História Young (Imagine Suga) - War

Yoongi não parava de mexer na gravata, tentando fazer ela ficar mais folgada.

— Para! Você vai acabar soltando novamente e depois vai dar mais trabalho para arrumar. — reclamei, tentando evitar o que havia acontecido meia hora atrás.

Yoongi resmungou algo que não entendi e desistiu da gravata. Segundos depois ele começou a tremer a perna, num sinal claro de nervosismo e ansiedade. Segurei na mão dele, chamando a atenção do loiro, que me encarou e suspirou.

Fazia quase um mês desde que Jaehyun havia voltado para casa, e todo aquele estresse havia passado, agora estávamos esperando pela nossa primeira audiência. Jaehyun brincava com um carrinho despreocupadamente ao lado do pai, enquanto Yoongi parecia que teria um ataque de nervos.

— Que horas são? — perguntou olhando para a minha bolsa, onde eu tinha meu celular.

— 2 minutos a mais desde que você me perguntou pela última vez. — o loiro resmungou novamente. — Calma Yoongi.

— Quero me livrar disso de uma vez!

— Eu sei, mas quanto se quer que o tempo passe rápido, mais devagar e passa.

— Isso é besteira, tecnicamente o tempo não existe.

Revirei os olhos.

— Você entendeu.

O silencio se instaurou entre nós, que era quebrado por Jaehyun e algumas pessoas que passavam.

— Jin não mandou nenhuma mensagem?

— Pela quarta vez não. Ele disse que só mandaria para avisar que está chegando.

Jin tinha ido até a estação buscar a amiga de Joohyun, ex de Yoongi. Quando Jin finalmente conseguiu entrar em contato com Gaeyeon e explicar a situação, ela concordou prontamente em nos ajudar, mesmo tendo que fugir do trabalho. Também conversamos com a professora de Jaehyun e ela concordou em dar seu depoimento, assim como o enfermeiro que atendeu Jaehyun no incidente da porta de vidro. O dono da BigHit, Hoseok e uma das mulhees responsáveis por Jaehyun no abrigo, também concordaram em testemunhar. Todas eram fortes testemunhas para provar que Yoongi era o melhor para Jaehyun, independente do laço sanguíneo.

Vozes surgiram no corredor, eram apenas sussurros, mas ainda sim chamaram a nossa atenção.

Uma mulher surgiu ao entrar no corredor onde nos encontrávamos, ela possuía uma certa idade e os cabelos pintados de vermelho já estavam começando a embranquecer novamente. Ela estava acompanhada de um homem, mais baixo que ela e calvo, a conversa entre os dois se encerrou ao nos verem. Passaram por nós e entraram numa porta que era guardada por dois seguranças, ali seria realizada a audiência.

Minutos depois chegaram Hyunbae e seu advogado, eles passaram por nós como se nem existíssemos. O advogado de Hyunbae se sentou um pouco mais afastado de nós, enquanto a megera se aproximou de Jaehyun.

— Oi, meu amor. — disse a mais velha, a mão de Yoongi apertou a minha com mais força. — Logo mais a vovó vai te levar pra casa, esta bem?

A mão dele foi de encontro aos cabelos de Jae, mas o mesmo se afastou, ele olhou para Yoongi, depois para mim, então se encolheu, desceu do banco e veio até mim pedindo colo. Hyunbae resmungou em desgosto e Yoongi tentou esconder o sorriso, mas não era como se ele estivesse tentando realmente.

Hyunbae se afastou e se sentou perto de seu advogado, de costas para nós.

Instantes depois a professora de Jaehyun apareceu, depois um homem, na casa dos 40 anos, que se sentou perto de Hyunbae e depois mais um senhor de idade que se juntou ao grupo. Yoongi disse que o senhor de idade era sindico do prédio onde ele morava antigamente, antes de ter problemas financeiros por causa de Jae, e o outro era um antigo barman da BigHit.

Faltando 15 minutos para o início da audiência, Hoseok e o dono da BigHit chegaram, logo depois o enfermeiro. Mas Yoongi só diminuiu o nervosismo quando Jin apareceu com uma mulher jovem, minutos depois da chegada da professora e a mulher do abrigo. Gaeyeon tinha os cabelos claros e terminavam nos ombros, seus olhos redondos de pálpebra única e o lábio superior levemente torcido para cima lhe davam uma aparência felina de uma maneira fofa.

