Lena’s POV
Kara gastou apenas alguns segundos para me colocar no carro e correr para o hospital, assim que chegamos uma enfermeira veio a nosso encontro empurrando uma cadeira de rodas o que eu achei um tremendo exagero. Kara sabia que eu não queria analgésicos e muito menos uma injeção que me paralisaria da cintura para baixo, estava decidida a trazer nossa filha ao mundo da maneira mais natural possível.
- A enfermeira disse que tem um quarto preparado para você – ela disse acariciando meu rosto – tem certeza que quer continuar com essa ideia naturalista? Talvez seja mais seguro se você aceitar os remédios e todas as outras coisas que o hospital tem a oferecer.
Sorri ao ver as rugas de preocupação em sua testa e lhe dei um beijo. Assenti em resposta à sua pergunta e a enfermeira nos levou até o quarto que estava reservado para nós. Depois de algumas instruções a mulher saiu me deixando sozinha com Kara. Ela me ajudou a tirar a roupa e a sentar na cama. A todo o momento eu procurava respirar fundo, inspirava e expirava calmamente como havia treinado durante toda a gravidez. Óbvio que eu estava sentindo dor que a cada contração se intensificava, mas eu permaneci o mais calma que consegui.
- Amor, vem cá – chamei Kara que estava conversando com Alex ao telefone – como Kate está?
Antes de vir para o hospital deixamos Kate com Alex e Maggie, ela estava muito sonolenta para entender a correria ao redor dela. Kara me garantiu que nossa filha estava bem e que a tia Alex estava cuidando bem dela, a pequena estava dormindo e assim que o dia amanhecesse elas viriam para o hospital.
- Você sabe que eu concordei em vir para o hospital apenas para garantir que tudo saia conforme planejamos, certo? – Kara assentiu segurando minhas mãos entre as suas – eu quero só você comigo, não quero esse quarto lotado de médicos e enfermeiros com aquele amontoado de bisturis e remédios. Eu posso fazer isso, nós podemos.
Kara acariciou meu rosto e beijou minha boca devagar, tão sutil que quase não senti seus lábios pressionando os meus. Ela encostou sua testa na minha e sorriu, sua mão esquerda desceu para minha barriga onde ela ficou acariciando por longos minutos.
- Eu te amo tanto, Lena Luthor. Nesse momento eu com certeza sou a mulher mais feliz do universo... e a mais nervosa também – a loira torceu o nariz quando fiz uma careta por causa de uma contração que veio ainda mais forte. Estava na hora de Charlotte conhecer o mundo aqui fora.
Minha mulher me ajudou a chegar ao banheiro e tirou a calcinha que eu usava me deixando apenas de sutiã, ela encheu a banheira com água quente e me colocou dentro dela. Gotas de suor corriam pelo meu rosto e eu estava completamente focada na minha respiração, respirar acalmaria meus batimentos cardíacos e consequentemente eu me acalmaria. Kara também tirou sua roupa ficando apenas de calcinha e sutiã, ela entrou na banheira e se posicionou atrás de mim. Entrelacei meus dedos no seus e desfrutei por alguns instantes o contato de sua pele contra a minha e a água quente que anestesiava meu corpo.
Ela sussurrava em meu ouvido palavras de conforto e incentivo combinadas com vários “eu te amo”, o que serviu para eu ter ainda mais certeza que não poderia ter escolhido alguém melhor para dividir a vida comigo. Kara soltou suas mãos apenas para massagear meus ombros e acariciar minha barriga, ela vez ou outra conversava com nossa pequena pedindo para que ela se “comportasse” e ajudasse a mamãe.
- Kara, você está pronta? - perguntei em meio a um gemido de dor. Ela beijou meus lábios e assentiu positivamente entrelaçando novamente seus dedos com os meus.
Respirei fundo e fiz força assim como eu havia aprendido, não poderia esquecer de respirar. Eu empurrava com todas as minhas forças e apertava as mãos de Kara, se ela fosse humana com certeza estaria com todos os dedos quebrados.
- Você está indo muito bem amor, vamos mais uma vez – Kara falou com uma calma que até então estava adormecida dentro dela – estamos quase lá.
Fechei os olhos e empurrei enquanto meus pensamentos se perdiam na possibilidade de um ser humano passar por um buraco tão pequeno. Eu estava quase desejando a tão famigerada anestesia e a ausência de dor, mas eu sabia que era apenas a dor falando mais alto. Kara tirou alguns fios de cabelo que estavam caídos no meu rosto e beijou minha testa para logo em seguida segurar novamente minha mão. Empurrei mais uma vez sentindo um alívio repentino e foi então que eu percebi que nossa filha havia nascido. Kara a pegou rapidamente colocando aquele ser minúsculo escorado em meu peito e assim que nossos corpos se tocaram ela chorou. Forte. Como quem anunciava sua chegada. Meus olhos se encheram de lágrimas ao constatar que ela estava bem, a esse ponto Kara chorava sem sequer disfarçar a emoção que estava sentindo. Foi então que uma senhora entrou no quarto e bateu na porta do banheiro pedindo licença para entrar, Kara se enrolou em uma toalha e se afastou para que a mulher pudesse chegar até mim. Ela sorriu e me parabenizou pela menina linda que estava em meus braços, então ela cortou o cordão que me mantinha ligada à minha filha e saiu por alguns instantes.
