril, me adotou. Ele morreu alguns anos depois, mas ele me deu tudo o que tenho e sou, a Sra. Kim, que ainda é minha mãe, mudou de cidade e desde então tenho vivido aqui, mas ninguém sabe do meu passado, apenas que meu pai morreu e por vim pra cá.

O mascarado ficou me olhando, seus olhos inexpressivos. E ao invés de dizer algo, ele ergueu a mão e tocou em meu rosto, limpando das lagrimas que nem percebi que escorreram. Funguei e toquei na sua mão coberta pela luva. Não era a mesma coisa que sentir uma pele na minha, mas era quente do mesmo modo, e eu gostava de couro, como o da luva dele.

- Eu sinto muito. – ele diz por fim.

- Não tempo porque sentir. Você não podia mudar nada disso. – limpo mais uma lágrima teimosa.

Eu esperava que minha maquiagem não estivesse escorrendo, e suprimi a vontade de pegar um espelho na bolsa e verificar. Ele pensaria que sou uma patricinha mimada, o que na verdade eu não era, apenas me encaixava aonde eu pudesse ser melhor aceita.

Abri a boca para mudar de assunto, mas ele virou a cabeça bruscamente, ficando serio.

- O que foi? – olhei na direção que ele olhava, mas não havia nada, e a rua estava silenciosa.

- Preciso ir. O dever me chama. – ele me dá um rápido olhar – Fique longe de problemas.

Abro a boca pra rebater que eu não ia atrás do problemas, mas ele sumiu, deixando apenas o vento indicando que saiu correndo. Suspiro e ajeito o casaco no corpo, só então me toco de o casado de couro dele ficou comigo. Inspiro o cheiro que tinha nele e sorrio. Talvez fossemos nos ver novamente.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...