História You Belong With Me - Capítulo 30

Lucy

- You Belong With me. - Cantei o último refrão com os olhos fechados e ouvi somente o silêncio do ambiente, pela curiosidade os abri me deparando com uma Lissana radiante a minha frente. Espero que isso seja um bom sinal.

- Então, o que achou? - digo um pouco apreensiva, era a primeira vez que alguém que não fosse minha mãe me escutava cantar essa música.

Ela levantou da cadeira onde havia sentado, andando até mim abrangendo cada vez mais seu sorriso.

- Lucy, isso é... - o som alto vindo da minha mochila a interrompeu, assim como também serviu para nos assustar.

Tratei de abri-la rapidamente, vendo que meu celular tocava pela quinta vez com uma chamada da Juvia.

- Desculpa Lissana, tenho que atender. - ela sorriu gentilmente assentindo enquanto eu saía da sala indo até a área dos bebedouros.

- Juvia, aconteceu alguma coisa? - eu perguntei preocupada. Juvia é daquele tipo de pessoa que detesta fazer ligações, que mande sinal de fumaça, mas ligar pra ela é a mesma coisa que assinar seu próprio atestado de óbito, então pra ela fazer isso umas cinco vezes, deve ter acontecido alguma coisa.

- Lucy, a coisa é séria. Me escuta bem, não importa o que o Natsu te diga, confirma tudo. Entendeu? - ela diz rapidamente e meio ofegante, me fazendo digerir um monte de palavras sem qualquer significado.

- Como assim? Por que o Natsu iria me interrogar, Juvia o que aconteceu? - a linha ficou um momento em silêncio, então eu soube que tinha sido algo ruim.

- Promete que não fica brava comigo?

- Se você não me disser eu não posso responder sua pergunta.

- Ok, eu meio que quase contei para o Natsu sobre a sua declaração. - nesse momento eu me exaltei de repente.

- Você o que? - quase berrei no celular, mas baixei a voz ao lembrar que estava no colégio. 

- Calma, eu disse quase. Olha, eu prometo te explicar mais tarde, mas por favor não surta. Só segue o plano, é o único jeito. - ela parecia muito desesperada, então respirei fundo e tentei ao máximo controlar a minha vontade de correr até onde ela estivesse e exigir explicações.

- Ok, conversamos mais tarde. - pude escutar seu suspiro aliviado do outro lado da linha.

- Obrigada Lu, até mais tarde.

Desliguei o celular e me encostei na parede sugando todo ar possível e soltando logo após. Será que eu sou algum tipo de imã que atraí confusões? Eu não tenho nem um pouco de dúvida dessa hipótese.

- Está tudo bem Lucy? você parece meio mal. - Lissana pergunta quando volto a sala do clube de música. Por hoje só vamos estar nós duas, amanhã virão mais algumas pessoas que irão me ajudar com todos esses equipamentos e a preparação geral.

- Está sim Lis, obrigada. - sorrio simples pra ela, não vou mentir e dizer que não estou um tanto preocupada com toda aquela euforia da Juvia, mas a única coisa que eu posso fazer por agora é esperar.

- Então, sobre a sua música. - a olhei após guardar novamente o aparelho dentro da mochila. A albina firmou suas pílulas azuis em meus olhos, segurando minhas duas mãos com seus dedos gélidos - É maravilhosa! Simplesmente perfeita. Eu consegui sentir tanta coisa com a letra, imagina então o Natsu que é quem foi a principal inspiração da criação dessa música.

Lhe respondi com um sorriso alegre. Saber que a música agradou a ela, e que possivelmente funcione com o Natsu, isso não poderia me fazer mais feliz.

- Muito obrigada Lis. - ela se distanciou e tirou algumas folhas de sua bolsa.

- Bom, não pense que te darei folga por ser uma amiga, não vai ser fácil. - eu não sei muito bem o por que, mas mesmo que Lissana tente ela não consegue ser intimidadora - Vamos ensaiar durante toda tarde, e amanhã iremos começar a ajustar os equipamentos. Nem sempre eu estarei aqui, já que eu faço muitas coisas pro festival, você entende né?

- Claro. Também sei que não vai ter moleza, eu vou me esforçar, se for pra me declarar eu vou fazer o meu melhor. Mesmo se a resposta não for boa. - eu sorrio amarelo, mesmo com tudo que tem acontecendo ente nós dois, pequenas dúvidas persistentes ainda rondam minha mente antes de dormir.

- Lucy, não diga isso! Eu não acho que você arriscaria sua timidez e todo seu esforço pra se declarar na expectativa que receber um "não" na frente da escola toda. - isso era pra melhorar alguma coisa? Me deixou um pouco assustada.

- Não é que eu tenha essa expectativa, mas mesmo assim esse aperto no meio peito não passa. - coloquei minha mão direita ao meu peito, sentindo aquele frio e ansiedade que ninguém gosta.

Ouvi uma risada carinhosa, a olhei calma, Lissana olhava pra mim brincalhona, como se soubesse algo que eu não sei.

Ela andou até mim segurando meu rosto nas suas mãos pequenas e delicadas, onde somente um anel de compromisso dourado se destacava nos dedos alvos.

