Estávamos no final do verão, para a minha felicidade e tristeza de Yoongi.
Hoje completaríamos três meses juntos e isso ainda era um pouco assustador, digo, a forma como o tempo voa e tudo muda num piscar de olhos.
Mas nós decidimos comemorar de um jeito diferente. Deixamos de lado aquela coisa clichê a dois, que varia de uma ida ao cinema ou restaurante, mas é claro que sobraria um tempo para nós dois no final da noite. Escolhemos um boliche, perto do centro da cidade, que abria às oito da noite e combinamos de nos encontrarmos perto desse horário.
Quando eu, minhas mãe, Yoongi e Jaehyun chegamos, Jimin, Jungkook e Taehyung já estavam lá. Tae e Jimin jogavam sinuca, enquanto Kookie esperava para jogar com o vencedor.
— Hey! — cumprimentou Jimin primeiro, pois estava de frente para a porta de entrada.
O ruivo veio nos receber, sendo seguido pelos outros. Fui abraçada e levantada um pouco acima do chão pelos três, como de costume. Já Yoongi fez o típico cumprimento que os homens fazem. Deixei os meninos cumprimentando minha mãe e Jae e fui procurar o gerente para pedir que liberasse as pistas.
Pegamos a pista 1. Fechamos o primeiro time com: Yoongi, eu, minha mãe, Jimin, Jungkook e Tae. Yoongi foi o primeiro e começou com sorte, um strike para quem não é acostumado é algo incrível. E foi nesse momento que Namjoon e (para a minha surpresa) J-Hope, o rapper com que Yoongi batalhou a primeira vez que o vi, que descobri se chamar Hoseok.
Recomeçamos o jogo, agora com os novos jogadores adicionados, sorte é que a nossa partida mal tinha começado, o problema mesmo foi ter que acalmar o choro do Yoongi pelo strike perdido. Ao final das duas primeiras rodadas Yoongi nem se lembrava mais do strike, pois o mesmo tinha feito dois seguidos, já eu, mal tinha derrubado dez pinos e a segunda bola foi para fora. Definitivamente uma negação.
Mais tarde, Jin e seu filho também chegaram. Yoongi e ele ficaram muito próximos depois do que aconteceu com Jae, e seu filho também se aproximou de Jae, o que deixou Yoongi e eu muito felizes, afinal Jae era muito quieto e não tinha muitos amigos.
Durante todo esse tempo nós já tínhamos consumido duas pizzas, várias batatas fritas e latas de coca-cola. Jae e Samuel ficaram brincando na área para crianças, sendo supervisionados por ambos pais corujas.
O final da primeira partida terminou com Yoongi em primeiro lugar que quase perdeu para o Namjoon, depois deles ficaram Taehyung, Jungkook, minha mãe, Jimin e por último (claro) eu. Na segunda partida minha mãe decidiu dar um tempo e deu seu lugar ao Jin, que meio receoso aceitou em participar.
— Estou meio velho para essas coisas. — resmungou.
Namjoon conseguiu vencer o Yoongi, Tae se manteve em terceiro, mas nesse rodada Jin roubou o lugar de Jungkook e eu roubei o lugar de Jimin, sendo ele a ficar em último. A carinha dele de tristeza foi de partir o coração.
Depois do boliche os meninos decidiram jogar uma ou duas partidas de sinuca, já que agora poderiam fazer duplas. Minha mãe foi embora, pois estava cansada, Jin tinha que buscar a esposa no trabalho e assim, ele e o filho, foram embora.
Primeiro foi Taehyung e Jimin contra Yoongi e Hoseok, enquanto eu brincava com Jae, Jungkook e Namjoon assistiam à partida. Taehyung era bom jogando, mas Jimin não muito e por isso eles quase perderam de lavada se não fosse pelo mais novo. Namjoon e Jungkook eram do mesmo nível que Yoongi e Hoseok, no meio da partida houve um pequeno acidente onde Namjoon quebrou o taco e teve que pagar por ele, mas nada disso impediu que a partida continuasse e no final (depois de lutarem para ver quem encaçapava a bola oito) Nam e Kookie venceram.
Já eram quase dez e meia da noite quando saímos do local. Ficamos esperando pelo pai de Jungkook na entrada, hoje era um daqueles dias em que chovia de pouquinho em pouquinho e as ruas estavam meio molhadas. Quando o pai do Kook chegou ele se ofereceu para levar Tae e Jimin e mais alguém, mas eu iria dormir no Yoongi e nem Nam ou Hoseok quiseram deixar o amigo voltar sozinho.
Eu, Yoongi e Jae acompanhamos os outros dois até a parada e finalmente pudemos chamar um táxi. Jae já estava cansado e implorava pelo colo de Yoongi. Em alguns minutos o táxi parou na frente da Big Hit e Yoongi entregou o dinheiro. Peguei Jae no colo e juntos, nós três fomos até os fundos do prédio onde ficava o estacionamento. Mas o chegarmos perto, a sombra de duas pessoas nos fez hesitar.
— Espere aqui. — disse Yoongi.
O loiro se aproximou dos dois enquanto meu coração acelerava. Nos meus braços, Jaehyun se virou para encarar as sombras.
— Posso ajudar? — ouvi a voz de Yoongi.
— O senhor seria Min Yoongi? — perguntou uma mulher.
— Sim, pois não. — respondeu.
Decidi me aproximar devagar.
— Temos um mandado da justiça. — dessa vez quem falou foi um homem. — Esperamos que colabore.
