História Young (Imagine Suga) - Mama

O silêncio que se seguiu foi rapidamente quebrado pelo barulho de Yoongi se levantando desajeitadamente. Os olhos de minha mãe vasculharam o loiro de cima a baixo e seu rosto ficou muito vermelho. Olhei para Yoongi e notei a causa disso: seu volume praticamente explodindo na calça. Em um movimento rápido, me estiquei até o loiro, puxando seu braço, o fazendo sentar no pé da cama e colocando um travesseiro sobre seu colo.

— Mãe, eu posso explicar! — comecei com a típica frase clichê.

— Quer me explicar porque estava com um homem em cima de você? — disse fazendo a pose de “você está encrencada e eu muito braba”, que é uma pose onde ela apoia o peso na perna esquerda e cruza os braços sobre o peito.

— Não sou só um “homem”, — disse Yoongi, surpreendendo a mim e minha mãe — Sou o namorado dela.

— Aaaah, namorado é? — minha mãe falava com uma voz tão sarcástica que chegava a dar medo.

Engoli em seco.

— Espera... — Yoongi olhou de minha mãe para mim e tornou seu olhar para ela novamente. — A senhora não sabia?

— Não.

Um silêncio mortal se instaurou no ambiente, eu não escutava o vento lá fora, muito menos o canto dos pássaros, meus olhos estavam fixos no rosto de minha mãe, eu sabia que o loiro também me olhava, mas não conseguia encara-lo.

— Eu posso explicar...

— Quer me explicar por que o seu namorado, que até então eu nem sabia da existência, estava em cima de você, na sua cama, praticamente tirando a sua roupa?

— Não estávamos fazendo nada demais...

— Você acha que eu nasci ontem?

O tom de voz dela, aumentava no final de cada frase, o que fazia eu querer me encolher até virar um átomo.

— Senhora... — Yoongi tentou falar, mas minha mãe o cortou.

— Qual o seu nome garoto?

— Min Yoongi.

Ela respirou fundo.

— Yoongi, por favor espere lá embaixo.

— Claro.

Ousei olha-lo e meus olhos se encontraram com os de meu namorado. Não havia nada ali, nenhum brilho, nenhuma mensagem subliminar, apenas decepção. Algo em mim quebro, era a mesma sensação de quando eu o neguei como meu namorado, mas agora eu tinha culpa no cartório.

Yoongi se levantou e passou por minha mãe, fechando a porta sem olhar para trás, no silêncio, escutamos seus passos pelo corredor até as escadas, onde o som foi morrendo até se extinguir.

— Fala.

Respirei fundo.

— Ok... Tudo começou quando o Jimin me enganou dizendo que iríamos para uma festa na casa da amiga dele, lembra? — ela assentiu. — Bem, na verdade ele me levou para uma casa de shows, chamada BigHit, onde à noite ocorrem umas apresentações de rap.

— Onde fica esse bar?

Hesitei por um instante, mas então lembrei que já não adiantava mais esconder as coisas.

— No centro.

— Eles não pediram a sua identidade?

— Jimin conseguiu duas falsas.

— Aaaaah... Mas eu pego essa pirralho! — “Desculpa Jimin”, pensei. — A mãe dele vai ficar sabendo disso, mas por agora continue...

— Bem, é nessa casa que o Yoongi trabalha...

— O que ele faz lá?

— Ele se apresenta.

— Está dizendo que ele é um rapper?

Assenti.

— Por favor, não julgue ele, ele é honesto...

— Á quanto tempo vocês namoram? — perguntou me ignorando totalmente.

— Uma semana, mas ou menos, mas nos conhecemos á mais tempo. — talvez não tanto tempo como soou.

— Então todos os fins de semana que você me dizia que estava na casa do Jimin, enquanto eu trabalhava, na verdade você estava no centro.

— Sim.

Minha mãe passou as mãos nos cabelos, em completo desgosto e frustração.

— Mais alguma coisa?

— Yoongi tem um filho.

Ela olhou para mim incrédula.

— É claro que tem... — uma longa pausa se seguiu. — Quantos anos ele tem?

— 24.

— Você tem 15! — exclamou. — Pelo amor de Deus, _____! Por que não me contou?

Meu coração batia rápido, eu sabia que essa hora chegaria mais cedo ou mais tarde. Minhas mãos tremiam, parecia que tinha uma corda me sufocando, apertando minha garganta.

— Me responde! — o tom de voz alto de minha mãe me trouxe de volta á realidade. — Por que não me contou?

Um, dois, três...

— Por quê eu sabia que ia agir assim... A minha vida inteira eu só tive três amigos. Quando eu era mais nova tentava fazer amizade com mais pessoas e você sempre dizia: “Jimin é o seu único amigo de verdade”, “só se pode ter um amigo de verdade na vida”. Demorei anos para te falar sobre Jungkook e Taehyung, eu sempre achei que eu era tímida e introvertida por natureza, mas não, fui moldada para ser assim. Nunca me deixa ir nas festas dos meu colegas de aula, nunca me deixou ter atividades fora da escola. Achou mesmo que eu não notaria? Que a sua proteção é anormal?

A expressão no rosto de minha mãe era de puro espanto e confusão.

— Basta. — disse, baixinho, quase um sussurro.

— Não, ta na hora de eu falar... — senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, só então percebi que estava chorando. — Eu sei sobre o papai, mãe.

Minha mãe também chorava, ela colocou uma mão sobre os lábios e me olhava como se eu fosse um fantasma.

— Como você...

— Uma noite eu desci por que estava sem sono e ouvi você conversando no telefone com a vovó. — Minha mãe puxou a cadeira da minha escrivaninha e se sentou, olhando para o chão. — Eu sinto muito mãe, pelo que o papai fez. — me levantei e me ajoelhei perto dela, segurei seu rosto em minha mãos e fiz ela me olhar. — Não precisa ter medo mãe, eu não vou deixar você. Eu não sou que nem ele.

Ao dizer isso minha mãe caiu em prantos e me abraçou, um abraço que fez meu peito doer, mas uma dor boa. Ela me puxou para o seu colo, como se eu tivesse voltado a ser criança.

— Desculpe por mentir.

— Só se você também me desculpar por mentir. — disse minha mãe, enquanto nos separamos, sorrindo uma para a outra. — Ele é legal?

— Ele é incrível mãe! Me sinto tão segura com ele...

Ela assentiu sorrindo.

— Você está de castigo.

— Mas... mãe! — não dava para acreditar no que eu tinha acabado de ouvir.

— Mas nada, eu ainda sou sua mãe... — bufei, voltando para a cama. — Vai ser da escola pra casa e da casa para a escola, se alguém quiser te ver tem que vir aqui e todo dia quando você chegar...

— Tenho que pegar o jornal, tirar uma foto e mandar para você. Já sei. — disse completamente sem ânimo.

— Um mês. — disse minha mãe, secando suas lágrimas

— Ok.

Me levantei e fui até a porta, abrindo em seguida e me deparando com um Yoongi praticamente grudado na madeira.

— Hm, eu... Estava procurando o banheiro.

Sorri.

— Sei.