História You And I - Viagem Part.I - Festa

POV Midorikawa:

                Acordei cedo esta manhã, o frio havia dominado nos últimos dias e a tendência era só piorar... Desde noite passada minhas malas estavam prontas, era impossível controlar a ansiedade, passar dois dias com meus amigos não tem preço.

                Tomei um rápido banho e me troquei, fiz um rápido lanche e me despedi de minha mãe, fui até o colégio chegando 15 min adiantado, mesmo assim encontrei Endo e Fubuki já na espera, estavam bem agasalhados e de malas prontas.

— Bom dia meus amores — gritei animado

— É... — disse Fubuki desanimado e Endo suspirou pesadamente

— O que houve com vocês? — perguntei incrédulo e bocejaram junto — animo! — briguei — são dois dias fora de casa, só nos! Todos juntos! — falei empolgado — isso pede festa!

— Só pensa em festa — resmungou Fubuki e ri

—Meu querido, minha vida amorosa está um fiasco, festas e bebidas me caem bem — protestei e bufarão

— Não é o único com esses problemas — disse Endo desanimado

                Analisei os dois e calculei uns dois dias de noites mal dormidas, respirei fundo e me pronunciei:

— Festa e bebidas será nossa solução

— Okay — disse Endo e Fubuki deu de ombros

— Topo tudo ultimamente — falou Fubi e rimos

— Cominado — falei

— Fubuki — chamou Endo — ontem quando o treinador anunciou a viagem você adormeceu, quando estávamos saindo fui te acordar e ele mandou deixar... Por que?

                Fubuki mudou de dor imediatamente, ficou quase invisível de tão branco, apenas engoliu em seco.

— Gosta dele — conclui deixando ele nervoso

— Não! — protestou — ele só me deu uma bronca para ser mais responsável — enrubesceu

— Não acredito — falei

— Acreditamos em você Fubi — disse Endo me dando um olhar reprovador

— É... Acreditamos — resmunguei

— Mudando de assunto... — pronunciou Endo

— Temos de pedir uma autorização para o treinador, afinal, não podemos todos irmos para uma festa sem o consentimento dele — analisei e Fubuki riu

— É bom ser bem persuasivo — comentou Fubuki — e que a festa seja para maiores de 14 anos

                Vasculhei meus bolsos e tirei um panfleto que imprimi da internet com o anúncio da festa, nele dizia: Festa comemorativa de 10 anos do colégio Ookami, às 19hrs no ginásio estadual de Osaka, para maiores de 14 anos!

— Aqui — mostrei para os dois que sorriram

— Não parece muito infantil? — perguntou Fubuki sem graça

— Não — retruquei — eles anunciaram na sua página no facebook que haveria DJ e tudo, eles são não forneceria bebida lá... Não há nenhuma clausula que diz que não se pode levar

— Não sei... Parece chato — continuou Fubuki

— Quando chegar lá vai me agradecer por ter te levado — respondi irritado — e assim é melhor, o Kudo vai achar que é uma festa levinha, e estando lá ele só nos trará de volta quando quisermos

                Ás sete da manhã estavam todos de prontidão, eu e Haruna estávamos de mãos dadas desempenhando bem o nosso papel de namorados, Aki conversava animadamente com ela sobre a viagem e algo sobre Endo que não entendi bem, Fubuki parecia irritado, não tiro suas razões, Natsume parecia uma vadia agarrada no pescoço do Goenji e Toramaru olhava para Fubi brabo, Kudo verificou se não faltava ninguém e saiu para pegar o ônibus, não demorou e já estávamos pondo nossas malas no busão, em seguida formamos uma fila para entrar – ordem do treinador- a medida que passávamos por ele entregávamos nossas autorizações e ele marcava nossa presença na prancheta, com certeza tinha o intuito de não deixar ninguém escapar, afinal, o principal objetivo dessa viagem era nos unir como time.

                Entrei no ônibus e segui para o fundão, sendo seguido por Endo e Fubuki, Kido e Fudo sentaram um pouco mais à frente juntos, Kazemaru ao ver Endo sentou o mais distante possível... Por último o treinador entrou.

— Todos presentes... Mas antes de irmos alguém tem dúvidas? — perguntou Kudo e de imediato Goenji levantou a mão

                Kudo o olhou desconfiado, se fosse possível acho que estaria saindo raios dos olhos deles, mesmo assim ele assentiu para que Goenji continuasse:

— Está usando a desculpa de sair com o time para nos unir, para na verdade curtir um final de semana bancado pelo colégio? — perguntou Goenji sério e Kudo riu, o clima rápidamente ficou tenso

— Muito criativo Goenji, mas se ainda não notou, sou responsável e levo esse time a sério, se eu quisesse realmente isso usaria meu dinheiro e não exploraria a escola — disse Kudo — mais alguma pergunta? — silêncio — ótimo, podemos dar seguimento

                Como de costume o treinador sentou na frente, mas havia  somente um lugar disponível lá, exatamente ao lado do Toramaru, quando Fubuki viu onde ele sentou pareceu irritado, era obvio que ao menos havia uma afeição entre eles, só não haviam admitido ainda.

