História Young (Imagine Suga) - Blood

Antes mesmo que taxi parasse em frente à emergência Yoongi já havia jogado o dinheiro no banco ao lado do motorista, estava abrindo a porta e descendo do mesmo. Me apressei em segui-lo, dizendo um “desculpe e obrigada”, ao motorista.

Segui o loiro porta a dentro da emergência. Fomos direto para o balcão de informações e fomos informados de que Jaehyun estava na sala de emergência, um enfermeiro foi chamado para nos levar. Entramos por um corredor, onde ao fundo estava sentada uma mulher de idade, ao nos ver ela se levantou e veio caminhando com passos largos, mas sem deixar de ser elegante.

— Finalme... — começou a mulher, mas foi interrompida por Yoongi.

— Presta bem atenção no que eu vou te falar: você nunca mais vai levar o Jaehyun pra longe de mim. ENTENDEU? — Yoongi falava com tanta raiva que até eu senti medo dele.

A mulher, que obviamente era a avó materna de Jaehyun, estava chocada e ficou literalmente de boca aberta, sem saber o que dizer.

— Você não pode me impedir. — disse ela atrás de nós, nos seguindo.

O enfermeiro continuou a nos conduzir no final da sala, passamos por um homem que estava quase dormindo na cadeira, esperando por alguém. Mas mais chocante do que a posição do pescoço dele era o fato de que eu o reconhecia e conhecia muito bem.

— Jin? — chamei.

O primo de Jimin piscou os olhos e olhou ao redor.

— _____! — falou meio zonzo. — O que está fazendo aqui?

— Eu é que te pergunto. — falei, muito chocada para acreditar.

— _____ temos que ir. — disse Yoongi me puxando.

— Espere. — fiz o loiro e o enfermeiro pararem.

— Eu vim por que um menino se machucou na festa de aniversário do meu filho. — disse, quando tronei a olhar para ele, apontando para a avó de Jaehyun.

— Jaehyun estava na sua festa? — perguntou Yoongi, agora interessadíssimo no que Jin dizia.

— Sim, aquela senhora trouxe ele e o deixou lá, então eu tive que trazer o menino.

Yoongi olhou para a senhora com tanto ódio que eu podia jurara que sairiam faíscas a qualquer momento.

— Você realmente se considera a avó dele? — disse Yoongi, sua mandíbula estava tensa. — Seu mosntro.

— Como ousa! —disse a mulher, de nariz empinado. Olhar para aquela mulher era como olhar para uma cascavel, era como olhar para Minzy, ambas me davam nojo. — O juiz me deu esse direito, já que minha filha não está mais aqui!

— É mesmo? — perguntou retoricamente. — Vamos ver o que o juiz vai dizer depois que souber a excelente avó e mãe que você é.

— Você está me ameaçando? — disse a senhora, podia jurar que se mexesse muito por baixo daquele casaco de couro ele estouraria.

— Entenda como quiser. Sei de umas histórias da senhora que poderiam te por atrás das grades. Agora com licença que eu vou ver como meu filho está.

Então o loiro deu as costas para a mulher. Seguimos o enfermeiro até a última sala do corredor. Quando entramos na sala, havia vários médicos em cima de Jaehyun, um deles acabava de retirar um pedaço de vidro do ombro esquerdo. Ao ver tal cena meu estomago se revirou, senti um mal estar, mas procurei ser forte e não pensar naquilo.

— Doutor. — chamou o enfermeiro. O médico que estava tirando o caco de vidro veio em nossa direção. — Este é o pai do menino.

— Como está o meu filho? — perguntou Yoongi, sua mão apertou a minha ao dizer cada palavra.

O médico abaixou a mascara para que pudesse falar com mais clareza.

— Ele vai ficar bem, não aconteceu nada de grave, mas... — ele fez uma pequena pausa, suspirando. — ele perdeu muito sangue e precisa de uma transfusão o quanto antes possível.

— Então faça. — disse Yoongi.

— Infelizmente não podemos.

— Por que não?

— Por que as pessoas não costumam doar sangue, e seu filho possui sangue A-, justamente o único tipo que não temos, além é claro de O-.

Yoongi passou a mão pelos cabelos.

— Não tem como pedirem ajuda para outro hospital?

— Infelizmente o caso é o mesmo em todos os postos. — disse o médico. — A avó dele disse que possui o sangue A+, e que a filha recebeu o sangue A- do avô do menino, já falecido. Mas se o senhor tiver o mesmo sangue pode doar, ou alguém que o senhor conheça.

— E-eu... — eu podia sentir a tensão de Yoongi, isso se dava desde a sua expressão, até o modo de falar e ao suor de sua mão. — Eu não tenho o tipo A- nem o tipo O-, o meu é O+.