Jin reforçou as instruções para todos de modo geral; ser o mais claro possível, responder somente aquilo que lhe for perguntado, etc, em resumo eles deveriam ser o mais profissional possível.

A sala onde a mulher de cabelos vermelhos e o homem calvo entraram fora aberta, atraindo a atenção de todos. O homem surgiu e disse:

— Iremos começar. Por favor, entrem apenas os advogados, a autora e o réu, as testemunhas serão chamadas conforme o decorrer da audiência.

Yoongi e eu trocamos um selar rápido, sussurrando um desejo de boa sorte para ele, e todos os chamados seguiram o homem para dentro da sala, deixando o corredor silencioso.

Instantes depois uma mulher apareceu, ela era jovem e tinha o cabelo preto brilhoso prendido em um coque perfeito, ela se aproximou de nós e disse:

— Olá, eu sou a psicóloga da vara, doutora Kim, preciso fazer umas perguntas para o Jaehyun, não vai demorar muito.

— Ah sim, claro. — passei as alças da minha bolsa no ombro. — Tudo bem se eu acompanhar vocês? Ele é meio tímido com pessoas estranhas.

— Sem problema algum.

Levantei e me aproximei de Jaehyun que passava o carrinho por entre os bancos. Falei para ele que iríamos acompanhar a doutora Kim e que ela iria fazer umas perguntas para ele. Ele torceu um pouco a boca, mas concordou. Evitei ao máximo um contato mais intimo com Jaehyun, pois Jin insistiu que na frente da psicóloga nós não trocássemos nenhuma palavra ou gesto que pudesse sugerir que nós estivéssemos ameaçando Jaehyun para mentir, como já havia acontecido em muitos casos como esse.

Seguimos a doutora até o segundo andar e entramos numa sala cheia de brinquedos, mesas com folhas de ofício e giz de cera, com um piso quadriculado intercalando as cores; azul, vermelho, amarelo e verde. Uma típica sala para distrair qualquer criança. Jaehyun correu para as mesas, deixando o carrinho de lado ele começou um desenho qualquer.

— Você quer que eu saia? — perguntei baixinho para a doutora.

— Ah, por enquanto não, — ela afastou a manga do blusão azul para ver as horas — estou esperando alguém para registrar a secção. Você pode ficar por enquanto, assim em ajuda a interagir com ele.

Então nós nos sentamos na mesa com Jaehyung, ele estava tentando desenhar o carrinho, depois de algumas tentativas ele desistiu e pediu para que eu desenhasse, mas eu disse que não era muito boa. Perguntei para a doutora Kim se ela poderia desenhar e ela desenhou tão bem que os olhinhos de Jaehyun brilharam de admiração.

Depois disso um homem, de uns 20 anos apareceu, ele que iria registrar a conversa, então eu tive que sair, mas antes avisei para Jae que estaria lá fora.

No silêncio do corredor, eu tentei me distrair conversando com Jimin, Jungkook e Taehyung pelo celular, eles me perguntaram sobre o que tinha acontecido até então, mas não houve muita coisa. Nós quatros estávamos ansiosos pelo que acontecerá. Eu só queria que isso terminasse ali, sem uma próxima audiência, sem mais um mês de tortura.

Depois de muitos insultos à Hyunbae, avó de Jaehyun, os meninos tentaram me distrair falando sobre jogos, música, filmes ou qualquer coisa que surgisse, falamos até do novo shampoo do Tae, que tinha um cheiro maravilhoso, mas que não parecia em nada com abacate como dizia a embalagem.

Sorri para a tela, meus amigos tentavam e até conseguiam distrair minha mente, mas meu coração estava naquela sala, no peito de Yoongi.

***

Jaehyun e eu estávamos de volta ao corredor esperando pelo fim da audiência, a conversa com a psicóloga não havia demorado tanto quanto eu imaginei, mas também não foi breve. Quando voltamos, as duas testemunhas de Hyunbae já haviam entrado.

Fazia quase duas horas que estávamos esperando, desde o início da audiência. Hoseok foi a última testemunha a entrar. Depois que ele se foi ficou difícil entreter Jaehyun, o mais novo já estava completamente entediado e me perguntou 3 vezes que horas eram. Sorri ao perceber novamente a semelhança entre ele e Yoongi, mesmo com sangues diferentes.