***

                Após algumas horas cansativas chegamos numa espécie de chácara, com arvores por todos os lados, todas com uma leve coloração amarela, algumas folhas dançavam em redemoinho no chão, o céu nublado deixava a paisagem cinza, mas era notável a grama aparada e verde. Estávamos distante de Osaka, pelo menos uns 15min de caminhada, estar um tanto isolado deixa tudo mais interessante.

— Perfeito — falei

— Muito lindo — disse Fubuki boquiaberto

                Descemos do ônibus e nos agrupamos um do lado do outro para ouvir o pronunciar do treinador, Kudo.

— Peguem cada um suas malas, não pegue nada que não seja seu — ordenou e fizemos, com malas em mão ele continuou — cada quarto será dividido entre quatro pessoas, eu as escolherei... Exceto as meninas que dividiram o mesmo quarto já que são apenas três — disse e ouvi murmúrios — quarto 1: Goenji, Kazemaru, Tsunami e Kabeyama, quarto 2: Fubuki, Kido, Toramaru e Kogure, quarto 3: Midorikawa, Endo, Tachimukai e Higikata, quarto 4: Fudo, Hiroto, Tobitaka e Kurimatsu, não haverá trocas e não quero reclamações... As meninas ficaram no quarto seis, eu no cinco, nada de saírem dos quartos até eu disser — concluiu e saiu com malas em mãos, nos deixando perplexos

— Toramaru? — perguntou Fubuki num sussurro indignado

— Parece que você teve a sorte grande aqui — respondi e ele bufou

— Vou atrás deste quarto — resmungou e saiu

— Bom Endo, vamos dividir o mesmo quarto, vamos indo? — perguntei e ele assentiu desanimado — vamos Endo, olhe pelo lado bom, o céu ainda é azul

POV Fubuki:

                Entrei dentro daquele casão e subi as escadas, em busca do quarto 2, encontrei um grande corredor que se estendia dando espaço para várias portas, oito, pra ser preciso, dois banheiros e seis quartos, cada porta tinha sua numeração... No final do corredor havia uma grande janela que proporcionava uma bela visão de outono, fui até lá e a abri, o vento frio invadiu a casa, junto com ele segui-se o cheiro da umidade, de folhas mortas... Ao longe grandes montanhas se erguiam entre florestas densas, uma leve nevoa cobria tudo, mas o amarelo intenso de algumas folhas ainda se destacavam.

                Do nada fui surpreendido por uma súbita rajada de vento que levantou todas as folhas que haviam no chão, as arvores bailaram, foi então que as folhas começaram a entrar pela janela e com toda força que encontrei fechei a janela evitando maiores estragos. Enquanto isso as folhas continuavam com sua dança frenética, a nevoa havia sido despesa, me aproximei mais da janela e fiquei quieto a observar, o vento uivou violentamente por entre a madeira e por um momento achei que a casa iria desabar...

— Mas que merda foi essa?

                Me virei e observei Mido olhando confuso pro chão, quando vi o chão me assustei, estava repleto de folhas, alguns pequenos galhos e terra.

— Foi o vento — respondi sem graça, voltei a olhar para fora e o vento já havia amainado

— Que vento garoto? — perguntou Mido confuso

— Nada — respondi desanimado

— Melhor limpar isso — reclamou e assenti

                Peguei minha mala e fui para meu quarto, só faltava eu, assim que entrei Toramaru me olhou reprovador, haviam duas beliches, todas já ocupadas menos a cama que ficava embaixo da de Kido o que me deixou feliz, ao menos ficarei do lado de um amigo.

— A princesa chegou galera — anunciou Toramaru

—Não preciso de apresentações — resmunguei

— Este não é seu reino princesa, ou se põe no seu lugar ou se dará mal — ameaçou e trinquei os dentes

— Já chega! — ordenou Kido irritado — sem mais discussões, Toramaru vê se não enche! Aqui não há ninguém querendo ser melhor que o outro, então vamos respeitar

— Diga isso por você — disse Kogure dando de ombros

— Quieto Kogure — disse Kido brabo — se desobedecerem comunicarei o treinador

— Oh! O que ele pode fazer? — perguntou Toramaru rindo

— Você nem imagina — respondeu Kido sério e Toramaru franziu o cenho

— Preciso resolver um problema — falei e Kido assentiu

                Sai e desci as escadas, no térreo havia uma grande cozinha, sala de estar, uma sala de TV de umas 60’’, e uma sala de jogos, com mesa de ping-pong, sinuca, junto um pequeno bar com algumas bebidas, um perigo para qualquer merda que ocorre.

                Consegui encontrar a varanda e peguei uma vassoura, pá e lixeiro e corri para arrumar a bagunça do vento.

                Em pouco tempo tudo estava limpo, então ouvi uma porta se abrir, olhei e era o Toramaru.

— Não limpou aqui ainda — disse apontando para um lugar qualquer, limpo, então chutou o lixeiro derrubando tudo que eu havia recolhido e riu alto

— Seu... — comecei e ele deu de ombros

                Senti meu olhos queimarem de raiva e me peito pegar fogo, me senti mais forte e confiante de que se batesse nele ganharia, mas antes que eu pudesse dar o primeiro passo Kudo surgiu subindo as escadas e franziu o cenho ao ver a sujeira.

