História Young (Imagine Suga) - Comeback Home

Era terça-feira, Jin já havia começado a entrar em contato para procurar a amiga de Joohyun e Yoongi já havia confirmado o depoimento com o dono da Big Hit que se prontificou rapidamente, ele conhecia a megera e tinha muito carinho por Yoongi e Jae.

Falamos também com a professora dele, ela disse que nunca notou nenhum comportamento estranho afinal Jae sempre foi tímido e intrusivo, mas ela disse que uma vez pediu para a turma fazer um desenho dos avós para o dia dos idosos e Jae não desenhou ninguém, apenas rabiscos. Então a professora o perguntou o motivo e Jae disse que ele não tinha avós.

Jin acha que é algo fraco, mas prefere usar todas as armas possíveis.

Ver Jaehyun era muito difícil, Yoongi e eu esperávamos ele sair da aula e ficávamos alguns minutos, antes de um homem do Conselho chegar para o levar. Jaehyun chorou muito ao contar que um menino quebrou seu brinquedo favorito, disse que ao reclamar com as mulheres que cuidam deles ela apenas mandou ele parar de chorar.

Cada dia longe do filho era uma tortura para Yoongi, que era uma tortura para mim.

No sábado a noite, onde normalmente Yoongi trabalha, ele pediu folga, que foi prontamente atendida pelo dono da Big Hit. Yoongi também teve que avisar a Namjoon que não se apresentaria, e acabou contando tudo o que aconteceu. Namjoon ficou chocado e ofereceu sua ajuda, caso fosse necessária, para que pudéssemos provar a verdade.

 Na quinta-feira, ao chegar na casa dele, vi dezenas de papéis pela escrivaninha e pelo chão, alguns amassados em bolas. É verdade quando dizem que a dor faz o artista. Mas tal dor seria aliviada antes mesmo do que imaginávamos.

Naquele mesmo dia, no final da tarde, recebi uma ligação de Jin.

— Alô?

— Abra a porta. — foi tudo o que disse e desligou.

Um som veio de fora. Um carro se aproximava. Yoongi terminou de escrever algo e levantou a cabeça confuso. Abri a porta e vi um carro preto lustroso se aproximando da frente do caminhão, a uma distância curta.

— Yoongi. — chamei, mas o loiro já estava do meu lado.

— O que foi? — espiou pela porta.

Então o carro parou e abriram a porta traseira, de onde saiu um menino com o sorriso mais lindo do mundo.

— Papai! — gritou.

— Ai meu Deus! — exclamei em choque.

Yoongi nem se deu ao trabalho de esperar o filho chegar, pulou do caminhão e correu até o pequeno levantando no ar, abraçando e enchendo o filho de beijos. Desci do caminhão já sentindo as lágrimas vindo. Corri até ele e abracei os dois, depois Yoongi o soltou e pude pegar Jae que me abraçou forte.

— Meu amor. — dizia Yoongi. — Papai sentiu tanta a sua falta.

— Papai, papai! — disse Jae empolgado, quase pulando no meu colo. — O tio Jin disse que eu não vou mais voltar! Olha aqui a minha mochila! — e se virou mostrando a mesma.

Então ouvimos a porta bater, de lá saiu Jin sorrindo.

— O que houve? — perguntei.

— A juíza aceitou nosso pedido. — disse se aproximando. — E tenho boas notícias, acho que a juíza vai nos ajudar bastante, ela foi pessoalmente ver o Jae e declarou que ele não tem condições de ficar longe do Yoongi, ela mesma disse que foi ridícula a decisão do juiz que autorizou e disse que investigaria.

— Que ótimo! — exclamei.

— É maravilhoso! — completou Yoongi.

— Isso merece uma comemoração. — sugeri.

— Ebaaaaa! — gritou Jae, nunca vi ele tão feliz, o pequeno veio até mim e segurou minha mão. — Podemos comer pizza? Eu amo pizza.

Não pude deixar de rir.

— Claro. — respondi.