Então o homem, que por estar mais perto vi que era o da direita, abriu a pasta que estava em sua mão e entregou a Yoongi. O loiro se virou para poder enxergar com a ajuda da luz do poste. Já perto deles, eu podia ver o rosto de Yoongi começar a criar rugas em sua testa, conforme lia o papel.
— O que significa isso? — perguntou o loiro, se virando para o homem.
— Não se preocupe senhor, seu filho ficará seguro...
— Yoongi. — chamei, fazendo o homem interromper sua fala. — O que está acontecendo?
— A avó do Jae está me processando... — Yoongi passa a mão no cabelo. — Ela alega que eu não sou pai dele.
— Até que tudo seja esclarecido teremos que levar o Jaehyun para um orfanato. — disse a mulher.
— O QUE?! — exclamei um pouco alto demais. — Você não pode estar falando.
— Papai... — sussurrou Jaehyun.
— Vocês não podem estar falando sério. — disse Yoongi se virando para os dois. — Ele é o meu filho, você não podem simplesmente levar ele.
— Infelizmente temos ordens senhor. — disse o homem que se moveu em minha direção.
Dei um passo para trás e automaticamente colei o corpo de Jaehyun no meu, no mesmo instante em que Yoongi se colocou no nosso caminho e disse:
— Por favor não faça isso... — mesmo sem vê-lo eu podia ouvir sua voz embargada.
— Eu sinto muito senhor. — o homem se moveu novamente.
— Espere! — exclamou o loiro. — Deixa a gente conversar com ele.
Um silêncio se instaurou.
— Claro. — respondeu a mulher pelo homem, que recuou.
Yoongi suspirou e puxou do bolso o molho de chaves do caminhão, subindo em seguida para abri-lo.
— Vocês moram aqui? — perguntou a mulher.
Yoongi olhou para ela e hesitou.
— Só eles dois. — respondi por ele.
A mulher então me olhou.
— Ah... Entendo.
Com a porta aberta, eu me dirigi até o caminhão e coloquei Jae nele, que correu para dentro seguindo o pai, e em seguida eu os segui deixando a porta aberta para que eles vissem que era uma casa limpa e organizada.
Afastei a cortina e entrei na segunda parte, encontrando Yoongi agachando e abraçado ao seu filho. Meu coração parecia ter se partido em mil pedaços.
— Garotão, escuta o pai um pouco. — Yoongi se afastou dele e segurou os pequenos braços. — Você vai ter que ir com aqueles dois.
O olho direito de Yoongi derramou a primeira lágrima.
— Por que? — eu podia ouvir a voz de Jae começando a ficar chorosa.
— Porque... — como explicar para o seu filho que as pessoas querem que eles se separem? — Ei... — Yoongi secou uma lágrima de Jae. — É só por um tempinho, logo mais nó vamos ficar juntos novamente!
— Pro-promete? — um pequeno soluço o fez gaguejar.
— É claro que eu prometo! Papai vai ir te buscar e levar pra escola como sempre. Mas eu quero que você preste atenção numa coisa: você tem que prometer que vai se comportar e fazer tudo o que pedirem para você fazer. — Jaehyun assentiu. — Para onde você vai vão ter outras crianças, mas eu sei que todas elas vão te receber muito bem.
Mas é claro que as palavras do pai não eram o suficiente, Jae estava com medo, todos nós estávamos. Pai e filho se abraçaram forte.
— Vamos arrumar algumas coisas para você levar, ok? — sugeri.
Peguei a mochila da escola de Jae e coloquei alguns brinquedos dele enquanto Yoongi arrumava uma pequena mala com roupas e itens pessoais.
— Tome cuidado dos seus brinquedos. — disse para Jaehyun.
— Noona você também vai me ver? — perguntou secando as lagrimas que insistiam em sair.
— Mas é claro meu amor. — dei um beijo em sua testa.
Terminamos de arrumar tudo e saímos.
— Aqui. — disse o homem, entregando um cartão. — Esse é o endereço da casa que ele vai ficar.
Em seguida a mulher pegou Jae no colo que relutou em ir, enquanto o homem pegava as coisas.
— Não se preocupe ele estará seguro. — garantiu o homem.
Mas nós apenas ouvíamos as palavras.
Seguimos eles até um carro pequeno, a mulher colocou Jae devidamente seguro na parte de trás do carro.
— Quero que fique com isso. — disse Yoongi, puxando sua carteira e dentro saiu uma Polaroid dos dois, onde Jae segurava a metade de um algodão-doce azul, com o rosto todo sujo. — Não tenha medo gorotão. — Mas isso tudo só fez ele voltar a chorar, e Yoongi também. — O papai te ama muito.
Dizendo isso, ele se inclinou e beijou a testa do filho. Também dei meu último beijo, mas não consegui dizer mais nada a não ser “eu te amo”. A porta ainda estava aberta quando nós nos afastamos e ouvimos:
— Papai por favor, não deixa eles me levarem! — Jae chorava muito.
A mulher fechou a porta, entrou no carro e falou alguma coisa para ele, mas que só fez ele gritar:
— PAPAI! — mesmo o som abafado pelo carro era possível ouvir claramente o desespero de Jaehyun.
O carro saiu da vaga e parou ao nosso lado.
Yoongi foi até o vidro e disse novamente que amava o seu filho. E, antes que o carro saísse do estacionamento, foi possível ouvir Jaehyun gritando:
— PAPAI! PAPAI!
E então o carro sumiu e Yoongi desabou ao meu lado.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.