— O que houve aqui? — perguntou Kudo

— O Fubuki estava brincando com folhas e acabou sujando tudo, eu vim ajudar ele, mas ele não aceitou — respondeu inocente, respirei fundo para não pular em cima dele

— Isso não importa, Fubuki limpe isso e você procure algo por enquanto para se ocupar — falou Kudo sério ele assentiu relutante e desceu as escadas, quando já não podia ser visto Kudo se aproximou de mim — respire

                Fio então que notei que havia cerrado os punhos e prendido a respiração, então lentamente soltei o ar num suspiro pesado, senti meus olhos marejarem e assim que Kudo notou pôs uma mão na minha cabeça.

— Shhh — disse ele balançando a mão assanhando meus cabelos — seja forte

— Você acabou de deixar ele escapar imune — briguei

— Isso não importa, justiça não é feita assim — disse assumindo sua expressão séria — ela vem com o tempo para quem plantou injustiças

— Agora quer que eu espere enquanto o que ele plantou torne a dar frutos? — perguntei incrédulo — é muito tempo!

— Nem sempre — falou irritado — só deve ter paciência ou comera da mesma safra que ele

— Falou o perfeito — reclamei e ele franziu o cenho irritado

                Meus olhos começaram a marejar, antes que a discussão continuasse eu peguei a vassoura e comecei a limpar novamente aquele chão, Kudo não ficou ali e foi para seu quarto sem mais palavras, terminado guardei as coisas onde peguei e fui procurar o Mido no seu quarto.

                Chegando lá bati na porta e ouvi um ‘entre’ abafado, entrei e quase esbarrei com Mido que estava no chão deitado escrevendo numa lista.

— Cuidado — advertiu

— Avise antes — falei e ele deu de ombros

— O que está fazendo?

— Esta é a nossa lista de compras anônimas para festa — respondeu Mido animado ficando de pé

— Mas já falou com o treinador? — perguntou Tachimukai ao lado de Endo, ambos sentados na cama de baixo, na outra Higikata roncava

— Não — declarou Mido — mas nos dois vamos agora — disse me segurando pelo braço

— O que? — perguntei confuso — por que logo eu?

— Vamos Fubi — implorou chorão

— Okay — falei desanimado e ele comemorou — eu não ficaria muito feliz, acabamos de brigar, não sei se seria de grande ajuda

— O que houve? — perguntou preocupado

— Longa história, depois conto — respondei — vamos?

                Batemos na porta do quarto do treinador que não demorou em ser aberta, quando ele viu a euforia que Mido expressava fez cara feia.

— O que houve? — perguntou sério

— Não é o que houve — respondeu Mido — mas sim o que vai haver! Uma festa de 10 anos do colégio Ookami, para maiores de 14 anos!!!

                Kudo continuou a olhar sério para Mido, mas lentamente um sorriso de canto surgiu o deixando assustador.

— Tenham uma boa tarde — resmungou Kudo enquanto começava a fechar a porta, sendo impedido pelo pé de Mido que me olhou suplicante

— Uma festa é uma ótima maneira de aliviar a tensão do time, não vai ter bebidas, você sabe — menti — é só a festa de um colégio em um ginásio, será divertido, nada extravagante, só para nos divertir, por favor — supliquei e Kudo revirou os olhos

— Okay — disse Kudo vencido fazendo Mido gritar

— Muito obrigado — falei e saímos

— Eu sabia que você seria útil — disse Mido animado e bufei

— Não me use assim novamente, é injusto me expor tanto assim — falei e ele deu de ombros

— Como quiser sweet boy — disse e entrou em seu quarto

                Passamos longos minutos nos quartos entediados, Toramaru estava emburrado na sua cama, eu me deitei na cama e encostei perto da parede, Kido lia um livro e Kogure jogava no seu tablet, o silêncio deixava a atmosfera densa, sufocante, até eu ser salvo por uma batida urgente na porta, me levantei num pulo e abri a porta ansioso, Mido sorria pra mim.

— Reunião em três minutos na sala — disse e assenti o seguindo

                Não houve necessidade de esperar muito, todos já estavam ali, entediados de estarem em seus quartos, por último Kudo chegou.

— Como todos já devem saber hoje a noite vai ter uma festa comemorativa no colégio de Ookami e nos vamos — gritinhos baixos, comemorações de todos os tipos e sorrisos largos — mas isso só será possível...

— Isso é sério? — perguntou Mido indignado recebendo um olhar reprovador de Kudo

— Como eu estava dizendo, só será possível se realizarem uma tarefa, terão de conhecer uma pessoa do time, terão de dizer algo nela que a torna especial e deve ser sincero, pode descrever com uma palavra para ser mais fácil, mas essa palavra deve falar tudo da outra pessoa do seu coração — disse sério

—Fácil — disse Fudo confiante e olhou feliz para Kido que retribuiu o sorriso

— Então para dar uma dificuldade a mais eu escolherei através de sorteio que vai ser par com quem — pronunciou Kudo

— O que??? — gritamos em uníssono

— É isso ou nada de festa à noite — disse sério e ouvisse murmúrios entre o time — vou começar — disse balançando tirando uns papeis do bolso, já dobrados, sacudiu um pouco na mão e escolheu um — Kogure — anunciou e tirou outro — e Fudo — disse e mostrou ambos os papéis

— Não! — reclamou Fudo

—Sem objeções, ou será isso, ou sem festa e o dia todo no quarto — disse Kudo

— Quieto Fudo, sem dramas querido — disse Mido nervoso

— Continuando...