Quando o relógio bateu dez minutos para as cinco horas, a porta da sala se abriu me fazendo quase pular da cadeira ao me levantar. Eles ficaram cerca de uma hora lá dentro. Hyunbae foi a primeira a sair, seguida de seu advogado e testemunhas. Por um momento jurei que ela passaria reto, e confesso que queria muito isso, mas então ela se aproximou de Jaehyun e se curvou para beijar sua cabeça. A vontade de gritar para ela ficar longe dele foi grande. A mulher se ajeitou e me olhou de cima à baixo com nojo, depois seguiu seu caminho.

“Só espero que esse mau humor todo seja um bom sinal”, pensei.

Quando Yoongi saiu da sala, tanto eu quanto Jaehyun quase corremos em sua direção. Bem, Jaehyun teve que correr por causa do tamanho das perninhas.

— Depois. — disse Yoongi assim que eu abri a boca para perguntar como foi.

Todos estavam com os rostos meio apáticos, exceto por Hoseok claro. Ao sairmos Jin disse que levaria Gaeyeon para a estação e que ligaria para conversar sobre o que aconteceu. Hoseok pegou um táxi e foi para casa, assim como nós três.

Ao chegarmos em casa, eu e Yoongi fizemos torradas para comermos, Jae estava quase chorando de fome no táxi. Assim que terminamos de comer o mais novo foi para o quarto e me pediu para que ficasse com ele até dormir.

Quando voltei para a cozinha Yoongi estava bebendo uma cerveja. Me sentei ao seu lado na mesa, o loiro encarava o rótulo da garrafa enquanto degustava o gole que tinha tomado.

— Sabe até não foi tão ruim. — disse o loiro. — Eu só estou enojado até agora em como aquela velha consegue ser baixa.

— Me conta desde o início.

O loiro tomou mais um gole, um pouco rápido demais, mas eu sabia que para ele isso não era nada.

— A juíza começou dando voz ao advogado de Hyunbae, lógico, ele contou que a velha queria a guarda do Jaehyun, pois tinha provas de que eu não era o verdadeiro pai e não era uma pessoa mentalmente estável para cuidar de uma criança, que ela tinha direito e blá blá blá... — uma pausa para outro gole — Aí eles mostraram dois documentos, um era o boletim médico do Jae de quando ele recebeu transplante de sangue e o outro é tão absurdo que eu fiquei chocado.

— Sobre o que era o documento?

O loiro sorriu com escárnio.

— Era a ficha médica do meu nascimento. —Involuntariamente meu queixo caiu.

— Você está brincado?

— Não, aqueles desgraçados realmente conseguiram a minha ficha de nascimento, uma cópia na verdade, mas ainda sim eu não acreditei até que vi.

— Tem certeza que não era falsa?

— Tenho. O documento original está aqui em algum lugar, mas provavelmente eles devem ter conseguido a cópia com o hospital onde eu nasci. Ainda sim, é assustador.

— E o que aconteceu?

— Na hora a juíza perguntou como eles tinham conseguido documento e o advogado da Hyunbae disse que foram cedidos pelo hospital...

— Eles não podem fazer isso! — como uma filha de enfermeira eu sabia muito bem do sigilo de um hospital.

— Exatamente. Esse foi o primeiro erro deles, Jin interveio e disse que um hospital não pode vazar informações sem o consentimento do paciente, de um familiar ou de um guardião, no caso de menores de idade, a não ser que você tenha um pedido direto da justiça. O advogado disse que simplesmente pediu e lhe foi cedido, aí eu não lembro exatamente o que ele disse, mas sugeriu que a culpa não era dele, mas do hospital.

— E a juíza não falou nada?

— Não, mas é obvio que ela sabe que eles não conseguiram isso de uma maneira legal. Depois disso a juíza falou algo que me fez amar ela, sobre o pedido de afastamento do Jaehyun de mim. Ela perguntou se o advogado de Hyunbae tinha ciência de que afastar um filho de um pai de uma hora para outra podia causar consequências gravíssimas, como traumas, etc.

— E o que ele disse?

— Primeiro ele ficou branco. — disse o loiro rindo. — eu tive que me segurar para não rir. Aí ele disse que o pedido foi feito pelo medo que a Hyunbae tinha de que Jaehyun estivesse sofrendo maus tratos e descaso por parte minha. Aí a juíza pediu para que Hyunbae explicasse a versão dela. — Yoongi tomou mais um gole da cerveja. — Aí ela começou a dizer que a Joohyun era uma excelente filha, mas que a partir dos 18 anos ela começou a mudar, depois de meses ela foi descobrir que ela namorava comigo, que eu era um irresponsável, que por minha causa ela quase foi presa, mas ela não citou o fato da filha ser bipolar. Aí ela admitiu que proibiu Joohyun de me ver, mas que ela ainda fugia para me ver e meses depois ela percebeu que a filha vomitava e ficava enjoada facilmente, então descobriu a gravidez dela. A megera disse que eu desgracei a vida da filha dela, mesmo que Jaehyun não seja meu filho, se não fosse por minha causa ela ainda estaria viva.