— Ebaaaaa!

— Yoongi, — o advogado chamou. — segunda-feira está marcado o teste de DNA, você e Jae tem que está as 10 horas da manhã. — então ele entregou o papel do agendamento da consulta.

— Ok. — respondeu Yoongi.

— Bem, eu tenho que ir. — disse Jin. — Até mais, eu ligo se conseguir entrar em contato com a amiga de Joohyun, sinto que vamos ganhar essa guerra mais rápido do que pensamos.

— Ok, até. — respondemos sorrindo.

O carro de Jin ia se distanciando, quando Yoongi pegou Jae no colo que abanava para o mais velho ao longe. Abracei os dois e os beijei na bochecha.

— Eu amo vocês.

— Também te amo mamãe. — disse Jaehyun.

Entrei em choque. Meu coração deu uma batida errada e senti uma onda de calor se espalhando pelo meu corpo e se concentrando na minha bochecha. Olhei de para Yoongi que estava tão chocado quanto eu, mas ao nos encararmos foi impossível não sorrir.

— Eu amo vocês. — disse Yoongi.

***

Normalmente, em dias de semana, a Big Hit ficava fechada, pois o estabelecimento se limitava aos fins de semana, onde havia as batalhas de rap. Hoje foi diferente, afinal era uma ocasião especial, o dono abriu a casa somente para nós.

Juntamos várias mesas, as colocando no meio do local, lado a lado formando uma grande unidade. Minha mãe comprou prato descartáveis e trouxe talheres, os copos e bebidas ficaram por conta da casa. E além dos já citados, estávamos eu, Yoongi, Jaehyun, Jimin, Jungkook e Taehyung, convidamos Hoseok, Jin e sua família, mas ambos não poderiam, pois já tinham outro compromisso. Namjoon avisou que passaria apenas para dar um “oi” e disse que tinha boas notícias para dizer a Yoongi.

Cada um deu uma quantia em dinheiro, apesar da maior parte ter vindo da minha mãe, e pedimos três pizzas salgadas grandes e uma doce pequena.

Yoongi não desgrudava do filho. Desde que o Jaehyun voltou eles não conversaram sobre o que aconteceu no orfanato, mas confesso que estava curiosa e louca para perguntar o motivo de Jae ter me chamado de mãe tão subitamente. Não que eu não tivesse amado, apesar de ter idade para ser sua irmã mais velha, mas ainda sim foi inesperado e eu teria que aprender a lidar com isso. Mal posso esperar para ver a reação da minha mãe.

Ao longo da noite o assunto foi, na maior parte, voltado ao processo. Os meninos queriam muito servir de testemunha, mas Jin nos aconselhou que pessoas próximas demais não é o ideal. No final os meninos dividiram um táxi com a minha mãe, que me permitiu, só dessa vez, dormir na casa do Yoongi em dia de semana.

Por volta das dez horas da noite, Namjoon chegou, bem mais tarde do que disse que chegaria, mas pelas roupas amarrotadas e a marca vermelha no pescoço não foi muito difícil de entender o motivo. Enquanto os dois conversavam e bebiam uma garrafa de cerveja, eu aproveitei para dar banho em Jaehyun.

Jae geralmente não era uma criança difícil de se lidar, por isso dar banho nele era tranquilo, nem precisava dar um brinquedo para ele se distrair. Estava passando shampoo no cabelo dele quando decidi perguntar aquilo que estava me corroendo:

— Jae, por que você me chamou de mãe?

Peguei a mangueira e lavei os cabelos dele, tomando cuidado para não pegar nos olhos.

— Uma das moças me perguntou sobre o papai e sobre a mamãe, mas eu disse que não tinha mamãe. — comecei a ensaboar ele, enquanto falava. — Ela me perguntou se o papai tinha uma namorada e se ela cuidava de mim, aí eu disse que sim, né? Aí ela disse que então você era como a minha mãe, por que mãe não é só sangue é amor. — Jae falava com a cabeça baixa, de modo que eu não conseguia ver seus olhos.