                Após tensos minutos faltava apenas quatro papéis, faltava eu, Toramaru, Aki e o treinador, ele nos avisou que estava na lista para ninguém ficar sobrando. Os outros estavam divididos assim: Mido e Tobitaka, Fudo e Kogure, Endo e Natsume (muitas objeções dela nessas escolha, mas nada feito), Kido e Tsunami, Haruna e Kabeyama, Goenji e Kazemaru (sorte que não fiquei com ele, se não o definiria como cafajeste), Hiroto e Tachimukai...

— Agora rufem os tambores — gritou Mido

— Fubuki — anunciou Kudo — e... Aki — disse mostrando os papéis

                Juro que se não estivesse sentado teria caído, não posso acreditar que ele vai passar o dia todo juntinho do Toramaru! Isso é injusto! Eu fiquei ali, parado, sem reação alguma.

— Fiquem a vontade para irem para qualquer lugar nos limites da chácara, precisam passar o dia com a pessoa escolhida e no fim de tarde vamos fazer a prova, se todos forem bem vamos a tal festa — disse e nada fiz

                Eu queria gritar, bater nele e o chamar de estúpido, chorar... Tantas coisas, mas antes que eu pudesse reagir Aki me chamou:

— Fubuki?

— Oi — respondi saindo do transe, quando olhei só estávamos nos ali — desculpe

— Tudo bem — disse rindo — para onde nos vamos?

— Qualquer lugar — falei — você escolhe

***

                A manhã estava sendo divertida com a Aki, ficamos o mais longe da casa possível o que me fez esquecer um pouco das coisas que me perturbam, e aproveitei o máximo o momento, andamos até encontrar um lago que de imediato me fez lembrar o Kudo, seu cheiro, seu cuidado, e quase no mesmo tempo lembrei de Goenji... Desanime na hora.

— Quer dar comida aos patos? —perguntou Aki

—Patos? — perguntei confuso, não havia prestado a atenção, mas um pouco pra dentro do lago tinha muitos patos — quero sim — falei — mas não temos comida...

— Aqui — disse levantando uma sacola com milho

— De onde tirou isso? — perguntei confuso e ela riu

— Estava comigo o tempo todo —respondeu — sem problemas, aqui — disse pegando um pouco e me dando a sacola

                Em questão de segundo eu estava cercado por patos sedentos, o que me deixou com medo e quando um pulou/voou em cima de mim e quase mordeu minha mão onde estava o saco corri, o que não adiantou muito por que eles me seguiram vorazes, uns voando outros correndo e eu gritando, Aki ria muito de mim, eu por outro lado queria pato ensopado para o almoço, muitos patos.

— Jogue a sacola Einstein, eles não o querem — gritou ela em meio a risos e foi o que fiz e pararam de me seguir

                Cai no chão sem fôlego e observei o céu cinza do dia sem muita emoção, logo minha visão foi tapada pela cara de Aki feliz me encarando.

— Você é um bobo — disse sorrindo e me ajudou a levantar

— Sempre — disse desanimado

— Vamos voltar, o almoço já deve estar pronto — falou e assenti

                Nem precisou entrar para sentir o cheiro delicioso que emanava da cozinha, meu estomago e o da Aki reclamaram na mesma hora nos fazendo rir.

— Parece que estão se dando muito bem — resmungou Goenji atrás de mim e me virei

— Pelo que sei esse é objetivo, que como vejo está falhando com você já que nem manter alguém do seu lado que não seja Natsume é impossível — falei e ele ficou irritado

— Ele está almoçando seu idiota — respondeu e dei de ombros

— Não quero saber — falei e puxei a Aki para dentro

                Sem demoras fomos para a cozinha, na mesa estava quase todos comendo sentados a mesa (ela era quase como daquelas de acampamentos, enorme), todos sentados ao lado de sua dupla, ver o Kudo do lado do Toramaru enquanto almoçavam era de partir o coração, mas ignorei e voltei minha atenção para uma senhora que lavava os pratos.

— Essa é Dori, nossa cozinheira durante nossa estadia aqui, ele mora próximo daqui, seu marido é agricultor junto com seus filhos e para ajudar com um dinheiro extra trabalha de cozinheira para o dono da chácara para visitantes que precisam — anunciou Kudo e o ignorei

— Vamos nos servir — sussurrei para Aki, foi então que notei que ainda segurava sua mão e soltei assustado sentindo o rubor tomar conta de meu rosto

                Ignorei todos nos olhando curiosos e fui preparar meu prato e comer... Sentei a mesa ao lado da Haruna e comemos calados, até só nos sobrar na cozinha.

— Vou descansar um pouco, podemos continuar o dia depois? — perguntou visivelmente cansada

— Mas é claro! — respondi de imediato — passe no meu quarto quando estiver pronta — falei, ruborizei ao ver o quão estranho aquilo parecia e ela riu

— Tudo bem — disse — até mais

                Fiquei sozinho novamente, a angústia voltava a meu peito e baixei a cabeça prestes a chorar quando escutei alguém se aproximando, olhei e vi Kudo.