— Que vagabunda!

Yoongi me olhou espantado.

— Olha só que aprendeu a xingar.

— Fala sério!

O loiro começou a rir e tomou outro gole.

— Mas confesso que eu também pensei nisso, que talvez se ela não tivesse me conhecido ela ainda estaria aí.

— Não! — segurei a mão dele. — As coisas acontecem e não podemos evitar elas, se não acontecesse como foi, aconteceria de outro jeito, é inevitável! Não fique pensando sobre o que teria acontecido, olha para o que você tem agora. — Yoongi sorriu e apertou minha mão. — Continua.

— Bom, aí Hyunbae falou que logo que havia entrado com um pedido pela guarda de Jaehyun, mas na época ela não havia entrado com um processo, pois acreditava que eu realmente era o pai dele, como dizia Joohyun. Mas então ela descobriu pelo incidente da porta de vidro que nossos sangues eram incompatíveis e que se suas suspeitas forem verdadeira, de que eu não sou o pai do Jae, então que ela deveria ter a guarda e completou dizendo que eu era um rapper, um pesudo-artista, que mal tinha pão para comer.

— Você não interveio nenhuma vez?

— Me deu vontade, mas não fiz.

Outro gole de cerveja.

— Aí depois foi a minha vez de falar. Contei toda a verdade, tive que admitir que Jaehyun não era meu filho, que não precisava de um teste de DNA por que não importava o sangue eu amo o Jae. Contei como Joohyun era verdadeiramente, nas costas da mãe, falei o que a filha sofria com Hyunbae, o aborto pelo medo da mãe, nossa separação, a segunda gravidez dessa vez por um desconhecido e o medo dela de que o filho sofresse nas mãos da mãe como ela sofreu. Por último contei que mesmo não vivendo com Hyunbae, Jae já sofria, havia dias que ele voltava com a pele vermelha no rosto ou nas costas, assim como alguns hematomas e também, aí já puxei o gancho pro que aconteceu com a porta de vidro.

“Depois que eu terminei, a juíza chamou a primeira testemunha de Hyunbae,o sindico onde eu morava. A juíza perguntou qual o papel dele no caso, aí ele falou que era testemunha do meu desleixo, eu demorava pra pagar o condomínio, que eu fiquei cinco meses sem pagar, mas que relevava pois que eu tinha 19 anos (sendo que eu tinha 18) e ainda estava aprendendo a lidar com a vida adulta além de ser difícil me cobrar pois eu trabalhava numa casa noturna (no caso a BH). Disse que uma vez entrou no meu apartamento e tudo estava bagunçado cheio de roupas e lixo no chão, sendo que ele nunca entrou no meu apartamento. — o loiro tomou o último gole da cerveja e continuou: — Ele falou também que viva ouvindo gritos de discussão vindo do meu apartamento. Ele até disse que parecia que eu batia nela, mas quando a juíza perguntou se ele viu em Joohyun algum machucado ou hematoma e ele disse que nunca viu ela. Por último a juíza perguntou quanto tempo eu morei no prédio e quase um ano, quando na verdade foram seis meses e meio.

“Aí veio o ex barman da BH. A juíza perguntou qual a relação dele comigo, ele falou que trabalho por dois anos no mesmo lugar que eu, disse que naquela época eu vivia bebendo e fazendo algazarra depois do show. Mas aí eles tiveram uma contradição, porque o ex sindico disse que eu sai do prédio depois de quase um ano e o barman disse que eu tinha uns 18 anos quando cheguei na BH e já morava no caminhão.

— Será que a juíza notou isso?

— Não sei, mas de qualquer forma o Jin ressaltar isso. Aí começamos a chamar as nossas testemunhas. Primeiro veio a Gaeyeon, ela confirmou o que eu disse sobre os maus tratados que Joohyun sofria, ela contou como Joohyun era antes e depois de me conhecer, ou seja, ela não havia mudado em nada. Perto de completar 19 anos ela se mudou pra Busan, mas continuou tendo contato com Joohyun, aí a juíza perguntou se ela sabia que Joohyun era bipolar, Gaeyeon disse que não, mas que tinha essa impressão. Gaeyeon falou que Joohyun apenas contou sobre o aborto que fez, do meu filho e que eu tinha terminado com ela, meses depois ela contou que estava grávida de alguém que não sabia. Nisso a Hyunbae começou a soltar as lágrimas de crocodilo dela...