Kara já havia vestido sua roupa e estava com uma toalha e um roupão nas mãos, ela pegou Charlotte dos meus braços com cuidado como se fosse capaz de quebrar nossa menina.
- Oi meu amor – ela disse sorrindo e com os olhos cheios de água – eu sou sua mamãe e prometo que vou cuidar de você sempre, nada de ruim vai te acontecer. Você será a criança mais feliz e amada dentre todas as galáxias.
A senhora voltou e pegou Charlotte dos braços de Kara, ela garantiu que faria apenas alguns procedimentos necessários para garantir que nossa filha estava bem, elas sequer deixariam o quarto. Kara me pegou nos braços e me tirou da banheira, ela perguntou se eu estava bem para ficar de pé e eu assenti.
Caminhei até o quarto e vi que minha médica estava a minha espera, fomos até outro quarto que ficava dentro do quarto que estávamos para que ela pudesse me examinar e fazer os procedimentos de praxe. Kara se revezava entre Charlotte e eu, a todo o momento ela falava o quanto nossa menina era grande e forte. Segundo ela, o bebê mais forte que ela já havia visto.
Kara sumiu por alguns instantes, deduzi que ela estava com Charlotte, segundo ela bebês desaparecem de hospitais e ela não deixaria nossa filha sozinha nem por um segundo sequer. A médica assegurou que estava tudo bem comigo e com Charlotte, me parabenizou pela chegada da nossa filha e se retirou.
Alguns segundos depois que ouvi a porta se fechando Kara apareceu com um pacotinho em seus braços, sorri ao ver minha mulher e nossa filha juntas. Ela olhava admirada aquele minúsculo ser humano em seus braços e não deixava de sorrir... até que Charlotte chorou. Ela arregalou os olhos como quem não estava entendendo o motivo do choro.
- Ela provavelmente está com fome, amor – Kara me entregou Charlotte e eu a aconcheguei em meus braços para que eu pudesse amamentá-la. E eu estava certa. Ela sugava meu seio com força o que me causou certo desconforto e um pouco de dor, mas a médica já havia e alertado que dor nas primeiras mamadas é algo normal.
O celular de Kara tocou e ela se afastou para atender a ligação. Alguns minutos mais tarde ela voltou a sentar ao meu lado e acariciou o rosto de Charlotte que agora dormia tranquilamente.
- Era a Alex, elas não aguentaram esperar e estão vindo com Kate para o hospital. Ela disse que nossa filha está ansiosa para conhecer a irmãzinha, mas sei bem que quem está ansiosa é ela – Kara beijou minha testa e ficou ao meu lado até que a trupe chegasse.
Soube que elas haviam chegado quando Kara se levantou para abrir a porta antes mesmo que alguém batesse. Vi Alex e Maggie sorrindo e nos olhando de longe, Kara pegou Kate nos braços e se aproximou com nossa menina nos braços.
- Kate, essa é sua irmãzinha - Kara apresentou Charlotte à Kate que havia sido promovida à irmã mais velha.
Kate sorriu e acariciou os cabelos de Charlotte se inclinando para dar um beijo na irmã, Kara e eu nos entreolhamos felizes com a nossa família finamente reunida.
- Como você está, Lena? – Alex perguntou se aproximando com Maggie logo atrás. Garanti que estava bem, assim como Charlotte e ela desviou sua atenção para o bebê que dormia tranquilo em meus braços. – Eu posso segurá-la um pouco? - ela pediu sem graça.
- Mas é claro, Alex. Não só pode como deve... madrinha – Alex sorriu e pegou a afilhada nos braços ficando de frente para Maggie. As duas olhavam hipnotizadas para Charlotte e toda aquela atmosfera me fez ter certeza que as duas seriam ótimas mães.
Kate se sentou ao meu lado e beijou meu rosto, ela falava o tempo todo que me ajudaria a cuidar de Charlotte porque é isso que irmãs mais velhas fazem. A pequena adormeceu ao meu lado, Kara a pegou nos braços e foi com ela até a cama ao lado para que ela pudesse dormir de um jeito mais confortável.
Alex recebeu um chamado do DOE e precisou ir, Maggie foi com ela restando apenas Kara, Kate, Charlotte e eu.
- Isso tudo parece um sonho – Kara olhou para Kate que dormia tranquilamente ao nosso lado e Charlotte que estava do mesmo jeito em meus braços – Lena Luthor você me deu o melhor presente, você me deu a família que eu tanto sonhei em ter. Muito obrigada, eu te amo.
Coloquei Charlotte no pequeno berço ao lado da cama e fiz sinal para que Kara se deitasse ao meu lado e assim ela fez. Aconcheguei meu corpo no seu e beijei seu pescoço para em seguida beijar seus lábios.
- E graças a você hoje eu tenho a vida que sempre sonhei. Duas filhas lindas e saudáveis e a noiva mais perfeita e teimosa do planeta, do universo – Kara sorriu e naquele momento eu me resumia em amor e gratidão, amor pela família que construímos juntas e gratidão pela primeira vez que o universo finalmente me proporcionava somente coisas boas.
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