— Gosta dela? — perguntou curioso e fiquei mais envergonhado que antes

— Não! — respondi nervoso

— Parece que se deram bem — disse sério

— Digo o mesmo de você — falei irritado

— Não vem ao caso... Quero que deixe de bobagens e volte a falar comigo, saber que você está com raiva de mim tira minha paz — disse triste

—Bobo — falei aliviado — por um tempo achei que iria me abandonar

— Bobo você por pensar isso — disse Kudo sorrindo e o abracei

— Desculpe — sussurrei

 — Sem problemas sweet boy — disse

                Seu cheiro invadiu meus pulmões e meus pensamentos levitaram, não queria sair mais de seus braços, o conforto que me proporcionavam, senti que nunca mais seria atingido por falsidade, brigas...

— Estou aqui — disse— eu sempre estarei , vou cuidar de você — disse e desfizemos o abraço

— Queria que fosse eu e não o Toramaru o dia todo ao seu lado — resmunguei e ele riu

— Kudo! — gritou Toramaru que se apoiava na porta com cara de choro, Kudo? Cadê o treinador nessa frase? Que intimidade é essa?

— O que houve? — perguntou sério

— Pisei de mau jeito — respondeu manhoso

                Kudo a ajudou a sentar numa cadeira da mesa, em seguida analisou o pé que nem inchado estava.

— Ainda vai andar — disse Kudo — vou pegar gelo

                Assim que Kudo saiu Toramaru se virou pra mim e sorriu sarcástico.

— Vou tirar ele de você, idiota — sussurrou rindo — perdeu!

                Kudo voltou com gelo e uma bacia, me segurei para não bater naquele idiota do Toramaru, que voltou a sua cara de choro quando o treinador chegou.

— Sabe de uma coisa! — pronunciei — não ficarei mais calado! Toramaru, eu tenho pena de você por que por mais esforço que faça nunca terá as coisas que eu tenho, nunca será como eu, nunca! — falei irritado — só perde tempo com essas bobagens, para mim já chega! Não vou mais te dar ouvidos, se não sair de minha vida eu mesmo o tiro, acredite em mim, será do pior jeito!

                Sai sem dar satisfações, Toramaru ficou emburrado e Kudo me observou confuso, outra hora explico a ele, no momento vou me concentrar no resto da tarde e na noite super legal que terei.

POV Midorikawa:

                Passar o dia com o Tobitaka estava sendo péssimo, ele é todo na dele, não conversa muito comigo, sempre me deixa sozinho.

— Hey Tobi — chamei

— Não me chame de Tobi — retrucou

— Okay — falei desanimado — o que quer fazer agora? — perguntei olhando para o lado de fora da chácara uma paisagem belíssima — Tobitaka?

                Me virei e ele não estava mais ali, bufei irritado e fui atrás dele, mais uma vez, procurei ele até o encontrar atrás de uma arvore bisbilhotando, cheguei sorrateiramente sem ele me notar e olhei quem ele observava, era a Haruna e o Kabeyama, Haruna se divertia com o Kabeyama e dava risada muito linda, isso me fez notar o quão especial ela era.

— O que faz ai? —perguntei fazendo ele gritar com o susto

                Rapidamente tapei sua boca para abafar o grito e fiquei bem próximo dele.

— Shhh — falei e ele assentiu, quando removi a mão ele fez uma careta

— Como me achou? —perguntou

— Essa não é a pergunta, a pergunta é: O que faz aqui? — perguntei confuso, até que comecei a entender — gosta do... Kabeyama?

— Oh céus! Não! — disse irritado — o mundo todo é gay para você? — perguntou e assenti — sem ofensas, mas não é ele que me interessa — disse e foi então que entendi

— Minha namorada — falei e ele me olhou brabo

— Sim — concluiu

— Gosta dela — falei animado ele me olhou confuso

— Não era para ficar alegre — comentou

— Eu sei, mas isso explica muito, o motivo de sumir sempre era ela e não eu — falei animado

— Ambos — murmurou

— Como quiser — dei de ombros — mas saiba que posso te ajudar com esse problema

— Como? — perguntou confuso — ela é sua namorada

— É de mentira — falei e os olhos dele brilharam

— Pode mesmo me ajudar?

— Já ouviu falar que eu sou cupido? — perguntei e ele negou confuso me fazendo rir — temos muito a conversar — falei o puxando

                O resto da tarde que nos sobrou foi muito divertida, eu cheio de dica para dar e um aluno doido para aprender, o Kudo as vezes não tem ideias tão ruins... Logo o fim da tarde chegou, o sol começou a desaparecer no horizonte e o noite lentamente começava a cair sobre o céu. Kudo chamou a todos para a sala e nos reunimos novamente.

— Aqui novamente, vamos compartilhar um pouco de nossas experiências do dia — pronunciou Kudo — quero que falem da pessoa com quem compartilhou o dia, pode falar de um bom momento que tiveram e o que achou dela, mas uma vez vamos trabalhar por sorteio — disse e mais uma vez sacudiu a mão com papéis — Goenji — anunciou

                Ele se alevantou com aquela pose de bad boy de sempre e metido, Fubuki não o olhou, mas era possível ainda ver um brilho nos seus olhos ao ver aquele estúpido galinha, pobre alma, fadada a sofrer por um retardado desses.