— Eu nunca tive tanto nojo de alguém como sinto dela.

— Nem me fale... Aí o chefe, ele contou que quando eu cheguei eu tinha algumas dificuldades financeiras e estava vivendo num caminhão, mas nada que me fizesse passar fome ou algo do tipo, que eu sempre era respeitoso, que sempre perguntava se podia fazer um serviço extra. Depois de uns meses ele tocou no assunto da gravidez da Joohyun, porque assim que eu soube eu avisei ele que talvez eu teria que me ausentar e tal. Aí quando o Jae nasceu eu tive mais dificuldades, trabalhava num café e deixava o Jae numa creche, depois trabalhava até de noite na BH, depois de um tempo ele me deu um voto de confiança e eu tive minha primeira batalha, venci, e comecei a viver disso aí consegui respirar melhor e larguei o café, etc. Aí a juíza perguntou se ele sabia de algum desentendimento entre mim e Joohyun, e ele disse que não, apenas depois do Jae nascer eu discutia muito com Hyunbae. Ele contou que uma vez ela apareceu lá me xingando porque eu deixei o Jae com uma das garçonetes, só pra me apresentar, sendo que na verdade ela que deveria estar com ele, pois era sábado a noite e os fins de semana ela que deveria cuidar. O chefe falou que tinha nas fitas de seguranças uma imagem de Hyunbae arrastando Jaehyun com força pra fora da BH e batendo na cabeça dele na saída, isso foi numa das vezes que ela apareceu enquanto eu me apresentava, aí o Jin entregou pra ela o cd com o vídeo. O chefe também falou que teve vários fins de semana que o Jae ficava só comigo.

“Depois veio o Hoseok que confirmou tudo o que o chefe disse, mas com uma informação a mais. Ele falou que uma vez viu a Hyunbae saindo da BH com o Jaehyun, no mesmo dia em que as câmeras gravaram ela saindo com ele, e que na rua Hyunbae bateu na cabeça dele porque ele começou a chorar.”

— Você sabia disso tudo?

— Sabia, mas não sabia que tinha sido gravado, o chefe inclusive falou que não sabia se tinha salvo as imagens. Aí depois veio a professora, que contou que o Jae não gosta de falar da avó, que eu sempre estou presente, que nunca me atrasei para pegar ele na escola, etc. Foi bem breve, o do enfermeiro foi mais importante eu acho, ele contou tudo o que presenciou, que o Jin tinha chegado com Jae todo ensanguentado e que a avó tinha deixado ele na festa e ido embora, depois contou todo o escândalo no hospital e o fato de que nem esperou para ver se o Jae ficaria bem.

— E depois?

— Aí a juíza deixou que os advogados dessem um último argumento. E advinha?

Engoli em seco.

— O que?

— O advogado dela disse que um homem que tem “sinais” de pedofilia não deveria ter aguarda de uma criança que nem sequer é seu filho.

— Ele acha que você abusou sexualmente do Jae?

Yoongi mordeu o lábio e sorriu com escárnio.

— Não, _____. Ele quis dizer que eu era um pseudo pedófilo por namorar com você.

Meu queixo caiu novamente.

— Isso não pode ser usado como argumento!

— Claro que não! Eles estavam claramente desesperados!

— E o que aconteceu?

— Jin interveio óbvio. Disse que o nosso namoro era assistido e aprovado pela sua mãe e que em breve você fará 16... Nossa, você já está fazendo 16 anos.

— É só um ano a mais. — disse já prevendo as ideias do loiro.

— Que deve ser devidamente comemorado! Será bom pra esquecer um pouco isso tudo.

— Realmente...

Ficamos em silêncio por um tempo, até que ambos suspiramos ao mesmo tempo nos fazendo rir.

— Depois que Jin falou, o que aconteceu?

— Aí o Jin falou que, conforme as testemunhas, quem realmente não deveria cuidar de uma criança era Hyunbae e o fato de ter usado o nosso namoro como argumento era a prova viva do desespero deles e do mal caráter da velha.

— Ele disse com essas palavras?

— Bem... — o loiro hesitou — O Jin é mais elegante. — completou, fazendo nós dois rirmos.