- Lucy...por que você insiste tanto em não ver o que está bem na sua frente? - disse sincera, e aquilo de certo modo me deu um pouquinho mais de confiança. - Mas tudo bem, tudo está prestes a se esclarecer não é mesmo?

- Bom, eu acho que sim? - ela riu e foi andando até a porta.

Ao trabalho Lucy, vou buscar algo na máquina de lanches pra nós duas. Pode ir ensaiando. - quando ela terminou a frase, já estava no corredor.

- Vamos ao trabalho então. - eu disse em tom baixo pra mim mesma e novamente me pus a cantar a música.

...

- Bickslow vem me buscar, quer uma carona? - Lissana me pergunta enquanto saíamos da escola. A pesar de ser somente o primeiro dia, os ensaios renderam bastante.

- Não precisa, minha casa é perto e eu prefiro ir andando. - na verdade no meu sentido normal eu aceitaria a carona de bom grado, porém preciso esclarecer algumas coisas com uma pessoa ainda hoje.

- Ah, tudo bem então. Até amanhã Lucy. - Lissana acenou andando de costas até se chocar com seu namorado que a esperava perto de seu carro.

- Até - acenei e me pus a andar pelas ruas até minha casa.

Se o Natsu descobrir sobre a música eu não sei o que vou fazer, não estou preparada pra chegar e lançar um "eu gosto de você" na cara dele assim, como se não fosse nada.

Mais cedo, o que a Lissana disse sobre eu me negar a ver as coisas, acabou me lembrando do dia em que conheci a Maya na casa dos Dragneel.

"- Por que você mesma não toma uma iniciativa? Assim não precisa ficar nessa aflição. - Maya disse calma enquanto cortava alguns legumes para o jantar. Há um tempo que paramos no assunto Natsu, ela mal chegou e já percebeu que eu não vejo ele como um amigo.

Eu estranhamente me senti muito a vontade com ela, não é como se ela quisesse conhecer meus pontos fracos ou algo do tipo, ela é uma boa pessoa.

- Eu vou tomar, já me decidi quanto a isso. - ela me olhou um pouco surpresa, pelo visto ela já entendeu que atitudes assim não são o meu forte - Vou me declarar na apresentação do festival de verão.

- Uou tem certeza que consegue? Não que eu duvide de você, muito pelo contrário, mas são palavras difíceis de dizer. - ela tinha um sorriso gentil nós lábios avermelhados, e tenho que concordar com ela nisso.

- Eu sei, é por isso que eu não vou me declarar de forma comum. - eu disse sorrindo enquanto mexia em uma das panelas. Ela me olhou curiosa - Demonstrar qualquer sentimento em palavras pra mim é um desafio, sempre foi. Então eu vou dizer o que acontece aqui dentro, de um jeito que eu gosto mais, cantando.

- Estou cada vez mais impressionada, você já escolheu alguma música? - ela parecia empolgada com a ideia, o que serviu pra me contagiar ainda mais.

- Sim, eu mesma compus. Tudo que eu escrevi é real, nada inventado. Por isso vai ser inesquecível, mesmo se a resposta não seja a que eu espero. - meu sorriso caiu um pouco, mas eu não deixei de ficar feliz nenhum segundo.

Maya deixou de lado o que estava fazendo e segurou meu rosto nas mãos, olhando profundamente em meus olhos.

- Querida, não tenha esse tipo de pensamento negativo em relação a ele. Sei que tudo que acontece aqui - colocou a ponta de seu dedo indicador no meu peito, apontando meu coração - Acaba bagunçando todo o resto, mas tente não fechar os olhos pra aquilo que está tão óbvio na sua frente.

Ela segurou meus dois ombros movendo meu corpo na direção de um porta retrato. Era uma foto do Natsu quando venceu a regional, com aquele sorriso quente e a felicidade maior que o próprio peito.

Com isso ela quer dizer reciprocidade?

Ela parece ter lido meus pensamentos, já que sorriu alegremente pra mim e voltou até os legumes postos na pia.

- Sabe, eu e Igneel adoraríamos ter uma certa loira como nora. - ela riu alto ao ver que minhas bochechas se esquentarem.

Mas não vou mentir, escutar isso me deixou muito feliz!"

Andava pela calçada até sentir meu celular vibrar no bolso de trás do meu short jeans.

Ju

Lu, seus ensaios já acabaram? 

Estou te esperando na praça principal.

Praça Principal? Ótimo, quero resolver isso logo de uma vez.

 Saí do aplicativo de mensagens, mudando minha rota para a praça, mas antes que pudesse guardar o celular recebo outra notificação.

Gajeel

Loira

Me diz quem é o idiota que anda espalhando esses boatos que eu parto ele em dois!

Hein? O que ele quer dizer com boatos? Tem gente falando algo sobre mim?

Estava escrevendo algo em resposta quando me lembro da ligação de mais cedo.

"Lucy, a coisa é séria. Me escuta bem, não importa o que o Natsu te diga, confirme tudo. Entendeu?"

"Só segue o plano, é o único jeito."

Apaguei imediatamente a mensagem e voltei a andar, agora mais rápido. Isso só pode ter a ver com o plano daquela idiota! Juvia, afinal

O que é que você inventou?