— Meu companheiro é o Kazemaru — disse Goenji que sorriu — meigo, essa é a palavra que o define muito bem — disse e Kaze ruborizou, Fubuki quase morreu e nos olhamos pros dois confusos

— Pode sentar — disse Kudo — Kido

— Bom o meu amigo é o Tsunami, não foi muito difícil passar o dia com ele já que nos damos muito bem — disse rindo —a palavra que o define é aventureiro, nunca encontrarei alguém tão louco como você amigo

— Eu digo o mesmo — disse Tsunami animado, o que não deixou Fudo muito alegre

— Hiroto — chamou Kudo

— Bom, eu fiquei com o Tachimukai —disse Hiro — não é muita surpresa o que vou dizer, mas a palavra que o define é desengonçado

— Endo — chamou Kudo

— A Natsume é como todos podem ver, elegante, essa é a apalavra, me deu ótimas dicas que como me portar diante de pessoas da alta sociedade, aprendi muito com ela — disse sem graça

                Ele recebeu o olhar reprovador de todos do grupo, principalmente do Fubuki, desde quando uma vaca daquela é elegante, com certeza ele foi forçada a dizer essas merdas.

— Midorikawa — me chamou o treinador

— Bom, meu companheiro é o Tobitaka, um ótima pessoa por sinal, no começo não nos demos muito bem, mas quando resolvemos nossas diferenças nos demos muito bem, é uma pessoa que agora tem espaço na minha zona de amigo, eu o descreveria como amável — falei deixando ele sem jeito

— Fubuki — chamou Kudo

— A minha companheira foi a Aki, bom, diferente do que achei que ela fosse, me surpreendeu muito, tivemos um dia muito divertido hoje, fazia algum tempo que eu não esquecia de tudo por um momento, agradeço a ela por me proporcionar isso hoje, e também por me ajudar a se livrar dos patos assassinos — disse ele rindo e ela riu junto — a palavra certa para ela não existe, mas podemos dizer que companheira, meiga, simpática... Obrigado

                Goenji faltou latir de raiva, Kudo olhou para os dois reprovando tudo, senti que todos sobravam nessa briga.

— Fudo — chamou

— Meu companheiro foi o Kogure — começou Fudo —tive dor de cabeça com ele quase o dia todo, mas quando nos entendemos melhor demos boas risadas e aprontamos muito, a palavra melhor para definir ele é peste!

— Toramaru — chamou

— Bom, meu companheiro foi nada mais, nada menos que o treinador Kudo — disse animado — ele é mais do que um homem sério e chato, ele é sério e cuidadoso, melhor palavra que o define, obrigada pelo dia maravilhoso

— Haruna — chamou

— Meu companheiro foi o Kabeyama — disse e riu — ele é a pessoa mais divertida que encontrei, obrigado pelo dia

— Aki — chamou

— Minha companhia do dia foi o Fubuki, melhor palavra que o define é doce, a pessoa mais doce que conheci, demos muitas risadas e eu o livrei dos “patos assassinos” — disse e riu — sinto que nossa amizade vai durar muito

— Tobitaka — chamou

— A palavra que define o Mido é cupido louco — disse rindo e ri junto, como aprendem rápido — obrigado pelas dicas, as usarei muito bem para ter o quero

— Kazemaru — chamou Kudo

— Bom minha companhia durante todo dia foi o Goenji —disse sem jeito — a palavra que o define melhor é atenciosos, nunca me senti tão protegido e cuidado até hoje, obrigado

                A lista seguiu até que por fim acabou, muitas caras de ciúmes e insatisfações rodeavam a todos, não sei se essa ideia do treinador foi muito boa, mas o que vale é a intenção.

— Preparem-se para festa — anunciou o treinador e comemoramos, logo não haviam mais ninguém na sala

                Eu já havia separado o meu look da noite e sabia o queria, fui o primeiro a entrar no banheiro, não demorou e já começavam a bater na porta pedindo para que eu cuidasse, não me importei, eu queria me produzir e eles não me impediriam.

                Terminado meu banho me arrumei devidamente com uma camisa preta de mangas curtas, calça jeans justa e joguei uma echarpe cinza sobre os ombros, enfim saindo. A fila estava grande do lado de fora de ambos banheiros, todos pareciam animados, conversando e rindo muito, a noite prometia.

                Todos devidamente arrumados nos dirigimos para o ônibus, puxei Fubuki para perto de mim que estava um gato por sinal, blusa branca de mangas curtas, calça prata, uma bota preta curta, e um casaco cinza maior que ele o que dava um ar infantil, deixando só a ponta dos dedos à vista... Um príncipe da doçura, Kudo fingiu não se importar, mas senti ciúmes no seu olhar por me ver tão próximo, não nego que daria uns pega nele se não fosse tão inocente.

                Sem mais demoras o ônibus saiu e seguiu rumo a Osaka, todos pareciam eufóricos, Kudo sentou na frente como sempre, mas desta vez quem estava do seu lado era o Tachimukai o que parece ter deixado o Fubuki aliviado.