— Entendo, — disse o médico. — as vezes acontece isso. Suponho que a mãe deve ter tomado os devidos remédios.

— Eu acho que o Jimin tem sangue A-. — falei.

— Liga pra ele, rápido. — disse Yoongi.

Imediatamente puxei meu celular e comecei a discar o número do ruivo. O enfermeiro nos conduziu de volta a sala de espera dentro da própria emergência, onde Jin e a senhora esperavam.

— E então? — falou a mulher, com toda a sua prepotência. — Você não vai doar seu sangue?

— Se você falar comigo de novo eu não responderei com a boca.

E com isso a mulher se calou, para o nosso alivio. Depois do terceiro toque Jimin finalmente atendeu.

— Alô?

— JIMIN! — praticamente gritei. — Qual o seu tipo sanguíneo?

— Você não costuma ser tão aleatória.

— Responde logo! — será que ele não percebia que eu estava com pressa?

— A-, por quê?

Respirei aliviada. Tapei o telefone e me virei para Yoongi.

— O tipo dele é A-. — o loiro teve a mesma reação que a minha e seus ombros ficaram visivelmente relaxados.

Expliquei para Jimin, em poucos detalhes o que aconteceu e que Jaehyun precisava de uma transfusão de sangue e que o hospital não tinha o tipo dele.

— Ok, já estou indo.

— Obrigada! — disse desligando, sem conseguir conter o meu sorriso.

Olhei para Yoongi ao meu lado que também sorria e o abracei. O loiro me envolveu em seus braços e colou seu rosto no meu pescoço, pude sentir ele cheirando o meu perfume.

— Então quer dizer que Jaehyun não possui o mesmo tipo sanguíneo que você.

Yoongi tornou a ficar tenso ao ouvir tais palavras. Ele se virou para a dona da voz com desgosto.

— E?

— Meio estranho o pai não ter o mesmo sangue do filho. — comentou a avó de Jaehyun com um olhar triunfante.

— Isso é super comum sabia. — intervi, antes que Yoongi fizesse algo.

— Esquece, — disse Yoongi, se virando para mim novamente. — não vou mais perder meu tempo.

— E nem eu. — disse a mulher. — Já que está tudo resolvido, vou embora.

Eu simplesmente não acreditei no que a mulher tinha acabado de tizer, literalmente fiquei de boca aberta. Olhei para Jin, como se precisasse de alguém para me dizer que eu realmente tinha escutado aquilo, mas o moreno também parecia não acreditar em tamanha frieza. De nós três Yoongi era o único que não demonstrou nenhuma reação, era óbvio que já estava acostumado.

A mulher se foi e com a sua saída o silêncio finalmente se fez presente, mas não só isso, parecia que agora o ar era mais agradável.

— Que mulher horrível. — disse Jin.

— Nem me fale. — comentei.

— Quando ela chegou começou a gritar comigo, dizendo que eu deveria ter tomado conta dele, pois estava na minha casa.

Yoongi bufou.

— Bem a cara dela.

O olhar do loiro estava perdido no chão, como se estivesse pensando em muitas coisas para manter um diálogo decente.

— No que está pensando? — perguntei, entrelaçando seus dedos nos meus.

Yoongi suspirou, mas não me respondeu. Pelo menos não a principio.

— Seu nome é Jin certo?

O moreno concordou.

— Obrigado por cuidar do meu filho, mesmo não sendo a sua obrigação.

— Você não precisa agradecer, teria feito o mesmo por qualquer um, é o mínimo que posso fazer alias.

— De onde vocês se conhecem? — perguntou para ambos.

— Jin é primo do Jimin.

— Esse mundo é realmente pequeno. — disse o loiro sorrindo pela primeira vez desde a ligação daquela velha mal amada.

Depois disso ficamos em silêncio até que, cerca de quinze minutos depois, Jimin surgiu pelo corredor, de moletom, calça xadrez (a calça do pijama dele) e tênis, sendo acompanhado pelo enfermeiro de antes.

O enfermeiro o levou direto para uma sala separada, onde eles poderiam tirar o sangue dele e Jin foi acompanhar o primo. Eu me levantei para falar com ele, agradecer por ajudar Jaehyun, mas antes que pudesse ir Yoongi segurou minha mão. Ele também tinha se levantado.

— Depois... Mais tarde. Preciso te contar algo importante. — sua expressão era séria e ao mesmo tempo demonstrava certa dor.

Assenti.

— Sobre o que seria?

— Sobre o Jaehyun, a mãe dele e também a avó.

— Você está com medo de que ela tente tirar o Jae de você? — o loiro assentiu olhando para o chão. — Ela não pode fazer isso, você é o pai dele.

Yoongi suspirou.

— Esse é o problema. — então o loiro olhou para mim, com os olhos um pouco marejados, e disse: — Eu não sou o pai dele.