— Entendi. — disse sorrindo.

Terminei de tirar a espuma do sabonete e desliguei o chuveiro. Jae saiu do box, puxei a toalha que estava sobre a tampa do vazo e comecei a secar ele. Primeiro os cabelos: baguncei eles e tomei cuidado com as orelhas, até que parei o ver Jaehyun levantar a cabeça, me encarando com seus pequenos e brilhantes.

— Você não ficou braba, ficou?

— Claro que não meu anjo. — sorri com a inocência dele. — Eu fiquei muito feliz.

Jaehyun sorriu também. Terminamos o banho e coloquei ele na cama, fiquei com ele até que pegasse no sono, o que não era uma tarefa muito difícil. Depois saí, fui para a cozinha e encontrei a porta aberta me permitindo ver dois homens sentados bebendo cerveja.

— E então... — perguntei ao me aproximar. — Qual era a boa notícia?

Os dois olharam sobre os ombros e se afastaram para que eu pudesse me sentar também.

— Você nem vai acreditar — disse Yoongi, com um sorriso travesso. — Conta para ela.

— Conta você ué, é o namorado dela. — retrucou Namjoon.

O sorriso do loiro aumentou ainda mais.

— Nós vamos lançar uma mixtape.

Involuntariamente eu senti meus olhos aumentando e um sorriso surgindo nos meus lábios.

— Ai meu Deus! Sério? — eu poderia gritar se não fosse tão tarde e ter acabado de pôr Jaehyun para dormir.

— Sim, é sério. — confirmou Namjoon sorrindo. — Amanhã iremos ter nossa reunião para acertarmos tudo.

— Namjoon disse que vamos ter um estúdio só para nós. — disse Yoongi, claramente empolgado. — Mal posso esperar para começar a trabalhar.

Sem aviso algum, eu me joguei sobre o corpo de Yoongi que se assustou. Abracei ele com força, meu coração estava cheio de orgulho e felicidade por sua conquista.

— Estou tão orgulhosa, tão feliz por vocês. — então comecei a distribuir milhares de beijos pelo rosto do loiro.

— Ei, ei. — disse Yoongi, rindo. — Não se esqueça que o Namjoon está aqui.

— Tem razão. — então saí de perto do loiro e depositei um beijo na bochecha do mais novo, que sorriu encabulado. — Parabéns Nam.

— Obrigado.

— Ei, pare de beijar outros homens. — reclamou Yoongi.

Nem me dei ao trabalho de responder.

— Bom, já está na minha hora. — disse Namjoon, saltando do caminhão. — Até amanhã Yoongi. Tchau _____.

— Até.

— Tchau!... Se cuida. — completei depois.

Ouvi um som de desdém ao meu lado. Olhei para Yoongi e ele fingi estar interessado no resto de cerveja, já quente.

— Vocês dois se dão bem, né? Você e o Nam. — disse o loiro com um tom diferente ao dizer o apelido do colega.

Sorri. Pela primeira vez em meses Yoongi estava com ciúmes. Sem responder o loiro eu peguei a cerveja de sua mão e coloquei num canto, em seguida subi em seu colo, fazendo o mesmo morder os lábios.

— É. Nós nos damos bem. Mas caso você não tenha notado Sr. Ciumento, Nam provavelmente tem namorada.

— E como você sabe disso?

— Talvez por que ele estivesse com uma macha vermelha no pescoço? As roupas amarrotadas. E ele se atrasou quase duas horas para chegar aqui, o que significa que não queria ir embora de onde estava.

Yoongi ergueu as sobrancelhas surpreso. Então sua expressão se dissolveu em um sorriso malicioso

— Minha garotinha está crescendo. — ao dizer isso, senti suas mãos agarrarem minha bunda com força, me fazendo arfar, depois aproximou sua boca da minha orelha e disse: — Que tal nós entrarmos e você mostrar para o papai o quão crescidinha está?