                Chegamos em alguns minutos no ginásio, era muito grande e mesmo do lado de fora era possível ouvir a música rolando e gritos animados, nem esperei muito e já estava puxando Fubuki para o lado de fora do ônibus.

— Ai céus! Espero que tenha muitos gatinhos — falei animado e Fubuki bufou

— Tanto faz — resmungou

— Tanto faz nada! — reclamei e ele riu

— Antes de irmos devo avisar que a festa não tem hora para acabar, mas para vocês isso é diferente — disse o treinador e ouve muitas reclamações — sem reclamar, é isso ou a noite em casa — silêncio, ao menos vindo de nos — até meia noite e meia quero todos no ônibus! — disse — agora se divirtam

                Não houve objeções nessa última, logo entramos e encontramos o ginásio quase lotado, luzes apagadas e apenas refletores coloridos iluminavam o local ao ritmo da música, todos ali dançavam animadamente ao som de “This One’s For You Do David Guetta ft Zara Larsson” gritei eufórico e comecei a pular e dançar ao ritmo, Fubuki e eu nos divertíamos dançando juntos, Endo era meio travado, Kido e Fudo dançavam juntos animados, tudo indo muito bem.

                Da multidão surgiu Haruna sorridente, me puxou pelo braço me fazendo ficar distante do pessoal, rapidamente começou a dançar, bem próxima por assim dizendo o que me deixou confuso.

— Estamos muito longe do pessoal — gritei tentando ao máximo ser ouvido naquele lugar — vamos nos juntar — ela revirou os olhos e acho que bufou

— De maneira alguma — gritou se aproximando

                Ela ficou a centímetros de mim, meu coração acelerou e minha respiração se tornou ofegante, ela me olhava séria e foi questão de segundos até puxar minha echarpe e selar nossos lábios, eu não fiz nada, me mantive imóvel, confuso. Ela se afastou e me olhou irritada.

— Me beije ao menos uma vez — brigou

— Isso não estava no acordo — gritei

— Não há contrato nenhum Mido! — brigou indignada — apenas interesse vindo de ambas as partes

— Como assim? — perguntei confuso

— Eu queria um namorado e você fazer ciúmes —respondeu triste — como namorados devíamos nos beijar

— Não foi o que combinamos!

— Não precisava — brigou

— É melhor deixarmos isso de lado — gritei — não surtiu efeito algum sobre Hiroto essa historinha, só sobre você

— Eu gosto de você — disse chorando

— Desculpe — disse segurando o choro e sai

                Mas que merda, como não notei onde isso nos levaria, eu devia ter ouvido o Kido e entendido que essa ideia não daria certo. A Haruna se envolveu emocionalmente e eu apenas a usei inutilmente por egoísmo, querer tanto uma pessoa a ponto de envolver qualquer pessoa para ter o que quero. Como me sinto mal agora, a festa até perdeu a graça.

                Passei com certa dificuldade pelas pessoas, quando por acaso encontrei Hiroto, numa parte mais afastada daqueles que dançavam e curtiam a música, a cabeça estava levemente inclinada para visualizar uma possível presa, uma garota tímida que ria de quase tudo que ele dizia, seus leves cabelos ruivos caídos, e olhos de cor intensa, tão lindo. Quase perfeito se não fosse aquela garota ali.

                Cheguei mais perto, numa das mãos ele segurava um copo com alguma bebida, peguei o copo e joguei o que havia dentro na sua cabeça, infantil? Sim! E daí? Olhei para garota que ficou sem entender.

— Corra enquanto pode, ele arrancara seu coração e jogara fora sem querer saber se você ainda precisa dele — falei e ela me olhou assustada saindo em seguida

— O que está fazendo? — gritou Hiroto e sorri sínico

—O que devia ter feito a tempos — respondi e dei uma tapa na cara dele deixando-o confuso e sai dali, meu melhor consolo agora vai ser as bebidas clandestinas que trouxe no ônibus

POV Fubuki:

                Mido em questão de segundos sumiu, logo Endo desistiu de algo que não conseguiria mesmo, dançar não é com ele. Fiquei desconfortável naquela galera e me afastei para as laterais onde havia menos aglomerados.

                Observei alguns conhecidos dançando, a parou e o lugar escureceu e de repente uma música começou, uma favorita minha, “Don’t Let me Down – The Chainsmoke” e lentamente as luzes se acenderam no ritmo.

— Crashing, hit a wall, Right now I need miracle, Hurry up I need miracle — começo cantando, me encosto na parede e fecho os olhos segurando o choro — Stranded, reaching out, I call your name but you're not around, I say your name but you're not around

Despedaçado, bato em uma parede
Agora eu preciso de um milagre
Apresse-se agora, eu preciso de um milagre

Parado, alcançando
Eu chamo seu nome, mas você não está por perto
Eu digo o seu nome, mas você não está por perto

                Sinto uma respiração bem próxima a minha quando abro os olhos me deparo com Kudo com os dois braços na parede me fechando, meu coração disparou e não pude disfarçar o nervosismo, ele me olhava seriamente nos olhos e me contive a ficar quieto.

— I need you, I need you, I need you right now, Yeah, I need you right now, So don't let me, don't let me, don't let me down, I think I'm losing my mind now — sussurra Kudo bem próximo me fazendo arrepiar, senti o rubor tomar conta do meu rosto e repirei fundo — It's in my head, darling I hope, That you'd be here when I need you the most, So don't let me, don't let me, don't let me down, Don't let me down

Eu preciso de você, eu preciso de você, eu preciso de você agora
Sim, eu preciso de você agora
Então não me, não me, não me desaponte
Eu acho que estou ficando louco

Está na minha cabeça, querido eu espero
Que você esteja aqui quando eu mais precisar de você
Então não me, não me, não me desaponte
Não me desaponte

— Don’t Let Me Down — consegui sussurrar

                Ficamos imóveis por um tempo, nos encarando, até ele se afastar um pouco e eu suspirar pesadamente.

— Não queria te assustar — gritou tentando ser ouvido naquele som alto — vamos lá pra fora?

                Ainda encostado na parede e confuso assenti e seguimos para fora do ginásio, chegando lá ele olhou para o céu e fiz o mesmo.

— Minha vida vinha sendo um vazio sem fim, encontrei sua mãe e luz voltou para me iluminar e preencher meu vazio... Mas novamente ela me deixou, não tiro suas razões, claro! Mas eu não merecia passar por isso novamente, prometi a mim mesmo que isso nunca mais aconteceria, me afundei num vazio quase impossível de sair... Até você aparecer, e quebrei a promessa, deixei você me preencher, não pude impedir, logo você fazia parte de minha vida e não posso deixar ir, não quero que me abandone como sua mãe fez — disse Kudo e o encarei

                Meu coração estava batendo descompassado, seus olhos pareciam sérios e cansados, mas no fundo pude ver desespero e dor, ele não tinha a quem mais recorrer, só a mim. Senti parte de sua tristeza e meu peito doeu, respirei fundo e me pronunciei:

— Minha vida estava um desespero só, eu estava a ponto de um colapso, até você e toda essa moral me levantar e me ajudar a caminhar pacientemente, você não é o único beneficiado nisso tudo, você faz parte de minha vida secreta e não o deixarei ir — falei sorrindo fraco e ele assentiu sério, mas os olhos não enganam, eles brilharam

                Sorri e corri para até ele o abraçando forte pegando ele de surpresa, mas ao voltar a si ele me abraçou com a mesma intensidade, por segundos ficamos assim, mas pareceu passar devagar e reconfortante. Por um momento eu decidi esquecer o meu discurso que eu havia escrito em mente sobre ele e o Toramaru e voltamos para festa juntos. Pelo canto do olho vi Goenji sério e desfizemos o abraço, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele sumiu no estacionamento, isso daria merda.

POV Kazemaru:

                A festa parecia divertida, ao menos para quem estava sabendo aproveitar, eu apenas me encostei na parede lateral e observei todos animados, em meio as danças pude ver uma parte da outra lateral do ginásio e nela Endo estava encostado e me observava atenciosamente, parecia desanimado, triste, senti meu coração quase parar quando nossos olhares se encontraram, vi nele uma imagem refletida de parte de meu sofrimento.

— Kazemaru! — gritou Goenji surgindo ao meu lado me dando um susto — calma — gritou rindo e ri nervoso de volta, quando voltei a olhar para onde Endo estava ele havia sumido, respirei fundo e me concentrei em Goenji — vamos dançar?

— Não — respondi de imediato

                A música que tocava era “Jack Ü – Mind (ft.Kai)”, não houve objeções para Goenji, pois mesmo dando não como resposta ele me puxou para a “pista de dança” e começou a balançar ao ritmo e dançar engraçado, eu comecei a rir e ele me olhou confuso.

— Não sei dançar — gritou ele rindo

— Percebi — falei ainda rindo — eu também não sei

— E por que não me disse? — perguntou sem graça e ri mais

— Você já veio me puxando — respondi

— Melhor sairmos daqui — disse ele nervoso — ou vai ser dois idiotas pagando mico

                Assenti rindo e saímos para as laterais novamente, ficamos encostados observando os outros dançarem animados, nos apenas balançávamos um pouco acanhados e mexíamos um pé ou outro de vez em quando.

— Obrigado pelo dia hoje — gritou ele tentando ser ouvido naquela zoada toda — foi a mais agradável que tive a dias

— Digo o mesmo — falei sem graça — sua companhia não é tão ruim quanto dizem

— Isso por que ainda não viu como meu cérebro funciona — falou sério

                Em segundos ele já estava na minha frente, tão perto que nossas respirações se juntavam, meu coração bateu descompassados e senti o nervosismo quase me engolir. Quando menos esperei ele selou nossos lábios, fechei os olhos por insito e ele me fechou na parede me deixando confuso e com medo. Ele continuou a me beijar e passou a mão por minha cintura acabando com qualquer espaço que havia entre nos. Os lábios dele eram tão macios quanto imaginei, eram quentes e...

Rapidamente voltei a mim e empurrei ele o mais forte que pude fazendo o se afastar confuso, eu respirava ofegante e senti a raiva tomar conta de mim. Por que ele fez isso? Eu me deixei levar tanto pela ação dele que nem notei que o dito cujo que me beijava era o Goenji, manipulador, trairá e outras coisas negativas.

— Isso nunca devia ter acontecido — gritei irritado saindo dali para o mais longe seguramente possível que pude dele